domingo, 31 de julho de 2011

A FEB, o sangue e a ofensa

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A FEB na Itália


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31/07/2011

A FEB, O SANGUE E A OFENSA


Por Mauro Santayana

As guerras podem ser necessárias ou inevitáveis, segundo alguns. O que as torna mais insuportáveis é que nunca se concluem. Mesmo as contendas míticas, como a de Tróia, permanecem com sucessivas versões dramáticas, em que o heroísmo de alguns é contestado, e a astúcia de outros, execrada.
Neste mês de julho, há 67 anos, o primeiro escalão da FEB desembarcava em Nápoles. Os combatentes eram o sumo da sociedade brasileira de então, em que predominavam as atividades rurais. Mas parte deles procedia da classe média das cidades – como foram os pilotos do Primeiro Grupo de Caça. Há, até hoje, quem faça reparos à nossa participação no grande conflito. Resumo de um livro em que os brasileiros são desdenhados, editado na Itália há algum tempo, está circulando na internet, “Il Brasile in guerra. La partecipazione de la Força Expedicionária Brasileira alla campagna d’Itália, 1944-45”, de Andréa Giannasi.
Diz o autor que mais de dois terços dos recrutas foram dispensados com os primeiros exames médicos do Exército ainda no Brasil: eram portadores de verminose, alguns estavam tuberculosos e havia muitos sifilíticos. Isso era verdade entre nós, mas, pelo que sabemos, a sociedade da Itália Meridional de então não era mais saudável. O autor procura menosprezar a necessidade e a importância do Brasil no conflito, e – como muitos analistas – busca atribuir a participação a uma questão de vaidade nacional, que teria custado tantas perdas humanas ao país. Vamos admitir essa razão de natureza política e, em algum momento, de planejamento histórico. Se os aliados ganhassem a guerra, como esperávamos – e ocorreu – o Brasil emergeria do conflito em posição destacada no continente, e no mundo. Não se tratava de razão menor, e procurava afastar um grande risco: se os nazistas ganhassem o conflito, o Sul do Brasil se transformaria, com a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e parte da Bolívia, na desejada “Germânia Austral”, o mais obsessivo dos projetos de Hitler. Não nos esqueçamos do que ocorria nos estados meridionais, de poderosa presença alemã e italiana. Além dos representantes diplomáticos e consulares, havia, na região, os delegados do Partido Fascista italiano e do Partido Nacional-Socialista da Alemanha. Os dois governos financiavam centenas de escolas em que se ensinavam o alemão e o italiano. Em São Paulo era numerosa a presença japonesa. Era poderosa pressão interna para que nos juntássemos ao Eixo, contra os aliados. E havia ainda os integralistas de Plínio Salgado, e outros.
Havia razões não só morais, na reação ao racismo germânico, como de geopolítica, para ficar ao lado dos aliados ocidentais. A declaração de guerra, no entanto, só veio depois da agressão abjeta que sofremos, na costa de Sergipe, com o afundamento de navios nacionais. Tive o privilégio de examinar os documentos alemães do período, e o que mais me tocou foi o Diário de Guerra do submarino U-507 que exerceu, sob a ordem direta de Hitler, a “caça livre” às embarcações brasileiras no quadrado marítimo escolhido. O comandante Harro Schacht anotou em seu Tageskrieg que, ao emergir na área, avistou um veleiro precário (tratava-se de um pequeno saveiro), cujo “capitão” saudara, sorrindo, o submarino, acenando com seu chapéu de palha. Schacht não o poupou: como a caça fosse diminuta, não gastou com ela torpedo: mergulhou e soltou uma bomba de profundidade, emergindo em seguida. De acordo com suas ordens de guerra, não se dispôs a salvar nenhum dos náufragos.
A agressão da costa de Sergipe provocou irada reação do povo brasileiro. Propriedades de alemães e italianos foram destruídas e saqueadas. O povo foi às ruas para exigir a guerra aos atacantes. E foi a morte de mais de mil brasileiros nesses ataques que nos levou à imediata declaração de guerra e à preparação do corpo expedicionário que enviamos à Itália.
Os nossos combatentes foram de extraordinária bravura na Europa. Eles, em sua maioria mestiços e homens do campo, eram rapazes simples. Não tinham o porte atlético dos nibelungos nórdicos, embora também participassem da FEB brasileiros descendentes de alemães e italianos, como o Sargento Wolff, um dos mais bravos heróis de nossas tropas. E foram esses homens simples que, com a sagrada ira da vingança contra a agressão traiçoeira e a bravura nos olhos e na alma, tomaram Monte Castelo, depois de duas tentativas frustradas, com terríveis baixas de nosso lado e se fizeram ainda mais valentes na conquista de Montese. Esses mesmos combatentes, em poucos dias, capturaram dois generais, oitocentos oficiais e 14.700 soldados alemães, em suma, a inteira 148ª. Divisão da Wehrmacht.
O mesmo heroísmo tiveram os jovens pilotos da FAB, quase todos da pequena classe média brasileira. Eram rapazes que haviam adquirido seus brevês pilotando leves aviões de lona, ou que aprenderam a voar para participar da expedição à Itália. Vinte e dois deles tombaram durante as missões.
O editor Leo Christiano reeditou, recentemente, os 34 números de “O Cruzeiro do Sul”, jornal dos pracinhas na Itália. Em seu segundo número, de 7 de janeiro de 1945, o jornal publica crônica de Rubem Braga que deve ser relida sempre. Depois de narrar o dia a dia de duro sacrifício do soldado da FEB, em sua “toca de raposa”, em terreno congelado - buraco onde deviam situar-se para o combate - o grande cronista lembra o dever dos cidadãos brasileiros para com o pracinha sem nome:

                    Vocês são responsáveis pelo país dele, para onde ele voltará. Vocês, e não ele, são responsáveis por uma vida de decência, de liberdade do homem, de justiça social verdadeira. Que o sacrifício dele não seja em vão”.

Quando o sentimento de pátria se encontra tão desprezado em nosso país, o apelo de Rubem Braga, nesse texto de há 66 anos, é pleno de atualidade. Mais ainda no que se refere à decência.

Rupert Murdoch não dá o braço a torcer


Rupert Murdoch não dá o braço a torcer


Amy Goodman

Julian Assange disse-me há pouco em Londres: “As pessoas falam que a Austrália deu duas pessoas ao mundo: Rupert Murdoch e eu.” Assange, o fundador do site WikiLeaks, que difunde informação oficial divulgada por informadores, respondeu com modéstia ao modo como eu o apresentei para o público de 1800 espectadores no teatro Troxy na capital inglesa. Na apresentação, sugeri que Assange possivelmente havia publicado mais do que qualquer pessoa no mundo. Assange replicou e disse que Murdoch é quem leva esse prémio. Dois dias depois, explodiu a notícia da intervenção do telefone de Milly Dowler, o que fez com que Murdoch fechasse o jornal News of the World, um dos maiores periódicos do mundo, em apenas uma semana.

Na terça-feira, Rupert Murdoch afirmou diante da Comissão de Cultura, Meios de Comunicação e Desporto da Câmara dos Comuns britânica que aquele era o dia em que se sentia “mais humilde”. Mas o que significa para um homem sem humildade viver o seu dia mais humilde? Talvez o principal resultado da audiência da comissão foi confirmar que Rupert Murdoch não se considera responsável pelas atividades criminosas que estão a ser investigadas, desde suborno à polícia até escutas telefónicas ilegais. Quando lhe perguntaram se era responsável em última instância, a sua resposta foi simples: “Não”. “Quem são os responsáveis então?”, questionaram-lhe. “As pessoas nas quais confiei para administrar o periódico e talvez aqueles em que elas confiaram”, disse.
As negativas monossilábicas contrastaram com a habilidade retórica de seu filho, James Murdoch, que lembrava a comissão a todo instante que não ele não estava ao serviço do News of the World durante os obscuros dias das intervenções telefónicas e subornos. Por outras palavras, James disse basicamente o mesmo: não sei de nada.

A atuação, por agora, parece estar a funcionar. A culpa cairá noutros, mas com certeza o dinheiro continua a entrar no bolso de Murdoch. O preço das ações da News Corp. cresceu durante o dia. O aparente sucesso de Murdoch na audiência pode-se atribuir ao advogado que permaneceu todo o tempo sentado atrás de James com cara de pedra: o vice-presidente Executivo da News Corp., Joel Klein. Klein é uma das mais recentes incorporações da equipe de direção do império mediático de Rupert Murdoch. Foi contratado, segundo uma nota de imprensa da News Corp., como “alto assessor do Sr. Murdoch para uma ampla variedades de iniciativas, como o desenvolvimento de estratégias empresariais para o emergente mercado educativo”. Klein foi conselheiro da Casa Branca durante a presidência de Bill Clinton.

Algo que provavelmente está mais vinculado com a sua contratação por parte de Murdoch é que até pouco tempo Klein ocupava o cargo de diretor-geral das Escolas da Cidade de Nova York, o maior sistema de ensino dos Estados Unidos, que tem um número de matrículas superior a 1,1 milhões de estudantes em mais de 1.600 escolas. Klein, durante o governo do presidente da Câmara Michael Bloomberg, realizou uma reestruturação polêmica do sistema escolar. O meu colega de “Democracy Now!”, Juan González, que é colunista do New York Daily News (o principal concorrente do New York Post de Murdoch), documentou de forma sistemática os fracassos da gestão de Klein e informou sobre os “numerosos pais e professores que há muito tempo se cansaram do seu estilo autocrático e desrespeitoso”, escreve Juan. A tentativa de Klein de fechar 19 escolas em alguns dos bairros mais pobres da cidade foi revogada pelo Supremo Tribunal do Estado de Nova York. E demonstrou-se que as afirmações feitas durante a gestão de Klein de que houve melhoria no desempenho das provas de nivelamento estavam baseadas em qualificações exageradas.

Menos de duas semanas depois de anunciar a contratação de Klein, News Corp. comprou a empresa privada Wireless Generation. Murdoch falou sobre a compra de 360 milhões de dólares: “No que toca o ensino básico, fundamental, e médio, encontramos um setor 500 milhões de dólares somente nos Estados Unidos”.

Isso preocupa a titular de uma das principais contas de twitter relacionadas com a educação, Leonie Haimson, mãe de um aluno de uma escola pública de Nova York e directora-executiva da Class Size Matters. Disse ao Democracy Now!: “Após todas essas acusações sobre as escutas telefônicas ilegais e tudo o que foi exposto, realmente preocupa-nos a privacidade dos alunos do estado de Nova York porque qualquer um que tenha acesso a essa informação deverá cuidá-la com atenção. E em segundo lugar, todo o assunto de que se outorguem contratos a grandes empresas preocupa-nos porque obviamente queremos que utilize bem o dinheiro dos contribuintes. Não queremos abrir os cofres públicos para que as empresas de Murdoch façam dinheiro com os nossos filhos”. As escolas públicas da cidade de Nova York já outorgaram à empresa um contrato de 2,7 milhões de dólares, e o Departamento de Educação do Estado de Nova York está a ponto de outorgar a Wireless Generation um contrato sem concorrência por 27 milhões dólares.

A News Corp. anunciou a formação de um Comité de Administração e Normas que será comandado por Joel Klein. Klein, que faz parte da junta directora do News Corp., estará sob as ordens de Viet Dinh, também membro da junta directora e subsecretário do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Dinh foi vice-procurador-geral do governo de George W. Bush e um dos principais autores da Lei Patriota dos Estados Unidos que, entre outras coisas, deu lugar a uma ampliação sem precedentes das escutas telefónicas do governo. Segundo arquivos recentes da Comissão de Títulos e Câmbios, Dinh e outros directores do News Corp. fizeram fila no dia 3 de julho para vender ações. Dinh ganhou cerca de 25 milhões de dólares justamente quando estourava o escândalo.

A News Corp. está longe de se converter num cadáver mediático, ainda que o fim seja tristemente pertinente, dado que o escândalo se iniciou com a revelação da notícia horrível de que News of the World interferiu no correio de voz da vítima de assassinato Milly Dowler, dando falsas esperanças à sua família de que estava viva. O FBI está investigando se os jornais de Murdoch lucraram com a intervenção nos correios de voz das vítimas dos atentados de 11 de Setembro. Os jornalistas norte-americanos devem agora não só debruçar-se na investigação sobre as operações da News Corp. nos Estados Unidos para denunciar os possíveis delitos cometidos pela empresa, mas também a ameaça que os conglomerados midiáticos desenfreados como o império de Murdoch representam para a democracia.

Amy Goodman é apresentadora de "Democracy Now!" um noticiário internacional diário, nos EUA, de uma hora de duração que emite para mais de 550 emissoras de rádio e televisão em inglês e em 200 emissoras em Espanhol. Em 2008 foi distinguida com o "Right Livelihood Award" também conhecido como o "Premio Nobel Alternativo", outorgado no Parlamento Sueco em Dezembro.
Denis Moynihan colaborou na produção jornalística desta coluna. Texto em inglês traduzido por Mercedes Camps para Democracy Now! em espanhol. Tradução para português de Rafael Cavalcanti Barreto, revista por Bruno Lima Rocha, para Estratégia & Análise.

Exame da OAB não pode ser culpado por cursos ruins

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São Paulo, sábado, 30 de julho de 2011


Ordem no exame
 

WALTER CENEVIVA

DE TEMPOS EM TEMPOS, retornam as queixas contra o Exame de Ordem, aplicado a todos os que pretendem exercer a advocacia.
É natural, porque, tendo cursado a faculdade de direito e sido aprovado, o candidato à advocacia vê à frente o que parece uma Itaipu altíssima, difícil de ultrapassar: o Exame de Ordem.
O Supremo Tribunal Federal está sendo chamado, por iniciativa do subprocurador-geral da República, Rodrigo Janot, para declarar a inconstitucionalidade da prova. Janot age em conformidade com sua convicção e merece respeito.
É apenas de lamentar que o Ministério Público Federal condene o efeito (o Exame de Ordem) e esqueça a causa (o ensino jurídico industrializado, quantificado e sem qualidade) que se generalizou no país.
O Exame de Ordem é a garantia para a grande massa dos clientes da advocacia, ou seja, do povo como um todo.
No parágrafo único do art. 1º da Carta Magna, está escrito que todo poder e seu exercício emanam do povo. Assim o assunto interessa à todos. As reprovações no concurso para o Ministério Público, a cada novo aumento de seus quadros, só confirma a necessidade da seleção.
A Constituição não tem proibição direta ou indireta nem obstáculo para o Exame de Ordem. Ao tratar de aspectos da aplicação do Direito, situa a atividade de advogados e da advocacia como atores e profissão únicos a ter esse tratamento.
A Carta menciona advogados e advocacia 31 vezes, certo que nem uma só das outras atividades universitárias tem o mesmo realce.
Os que não querem o Exame de Ordem poderão dizer que tudo isso não indica a constitucionalidade e que o tratamento foge à regra de outras profissões, assim justificando a exclusão da prova seletiva.
Ao tempo em que me formei, não havia Exame de Ordem (eram só três as faculdades em São Paulo) nem o curso de jornalismo era pré-requisito para trabalhar na mídia (só havia um curso). O esclarecimento é necessário, pois a questão a resolver não se confunde com o Exame de Ordem, mas com o ensino jurídico de baixa qualidade.
O tratamento diferenciado da advocacia existe em vários países, para selecionar bacharéis em direito. O maior exemplo vem dos Estados Unidos da América, onde a matéria constitucional não se tem por ofendida com os exames controlados pela ABA (a OAB de lá).
O art. 5º da Constituição, que preserva os direitos individuais, é claro em dois incisos: "XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional".
Acontece que certas qualificações profissionais são imprescindíveis e explicam as diferenças. É o caso da advocacia. Lida com direitos individuais e coletivos de quem vive neste país, com sua liberdade, sua família, seus bens.
O Exame de Ordem teve seu tratamento legal na lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia, no inciso IV de seu art. 8º). A competência da OAB para selecionar profissionais dá substância à força da constitucionalidade, cujo reconhecimento parece imprescindível, para preservar a qualidade dos que falem em juízo, em benefício dos clientes.


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Jornal do Brasil, 30/07/2011

Erros de bacharéis em prova da OAB mostram despreparo para o exercício da advocacia

 

Agência BrasilDébora Zampier
“Perca do praso”, em vez de "perda de prazo". “Prossedimento”, e não "procedimento". “Respaudo”, em lugar de "respaldo". “Inlícita”, e não "ilícita". Erros de português como esses foram constatados no primeiro exame de 2011 da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por meio do qual os diplomados em direito buscam aprovação para poder exercer a advocacia. Por causa disso, a entidade defende a manutenção da prova de habilitação para os futuros advogados. Em breve, o assunto deverá ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
No ano passado, nove em cada dez candidatos ao exame unificado da OAB foram reprovados. Os resultados não deixam dúvida sobre a formação deficiente dos bacharéis em direito – ou pelo menos sobre como eles estão aquém das exigências da entidade.
A Agência Brasil teve acesso a partes das provas do primeiro exame de 2011 da entidade. Os erros não se restringem à falta de domínio da língua portuguesa. Os inscritos também desconhecem noções elementares de direito e sobre a formação do Estado brasileiro.
Em uma das questões da provas, um candidato responde que o juiz do Trabalho não pode “legislar sobre falência”. Em outro trecho, o inscrito mostra que desconhece o mais alto cargo do Judiciário, o de ministro do STF. A petição simulada na prova pelo candidato é dirigida ao “Exmo. Sr. Desembargador do Supremo Tribunal Federal”. No entanto, não há desembargadores no Supremo.
Os erros dos candidatos mostram que é preciso uma seleção mínima para que os diplomados em direito possam exercer a advocacia, diz o vice-presidente da Comissão Nacional do Exame de Ordem e coordenador da comissão de elaboração do Exame de Ordem Unificado, Luís Cláudio Chaves. “O advogado lida com a liberdade, com o patrimônio, com a questão sentimental em um processo de família. Se essa pessoa fizer mal a alguém [por falta de competência profissional], se alguém for preso pela sua baixa qualificação, como se remedia isso?
O questionamento sobre a legalidade do exame da OAB chegou ao STF por meio de uma ação impetrada pelo bacharel João Antonio Volante. A ação tem como relator o ministro Marco Aurélio Mello. Na semana passada, o parecer do Ministério Público Federal (MPF) sobre o assunto causou polêmica nos meio jurídicos: o subprocurador-geral da República Rodrigo Janot considerou o exame inconstitucional e argumentou que ele serve para fazer reserva de mercado.
Se fosse um concurso com restrição de vagas, poderia haver questionamento da constitucionalidade, mas estamos procurando aptidões”, assinala Chaves. “Isso existe até em funções não intelectualizadas. Um motorista, por exemplo, precisa de uma carteira de determinado tipo para dirigir profissionalmente.” Para ele, é melhor que a OAB submete os bacharéis à prova do que constatar o despreparo durante o exercício profissional.
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São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 2011


