O Estadão.com, 22 de maio de 2012 | 20h 18
Por unanimidade, comissão nega indenização a Cabo Anselmo
Leonêncio Nossa, da Agência Estado
JF Diório/AE
Cabo Anselmo durante gravação do programa Roda Viva, exibido no ano passado
O presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, ressaltou que o fato de Cabo Anselmo passar a atuar como um agente repressor inviabilizava, constitucionalmente, a reparação. A concessão da anistia, na avaliação de Abrão, não se deveria aplicar ao caso do agente duplo. "Abrir um precedente de uma anistia para um agente repressor é distorcer o instituto da reparação e os preceitos dos Estado democrático de direito", afirmou.
Durante o encontro, Genivalda Melo da Silva fez um relato sobre a morte do marido, o ex-marinheiro José Manoel da Silva, uma das vítimas do massacre do sítio São Bento, em Abreu e Lima, Pernambuco, nos anos 1970. Num depoimento emocionado, ela acusou Anselmo de entregar José Manoel à repressão. "Eu perdoo de todo coração a ditadura, mas conceder anistia a Cabo Anselmo será uma vergonha para o País", disse.
Genivalda emocionou os 12 integrantes da comissão e a plateia ao relatar que torturada e violentada sexualmente por agentes da repressão logo após a morte do marido. Ela lamentou que Cabo Anselmo não estava presente. O advogado dele, Juliano Brandi, tentou convencer a comissão de que o seu cliente foi obrigado a virar agente duplo.
Na reunião desta terça, os integrantes da Comissão de Anistia aprovaram a condição de anistiado e o pedido de pagamento de indenização de Ana Lúcia Valença de Santana Oliveira, que receberá um valor único de R$ 100 mil, e Anivaldo Pereira Padilha, que receberá uma parcela de R$ 229 mil e um benefício mensal de R$ 2.484. Anivaldo é pai do atual ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário