sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Zé Bolinha-de-Papel perde votos até entre tucanos

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Valor Econômico – 31/08/2012, no clipping do Planejamento


Serra perde votos até entre tucanos

Por Raphael Di Cunto | De São Paulo


Em queda nas pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura de São Paulo, José Serra (PSDB) tem perdido apoio até entre os simpatizantes de seu partido para o candidato do PRB, Celso Russomanno, mostram dados de pesquisa Datafolha realizada nos dias 28 e 29, logo após o início da propaganda eleitoral na televisão e rádio.
Agora líder isolado nas pesquisas, com 31% das intenções de voto, contra 22% de Serra, Russomanno retirou eleitores do adversário tucano até entre simpatizantes do PSDB – partido do qual Serra foi um dos fundadores e pelo qual foi deputado, senador, ministro da Saúde, prefeito de São Paulo, governador e candidato à Presidência por duas vezes.
Serra continua o candidato preferido dos tucanos – 66% dos simpatizantes do partido dizem que votariam nele, segundo a última pesquisa -, mas perdeu espaço. Em julho, esse índice era de 82%. Já Russomanno cresceu – era o candidato favorito de 7% dos tucanos, e agora é escolhido por 23%. O crescimento deu-se concomitantemente ao aumento de rejeição de Serra, que foi de 37% para 43% no geral.
Para o coordenador da campanha do PSDB, Edson Aparecido, o número não preocupa e não fará o partido mudar a estratégia eleitoral. “Foram apenas três programas, o horário eleitoral ainda nem começou”, minimiza.
Segundo Aparecido, pesquisa interna do partido mostra que 50% dos eleitores ainda não assistiram à propaganda na TV. “O eleitor ainda não formou opinião sobre o melhor candidato. Vamos continuar mostrando o que nossas gestões fizeram pela cidade para recuperar o nosso eleitorado”, afirma.
O crescimento de Russomanno em cima do eleitorado de Serra, porém, já era esperado por parte do PT desde que o candidato do PRB, conhecido pela defesa dos direitos do consumidor em programas de televisão, começou a se destacar nas pesquisas.
“Com a gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) mal avaliada, o eleitor escolhe o candidato que, na sua opinião, representa a mudança, que por enquanto é o Russomanno, por ser mais conhecido”, analisava um petista ainda em julho.
Entretanto, Russomanno também rouba votos do PT – cujos simpatizantes, segundo a pesquisa, representam 25% dos eleitores, contra 9% do PSDB.
Entre os paulistanos que têm o PT como partido de preferência, 29% dizem votar no candidato do PRB. Já Haddad tem crescido nesse eleitorado – foi de 15% em julho para 40% na última pesquisa. Serra, que apesar do histórico de rivalidade com os petistas, alcançava 19% entre os simpatizantes do partido, foi reconhecido como adversário e caiu para 7%.



http://altamiroborges.blogspot.com.br/2012/08/serra-chora-tucano-teme-ser-rifado.html

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

 

Serra chora! Tucano teme ser rifado?

 
Por Altamiro Borges
 
 
Ao participar de uma missa celebrada pelo padre-midiático Marcelo Rossi, ontem, o tucano José Serra até chorou. O candidato assistiu à cerimônia do altar, como se estivesse num palanque. Na chamada “missa da cura e libertação”, o religioso conservador falou sobre a superação das adversidades e citou um versículo de Eclesiástico: “Não entregues tua alma à tristeza e não aflijas a ti mesmo com tuas preocupações”. Serra até comungou. “Nada poderá me abalar. Nada poderá me derrotar”, dizia o refrão da música que embalou a ceia.

Será que o eterno candidato do PSDB se emocionou com as palavras do “padre amigo” ou estava mesmo era abalado com os últimos resultados das pesquisas eleitorais? A do Ibope apresenta Serra tecnicamente empatado com o petista Fernando Haddad, correndo o sério risco de nem ir ao segundo turno das eleições para a prefeitura da capital paulista. Ou ele está preocupado com os sintomas crescentes de “cristianização” da sua candidatura, com vários “apoiadores” abandonando o barco da sua campanha à deriva.

Candidatos já descolam a imagem

Segundo relato da Folha tucana de hoje, candidatos a vereador da coligação já tentam descolar sua imagem da de Serra.Aspirantes à Câmara Municipal omitem o nome do tucano em panfletos e não pedem votos a ele. Rejeição de Serra e a falta de ajuda financeira para as despesas de campanha provocam afastamento de aliados”, destaca a matéria. Três candidatos – dois deles que concorrem à reeleição – confirmaram ao jornal que “já jogaram a toalha e decidiram fazer campanha sozinhos, sem a ‘dobradinha’ com o tucano”.

A forte rejeição de Serra – que atingiu 43% no Datafolha, superando o recorde histórico de Paulo Maluf em 1992 (38%) – preocupa os pragmáticos candidatos à vereança. Eles temem ser contaminados pela queda do tucano. Conforme apurou o jornal, as maiores resistências se encontram entre os aliados do PR, PSD e DEM, partidos coligados ao PSDB na chapa majoritária. Mas também há tucanos fugindo de Serra. É o caso de Luciano Gama, “que confeccionou 200 cavaletes sem o nome do candidato de seu partido”.

Tucanas sentem a "sangria" de votos

O risco da “cristianização” preocupa as madames tucanas. “No jantar oferecido a José Serra anteontem, no Morumbi, mulheres do PSDB diziam ‘sentir na pele’ a ‘sangria’ de votos. ‘Até no nosso meio, tucano, estão indo para o Chalita [PMDB], para o Russomanno e até para o PT", disse uma delas à coluna. Os números do Datafolha confirmam: Serra caiu de 76% para 61% em uma semana entre simpatizantes do PSDB. Chalita subiu de 4% para 9% nesse grupo e Russomanno, de 7% para 23%”, relata Mônica Bergamo.

Buffet farto, orquestra afinada e pista vazia

 
 
 

Buffet farto, orquestra afinada e pista vazia


Por Saul Leblon


Há certo gosto de decepção no ar. O conservadorismo que durante meses, anos, cultivou o julgamento do chamado mensalão como uma espécie de terceiro turno sanitário, capaz de redimir revezes acumulados desde 2002 no ambiente hostil do voto, de repente percebe-se algo solitário na festa feita para arrebanhar multidões.

Como assim se os melhores buffets da praça foram contratados; a orquestra ensaiou cinco anos a fio e o repertório foi escolhido a dedo?

Por que então a pista está vazia?
Pouca dúvida pode haver, estamos diante de um evento de coordenação profissional.

O timing político coincide exatamente com o calendário eleitoral de 2012; a similitude e a precedência comprovadas do PSDB na mesma e disseminada prática de caixa 2 de campanha -nem por isso virtuosa-, e que ora distingue e demoniza o PT nas manchetes e sentenças, foi enterrada no silêncio obsequioso da mídia.

Celebridades togadas não sonegam seu caudaloso verbo à tarefa de singularizar o que é idêntico.Tudo caminha dentro do figurino previsto, costurado com o afinco das superproduções, o que falta então?

Apenas o essencial: a alegria do povo.
A população brasileira não tem ilusões. Ninguém enxerga querubins no ambiente nebuloso da luta política. Consciente ou intuitiva, ela sabe a seu modo que a política brasileira não é o que deveria ser: o espaço dos que não tem nenhum outro espaço na economia e na sociedade.

A distância em relação ao ambiente autofestivo da mídia condensa essa sabedoria em diferentes versões.

Privatizada pelo financiamento de campanha a cargo dos mercados, a política foi colonizada pelos mercadores. Afastada do cidadão pelo fosso cravado entre a vontade da urna e o definhamento do voto no sistema representativo, a política é encarada exatamente como ela é: um matrimônio litigioso entre a esperança e a decepção.

O PT do qual se cobra aquilo que não se pratica em muitos círculos - à direita e à esquerda - é protagonista dessa ambiguidade; personagem e cronista dos seus limites, possibilidades e distorções.

Que tenha aderido à lógica corrosiva do financiamento eleitoral vinculado ao caixa 2 das empresas e , ao mesmo tempo, protagonizado um ciclo de governo que faz do Brasil hoje o país menos desigual de sua história (de obscena injustiça social), ilustra a complexidade desse jogo pouco afeito a vereditos binários.

Essa ambiguidade não escapa ao discernimento racional ou intuitivo da sociedade.

Se por um lado semeia degenerações clientelistas e apostas recorrentes nos out-siders que se apresentam como entes 'acima dos partidos', ao mesmo tempo é uma vacina de descrença profilática em relação a encenações de retidão como a que se assiste agora.

A repulsa epidêmica dos eleitores de São Paulo a um dos patrocinadores desse rega-bofe, do qual se imaginava o principal beneficiário, é sintomática do distanciamento que amarela o riso de vitória espetado nos cronistas convidados a animar o evento.

O baixo custo eleitoral do julgamento em curso no STF, contudo, não deve ensejar alívio ou indiferença na frente progressista da qual o PT é um polo central.

O julgamento do chamado 'mensalão' por certo omite o principal e demoniza o secundário. Ao ocultar a dimensão sistêmica a qual o PT aderiu para chegar ao poder, sanciona o linchamento de um partido democrático, uma vez que desautoriza seu principal argumento de defesa.

A meia-verdade atribuída aos réus do PT pelos togados e promotores está entranhada na omissão grotesca da história de que se ressentem suas sentenças pretensiosamente técnicas, envelopadas em liturgia mistificadora.

A pouca ou nenhuma influência eleitoral desse engenhoso ardil que elegeu a ausência de provas como a principal prova condenatória diz o bastante sobre o alcance da hipocrisia vendida como marco zero da moralidade pública pelos vulgarizadores midiáticos.

Não é esse porém o acerto de contas com o qual terá que se enfrentar o PT.

Após uma década no governo federal, o partido, seus intelectuais, lideranças e aliados nos movimentos sociais tem um encontro marcado com uma indagação incontornável, que não é nova na história das lutas sociais: em que medida um partido progressista tem condições de se renovar depois da experiência do poder? Em que medida tem algo a dizer sobre o passo seguinte da história?

O legado inegociável das conquistas acumuladas nesses dez anos entrou na casa dos brasileiros mais humildes, sentou-se à mesa, integrou-se à família. Ganhou aderência no imaginário social.

Não é preciso desconhecer os erros e equívocos para admitir que essa década mudou a pauta da política; alterou a face da cidadania; redefiniu as fronteiras do mercado e da produção.Deu ao Brasil uma presença mundial que nunca teve.

Com todas as limitações sabidas, criou-se uma nova referência histórica no campo popular em que antes só avultava a figura de Getúlio Vargas.

Lula personifica essa novidade que a população entende, identifica e respeita.

E que o enredo do 'mensalão' gostaria de sepultar.

Não está em jogo abdicar do divisor conquistado, mas sim ultrapassá-lo. Avulta que o percurso concluído abriu flancos, sugou agendas, talhou cicatrizes e escavou revezes de esgotamento, dos quais o julgamento em curso no STF é um exemplo ostensivo. Todavia não o principal.

Existe uma moldura histórica mais ampla a saturar esse ciclo.

O colapso da ordem neoliberal, os riscos intrínsecos espetados na desordem financeira e ambiental em curso no planeta -suas ameaças às conquistas brasileiras- formam um condensado de culminâncias que pede desassombro na renovação da agenda da democracia e do desenvolvimento para ser afrontado.

O caminho não será trilhado, menos ainda liderado, por forças e partidos incapazes de incluir na bússola do trajeto o ponteiro da autocrítica política e de um aggiornamento organizativo coerente com a renovação cobrada pela história.

O carro de som da direita faz barulho por onde passa nesse momento. Mas isso não muda a qualidade da mercadoria que apregoa.
O que o alarido dos decibéis busca vender é o velho pote de iogurte vencido e rançoso, cuja versão eleitoral em São Paulo tem 43% de rejeição popular.

A resposta da frente progressista à qual o PT se insere não pode ser a mera denúncia da propaganda enganosa.

Urge esquadrejar revezes e resoluções para renovar o próprio estoque de metas e métodos requeridos pelo novo ciclo da história.
Quantos danos esta cretina global não tem causado à formação de nossas crianças... Quantos danos!

 
  
Xuxa, expondo um dos mamilos, 
em um de seus uniformes de "educadora" de nossas crianças
 
 
UOL, 31.08.2012
 

“Eu ia beijar muito, namorar muito, dar muito”, diz Xuxa sobre a hipótese de não ser famosa

 

Mauricio Stycer





O tema era a fama, mas o último “Na Moral”, de Pedro Bial, acabou sendo sobre a fama de Xuxa, a principal convidada da noite. Ela dominou o programa, repetindo revelações que fez na célebre entrevista ao “Fantástico”, sobre a violência sexual que sofreu na infância, mas também dando declarações bem engraçadas sobre o assunto.
Convidada a dizer o que faria se tivesse 15 segundos de anonimato, falou: “Eu ia beijar muito, eu ia namorar muito, eu ia dar muito… eu ia para alguns lugares que não posso ir, fazer o que eu quisesse e ninguém ia escrever em lugar nenhum”.
Também observou: “A fama deixa a gente meio cega, surda e paralítica”. Chamando Bial de Pedro, foi chamada pelo apresentador de “Xuxazinha”.
O programa exibiu um dos momentos mais contrangedores da história do “Jornal Nacional” — a notícia, narrada com toda a solenidade por William Bonner, do nascimento de Sasha, e duas reportagens com o bebê e a mãe. Xuxa teve, então, a oportunidade de dizer que hoje compreende ter exposto em demasia a criança.
Em outro momento, provocada por Bial, a apresentadora disse que leu tudo que foi escrito sobre a entrevista ao “Fantástico”, exibida em maio, e ficou muito chateada por não ter sido compreendida. “Eu queria realmente ajudar”, disse, em tom de lamentação. Mesmo assim, voltou a contar que foi abusada por um namorado de sua avó.
Em clima de “Arquivo confidencial”, o programa mostrou depoimentos de parentes de Xuxa e de Viviane Senna, que falou da “paixão” do irmão, Ayrton, pela apresentadora. “A gente viu algo que você perdeu com a fama…”, completou Bial, referindo-se a Senna.
Foi a oportunidade para Xuxa repetir a história, contada no “Fantástico”, que planejava se encontrar com o piloto no fim-de-semana de sua morte, mesmo sabendo que ele tinha outra namorada.
Mesmo não tendo o seu nome citado, Adriane Galisteu reagiu ao comentário escrevendo, em seguida, no Twitter: “Papai do céu, dai-me paciência… Muita paciência!!! Na moral na moral! Só na moral!”
Xuxa também fez propaganda da marca de cosméticos que pagou para que ela mudasse a cor de seus cabelos e dançou com Bial no palco do programa. O apresentador encerrou a temporada do “Na Moral” prometendo voltar a se encontrar com o público em janeiro, no “Big Brother Brasil”.

Ibope aponta empate técnico entre Serra e Haddad no 2º lugar

Que Zé Bolinha-de-Papel e sua escória entreguista sejam varridos definitivamente para a lata de lixo da história.
 
E que a máscara deste Russomano caia logo perante a população. Não passa de mais um delinquente político.
 
 
 
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31/08/2012
 

Pesquisa Ibope aponta empate técnico entre Serra e Haddad no 2º lugar


DE SÃO PAULO

Pesquisa Ibope divulgada nesta sexta-feira (31) mostra os candidatos Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB) tecnicamente empatados no segundo lugar na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Celso Russomanno (PRB) segue na liderança isolada com 31% das intenções de votos, segundo a pesquisa.
Haddad tem 16% das intenções de votos, enquanto Serra tem 20%. Como a margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, o petista pode ter de 13% a 19% e Serra, de 17% a 23%, o que configura um empate técnico.
Gabriel Chalita (PMDB) tem 5%, Soninha (PPS), 4% e Paulinho da Força, 1%.
O crescimento de Haddad nas pesquisas ocorreu após o início da propaganda eleitoral na TV e no rádio. O petista subiu de 9% para 16%, segundo levantamento feito pelo Ibope. Sua campanha é marcada pela frequente participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e apoio da presidente Dilma Rousseff.
Já Serra caiu de 26% para 20% nas últimas duas semanas, aponta a pesquisa. Sua queda é associada ao alto índice de rejeição de Gilberto Kassab, que é seu aliado. De acordo com os dados da pesquisa, a gestão do prefeito é considerada ruim ou péssima por 48% dos entrevistados.
O tucano é o candidato com maior índice de rejeição, 34% dos entrevistados não votariam de jeito nenhum em Serra. Haddad tem 13% e Russomanno 8%.
A liderança isolada de Russomano, já havia sido conquistada antes do início do horário eleitoral na TV. Em pesquisa Datafolha divulgada no dia 20 de agosto, o candidato do PRB já possuía 31%.
SEGUNDO TURNO
A pesquisa Ibope também divulgação o desempenho dos dois melhores colocados na disputa pelo segundo turno. Na simulação, Russomanno venceria Serra com 51% dos votos. O tucano teria apenas 27%.
O Ibope entrevistou 1.001 pessoas entre os dias 28 e 30 de agosto. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP), sob o número SP-00605/ 2012. E foi encomendada pela "TV Globo" e pelo jornal "O Estado de S.Paulo".

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Justiça determina abertura de ação penal contra militares por crimes na ditadura


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Folha.com, 30/08/2012

Justiça determina abertura de ação penal contra militares por crimes na ditadura
 

AGUIRRE TALENTO
DE BELÉM



Militares que atuaram na repressão durante o regime militar (1964-85) responderão a ação penal por supostos crimes cometidos durante a ditadura.
A Justiça Federal em Marabá (685 km de Belém) aceitou denúncia do Ministério Público Federal e determinou a abertura de ação penal contra o coronel da reserva Sebastião Rodrigues Curió, 77, e contra o tenente-coronel da reserva Lício Maciel, 82.
Ambos combateram a guerrilha do Araguaia (1972-1975), na região sul do Pará, e são acusados do crime de sequestro qualificado.
A Procuradoria sustenta que corpos de militantes de esquerda supostamente mortos por eles até hoje não foram encontrados e, por isso, podem ser considerados como desaparecidos.
O crime de sequestro qualificado prevê pena de prisão de dois a oito anos.
A ação contra Curió havia sido rejeitada em março, mas o Ministério Público Federal recorreu e agora conseguiu mudar a decisão.
Antes, o juiz federal João César Otoni de Matos havia entendido que a Lei da Anistia, de 1979, perdoou crimes cometidos durante a ditadura militar e por isso rejeitou a abertura da ação.

ANISTIA
Em São Paulo, uma ação semelhante contra o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra foi rejeitada pela Justiça Federal, sob entendimento da Lei da Anistia.
É, portanto, segundo a Procuradoria, inédita a decisão da juíza federal Nair Cristina de Castro pela abertura dos processos. Ela já determinou que os acusados sejam ouvidos. As decisões são da última terça-feira (28) e foram divulgadas nesta quinta (30) pela Justiça Federal no Pará.
A juíza diz que, se o crime de sequestro continua até o presente momento, não se aplica a ele a Lei da Anistia, pois ultrapassou o período dos crimes anistiados.
O tenente-coronel Lício Maciel diz que o guerrilheiro Divino Ferreira de Souza foi baleado em combate. Maciel diz que não pode ser acusado de sequestro porque Divino foi levado a uma enfermaria e, posteriormente, militares o informaram que ele havia morrido.
Procurado pela reportagem, o coronel Sebastião Curió não quis comentar o caso.

30 anos da morte da atriz Ingrid Bergman

Jornal do Brasil, 30/08/2012
 

Há 30 anos morria a atriz Ingrid Bergman

 
Jornal do Brasil
 

Há 30 anos, morria em Londres a atriz Ingrid Bergman. Ela ia completar 67 anos quando faleceu, devido a um câncer no seio. Ingrid tornou-se uma das damas de Hollywood, impactando o cinema mundial. Sua beleza e talento lhe garantiram três Oscar e muitas ovações.
Ingrid começou cedo nas artes dramáticas. Órfã de mãe aos três anos e de pai aos 12, ela passou o resto de sua adolescência com um tio solteiro, que herdara uma loja de fotografia do pai. Foi sob a tutela dele que fez sua primeira aparição no cinema. no longa Landskamp, de Gunnar Skoglund. Um ano depois entrou para a Escola Real de Arte Dramática, em Estocolmo, cursando por um ano. Nesse ano, 1933, com apenas dezoito anos, estreou nos palcos suecos.


Ingrid tornou-se uma das damas de Hollywood  
Ingrid tornou-se uma das damas de Hollywood 
 
 
O primeiro papel com falas no cinema veio em 1935, em Munkbrogreven, de Edvin Adolphson. Faria mais três filmes nesse ano, todos eles como protagonista. Em 1936, atuaria no filme que a levaria a Hollywood, Intermezzo, de Gustaf Molander. No filme, ela interpreta a filha do professor de piano de um famoso violinista, com quem tem um caso amoroso. O filme chamou a atenção do produtor americano David O. Selznick, que o refilmaria, e levaria Ingrid aos EUA. No intervalo entre os dois Intermezzo, ela fez mais quatro filmes, todos na Suécia. Em 1937, Ingrid se casa com o dentista e futuro neurocirurgião Petter Lindstrom. No ano seguinte, nasceu sua primeira filha, Friedel Pia.
Uma nova era da vida de Ingrid começaria. Hollywood cairia aos seus pés, assim como o público. Selznick e Ingrid assinaram um contrato de sete anos – mesmo que só mais dois filmes fossem feitos: o longa Quando fala o coração e o curta American Creed. Em 1940, Ingrid estreou nos palcos americanos, na Brodway, na peça Lilliom.
Em 1941, estrela dois filmes que confirmam a fama de boa moça, de santa, de Ingrid Bergman: Os Quatro Filhos de Adam, de Ratoff, e Fúria no Céu, de W. S. Wan Dyke. O bom mocismo, porém, só serviu para provocar a vivaz garota de 26 anos. Ela queria mais, um papel que fugisse de uma possível estereotipo. O Médico e o Monstro, versão de Victor Fleming, foi o caminho trilhado. Contam que Ingrid pediu ao diretor e aos chefões da MGM para trocar de papel com Lana Turner.
O papel que imortalizou Ingrid Bergman, porém, estaria por vir. Em 1942, seria a sensual e enigmática Ilsa Lund, foragida de guerra, em Casablanca. Em 1943, estrela Por Quem os Sinos Dobram, de Sam Wood, adaptado da obra de Ernest Hemingway. O filme lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar. Em 1944, com À Meia-Luz, de George Cukor, ganhou seu primeiro Oscar, como melhor atriz. No ano seguinte, mais três filmes de êxito: Os Sinos de Santa Maria, de Leo McCarey, que lhe rendeu a terceira indicação ao Oscar; Mulher Exótica, de Sam Wood; e Quando Fala o Coração, sua primeira parceria com Alfred Hitchcock.
Em 1946, a segunda parceria com Hitchcock, no célebre Interlúdio, em que interpreta uma jovem que passa os dias atrás de homens e álcool, após seu pai ter sido condenado como espião alemão durante a 2ª Guerra Mundial. Há quem diga que é seu papel mais expressivo no cinema.
Mais três filmes se seguiram: O Arco do Triunfo, segunda adaptação de Lewis Milestone da obra Eric Maria Remarque, Joana D’Arc, adaptação da peça coma própria Ingrid – a montagem lhe rendeu um Tony -, e a terceira parceria com Hitchcock, Sob o Signo de Capricórnio.
Em 1949, Ingrid escreveu uma carta para o diretor italiano neo-realista Roberto Rosselini, demonstrando interesse em atuar em algum de seus filmes. No ano seguinte, estrelaria Stromboli, a primeira parceria com o diretor.
Morando na Itália, fez mais cinco filmes: Europa 51, Viagem à Itália, O Medo, Joana D’Arc de Rosselini e um episódio de Nós, as Mulheres. Em 1956, filmou com Jean Renoir: As Estranhas Coisas de Paris. Com o sucesso do filme francês, Ingrid voltou a ter status nos EUA, e foi chamado para estrelar Anastácia, que lhe garantiu o segundo Oscar de melhor atriz.
Durante a década de 60, teria papéis insignificantes em sua carreira, e trabalharia principalmente no teatro e na televisão, então ascendente. Ressurge em Assassinato do Expresso Oriente, em 1974, de Sidney Lumet, que lhe rendeu um Oscar de melhor atriz coadjuvante. Em 1975, divorciou-se do terceiro marido. No mesmo ano descobriu um câncer no seio. A luta duraria sete anos. No intervalo, atuou no filme de outro famoso Bergman, o Ingmar, com quem não tem nenhum parentesco. Sonata de Outono chegaria aos cinemas em 1978. O último papel foi na televisão, no papel da primeira ministra de Israel, Golda Meir, na cinebiografia, A Woman Called Golda.
Ingrid morreu em sua casa, em Londres, foi cremada, e suas cinzas jogadas nas costas suecas. Parte foi guardada e enterrada no Cemitério Norra Begravningsplatsen, em Estocolmo.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A descida da América para a pobreza

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29/08/2012

A descida da América para a pobreza

Por Paul Craig Roberts*

Os Estados Unidos entraram em colapso economicamente, socialmente, politicamente, legalmente, constitucionalmente, ambientalmente e moralmente. O país que hoje existe não é nem mesmo uma sombra do país em que nasci.

Neste artigo tratarei do colapso econômico da América. Em artigos seguintes tratarei de outros aspectos do colapso americano.

Economicamente, a América desceu para dentro da pobreza. Como diz Peter Edelman, “O salário baixo para o trabalho já é pandemia”.

Na América da “liberdade e democracia” de hoje, “a única super-potência do mundo”, um quarto da força de trabalho tem empregos que pagam menos de US$22.000 [por ano], a linha de pobreza para uma família de quatro pessoas. Algumas destas pessoas mal pagas são jovens licenciados em faculdades, sobrecarregados com empréstimos para a educação, que partilham a habitação com três ou quatro outros na mesma situação desesperada. Outras delas são pais solteiros com problemas médicos ou desempregadas.

Outros podem ter Ph.D. e ensinar em universidades como professores adjuntos por US$10.000 por ano ou menos. A educação ainda é apregoada como o caminho para sair da pobreza, mas torna-se cada vez mais um caminho para a entrada na pobreza ou parao alistamento nos serviços militares.

Edelman, que estuda estas questões, informa que 20,5 milhões de americanos têm rendimentos de menos de US$9.500 por ano, o qual é a metade da definição de pobreza para uma família de três pessoas.
Cupom de Alimentação
Há seis milhões de americanos cujo único rendimento é o do auxílio alimentar (food stamps). Isso significa que há seis milhões de americanos que vivem nas ruas ou em casas de parentes ou amigos. Republicanos cruéis continuam a combater o estado previdência (welfare), mas Edelman afirma que “basicamente o estado previdência já se foi”.

Em minha opinião como economista, a linha oficial de pobreza está, há muito, ultrapassada. A perspectiva de três pessoas a viverem com US$19.000 por ano é descabelada. Considerando os preços de aluguéis, eletricidade, água, pão e refeições ligeiras, uma pessoa não pode viver nos EUA com US$6.333,33 por ano. Na Tailândia, talvez, até o dólar entrar em colapso, isso possa acontecer, mas não nos EUA.

Como Dan Ariely (Duke University) e Mike Norton (Harvard University) mostraram empiricamente, 40% da população, os 40% menos ricos, possuem 0,3%, isto é, três décimos de um por cento, da riqueza pessoal da América. Quem possui os outros 99,7%?

Os 20% do topo têm 84% da riqueza do país. Aqueles americanos no terceiro e quartos quintos – essencialmente a classe média da América – têm apenas 15,7% da riqueza da nação. Uma distribuição tão desigual do rendimento é sem precedentes no mundo economicamente desenvolvido.

No meu tempo, confrontado com tal disparidade na distribuição do rendimento e da riqueza, uma disparidade que obviamente coloca um problema dramático para a política econômica, estabilidade política e a macro gestão da economia, os democratas teriam exigido correções e os republicanos teriam concordado com relutância.

Mas não hoje. Ambos os partidos prostituíram-se por dinheiro.

Os republicanos acreditam que o sofrimento dos americanos pobres não está ajudando os ricos suficientemente. Paul Ryan e Mitt Romney comprometeram-se a abolir todo programa que trate de necessidades que os republicanos ridicularizam como “comedores inúteis” (“useless eaters”).

Os “comedores inúteis” são os trabalhadores pobres e a antiga classe média cujos empregos foram deslocalizados de modo a que executivos corporativos pudessem receber muitos milhões de dólares de pagamento em compensação pelo desempenho e os seus acionistas pudessem ganhar milhões de dólares sobre ganhos de capital. Enquanto um punhado de executivos desfruta iates e garotas Playboy, dezenas de milhões de americanos mal conseguem sobreviver.

Na propaganda política, os “comedores inúteis” não são meramente um fardo sobre a sociedade e os ricos. Eles são sanguessugas que forçam contribuintes honestos a pagar pelas suas muitas horas de lazer confortável a desfrutar a vida, assistir eventos desportivos e pescar trutas em rios, enquanto sacam seu abastecimento na mercearia ou vendem seus corpos ao MacDonald’s mais próximo.

A concentração de riqueza e poder nos EUA de hoje vai muito além de qualquer coisa que os meus professores de ciência econômica pudessem imaginar na década de 1960. Em quatro das melhores universidades do mundo que frequentei, a opinião [predominante] era que a competição no mercado livre impediria grandes disparidades na distribuição do rendimento e da riqueza. Como vim a aprender, esta crença era baseada numa ideologia – não na realidade.

O Congresso, ao atuar com base nesta crença errônea da perfeição do mercado livre, desregulamentou a economia dos EUA a fim de criar um mercado livre. A consequência imediata foi o recurso a toda ação que anteriormente era ilegal para monopolizar, cometer fraudes financeiras e outras, destruir a base produtiva dos rendimentos do consumidor americano e redirecionar rendimento e riqueza para os um por cento.

A “democrática” administração Clinton, tal como as administrações Bush e Obama, foi subornada pela ideologia do mercado livre. A administração Clinton, vendida ao Big Money, aboliu a Ajuda a Famílias com Crianças Dependentes. Mas esta liquidação de americanos lutadores não foi suficiente para satisfazer o Partido Republicano. Mitt Romney e Paul Ryan querem cortar ou abolir todo programa que amenize a situação de americanos atingidos pela crise e que os impeça de caírem na fome e ficarem sem casa.

Republicanos afirmam que a única razão para a existência de americanos carentes é o governo utilizar dinheiro dos contribuintes para subsidiar os que não querem trabalhar. Tal como os republicanos vêem isto, enquanto nós trabalhadores esforçados sacrificamos nosso lazer e tempo com nossas famílias, a ralé do estado previdência desfruta o lazer que os nossos dólares fiscais lhes proporcionam.

Esta crença vesga, de presidentes de corporações que maximizam seus rendimentos deslocalizando empregos da classe média de milhões de americanos, deixou cidadãos na pobreza e cidades, municípios, estados e o governo federal sem uma base fiscal, o que resulta em bancarrotas em níveis estadual e local, bem como déficits orçamentários maciços no nível federal que ameaçam o valor do dólar e o seu papel como divisa de reserva.

A destruição econômica da América beneficiou os mega-ricos com muitos bilhões de dólares com os quais desfrutam a vida e o seu séquito de acompanhamentos caros sempre que queiram.

Enquanto isso, longe da Riviera francesa, o Ministério do Interior (Homeland Security) está acumulando munição suficiente que chegue para manter americanos pauperizados sob controle.

26/Agosto/2012

[*] Ex-secretário do Tesouro dos EUA e antigo editor associado do Wall Street Journal.
O artigo original, em inglês, encontra-se em: America’s Descent into Poverty ~ Paul Craig Roberts”.
Esta tradução foi extraída de Resistir e adaptada pela redecastorphoto.

Epidemia de rejeição em Sampa


Ha! Ha! Ha!
 
Quero ver este serviçal do capital estrangeiro humilhado pelas urnas!
Que vá de uma vez por todas para a lixeira da história que é seu devido lugar.
 
 
 
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Quarta-Feira, 29 de Agosto de 2012

Datafolha: rejeição a Serra vira epidemia
 
 
Por Saul Leblon
 
 

Nenhum candidato com rejeição em torno de 40% consegue prosperar numa disputa política e chegar ao 2º turno.

Esse consenso entre pesquisadores soa agora à candidatura municipal do PSDB em São Paulo como o prognóstico de um percurso ao cadafalso, não às urnas.

Vive-se na capital paulista um fenômeno de esgotamento histórico que assume contornos de nitidez vertiginosa, dificilmente reversível: a rejeição esférica, espontânea, ascendente e incontrolável de uma cidade a um político e ao que ele representa, seus métodos e metas.

Já não se trata apenas de rejeição, mas de um sentimento epidêmico que a palavra ojeriza descreve melhor e a expressão 'fim de um ciclo' coroa de forma objetiva.

A rejeição a José Serra em seu berço político, e principal casamata do PSDB no país, é o aspecto mais significativo da atual disputa. Sobretudo porque cercado de uma 'coincidência' cuidadosamente programada, o julgamento do STF, que deveria impulsionar as coisas no sentido inverso. Se é que teve influência, foi no sentido oposto.

De 30% em meados de junho,a repulsa a Serra saltou para 38% em agosto e explodiu na pesquisa divulgada pelo Datafolha nesta 4ª feira, batendo em massacrantes 43%.
A sangria sugere que se trata de sentimento espraiado, que contagia segmentos sitiados além dos bolsões progressistas, atingindo núcleos da própria classe média, mais ou menos conservadora, tradicionalmente tributária do vertedouro tucano.

A contrapartida nas sondagens de intenções de votos parece confirmar essa observação. E o faz cristalizando tendências talvez só reversíveis por um acontecimento de proporções diluvianas.

Para desespero do dispositivo midiático conservador, o julgamento do chamado 'mensalão', embora tangido pelo jornalismo 'isento' -e fiel ao script condenatório que singulariza o caixa 2 de campanha petista, aliviado no caso precedente do PSDB mineiro- dificilmente terá esse efeito.

Nessa São Paulo que surpreende seus 'formadores de opinião' , Russomano lidera as intenções de votos com 31% (tinha 26% em junho); Serra, afundou para 22% (contra 31% em junho) e, como previsto, Haddad ao sair do anonimato graças ao horário eleitoral, saltou de 7% em junho para 14% agora. Dobrou as intenções de votos com uma semana na TV.
A agressividade estridente da campanha tucana está explicada.

O som da marcha fúnebre previsto para ensurdecer o governo, o PT, suas lideranças, candidatos e eleitores, a partir da melodia das condenações emitidas no STF, eleva-se de fato em altos decibéis, mas em outro ambiente. No entorno irrespirável de uma campanha e de um político já derrotado nacionalmente em 2002 e 2010, mas agora execrado em seu próprio berço.
 

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Folha.com,29/08/2012
 
Russomanno vira líder isolado, Serra cai e Haddad sobe em SP, mostra Datafolha
 
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

O candidato do PRB, Celso Russomanno, assumiu a liderança isolada na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Ele manteve 31% das intenções de voto depois da primeira semana de propaganda eleitoral em rádio e TV, aponta o Datafolha.
José Serra, do PSDB, caiu cinco pontos percentuais e agora aparece em segundo lugar com 22%. Fernando Haddad, do PT, subiu seis pontos e ocupa a terceira posição com 14%.
Gabriel Chalita, do PMDB, oscilou para 7%, e Soninha Francine, do PPS, para 4%. Paulinho da Força (PDT) tem 2%. Ana Luiza (PSTU) e Carlos Gianazzi (PSOL) aparecem com 1%, e os demais não pontuaram.
A pesquisa mostra que a rejeição a Serra subiu cinco pontos e alcançou o maior índice desde o início da campanha: 43% dos eleitores dizem que não pretendem votar nele "de jeito nenhum".
Nas últimas duas eleições paulistanas, em 2004 e 2008, só o ex-prefeito Paulo Maluf (PP) superou este patamar de rejeição.
SURPRESAS
Há uma semana, antes do início do horário eleitoral, Russomanno já aparecia 4 pontos à frente de Serra (31% a 27%), mas os dois estavam tecnicamente empatados na liderança.
Tucanos e petistas apostavam numa queda do candidato do PRB, que tem pouco mais de dois minutos de TV, mas isso não ocorreu.
A queda de Serra surpreende até os petistas, que não esperavam vê-lo com menos de 25% das intenções de voto. Há dois anos, a cidade deu a ele 40% dos votos para presidente no primeiro turno.
Entre os motivos mais citados para a alta da rejeição do tucano, estão o desgaste com a derrota de 2010, a reprovação ao prefeito Gilberto Kassab (PSD) e o fato de ele ter renunciado à prefeitura em 2006, após ter prometido cumprir todo o mandato.
A alta de Haddad já era esperada com a exposição do ex-presidente Lula em seu programa eleitoral. Mesmo assim, os petistas contavam com uma subida mais modesta nesta primeira semana.
O Datafolha ouviu 1.069 eleitores entre os dias 28 e 29. O levantamento foi realizado em parceria com a TV Globo e foi registrado na Justiça Eleitoral sob o nº 582/2012. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.

Bin Laden foi executado pelas tropas norte-americanas

OperaMundi, 29/08/2012

 

Bin Laden foi executado pelas tropas norte-americanas, revela oficial em livro

 
Marina Mattar | Redação
 
 
Divulgação/ Editora Penguin

Capa do livro "Não há dia fácil", onde ex-oficial relata operação militar que matou Osama Bin Laden

Osama Bin Laden foi atingido por uma bala na cabeça quando olhou pela porta de seu quarto para o corredor na casa em Abbottabad, no Paquistão. O líder da Al Qaeda não portava nenhuma arma e no momento em que as tropas norte-americanas entraram no cômodo, já estava morto.

Estas são as revelações do livro “Não Há Dia Fácil: Um líder da Tropa de Elite Americana Conta Como Mataram Osama Bin Laden" escrito por um ex-oficial que participou da operação. O autor, que preferiu manter o anonimato sob um pseudônimo de Mark Owen, discorda da versão oficial de que Bin Laden foi morto depois de um tiroteio com as forças dos Estados Unidos e descreve uma cena de execução.

O livro será lançado na próxima terça-feira (04/09), mas a agência Associated Press e o jornal norte-americano Huffington Post conseguiram adquirir cópias e divulgaram as informações. “A menos de cinco passos do topo da escada”, o ex-militar conta que escutou o som de tiros “Bop! Bop!”. As balas vinham de seu companheiro à frente, que estava liderando a tropa especial, e havia visto “um homem espiando pela porta”.

O corpo caiu para dentro do quarto e o grupo de operações especiais da Marinha seguiu em direção ao cômodo, relata o antigo oficial. Quando chegaram, avistaram Bin Laden deitado em uma poça de sangue com um buraco em sua testa e duas mulheres chorando em cima de seu corpo.

Owen conta que um dos agentes empurrou as mulheres para um canto e ele e outros oficiais balearam o líder terrorista. “Nós miramos em seu peito e atiramos diversas vezes. As balas o rasgaram, batendo seu corpo no chão até que ele ficou imóvel”, conta segundo o Huffington Post.

De acordo com o livro, os militares norte-americanos encontraram depois duas armas guardadas sem munição e que não foram nem tocadas pelo terrorista. “Ele (Bin Laden) não tinha nem preparado uma defesa. Ele não tinha intenção de lutar”, afirma Owen citado pelo jornal britânico The Telegraph.

Esta não é a versão contada pelas autoridades norte-americanas, que sustentam que houve confronto direto entre os militares e o terrorista da Al Qaeda. Em discurso nacional logo após o fim da operação, o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou em rede nacional que “depois de um tiroteio, eles mataram Osama bin Laden e guardaram seu corpo”.

A publicação do livro pode encontrar resistência do Pentágono, que possui uma regra contra a divulgação de informações sobre operações militares especiais. Segundo sua regulamentação, antigos oficiais e membros aposentados devem submeter o material para análise do órgão para “assegurar que as informações que eles pretendem divulgar para o público não comprometam a segurança nacional".

O porta-voz do Departamento de Defesa, o tenente James Gregory, disse que se o livro revelar informações secretas sobre a operação contra Bin Laden, o Pentágono enviará o caso para a Justiça. "O autor não buscou nem apoio, nem aprovação da Marinha para este livro", assinalou ele segundo a Agência Efe.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Carta aberta (e desesperada!) à presidenta Dilma

http://blogln.ning.com/profiles/blogs/carta-aberta-e-desesperada-presidente-dilma


28 agosto de 2012


Carta aberta (e desesperada!) à presidenta Dilma

Por Celso Lungaretti


Presidenta Dilma,

faz muito tempo - quase 43 anos! - que nos conhecemos naquele turbulento congresso da VAR-Palmares em Teresópolis, de triste lembrança para mim e, presumo, também para si. Quantos participantes logo não estariam mais conosco, sofrendo mortes que os usurpadores do poder tudo faziam para tornar mais sofridas, pois a força era seu único argumento e eles se viam obrigados a intimidar uma nação inteira!

Estávamos à beira do abismo e não sabíamos. Animados pelas notícias que nos chegavam sobre o sequestro do embaixador Charles Elbrick pela ALN, ainda nos dividíamos em discussões apaixonadas sobre os rumos da nossa luta, como se bastasse discernirmos as melhores linhas de ação para a vitória se tornar viável.

Hoje sabemos que tanto a postura mais moderada dos que permaneceram na VAR (seu caso), quanto a mais radicalizada dos refundadores da VPR (meu caso), conduziam ao mesmo martírio, face à extrema inferioridade de nossas forças.  O poder de fogo acabou prevalecendo sobre a justeza da causa.