Falta índice consistente ao exame da OAB

ADRIANA ANCONA DE FARIA

Os índices de aprovação e reprovação nos exames da OAB que vêm sendo apresentados não permitem uma análise comparativa adequada entre os cursos jurídicos do país.
São apresentadas informações alarmantes acerca do índice de reprovação no exame da OAB, o que aquece o debate sobre o excesso de cursos de direito existentes, os desafios sobre processos regulatórios e avaliativos e a demanda sobre a necessária qualificação da formação jurídica ofertada.
A seriedade do debate proposto, entretanto, exige que as informações produzidas em relação ao desempenho acadêmico de um curso, à sua capacidade de profissionalização ou à qualidade de seus egressos decorram da análise de dados consistentes e comparáveis.
Todavia, os índices e ranking veiculados devem ser olhados com cuidado, uma vez que a lista das instituições de ensino, com seus respectivos percentuais de aprovação, compara situações muito diversas. Por exemplo, é possível identificar um índice de aprovação de 100%, ou 0%, que conte com a participação de apenas um aluno inscrito em determinado curso.
Seria relevante pensar na construção de um índice consistente, que de fato pudesse comparar situações equivalentes. Se os índices fossem feitos levando em consideração os formandos de cada ano, as universidades, o mercado, o MEC e a própria OAB poderiam ter uma informação real para fazer eventuais ajustes de forma mais efetiva.
É preciso destacar que, a partir do edital de exame da OAB de junho de 2010, os alunos do último ano de direito podem prestar exames muito antes de se formarem, com a simples comprovação de matrícula no quinto ano do curso.
O destaque para esse fato é que essa situação agrega novas possibilidades de comparações indevidas quando se fala de índice de aprovação no exame da Ordem: é possível que um exame conte exclusivamente com candidatos que ainda são alunos e que outro conte com candidatos já formados.
No último exame da OAB, por exemplo, a Direito GV contava apenas com seis alunos formados em 2010, pois os demais já tinham sido aprovados em exames anteriores, e a grande maioria era de alunos que acabavam de se matricular no quinto ano. Da turma que se formou em 2010, o índice de aprovação da Direito GV é de 95%.
Quantos alunos formados ou em curso compunham o quadro de inscritos das demais faculdades? Os índices que nos foram apresentados não fazem essa distinção.
Pensando na construção de um índice consistente e equivalente, seria interessante que fosse construído um índice de percentual de aprovação que levasse em conta exclusivamente os prováveis formandos de cada ano.
Tal índice consideraria os alunos inscritos/aprovados na soma dos exames feitos a partir do início do quinto ano de curso até o primeiro exame após a formatura da turma.

Evidentemente, a comparação de índices teria que trabalhar por faixas de inscritos.
Afinal, uma instituição que teve mais de 70% da turma de formandos inscrita nos exames autorizados não pode ser comparada com uma que teve um ou poucos alunos inscritos nessa condição.
Essa proposta permitiria o conhecimento do percentual de alunos de cada universidade aprovados no exame da OAB imediatamente após sua formatura.
Ou seja, escolas, mercado, sociedade civil, Ministério da Educação e OAB poderiam saber a cada turma de formandos qual o efetivo percentual de aprovação em cada ano.
A partir dessa nova informação construída seria possível falar na elaboração de uma análise comparativa em relação aos cursos de direito do país, o que não pode ser aceito hoje, diante da forma como a informação é compilada.

ADRIANA ANCONA DE FARIA, 45, é coordenadora institucional da Direito GV.

Hamburgo (Alemanha) renova porto centenário

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São Paulo, domingo, 31 de julho de 2011

Com € 9 bi e design, Hamburgo renova porto centenário

VERENA FORNETTI
ENVIADA ESPECIAL A HAMBURGO

Hamburgo, no norte da Alemanha, ganhou 1 milhão de metros quadrados de área bruta nos últimos oito anos, prédios, museus e universidade e atraiu moradores para o centro. O chamariz para as mudanças é a região do porto, cuja renovação prevê investimentos de € 9 bilhões.
As intervenções começaram em 2003 no entorno do segundo maior porto da Europa, onde navios descarregam há mais de 800 anos. Nos últimos cem, não houve moradores na área conhecida como HafenCity, então proibida para uso residencial.
Hoje, prédios baixos e angulosos parecem avançar sobre os canais, mostrando que o design é o tema do projeto de revitalização. Já foram investidos € 3,5 bilhões -39% do total previsto até 2025.

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Residência flutuante em HafenCity

"HafenCity foi completamente redesenhada. Usamos características históricas do porto, transformando-as com boa arquitetura e integrando-as em um novo conceito de cidade", afirma Jürgen Bruns-Berentelg, presidente da HafenCity Hamburg GmbH, empresa pública responsável pela revitalização.
A obra da Filarmônica do Elba foi escolhida como símbolo da renovação. Erguida sobre o Armazém do Imperador, antigo símbolo de Hamburgo, será concluída em 2013. Embora seja visível de quase todos os lugares na zona portuária, Bruns-Berentelg diz que a ideia é que nenhum prédio domine a paisagem. "O desenho da cidade é o protagonista."


HafenCity em um breve futuro

MORADORES NO CENTRO
Em 25 anos, o objetivo é que as áreas construídas aumentem em 40% a área de toda a Hamburgo. A população da região central da cidade, que totaliza 14 mil habitantes, deve crescer 85% depois que 5.800 casas forem erguidas nos dez bairros que formam a região de HafenCity.
O projeto é considerado um sucesso. Até junho, 45 projetos foram concluídos e 35 estavam em fase de construção ou planejamento.
Multinacionais como Unilever e China Shipping, assim como 270 pequenas e médias companhias, já estão presentes ou anunciaram interesse.
Em Dalmannkai, um dos bairros da área, os preços variam de € 12 a € 18 por metro quadrado (R$ 29 a R$ 43). O valor superior equivale ao aluguel de um apartamento novo nos Jardins, bairro nobre paulistano (R$ 40 o metro quadrado).
Em prédios construídos por cooperativas na região do porto de Hamburgo, o preço cai para € 9,50.

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HafenCity University (HCU)

DIVERSIDADE
Para a estatal responsável pela revitalização, "o espectro de conceitos, preços e estilos arquitetônicos motiva pessoas de todas as idades e das mais diversas origens a se interessar por HafenCity".
O pesquisador Sebastian Zenker, da Universidade de Hamburgo, diz que isso ainda não ocorreu. Para ele, o modelo escolhido para revitalização reforça a fama da cidade de cara e elitista.
"HafenCity foi planejada para ser uma área de negócios muito cara. O mix social nunca foi planejado, e isso levou a uma vizinhança limpa' demais e pouco criativa."
Mas Zenker destaca que o projeto também revitaliza bairros vizinhos no outro lado do rio Elba, onde uma "arquitetura justa" ajudou a evitar a especulação, embora os aluguéis tenham subido.
A empresa responsável pela revitalização da zona portuária diz que a diversidade de moradores será maior.
Segundo a HafenCity Hamburg GmbH, em dois anos serão entregues os primeiros apartamentos subsidiados. Deve haver facilidades para artistas e aposentados se mudarem para a área.

A repórter VERENA FORNETTI viajou a convite do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha.

A pregação moralista/religiosa como compensação a desordem ideológica

oduma scrub sides damn coin life conservatives liberals unserstand Obama and Bush two faces of Facism 


EUA: CRISE POLÍTICA ANUNCIA A NOVA ERA DA INCERTEZAOBAMA CEDE QUASE TUDO: CORTE CONTRA OS POBRES PODE IR A US$ 3 TRI. RICOS POUPADOS.

O capitalismo americano não vai acabar hoje, seja qual for o resultado do escrutínio fiscal no Congresso. Mas o episódio fixa uma nova estaca na história americana e mundial. Obama não se mostrou uma alternativa política aos interesses  enfeixados pela supremacia das finanças desreguladas. Ao contrário. A crise fiscal evidenciou a  monopolização do sistema político norte-americano por uma direita extremista, filha da madrassa neoliberal ativada nas últimas décadas. Embebida em um laissez-faire rudimentar, indissociável de uma visão de mundo belicista, ela busca compensar a desordem intrínseca a sua ideologia com uma pregação moralista e religiosa de sociedade.
Ao ceder quase tudo o que pedia a  ortodoxia extremista na questão fiscal - cortes de até US$ 3 trilhões que vão atingir duramente o lado mais frágil da sociedade e nenhuma taxação adicional sobre os ricos -  Obama coloca o mundo à mercê de forças  incapazes de exercer poder  americano com algum equilíbrio e discernimento. Ademais de irradiar instabilidade financeira, os EUA passam a gerar insegurança política em escala global. A negociação fiscal escancarou o que estava subentendido e consolidou uma dimensão  atemorizante do passo seguinte da história. Os países em desenvolvimento devem extrair as lições embutidas nesse episódio. E blindar sua agenda econômica e social contra os solavancos implícitos na nova era da incerteza.

