segunda-feira, 28 de maio de 2012

Mendes, o mendaz e o que Óia oculta


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Segunda-Feira, 28 de Maio de 2012 
 
 
MENDES, O MENDAZ E O QUE 'VEJA' OCULTA
 
 
Por Saul Leblon
 
 
Lula, Nelson Jobim e Gilmar Mendes se encontraram no escritório do segundo no dia 26 de abril. Dos três, um deles, Gilmar Mendes, narra um diálogo em um ambiente (a cozinha do escritório) que os outros dois negam. Jobim o faz enfaticamente: não houve conversa na cozinha e não ocorreu o tal diálogo, declarou o ex-ministro da Justiça de FHC e ex-presidente do STF entre 2004 e 2006, um personagem reconhecidamente insuspeito de simpatias petistas.
 
Um dado temporal pouco ou nada contemplado na repercussão midiática do evento: a 'revelação' do falso diálogo só vem a público um mês depois do ocorrido; coincidentemente, quando a CPI do Cachoeira avança - aos trancos e barrancos, é certo, no acesso e divulgação de escutas telefônicas que ampliam os círculos envolvidos no intercurso entre ganguesterismo, mídia e expoentes conservadores do país.
 
A revista VEJA que narrou o falso diálogo um mês depois de ocorrido estranhamente não ouviu Jobim antes de publicar a matéria. Teve um mês para fazê-lo e não o fez? Uma testemunha importante, a única, o amigável Jobim não foi ouvido pela experiente matilha de VEJA? Ou não quis se comprometer com a operação e Gilmar lhe ofereceu uma porta de descomprometimento que não pegou (a cozinha)? A revista também não explica a razão pela qual Gilmar Mendes só se indignou a ponto de desabafar no ombro amigo dos companheiros de Policaro Jr, 30 dias depois do ocorrido.
 
O dispositivo midiático demotucano passa ao largo dessas miunças. Prefere repercutir o 'escandaloso' comportamento de Lula. Usa a condicional 'se de fato ocorreu' no miolo do texto, mas ordena as manchetes e comentários seletos como se a reportagem de VEJA fosse verdadeira. Repete assim o comportamento da manada conservadora observado em 2008 quando a mesma VEJA - então em 'reportagem' da lavra do onipresente Policarpo - e o mesmo Gilmar Mendes, denunciaram um suposto grampo telefônico de conversas travadas entre o então presidente do STF e o demo Demóstenes Torres. O 'escândalo' levou Gilmar a acusar o governo Lula de instaurar um "estado policial no Brasil'. Mostrou-se igualmente indignado então. O dispositivo midiático demotucano mostrou-se igualmente recepetivo também na repercussão de um destampatório sem um grama de evidência objetiva. A pressão derrubou Paulo Lacerda, então chefe da ABI. O grampo, comprovou-se depois, era falso. Uma peça desse jogo xadrez vai depor no Conselho de Ética nesta 3ª feira: Demóstenes Torres é parte da verdade escondida no cipoal de mentiras, interesses políticos e pecuniários que a novilíngua midiática tenta minimizar; se possível vitimizar.
 


 
 
 
 