Então, visto retrospectivamente, aquele congresso coincide com o início da agonia dos movimentos de resistência que confrontaram o arbítrio no auge do terrorismo de estado em nosso país. A partir de outubro de 1969 vimos as desgraças aumentarem dia a dia, as mortes e prisões se tornando tão frequentes que até temíamos abrir o jornal a cada manhã.

Nós dois, presidente Dilma, descemos ao inferno e dele conseguimos retornar, mas reconstruímo-nos de formas diferentes, sob diferentes circunstâncias. Temos, contudo, em comum o sentimento de débito em relação aos companheiros que tombaram, a percepção de que nos cabe, como sobreviventes de uma epopéia que tragou algumas das pessoas mais idealistas e generosas já produzidas por este país, honrarmos seu sacrifício.

Então, no momento mesmo de sua vitória na eleição presidencial de 2010, eu já escrevia que "a dívida social (...) está muito longe de ser zerada, como o foi o débito com o FMI", daí os votos de que aproveitasse bem "seu grande momento", continuando a ser, no poder, "a aguerrida companheira que, como Chaplin, queria chutar o traseiro dos ociosos; como Cristo, trouxe uma espada para combater a injustiça; e como Marx, pretendia proporcionar a cada trabalhador o necessário para a realização plena como ser humano".

Mais especificamente sobre o fato de o Brasil ser presidido pela primeira vez por quem pegou em armas contra uma ditadura, eu comentei:
"Talvez seja o que estivesse faltando para a superação, de uma vez por todas, das dores e rancores remanescentes de um dos períodos mais sombrios de nossa História.
E para nós, os que preparamos o caminho da amizade, passarmos a ser vistos com mais bondade..."
A referência a uma poesia famosa de Bertolt Brecht e ao tema musical da peça Arena conta Zumbi (dela derivado) tinha um forte motivo: a mágoa que todos os antigos resistentes carregamos, por muitos brasileiros e boa parte da grande imprensa desmerecerem a luta quase suicida que travamos, contra um inimigo bestial e absolutamente sem escrúpulos.

Arriscamos tudo: nossas vidas, nossa integridade física, nossa sanidade mental e nossas carreiras. E vimos nossos entes queridos covardemente retaliados, pois foram também submetidos a torturas, a intimidações, a humilhações, à estigmatização e até a abusos sexuais.

Como a Resistência Francesa, não fomos nós que realmente derrotamos os totalitários. Mas, se os franceses, orgulhosamente, reverenciam aqueles que salvaram a honra nacional, evitando que o país ficasse identificado com os colaboracionistas de Vichy, há brasileiros para quem nada significa termos sido os  filhos seus  (do Brasil)  que não fugiram à luta.

Sem os poucos milhares de combatentes que seguimos o exemplo de Tiradentes, a imagem que ficaria dos nossos  anos de chumbo  seria a daqueles emergente deslumbrados com o milagre econômico e preocupados exclusivamente em enriquecer, enquanto as piores atrocidades eram cometidas.

Sei que não estou falando nada de novo para si, presidenta Dilma. Acredito, contudo, que não tenha chegado ao seu conhecimento o fato de que a União há muito descumpre a Lei n.º 10.559/2002, cujos artigos art. 12, § 4º e 18 estabelecem a obrigatoriedade de rápido pagamento das reparações retroativas às vítimas da ditadura militar:
§4º As requisições e decisões proferidas pelo Ministro de Estado da Justiça nos processos de anistia política serão obrigatoriamente cumpridas no prazo de sessenta dias, por todos os órgãos da Administração Pública e quaisquer outras entidades a que estejam dirigidas, ressalvada a disponibilidade orçamentária.

Art.18. Caberá ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão efetuar, com referência às anistias concedidas a civis, mediante comunicação do Ministério da Justiça, no prazo de sessenta dias a contar dessa comunicação, o pagamento das reparações econômicas, desde que atendida a ressalva do § 4º do art. 12 desta Lei.
Fica claríssimo que, havendo disponibilidade orçamentária, tais reparações deveriam ser pagas em 60 dias; e que, inexistindo disponibilidade orçamentária no ano em curso, teriam de estar contempladas no Orçamento seguinte.

Tardou demais o Estado brasileiro em oferecer-nos o que, no momento da redemocratização, teria sido um apoio para reconstruírmos nossas vidas extremamente prejudicadas e quase destruídas nos porões da ditadura, bem como pelas perseguições e estigmatizações subsequentes; agora, acaba sendo apenas uma tábua de salvação para termos, pelo menos, velhices tranquilas.

A União, contudo, reescreveu informalmente a Lei n.º 10.559/2002 ao decidir, em 2007, quitar o retroativo em  suaves prestações mensais, até 2014, quando se propõe a zerar o que ainda haja restado do seu débito.

Alguns conseguiram fazer com que a escrita da lei prevalecesse, mediante mandados de segurança. Por um destino insólito, contudo, novamente estou sendo eu a vítima da morosidade, má vontade e  sabe-se lá mais o quê  dos Poderes majestáticos e suas burocracias arrogantes - exatamente como no caso da própria concessão da anistia, que no meu caso acabou se tornando uma pequena epopéia.

Daquela vez foram 50 meses de espera, agora já estão sendo 66. Porque, como cidadão consciente dos meus direitos, não me conformei com o descumprimento da Lei n.º 10.559/2002 ao longo de todo o ano de 2006 e também em 2007, quando finalmente recorri a um mandado de segurança (nº 12.614 - DF - 2007/0022638-1) para receber o que me era devido. Logo depois a União anunciou seu plano de pagamento parcelado.

Meu processo levou inacreditáveis e exatos quatro anos para ter o mérito julgado. Houve até um pedido de unificação de jurisprudência, pois três Câmaras do Superior Tribunal de Justiça davam decisões conflitantes sobre casos idênticos.

Após a Corte Especial ter dirimido as dúvidas e fixado o paradigma a ser seguido, meu mandado de segurança foi reconhecido por 9x0.
A União interpôs um embargo de declaração, exumando um argumento (o de que tal mandado não seria o instrumento jurídico adequado) que o relator anterior, Luiz Fux, já desconstruíra em 2007!

Inacreditavelmente, o relator atual acaba de modificar a decisão unânime do julgamento, fazendo tudo retornar à estaca zero!

O prosseguimento da batalha judicial me deixa em situação dramática, pois tenho muitos dependentes e muitas dívidas, empréstimos contraídos e várias vezes remanejados, e a obrigação de desocupar minha morada até o último dia do ano, pois não tive como aceitar o aumento de aluguel pleiteado pelo locador.

Sou idoso, discriminado no meu mercado de trabalho em função de idade e convicções políticas, e tenho uma criança de quatro anos morando comigo. Do que eu recebo da União depende também o sustento de uma mãe octogenária e a pensão de minha outra filha menor, que vive com a mãe dela.

Considero iníquo e desumano que eu e os meus dependentes estejamos em situação tão dramática quando o que nos faz tanta falta já me foi concedido por lei e assinado pelo ministro da Justiça em outubro/2005!