Heroes Recession  
 
 
São Paulo, domingo, 31 de julho de 2011

Nunca foi tão difícil conseguir um emprego

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

Nunca nos últimos 60 anos o trabalhador teve tanta dificuldade para conseguir emprego nos EUA como agora. Atualmente, cerca de um terço dos desempregados, ou 4,4 milhões de pessoas, está sem trabalho há pelo menos um ano. Na média, o americano desempregado está fora da função há 40 semanas, número que não foi visto em nenhuma das dez recessões anteriores.
A crise do início dos anos 1980 foi a que mais se aproximou dos dados atuais, mas ainda assim o tempo na fila por trabalho era praticamente a metade do atual.
A explicação é que os cortes feitos pelas empresas a partir de 2008 foram muito profundos, e o ritmo de crescimento da economia tem sido insuficiente para reparar as perdas.
Economistas calculam que o PIB precisa crescer ao menos 3% para gerar vagas para os desempregados, e não apenas para aqueles que estão ingressando no mercado de trabalho. No primeiro semestre, a economia americana se expandiu em 0,9%.
Por isso, muitos acreditam que a taxa de desemprego -hoje em 9,2%, quase o dobro do fim de 2007- continuará alta por até uma década.
Para muitos desempregados, a esperança de voltar à rotina para já na fila de seleção. Muitas empresas têm políticas que os desqualificam no início do processo, seja porque são considerados preguiçosos, seja porque são vistos como desatualizados.
"Quando um trabalhador fica sem emprego por muito tempo, fica deprimido, desmoralizado e perde suas habilidades porque não está mais atualizado com as novidades tecnológicas ou com as novas ferramentas", diz John Schmitt, economista-chefe do Center for Economic and Policy Research.
Para ele, a única "opção sensata" para a economia voltar ao seu rumo seria a adoção de um grande programa de estímulo fiscal pelo governo americano. "O problema fundamental é que não temos uma política macroeconômica coerente com a criação de empregos."
Mas, em um momento em que Washington discute unicamente o teto da dívida e cortes dos gastos estatais, Schmitt ressalta que "politicamente, o estímulo não é uma opção neste momento".

Mulher celebra divórcio tatuando 85% de seu corpo

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UOL, 31/07/2011

Mulher celebra divórcio tatuando 85% de seu corpo


Do UOL Tabloide

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A inglesa Jacqui Moore, 41, cobriu 85% do seu corpo com tatuagens em comemoração ao seu divórcio e a um novo capítulo em sua vida, segundo reportagem do tabloide britânico "The Sun".
Ela, que mora em Oxford, no Reino Unido, e tem dois filhos, se separou do marido Martin em 2003 e ficou tão feliz com sua recém-encontrada liberdade que queria marcar o momento com uma tatuagem normal, mas mudou de ideia ao conhecer um novo amor.

"No momento em que entrei no estúdio de arte conheci Curly e nos apaixonamos", conta. "Curly" é o tatuador Andreas Moore, 45, que fez aquela única tatuagem normal se transformar em uma gigantesca arte que demorou oito anos para ficar pronta.

As únicas partes de seu corpo sem desenhos são a axila esquerda, a perna direita e a maior parte do rosto. As libélulas, tarântulas e flores aplicadas por Curly não foram cobradas e estima-se que o serviço poderia ter chegado a mais de R$ 34 mil.

Ela se sente orgulhosa das tatuagens e planeja preencher os 15% restantes de seu corpo.

Sua filha de 21 anos, Kristi, não está muito feliz com a mudança radical da mãe. "Mas como ela tem duas tatuagens não pode argumentar muito comigo", relata Jacqui.

Tiangong-1 ("Palácio Celestial - 1"), a estação espacial chinesa

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São Paulo, domingo, 31 de julho de 2011

China quer lançar miniestação espacial até o fim deste ano

GIULIANA MIRANDA

DE SÃO PAULO

Enquanto as superpotências espaciais -Estados Unidos e Rússia- e boa parte dos países ricos uniram esforços para criar a ISS (Estação Espacial Internacional), a China vai na contramão. O país está decidido a ter um cantinho só seu em órbita.
O objetivo é ter uma estação espacial completa por volta de 2022. Enquanto isso, no entanto, o país deverá lançar cápsulas menores para testar os sistemas e as tecnologias que serão utilizadas.
O primeiro passo do projeto bilionário -mas sem cifras confirmadas oficialmente por Pequim- é o lançamento de um módulo científico até o fim deste ano.
Batizado de Tiangong-1, ("Palácio Celestial", em chinês), ele funcionará como uma miniestação espacial e passará dois anos em órbita.
Com cerca de 8,5 toneladas, o módulo deverá ser visitado inicialmente pela nave não tripulada Shenzhou-8. A acoplagem será a primeira feita em órbita pela China.
No ano que vem, uma nave levando três taikonautas (como são chamados os astronautas do país) também deve se acoplar ao módulo, que conta com um pequeno laboratório de experimentos.
Até 2015, outros dois módulos muito parecidos deverão ser lançados. O último deles, Tiangong-3, terá capacidade para abrigar três taikonautas por até 40 dias.

PRÓXIMO PASSO
Após os módulos Tiangong, a China espera lançar entre 2020 e 2022 sua estação espacial completa.
De acordo com a Xinhua, a agência de notícias estatal chinesa, a nave será composta de um módulo principal e de dois anexos, projetados para receber diferentes tipos de experimentos científicos.
No entanto, mesmo com três módulos e aproximadamente 60 toneladas, a nova estação será uma nanica perto da ISS, de 471 toneladas. Até a já aposentada estação russa Mir era maior do que o projeto chinês, com suas 130 toneladas.
Em um simpósio na França, em março, Jiang Guohua, engenheiro-chefe do Centro de Pesquisa e Treinamento em Astronáutica de Pequim, destacou que o China não pretende se isolar em seu cantinho no espaço.
"Nós vamos manter a política de nos abrirmos para o mundo", disse ele.
Muita gente, no entanto, duvida que isso vá acontecer. A começar por uma questão básica: o sistema de acoplamento da futura estação.
Embora Jiang tenha afirmado que o projeto seguirá o modelo padrão da ISS, outras autoridades já sinalizam o contrário
. A realidade estaria mais próxima de um sistema fechado chinês, uma espécie de Macintosh do espaço.
A principal declaração foi de Yang Liwei, que em 2003 se tornou o primeiro chinês no espaço e atualmente é o vice-diretor do programa tripulado do país.
Em uma audiência transmitida pela internet, ele afirmou que problemas técnicos "estão dificultando a adoção do sistema de acoplamento padrão da ISS".
Representantes da Nasa já elogiaram publicamente o programa espacial chinês. Mas, questionada pela reportagem sobre o envio de astronautas para a futura estação, a agência espacial americana não se manifestou.


ANÁLISE


Asiáticos podem até vencer nova corrida rumo à Lua

SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os chineses estão chegando com tudo, numa hora em que o programa espacial americano sofre debandada e seus tradicionais parceiros já não olham para a Nasa com os mesmos olhos de outrora.
É impossível não contrastar os últimos passos seguros da China com as titubeadas ianques. E o objetivo do lado de lá do mundo é esse mesmo. Como uma potência espacial emergente, os chineses alimentam seu sonho de conquista espacial com os benefícios de imagem decorrentes, seguindo a mesma receita que impulsionou a corrida entre os EUA e os soviéticos.
A cada nova missão chinesa, há um salto tecnológico, permitindo que eles cubram rapidamente tudo o que já foi feito no espaço por seus principais concorrentes. Europeus e japoneses sonham com a entrada da China no consórcio da ISS para resgatá-los do imobilismo.
Ao que tudo indica, não vai acontecer, principalmente porque a China não precisa disso. Em 2020, quando os chineses tiverem seu novo lançador de alta capacidade para colocar em órbita os elementos mais pesados de sua futura estação espacial, poderão usar o mesmo foguete para planejar missões tripuladas à Lua (um objetivo já declarado, mas não estabelecido em cronograma).
Enquanto isso, os americanos patinam. Quem será que vai chegar primeiro?


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São Paulo, sábado, 02 de julho de 2011

Montadora chinesa Lifan anuncia fábrica no Brasil

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

A fabricante de automóveis chinesa Lifan e a empresa brasileira Effa assinaram anteontem um acordo para a construção de uma montadora com capacidade para 10 mil unidades por ano. O investimento previsto é de US$ 100 milhões.
A assessoria da Effa diz que os detalhes da joint venture estão em discussão e devem ser anunciados na semana que vem. O local da fábrica ainda não foi divulgado. Na China, a Lifan não quis se pronunciar ontem.
Em março, as empresas já haviam anunciado a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento entre São Paulo e Campinas, num valor de US$ 70 milhões, a primeira operação desse tipo da Lifan fora da China.
O objetivo é desenvolver um modelo de automóvel compacto e pesquisar veículos a energia elétrica.
Dois modelos da Lifan, o hatchback 320 (uma cópia do Mini Cooper) e o sedã 620, já estão à venda no Brasil desde outubro, trazidos de uma fábrica montada no Uruguai construída pelo grupo Effa. A marca tem 18 concessionárias exclusivas pelo país.
De acordo com o grupo Effa, o modelo mais vendido da Lifan tem sido o 320, com 691 unidades no ano passado.
Fundado em 1992, o Grupo Lifan, com sede em Chongqing (centro da China), tem mais de 13 mil funcionários.
Trata-se da segunda montadora chinesa a anunciar fábrica no Brasil nos últimos meses. A Chery está investindo US$ 400 milhões em fábrica em Jacareí. Além disso, a fabricante importa o QQ -por R$ 22.990 no modelo mais básico, é o carro mais barato do Brasil.
Num sinal de que o Brasil está se tornando um importante mercado para os carros chineses, no mês passado foram embarcados para Santos, em um supercargueiro, 4.400 das marcas Chery e da montadora JAC.
"Há duas coisas com as quais todo homem brasileiro sonha: uma é futebol e a outra é carros. Eles conhecem carros bem e têm alta exigência por qualidade. Nesse sentido, os carros chineses podem atender a suas demandas bem", disse, no dia do embarque, She Cairong, vice-gerente-geral da JAC.
Além das chinesas, outras montadoras asiáticas, como a sul-coreana Hyunday, estão investindo para abocanhar uma fatia do mercado brasileiro, o quarto maior do mundo e que hoje é dominado por empresas americanas e europeias.