Escutas da PF
 
Cachoeira plantou notícias na revista Época
 
 
Reportagem da edição desta semana de CartaCapital, nas bancas a partir de sexta-feira 25 (CartaCapital, Ed. 699), revela como o grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira plantou notícias também em veículos das Organizações Globo para fragilizar adversários. É um exemplo de como a quadrilha abastecia jornalistas investigativos por meio de arapongas para sedimentar seus interesses. Assinada por Leandro Fortes, a reportagem mostra também como o vice-presidente Michel Temer se tornou, desde o início da crise, interlocutor do Planalto com cúpula das Organizações Globo.
CartaCapital mostra como Idalberto Matias Araújo, o Dadá, considerado o braço direito de Cachoeira, negociou com o diretor da sucursal da revista Época em Brasília, Eumano Silva, a publicação de informações contra a empresa Warre Engenharia, uma concorrente da empreiteira Delta em Goiás. Por causa da reportagem plantada pelo grupo (“O ministro entrou na festa”), a Warre figurou na lista de suspeitas da Operação Voucher da Polícia Federal, que mais tarde resultou na queda do então ministro Pedro Novais (Turismo). A Warre acabou sendo inocentada.
Cachoeira era uma espécie de sócio oculto da construtora Delta, empresa para a qual seu grupo fazia lobby.
A revelação sobre as relações entre o grupo do bicheiro e a revista acontece na mesma semana em que Leonardo Gagno, advogado de Dadá, informou à CPI do Cachoeira que o trabalho do araponga (e de seu colega Jairo Martins de Souza) consistia em “abastecer veículos de comunicação”, e que “é notório que o interesse de Cachoeira era usar essas informações no mundo dos negócios”.
A negociação entre Dadá e o jornalista da Época para a publicação de textos de interesse da Delta foi flagrada em interceptações telefônicas da Polícia Federal. CartaCapital teve acesso a cinco ligações telefônicas entre os dois.
Na primeira delas, Eumano Silva diz para Dadá “muito boa, aquela história”, se referindo às informações sobre a Warre. Pertencente ao empresário Paulo Daher, a Warre atropelou os interesses da Delta em Goiânia (GO). Silva adianta, naquele dia, que o Jornal Nacional iria falar dos grampos da Operação Voucher. Ele estava com medo que a história da Warre, passada com exclusividade para a Época, vazasse no telejornal da TV Globo, o que não ocorreu. No quarto áudios, Eumano Silva liga para Dadá avisando-o da possibilidade de a Delta aparecer no escândalo do Ministério do Turismo, o que comprova que o jornalista sabia exatamente a quem interessava a divulgação das denúncias contra a Warre.
Procurada, a direção da revista Época disse não saber que os emissários integravam a quadrilha de Cachoeira. A PF interceptou também conversas do grupo com o repórter Eduardo Faustini, da TV Globo, para uma reportagem sobre compra de votos para prefeito numa cidade do interior. A reportagem não foi ao ar, segundo Faustini.

Confira as gravações abaixo: (Para ouvir, abrir o link acima (Ivan))

Na primeira gravação, Eumano Silva diz para Dadá “muito boa, aquela história”, se referindo às informações sobre a Warre Engenharia, do empresário Paulo Daher, que atropelou os interesses da Delta, em Goiânia (GO). Silva adianta, naquele dia, que o Jornal Nacional vai falar dos grampos da Operação Voucher, no Ministério do Turismo. Ele estava com medo de a história da Warre, passada com exclusividade para a Época, vazasse no telejornal da TV Globo, o que não ocorreu:

Na segunda gravação, Eumano Silva fala com Dadá sobre o que saiu no Jornal Nacional, comenta do grampo de Frederico da Silva Costa, ex-secretário-executivo do Ministério do Turismo e comemora que não “apareceu o nosso assunto”, justamente a parte da Warre. “Tamo (sic) indo bem, até agora não se falou naquela firma (Warre)”. Aí, Dadá especula que “devem falar depois que vocês (revista Época) fizerem (a matéria)”. Silva diz que já foi tudo mapeado da Warre, e que foi tudo “encaminhado”. E se despede de Dadá: “Tamo (sic) junto, amigão. O que tiver aí a gente chuta para você”:

Na terceira gravação, Dadá diz a Eumano Silva que “aquele povo lá”, referindo-se à Warre, construiu um aeroporto subfaturado (?) no Ceará. Mais um esforço de Dadá para plantar novas informações contra a Warre em favor da Delta:

Na quarta gravação, Eumano Silva avisa a Dadá que um post no Twitter do jornalista Ronaldo Brasiliense avisava da possibilidade de a Delta aparecer no escândalo do Ministério do Turismo. Isso demonstra que ele sabia do interesse do araponga em proteger a Delta. Esse é o único áudio em que Silva liga para Dadá, e não o contrário:

No quinto áudio, Dadá parece estar com a matéria da Época contra a Warre na mão e comenta que “o nosso contato”, provavelmente Cláudio Abreu, da Delta, disse que eles (a matéria é assinada por quatro repórteres) “foram na ferida certinha”. Silva, contudo, se ressente por conta da falta de repercussão da matéria da Época, porque naquele mesmo fim de semana a revista Veja tinha publicado uma reportagem de capa contra o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi:

No sexto áudio, Dadá fala que vai encontrar “com a pessoa” mais tarde, provavelmente, Cláudio Abreu, da Delta:

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