A Bolsa Ditadura não chegou ao Araguaia


 

São Paulo, domingo, 31 de julho de 2011

A Bolsa Ditadura não chegou ao Araguaia

ELIO GASPARI
 
EM ABRIL DO ANO que vem completam-se 40 anos do início das operações do Exército contra os militantes do PC do B que se internaram nas matas do Araguaia com o intuito de iniciar uma guerrilha contra a ditadura. Será a triste lembrança de um massacre no qual morreram cerca de 60 pessoas, na maioria jovens estudantes. Poucos pereceram em combate. Quase todos foram executados, muitos deles depois de terem se rendido à tropa do Exército. Foram execuções frias, praticadas mesmo depois de alguns presos serem usados até para pequenos serviços. Ordens de Brasília.
Foi uma guerrilha que começou com a fuga do chefe político, João Amazonas, que foi-se embora em abril de 1972 para não mais voltar, e terminou com a fuga do chefe militar, Angelo Arroyo, que abandonou a área em janeiro de 1974.
Quarenta anos depois, a tragédia do Araguaia sobrevive como amostra da capacidade do Estado brasileiro de proteger o andar de cima, mostrando-se incapaz de olhar para o de baixo.
Os comandantes militares encobriram os crimes praticados por ordem dos chefes da ocasião. Os poucos sobreviventes do PC do B e algo como 50 famílias de militantes assassinados foram indenizados.
Até hoje, 44 pobres camponeses que viviam na região esperam algum tipo de ressarcimento. Eles não queriam instalar uma república comunista moldada no modelo albanês. Quando muito, ajudaram os "homens da mata". Tiveram as roças e criações destruídas. Pelo menos um pequeno vilarejo foi incendiado. Toda a população masculina de outro foi presa. Cavavam-se enormes buracos no chão, onde colocaram-se centenas de pais de família, nus. Era uma gente pobre que foi lançada na humilhação e na miséria. Para eles, não houve "Bolsa Ditadura", como a que Lula e Fernando Henrique Cardoso recebem. Em 2010 ela valia R$ 4,2 mil mensais para Nosso Guia e uns R$ 8.000 para FHC.
Quarenta anos depois, restam poucos camponeses vivos. O governo reconheceu o direito dos 44 sobreviventes, mas uma liminar da Justiça suspendeu o pagamento. Periodicamente, hierarcas visitam o Araguaia, fazem discursos, exaltam os mortos e, aos vivos que restam, dão apenas promessas. Na semana passada a ministra Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, repetiu esse roteiro. A justificativa tem a idade do Brasil: "O que se pode fazer?". Em tese, pouco, porque a Justiça que barrou a indenização dos miseráveis é a mesma que confirmou créditos de R$ 2,5 bilhões para um plantel de beneficiados onde reluzem indenizações milionárias.
Antes que o último camponês do Araguaia morra sem receber um tostão, aqui vão quatro sugestões de providências capazes de atenuar o problema:
1) Lula e Fernando Henrique Cardoso doam à Viúva seus cheques do Bolsa Ditadura, ou separam 10% do que arrecadam com palestras e passam o dinheiro para os 44 camponeses do Araguaia. Por baixo, podem comparecer com R$ 12 mil mensais.
2) Cada um dos 5.000 beneficiados pelo Bolsa Ditadura doa R$ 10 mensais. Arrecadam-se R$ 50 mil.
3) O PT e o PC do B doam 5% dos R$ 30 milhões que recebem do Fundo Partidário (dinheiro da Viúva) para os 44 do Araguaia. Nesse caso, cada um deles poderá receber R$ 1 mil mensais durante três anos.
4) Com a mesma malandragem que o governo pratica para beneficiar sonegadores de impostos, enfia numa medida provisória um contrabando que cria um fundo de R$ 10 milhões para que os juros da Bolsa Copom remunerem com R$ 1,2 milhão anuais os camponeses. Isso dá R$ 2.300 por mês para cada um deles.

Comandante do Exército e 7 generais são investigados por fraudes


São Paulo, domingo, 31 de julho de 2011

Comandante do Exército vira alvo de investigação

MARCO ANTÔNIO MARTINS
EM SÃO PAULO

O comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, e sete generais são investigados pela Procuradoria-Geral de Justiça Militar sob suspeita de participar de fraudes em obras do Exército.
Os oficiais comandaram o DEC (Departamento de Engenharia e Construção) e o IME (Instituto Militar de Engenharia) entre 2004 e 2009, período em que o Exército fez convênios com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) para obras em rodovias.
O general Enzo chefiou o DEC entre 2003 e 2007. Ele deixou o cargo para assumir o comando do Exército no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi mantido no posto pela presidente Dilma Rousseff.
O grupo investigado inclui cinco generais que comandaram o IME e dois que chefiaram o DEC depois do general Enzo: os generais Marius Teixeira Neto, na reserva desde março, e Ítalo Fortes Avena, hoje consultor militar da missão do Brasil na ONU.
A investigação foi aberta em maio pela procuradora Geral de Justiça Militar, Cláudia Luz, para apurar se o general Enzo e os outros que comandavam áreas envolvidas sabiam das irregularidades.
A apuração foi um desdobramento de inquérito anterior que identificou indícios de fraude em 88 licitações do Exército para fazer obras do Ministério dos Transportes e apontou desvios de recursos públicos de R$ 11 milhões.
À Folha, o Centro de Comunicação do Exército diz que não tem conhecimento da investigação e que "não cabe à Força e nem aos militares citados emitir qualquer tipo de posicionamento".
Criados para atender necessidades de militares, os batalhões de engenharia do Exército são convocados com frequência para acelerar obras. Somente do Dnit, que nas últimas semanas teve quase toda a diretoria afastada por ordem de Dilma, o Exército recebeu R$ 104 milhões nos últimos cinco anos.
As investigações mostram que um grupo liderado por dois oficiais que coordenavam os convênios no IME, o coronel Paulo Roberto Dias Morales e o major Washington Luiz de Paula, criou seis empresas para entrar em concorrências do IME com dinheiro do Dnit.
O major Paula teria movimentado mais R$ 1 milhão em sua conta em um ano e feito 14 viagens aos EUA no período em que trabalhou com o Dnit.
Seis militares estão sendo processados na Justiça Militar. Se condenados, poderão ser presos e expulsos da corporação. Peças do processo foram encaminhadas à Justiça Federal para que eles sejam processados ali também.

Exército afirma que não lhe cabe comentar o caso

EM SÃO PAULO

Em nota, o Centro de Comunicação do Exército afirmou desconhecer a existência da investigação sobre os generais Enzo Peri, Marius Luiz Teixeira e Ítalo Fortes Avena, que chefiaram o DEC (Departamento de Engenharia e Construção).
A Procuradoria-Geral da Justiça Militar também investiga os generais Rubens Brochado, Silvino Silva, Ernesto Ronzani, Emilio Aconcella e Amir Kurban, que chefiaram o IME (Instituto Militar de Engenharia) entre 2004 e 2009.
"Não cabe à Força e nem aos militares citados emitir qualquer tipo de posicionamento sobre o assunto", afirma a nota do Exército.
Em depoimento aos promotores militares, o coronel Paulo Roberto Dias Morales disse que apenas coordenava a execução dos convênios com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e outras pessoas eram responsáveis pela contratação de fornecedores.
Ele afirmou não conhecer os sócios das empresas beneficiadas nas concorrências, que, segundo os promotores, eram parte de um grupo organizado por ele e pelo major Washington Luiz de Paula.
O major Paula negou as acusações dos promotores ao prestar depoimento e disse que sua movimentação bancária e suas viagens ao exterior eram compatíveis com seus rendimentos. (MAM)

Venda de terras rende R$ 114,4 mi a militares

DO RIO

As vendas e permutas de terrenos se tornaram uma das principais fontes de renda do Exército.
Nos últimos quatro anos foram arrecadados R$ 114,4 milhões na alienação de imóveis, segundo a corporação. Parte da receita é usada no plano de reestruturação do Exército, que tem como objetivo ampliar a ocupação das fronteiras e "pontos sensíveis", como a Amazônia.
Em nota, o Exército informa que "a alienação de bens imóveis como meio complementar financeiro" é permitida por lei.

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São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 2011

JOSÉ SIMÃO
E a Dilma, de tanto assinar demissão no Dnit, tá com tenDnit! Tendinite é infame!
E mudanças nas placas de estradas. Agora é: "Coitado! Homens Demitidos".
E outra: "Dilma na Pista".

São Paulo à venda

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  São Paulo, domingo, 31 de julho de 2011

São Paulo à venda
 
FERNANDO DE BARROS E SILVA
 
SÃO PAULO - Sem que isso seja muito evidente, Gilberto Kassab está patrocinando um novo ciclo de especulação imobiliária na cidade. O mesmo setor que contribuiu com milhões para a eleição do prefeito em 2008 está sendo beneficiado em operações urbanas mais do que duvidosas, justamente a um ano da próxima campanha municipal.
De várias maneiras, regiões de São Paulo estão sendo terceirizadas, alienadas ou vendidas para o mercado. O caso mais flagrante é o da "troca" de áreas públicas por creches -ideia que partiu do Secovi, o sindicato do setor imobiliário.
Kassab havia prometido zerar a carência de vagas nas creches. Há mais de 140 mil crianças na fila de espera. Perto do fim do mandato, o problema social se transforma em oportunidade de negócio. Afinal, alguém precisa lucrar com a promessa que não será cumprida. Quem acredita que as construtoras beneficiadas com áreas nobres farão adequadamente 200, 300, 400 creches na periferia?
Não é só. Kassab vai dar à iniciativa privada o poder de desapropriar uma enorme extensão da Pompeia, como já ocorre, a passo de cágado, na Nova Luz (ou cracolândia). Este é um tipo de concessão que só parece ter sentido numa região arruinada, onde as empresas não investiriam sem atrativos. Mas na Pompeia? Por que facilitar lucros privados gigantescos numa área já valorizada? Não cheira bem.
Por fim, a prefeitura está prestes a aprovar um novo polo de escritórios de luxo na avenida Chucri Zaidan, continuação da Berrini. É mais um capítulo de uma dinâmica perversa: enquanto a região central, com infraestrutura já pronta, permanece subocupada, em estado de degradação, os impostos do paulistano vão financiar a expansão de transporte público, luz, água etc. até os confins da cidade, para onde fogem os ricos seguindo a corrida do ouro do mercado imobiliário.
Tudo somado, o kassabismo é uma espécie de neomalufismo. Essa é a escola em que ele se formou.

Diversidade reduz a desigualdade racial nas empresas, mas não o preconceito

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O Globo OnLine, 31/07/2011

 

Onda de diversidade reduz a desigualdade racial nas empresas, mas não o preconceito

 
Paula Dias (paulasd@oglobo.com.br)

RIO - São pelo menos dois os funis que distanciam quem não é branco do mercado de trabalho: primeiro, o preconceito de cor ou de raça. E, segundo, a desigualdade de oportunidades que surge como consequência dessa barreira cultural. Apesar de o cenário estar melhorando no meio empresarial - muito por causa da onda de diversidade que toma conta das organizações -, negros, pardos, mulatos, indígenas e amarelos ainda colecionam histórias de discriminação no ambiente profissional, seja no momento do recrutamento ou na hora de ganhar uma promoção.
Um levantamento recente do IBGE confirma o panorama: 71% dos 15 mil entrevistados - sendo 49% brancos e 51% de outras etnias - apontaram o mercado de trabalho como a área mais influenciada por características de cor ou raça. Conclusão reforçada pela quinta edição da pesquisa "Perfil social, racial e de gênero das 500 maiores empresas do Brasil", realizada junto a 623 mil profissionais pelo Instituto Ethos, em parceria com o Ibope Inteligência. Entre os dados mais representativos do estudo - divulgado em novembro do ano passado - está o que destaca o número de negros que ocupam cargos de direção nas empresas: apenas 5,3%, contra 93,3% de brancos.
Essa participação dos negros cresceu, na comparação com os 2,6% apurados na primeira edição da pesquisa, em 2001. Isso, segundo Paulo Itacarambi, vice-presidente do Ethos, por conta de um esforço conjunto das empresas em tratar o assunto com mais naturalidade. Mas, acrescenta ele, esse esforço precisa ser ampliado em larga escala:
- A taxa dobrou, mas ainda é pouco. A dificuldade para pessoas com deficiência e homossexuais é grande, mas para os negros é muito maior. E uma das respostas para isso é serem os principais atingidos pelo déficit educacional do país. Se já é complicado entrar no mercado, imagine chegar a um cargo de destaque em uma grande empresa - diz Itacarambi, ressaltando que o objetivo da pesquisa não é verificar se existe desigualdade, mas sim estimular as organizações a trabalharem melhor o tema. - Não basta praticar o discurso da diversidade, até porque pode existir desigualdade dentro dela. O objetivo a perseguir é o da equidade, ou seja, o da igualdade de condições.
Formada em estatística, Alexsandra Silva, de 34 anos, já viu de perto como o preconceito pode se manifestar no ambiente de trabalho. Há oito meses na área de marketing estratégico da Icatu Seguros, a analista lembra de um episódio marcante do início da carreira, quando ainda atuava como prestadora de serviços em uma empresa de estatística que tinha, como cliente, uma gigante do mercado de telecom. Ela se destacava em vários projetos e, quando surgiu uma chance de efetivação, foi indicada por alguns gestores. Mas a pessoa que seria sua chefe imediata não a escolheu.
- Depois, uma colega veio conversar comigo e disse que eu não tinha sido escolhida por causa da minha cor. Fiquei muito abalada, até mesmo porque em nenhum momento passou pela minha cabeça que esse seria o motivo. O jeito foi sair de lá pouco tempo depois - diz Alexsandra, que, apesar da experiência, acredita que o preconceito tem diminuído nas empresas. - Hoje não só conquistei meu espaço como tenho certeza de que sou avaliada apenas pelo lado profissional. Também tenho visto mais negros em cargos estratégicos.
É o caso de Felippe Santana, de 26 anos, que trabalha na rede MegaMatte. Após muita dificuldade para descolar o primeiro emprego, o estudante de administração - que é negro e morador de São Gonçalo - conseguiu uma vaga como estagiário em uma unidade própria da empresa, onde começou como forneiro e, pouco a pouco, chegou a gerente. Hoje consultor de negócios da marca, faz parte do seu dia a dia levantar as necessidades dos franqueados e ajudá-los a solucionar possíveis problemas:
- Fiz bicos como entregador e balconista antes de meu chefe atual apostar em mim. O preconceito ainda existe no meio empresarial, basta ver a quantidade de negros em qualquer escritório. Só acho que o problema não deve ser encarado como uma questão cultural sem solução. Acredito na mudança de mentalidade.

Caso DSK: Camareira parte para ofensiva e apresenta-se publicamente

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Terra Magazine, 31 de julho de 2011
 

A saída da defensiva da camareira enfraquece campanha difamatória que favorecia Strauss-Kahn


Wálter Fanganiello MaierovitchDe Nova York, exclusivo para Terra Magazine.

Neste domingo, diferentes jornais americanos e europeus tentam encaixar as novas peças do “puzzle” chamado “Caso Strauss-Kahn”. E as peças novas vieram a furo no curso desta semana. Durante oito horas e na quarta feira passada, a camareira Ofélia ( Nafi Diallo) e o seu advogado Key Thompson conversaram reservadamente com Cyrus Vanee Jr, o procurador encarregado das acusações contra Domenique Strauss Kahn, ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI). A camareira, pelo vazado, insistiu que não era uma mentirosa.
Como por aqui até a Estátua da Liberdade ouviu falar que o procurador Cyrus Vanee Jr pedirá o arquivamento dos autos criminais (na legislação norte-americana existe o princípio da disponibilidade da ação penal), a camareira resolveu mostrar a cara, ou melhor, mudar a estratégia e se expor publicamente. Sua primeira aparição pública foi na quinta 28 e no bairro negro do Brooklyn. A organização do evento ficou por conta da United African Congress, uma poderosa associação que cuida dos direitos dos imigrantes africanos.
Com platéia e bem orientada, Nafi Diallo pediu “Justiça para todas as mulheres”. Mais ainda, prometeu continuar a batalha contra Strauss-Kahn em “nome de todas as mulheres do mundo”.

http://europeancourier.org/test/wp-content/uploads/2011/07/dsk_maid_nafi_diallo.jpg
Nafi Diallo

Nafi Diallo, antes conhecida apenas por camareira Ofélia, disse que promoverá uma ação civil indenizatória se a ação criminal restar arquivada.
Para os observadores, Nafi Diallo mudou estratégia, pois foi  intensa a campanha de desmoralização promovida em favor de Strauss-Kahn. Ela chegou, no Brooklyn, a frisar que muitas mentiras foram veiculadas. Por exemplo: jamais telefonou para a cadeia a fim de falar com um traficante de drogas. Foi o traficante, um seu conterrâneo da Guiné Equatorial, que fez a ligação, afirmou Nafi Diallo.
Com as aparições e falas, Nafi Diallo, por seu advogado, joga pressão em cima do procurador Cyrus Vanne Jr. Nesse quadro novo, até matéria do New York Times foi contestada. O jornal falou em acordo próximo (plea bargaining) e o advogado de Strauss-Kahn negou estivesse em andamento qualquer acordo monetário com a outra parte.
Com o adiamento da audiência para final de agosto, Naif Diallo terá tempo para novas entrevistas (as únicas foram ao Newsweek e à rede Abc) e encontros públicos. Num pano rápido, o marketing entrou em cena.

Dilma vetou Ricardo Teixeira ao receber celebridades e jogadores no camarote

Dilma veta Teixeira e recebe jogadores e celebridades em camarote no RJ



 
UOL, 31/07/2011 - 07h31

Com Ricardo Teixeira vetado, Dilma recebe celebridades e jogadores no camarote

 
Bruno Freitas, Ricardo Perrone e Thales Calipo
No Rio de Janeiro



De acordo com o estafe de Dilma Rousseff, a presidente teve um relacionamento apenas protocolar com Ricardo Teixeira no sorteio das eliminatórias da Copa de 2014. A informação é que o dirigente não foi recebido na área reservada a ela na Marina da Glória. E que, portanto, os dois não conversaram reservadamente nem se reuniram. Há tempos o cartola tenta marcar uma audiência. Em vez de Teixeira, Dilma recebeu, entre outros, Ronaldo, Neymar, Ganso e Ivete Sangalo, após a realização do sorteio.
O tema proximidade entre o presidente do COL (Comitê Organizador Local da Copa) e Dilma virou motivo de um jogo de fotos e palavras entre os sites da presidência da República e da CBF. Uma guerra de informações. A página inicial do site da Confederação Brasileira de Futebol (www.cbf.com.br) estampou já no sábado uma foto em que aparecem Dilma, Joseph Blatter, presidente da Fifa, Teixeira e Pelé. A legenda diz que o cartola da CBF se reuniu com Dilma. Por sua vez, o www.presidencia.gov.br mostra o mesmo momento apresentado pela confederação em duas fotos. Na imagem mais aberta, além do quarteto, aparecem várias autoridades. Fica claro se tratar de uma solenidade formal em que Blatter entregou uma flâmula da Fifa. Foi na chegada dela à marina. Há também a mesma foto com uma edição que corta Ricardo Teixeira.
A maneira contraditória como os dois veículos oficiais retratam o mesmo assunto mostra o distanciamento entre as partes. A burocracia imposta pela Fifa e pelo COL até para membros do governo federal participarem do evento aumentou o descontentamento da equipe presidencial. Conforme o UOL Esporte revelou, Dilma fez valer um decreto de lei que lhe garante uma área controlada pela segurança presidencial em qualquer evento no país. Nesse espaço na marina, depois do sorteio, ela foi calorosa com quem se encontrou. Teixeira não fez parte dessa lista.


Manifestantes participam de protesto contra Ricardo Teixeira no Rio de Janeiro

UOL,
30/07/2011 - 12h47

Dilma ganha sala reservada em sorteio da Copa e planeja não receber Ricardo Teixeira

 
Bruno Freitas, Ricardo Perrone e Thales Calipo
No Rio de Janeiro


A presidente Dilma Rousseff vai esperar ser chamada para o sorteio das eliminatórias da Copa do Mundo de 2014 em uma sala em que a Fifa não terá poder. Será o único ponto fora do controle da federação internacional na Marina da Gloria, no Rio de Janeiro, onde acontece a cerimônia.
Por força de um decreto de lei, os locais reservados para a presidência da República, em qualquer evento no país, ficam sob responsabilidade da segurança presidencial. É ela quem controla quem entra e sai, ao contrário do que acontece no restante do local do evento.
Em seu QG, Dilma, que acompanhará todo o sorteio, estará “protegida” de Ricardo Teixeira. E, segundo o UOl Esporte apurou, ela não planeja receber reservadamente o cartola, que por pelo menos duas vezes teve pedidos de audiência com a presidente recusados.
O Governo Federal não fala a mesma língua do Comitê Organizador Local (COL). Tanto que nomeou Pelé, desafeto de Teixeira, embaixador da Copa. A equipe de  Dilma prefere que a imagem dela fique ligada a Pelé no que se refere ao Mundial.
Um dos motivos de discórdia é o comportamento grosseiro de Teixeira, que discute com jornalistas e ameaça não dar credenciais à imprensa “inimiga”. O rigor com que a Fifa trata até a equipe do governo também incomoda. Na última sexta-feira, por exemplo, o ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, precisou de uma credencial para se encontrar com Teixeira e Joseph Blatter, presidente da Fifa, em uma sala de hotel. Ele só teve o direito de ser acompanhado por um assessor. Os outros não receberam credencial.

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O Estadão OnLine, 30/07/2011

Manifestantes criticam Ricardo Teixeira antes de sorteio das Eliminatórias

 
Daniela Amorim - Agência Estado


RIO - No dia em que o Rio atrai a atenção mundial com o sorteio das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014, centenas de pessoas se concentraram na manhã de sábado no Largo do Machado, na zona sul do Rio, para protestar contra o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e o que chamaram de distorções da organização do Mundial no Brasil. O protesto convocado pela Frente Nacional dos Torcedores ganhou a adesão de partidos políticos, como PSTU e PSOL, e de movimentos sociais. Denominada "Marcha por uma Copa do Povo: Fora Ricardo Teixeira", a manifestação denunciava a falta de transparência sobre os gastos públicos nas obras para o Mundial e a má alocação de um volume de recursos considerado excessivo nos projetos da Copa em detrimento de outras prioridades do País.
O presidente da Frente, João Marques, disse que a manifestação de sábado foi pequena porque foi a primeira, mas já há duas outras programadas, embora ainda sem data definida, em São Paulo e Brasília. O objetivo principal, disse, é apoiar a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do futebol no Congresso. Segundo Marques, o site do movimento já tem mais de dez mil pessoas cadastradas. "A Copa do Povo é uma Copa em que o povo tem acesso aos estádios, em que há transparência dos gastos públicos, uma Copa em que o governo não gaste R$ 30 milhões em uma festa apenas para o sorteio de eliminatórias. Nós queremos que o futebol não seja elitizado", disse Marques.
Professores da rede estadual em greve há quase três meses também se juntaram ao protesto. Vera Nepomuceno, uma das coordenadoras do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), justifica a adesão porque o movimento denuncia que há outras prioridades no País que poderiam ser atendidas pela verba que será destinada à preparação dos jogos, como uma educação de qualidade. "A verba pública tem que estar a serviço da educação". Também participaram estudantes e famílias que serão removidas de suas casas para obras de infraestrutura para a Copa, como a Transcarioca, um corredor de ônibus planejado pela prefeitura para melhorar o deficiente sistema de mobilidade urbana da capital fluminense até o mundial.
Até o final da manhã de sábado, os manifestantes ainda esperavam concentrar entre 500 e mil pessoas para caminhar até a Marina da Glória, local do sorteio das Eliminatórias, com uma bola gigante cheia de documentos com denúncias e reivindicações. A intenção era entregar a alegoria para os presidentes da República, Dilma Rousseff, e da Fifa, Joseph Blatter.

As promessas enganosas da privatização

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http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/apagoes-em-sao-paulo-as-promessas-enganosas-da-privatizacao.html



Privatização não é sempre solução

Por Heitor Scalambrini Costa* - Professor da Universidade Federal de Pernambuco

Passados quase 20 anos desde o inicio das privatizações das distribuidoras de energia elétrica, já se pode fazer um balanço do que foi prometido; e realmente do que esta ocorrendo no país, com um primeiro semestre batendo recorde em falhas no fornecimento de energia elétrica em diversas regiões metropolitanas. Desde então a distribuição elétrica é operada pela iniciativa privada. As distribuidoras gerenciam as áreas de concessão com deveres de manutenção, expansão e provimento de infraestrutura adequada, tendo sua receita advinda da cobrança de tarifas dos seus clientes. A tão propalada privatização do setor elétrico nos anos 90, foi justificada como necessária para a modernização e eficientização deste setor estratégico. As promessas de que o setor privado traria a melhoria da qualidade dos serviços e a modicidade tarifaria, foram promessas enganosas. Os exemplos estão ai para mostrar que não necessariamente a gestão do setor privado é sempre superior ao do setor público.
Desde 2006 é verificado na maioria das empresas do setor uma tendencia declinante dos indicadores de qualidade dos serviços com sua deterioração, refletindo negativamente para o consumidor. A parcimônia da Agencia Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ante a decadência da prestação dos serviços é evidente. Criada no âmbito da reestruturação do setor elétrico para intermediar conflitos, acabou virando parte deles. A Aneel é cada vez mais questionada na justiça tanto por causa dos blecautes que ocorrem, já que não fiscalizam direito as prestadoras de serviço que acabam fazendo o que querem, como é questionada pelos reajustes tarifários. Esta falta de fiscalização ilustra a constrangedora promiscuidade entre interesses públicos e privados dando o tom da vida republicana no Brasil. Os gestores da Aneel falam mais do que fazem.
O exemplo mais recente e emblemático no setor elétrico é a da empresa AES Eletropaulo, com 6,1 milhões de clientes, que acaba de receber uma multa recorde de R$ 31,8 milhões (não significa que pagará devido a expectativa de que recorra da punição, como acontece em quase todas as multas), por irregularidades detectadas como o de não ressarcimento a empresas e cidadãos por apagões, obstrução da fiscalização e falhas generalizadas de manutenção. A companhia de energia foi punida por problemas em 2009 e 2010, e devido aos desligamentos ocorridos no inicio do mês de junho, quando deixou as famílias da capital paulista e região metropolitana ficarem três dias no escuro.
O que aconteceu na capital paulista, não é exclusivo. Outras distribuidoras colecionam queixas de consumidores em todo o Brasil. Vejam o caso da Light, com 4 milhões de clientes, presidida por um ex-diretor geral da Aneel, com os famosos “bueiros voadores”, cuja falta de manutenção cronica tem colocado em risco a vida dos moradores da cidade do Rio de Janeiro. A Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), com 3,1 milhões de clientes, controlada pela Neoenergia, uma das maiores empresas do setor elétrico do país, também é outra das distribuidoras que tem feito o consumidor sofrer pela baixa qualidade da energia elétrica entregue, e pelas altas tarifas cobradas.
Infelizmente a cada apagão e a cada aumento nas contas de energia elétrica, as explicações são descabidas, e os consumidores continuam a serem enganados pelas falsas promessas de melhoria na qualidade dos serviços, de redução de tarifas e de punição as distribuidores. O que se verifica de fato, somente são palavras ao léu, sem correção dos rumos do que esta realmente malfeito. A lei não pode mais ser para inglês ver, tem de ser real, e assim proteger os consumidores.
Mostrar firmeza e compromisso público com a honestidade e com a eficiência é o minimo que se espera dos gestores do setor elétrico brasileiro.

PS do Viomundo: Inacreditáveis mesmo são os contínuos apagões na “locomotiva do Brasil”.

sábado, 30 de julho de 2011

Apenas a volta do pau de aroeira no lombo de quem mandou dar



MONTBLÄAT – 403 - Rio de Janeiro, 30 de julho de 2011

Coisas que (me) incomodam e causam estranheza

Fritz Utzeri – criador e editor do Montblaat

Confesso que o radicalismo xenofóbico (é fascismo mesmo) europeu me enoja.
Durante séculos, os europeus (leia-se os homens brancos) se expandiram por todos os continentes do Mundo e oprimiram todas as etnias e religiões, massacraram povos inteiros em nome da “civilização” e do “cristianismo”.  Só para ficar nos exemplos mais recentes, esquecendo as Cruzadas e os “descobrimentos”, basta lembrar o verdadeiro genocídio praticado pelos belgas no Congo, a opressão dos povos árabes pelos ingleses e a “colonização” do Magreb, principalmente da Argélia, pelos franceses.  Com que moral agora os europeus não querem ver estrangeiros em suas praias? É apenas a volta do pau de aroeira no lombo de quem mandou dar.

Quando se passava fome na Europa, as Américas os acolheram aos milhões e agora nós, brasileiros e cucarachas em geral, somos olhados com desprezo e arrogância por povos que buscaram (e encontram) refúgio aqui. 

Pessoalmente o racismo não me atinge, pois, afinal, nasci europeu e filho de europeus, mas vi um dia na Itália uma cena que me revoltou. Um senhor negro, já de certa idade, distinto, mostrou seu passaporte ao agente da
imigração e este o olhou com evidente cara de desprezo e uma superioridade que não tinha razão alguma (se tivesse que definir alguém como “superior” escolheria o africano). Após carimbar o passaporte o agente deixou – de propósito – que o documento caísse no chão. Revoltei-me, mas me segurei (na época não tinha passaporte comunitário) se o tivesse faria um escândalo. Baixei-me a apanhei o passaporte.

Os europeus ficaram ricos e se não fosse o fluxo de imigrantes muitos trabalhos que os “sinhozinhos” não querem mais fazer, quem os faria?
Como ricos passaram a não querer incômodos e deixaram de gerar filhos, ameaçando ficar em minoria devido ao fato que os imigrantes ainda veem no “proletariado” o sentido original do termo (a riqueza é a prole).
São esses imigrantes que mantem dinâmica de setores inteiros da economia. Lembro que na França, um epicier, traduziu para mim o sentido de “Arrab” (uma expressão carregada no “r” que muitos franceses dizem
com desprezo e medo). “Arab quer dizer loja aberta sete dias por semana, 24 horas por dia”.

É inegável que os europeus estão empenhados numa experiência de engenharia social e econômica inédita num continente em que as guerras foram a tônica até meados do século passado e mesmo mais recentemente como vimos na “limpeza étnica” da ex-Iugoslávia. Nasci na Europa, numa Alemanha devastada pela guerra insana, provocada pelo nazi-fascismo e sempre me admiro ao ver poucas cicatrizes e verdadeiras invasões de turistas em lugar de gente de bota capacete e fuzil.  Mas as tensões afloram, cada vez mais e tendem a piorar com a crise econômica. A esquerda está perdida, sem rumo e os eleitores não a distinguem da direita tradicional. A casca de civilização que recobre tudo é fina e a anágua aparece com frequência. Experimente passar um réveillon em Paris. Nas duas vezes que o fiz me espantei com a violência, e os impulsos xenofóbicos aparecem com frequência, em grupos de skinheads e até em pessoas “respeitáveis”, apagadas e banais.  O Islã é uma obsessão. O muçulmano é um terrorista nato que pratica uma religião violenta e vai acabar com o Cristianismo e a civilização.

Curioso é que ambos devem muito aos seguidores de Maomé. Se tivermos que contabilizar quem deve a quem em matéria terror, morte e opressão veremos que somos largamente imbatíveis, desde as Cruzadas. E isso para não falar da preservação da obra dos filósofos gregos e de imensas contribuições notadamente nas áreas da Matemática e Medicina.  Historicamente, sempre que judeus e cristãos viveram sob domínio islâmico, foram mais bem tratados do que quando ocorreu o contrário. E a injustiça continua.

Porque os alemães não pagaram a conta do Holocausto? Por mim, Israel ficaria na Baviera e Munique passaria a ser Nova Jerusalém. Mas a conta sobrou para os palestinos, que entraram nessa como Pilatos no Credo. Alegam os sionistas o “direito ancestral” à Terra Prometida, mas se lermos no Antigo Testamento o que o povo de Israel fez, a partir de Josué, com os povos que lá estavam muito antes deles, veremos genocídios em que sequer os animais eram poupados (e por ordem explicita de Jeová!), episódios de vilania e traição, com os quais me divirto horrorizando minha sogra, com leitoras de trechos selecionados, como o
destino que Davi deu a Urias. Ou a história de Oola e Oliba. Leia, é puro xrated. Devia vir embalado em plástico, fora do alcance das crianças.

Sobre o terrorista norueguês, esse ser desprezível, pouco direi. Trata-se de um psicopata, como encontramos com frequência nas hostes nazistas. Sua apreciação do mundo é torta e idiota, a começar pela sua visão do Brasil
condenando – se é que o termo se aplica a tal indivíduo – a melhor coisa que esta civilização gerou: a miscigenação. Povos “puros”, ao contrario do que dizem os eugenistas, são fracos; misturar é bom, quanto mais melhor. Afinal não há raças nem diferenças entre nós. Pelo menos não deveria haver.

Quem olha para a cara de Andres Behring Brevic não imaginaria que ali está um assassino capaz de eliminar 77 pessoas a sangue frio. A expressão chega a ser plácida, um homem comum. Na Segunda Guerra cidadãos alemães,
boa parte voluntários, “bons pais de família”, faziam parte dos einsatzgruppen, grupos de extermínio, que matavam a sangue frio homens, mulheres e crianças com um tiro na nuca e iam dormir como se fossem dedetizadores que passaram o dia eliminando baratas.  O que preocupa é justamente isso. Se os assassinos fossem monstruosos, nós nos separaríamos deles facilmente, mas a pergunta que cabe é “onde está o assassino em nos?”.

Lembro que quando trabalhava em Nova Iorque, um criminoso de guerra, um carrasco ucraniano que assassinara milhares de judeus, foi extraditado para a URSS (ainda existia). Os vizinhos revoltaram-se afirmado que ele
não podia ser mau, pois “cuidava muito bem de seu jardim” (!).  Outra coisa que me chamou à atenção foi a passividade dos noruegueses massacrados, algo que me intriga e assusta desde que – ainda menino –
tomei conhecimento do Holocausto. Como foi possível? Como as pessoas se deixavam matar?

O assassino passou praticamente duas horas abatendo-os como galinhas e as vítimas não eram crianças como as da Escola Tasso da Silveira, em Realengo, mas pelo menos 500 jovens adultos. E na ilha havia hotéis e habitantes. Mesmo com um fuzil automático o assassino mataria 10, 20, mas acabaria pego se um grupo significativo se unisse e decidisse enfrentá-lo.  E isso sem falar da polícia. Tá certo a Noruega é um país extremamente civilizado, mas tem tropa no Afeganistão e participou na ação contra Kadafi, na Líbia. A possibilidade de uma retaliação por parte de radicais islâmicos deveria ter sido levada em consideração. Mas apesar disso, em Oslo não havia um só helicóptero ou barco capaz de levar força policial até a ilha do massacre, a meros 600 metros do continente. Vá ser desprevenido assim lá... Na Noruega.

São Paulo, sábado, 30 de julho de 2011

MASSACRE

Noruega enterra primeiras vítimas; número sobe para 77
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS - Uma semana após o massacre na Noruega, as primeiras vítimas foram enterradas ontem, em cerimônias cheias de comoção, como na da jovem Bano Rashid, 18, em um cemitério de Nesodden, sul de Oslo.
Na principal mesquita da capital, o primeiro-ministro, Jens Stoltenberg, disse que o ódio do extremista Anders Behring Breivik acabou "gerando amor". "O mal despertou o que há de melhor em nós", disse, em homenagem celebrada às 10h30 de Brasília, hora em que a bomba explodiu no dia 22.
O número de mortos subiu ontem de 76 para 77, depois que um dos feridos morreu.