Então, presidente Dilma, faço-lhe um duplo e desesperado apelo:
  • que reconsidere a questão do pagamento do retroativo para todos os anistiados; e 
  • que determine a seus assessores a busca de uma saída emergencial para a situação terrível a que fui levado pelo trâmite kafkiano do meu processo e a criatividade dos defensores da União para desencavarem filigranas que retardem o cumprimento da lei. 
Tal criatividade deveria, isto sim, servir  para minorar o sofrimento dos seres humanos. É a desumanidade que não precisa nem deve ser criativa.

Esperançosamente,

Celso Lungaretti

O que seria do Brasil em mãos tucanas?

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Fala FHC: O que seria do Brasil em mãos tucanas?
 
 
Por Saul Leblon
 
 
Um grande banco de São Paulo reuniu nesta 3ª feira três vigas chamuscadas do incêndio neoliberal que ainda arde no planeta: Clinton, Blair e FHC. Que um banco tenha promovido um megaevento com esses personagens a essa altura do rescaldo diz o bastante sobre a natureza do setor e da ingenuidade dos que acreditam em cooptar o seu 'empenho' na travessia para um novo modelo de desenvolvimento. Passemos.

As verdades às vezes escapam das bocas mais inesperadas. Clinton e Blair jogaram a toalha no sarau anacrônico do dinheiro com seus porta-vozes. Coube ao ex-presidente norte-americano sintetizar um reconhecimento explícito: 'Olhando de fora, o Brasil está muito bem. Se tivesse que apostar num país, seria o Brasil'.

Isso, repita-se, vindo de um ex-presidente gringo que consolidou a marcha da insensatez financeira em 1999, com a revogação da lei de Glass-Steagall.
Promulgada por Roosevelt, em junho de 1933, apenas três meses depois da Lei de Emergência Bancária, destinava-se a enquadrar o dinheiro sem lei, cujas estripulias conduziram o mundo à Depressão de 29.

A legislação revogada por Clinton submetia os bancos ao rígido poder regulador do Estado. Legitimado pela crise, Roosevelt rebaixou os banqueiros à condição de concessionários de um serviço sagrado de interesse público: o fornecimento de crédito e o financiamento da produção. Enquanto vigorou, a Glass Steagall reprimiu o advento do supermercado financeiro, o labirinto de vasos comunicantes dos gigantes financeiros em que bancos comerciais agem como caixa preta de investimento especulativo, com o dinheiro de correntistas.

O democrata que jogou a pá de cal nas salvaguardas do New Deal ao poder desmedido do dinheiro elogiou o Brasil, quase pedindo desculpas por pisotear o ego ao lado do grande amigo de consensos em Washington e de corridas de emergência ao guichê FMI.

Mas FHC é um intelectual afiado nas adversidades.

A popularidade contagiante do tucano, como se sabe, poupa-o da presença física nos palanques do PSDB, preferindo seus pares deixá-lo no anonimato ocioso para a necessária à defesa do legado estratégico da sigla.

É o que tem feito, nem sempre dissimulando certo ressentimento, como nessa 3ª feira mais uma vez.

Falando com desenvoltura sobre um tema, como se sabe, de seu pleno domínio sociológico, ele emparedou Clinton, Hair e tantos quantos atestem a superioridade macroeconômica atual sobre a arquitetura dos anos 90.

Num tartamudear de íngreme compreensão aos não iniciados, o especialista em dependência - acadêmica e programática - criticou a atual liderança dos bancos públicos na expansão do crédito, recado oportuno, diga-se, em se tratando de palestra paga pelo banco Itau; levantou a suspeição sobre as mudanças que vem sendo feitas - 'sem muito barulho'' - na política econômica ("meu medo é que essa falta de preocupação com o rigor fiscal termine por criar problemas para a economia”) e fez ressalvas ao " DNA" das licitações - que não reconheceu, ao contrário de parte da esquerda, como filhas egressas da boa cepa modelada em seu governo.

Ao finalizar, num gesto de deferência ao patrocinador, depois de conceder que a queda dos juros é desejável fuzilou: 'houve muita pressão para isso'.
O cuidado tucano com os interesses bancários nos governos petistas não é coisa nova.

Há exatamente um ano, em 31 de agosto de 2011, quando o governo Dilma, ancorado na correta percepção do quadro mundial, cortou a taxa de juro pela primeira vez em seu mandato, então em obscenos 12,5%, o dispositivo midiático-tucano reagiu indignado. A pedra angular da civilização fora removida por mãos imprevidentes e arestosas aos mercados.

O contrafogo rentista perdurou por semanas. Em 28 de setembro, Fernando Henrique Cardoso deu ordem unida à tropa e sentenciou em declaração ao jornal ‘Valor Econômico’: a decisão do BC fora 'precipitada'.

Era a senha.
Expoentes menores, mas igualmente aplicados na defesa dos mercados autorreguláveis, credo que inspirou Clinton a deixar as coisas por conta das tesourarias espertas, como o economista de banco Alexandre Schwartzman, replicaram a percepção tucana do mundo:"não há indícios de que a crise econômica global de 2011 seja tão grave quanto a de 2008", sentenciou Schawrtzman indo para o sacrifício em nome da causa.

Nesta 4ª feira, o BC brasileiro completa um ano de cortes sucessivos na Selic com um esperado novo recuo de meio ponto, trazendo-a para 7,5% (cerca de 2,5% reais).
Ainda é um patamar elevado num cenário de crise sistêmica, quando EUA e em países do euro já praticam juros negativos e mesmo assim a economia rasteja.

Mas a pergunta nunca suficientemente explorada pela mídia, que professa a mesma fé nas virtudes do laissez-faire, quase grita na mesa: 'Onde estaria o Brasil hoje se a condução do país na crise tivesse sido obra dos sábios tucanos?'

As ressalvas feitas por FHC no evento de banqueiros desta 3ª feira deixa a inquietante suspeição de que seríamos agora um grande Portugal, ou uma gigantesca Espanha - um superlativo depósito de desemprego, ruína fiscal e sepultura de direitos sociais, com bancos e acionistas solidamente abrigados na sala VIP do Estado mínimo para os pobres. Em tempos de eleições, quando candidatos de bico longo prometem fazer tudo o que nunca fizeram, a fala de FHC enseja oportuna reflexão.

Tabeliã lavra "escritura pública declaratória de união estável poliafetiva"

UOL, 28/08/2012

'Estamos documentando o que sempre existiu', diz tabeliã que uniu três
 

BBC
  • Arte UOL

"Só estamos documentando o que sempre existiu. Não estamos inventando nada". É assim que a tabeliã Claudia do Nascimento Domingues descreve o documento lavrado em Tupã, no interior de São Paulo, criando pela primeira vez no Brasil uma união estável "poliafetiva" entre três pessoas.

O trio, formado por um homem e duas mulheres, vive na mesma casa, divide as contas e mantém uma relação de "lealdade e companheirismo" há mais de três anos no Rio de Janeiro.
Amigos em comum com o orientador de doutorado da advogada na USP foram o canal para que os três chegassem até Claudia, que pesquisa o assunto, e formulassem os termos do acordo denominado oficialmente de "escritura pública declaratória de união estável poliafetiva".

"Temos visto, nos últimos anos, uma série de alterações no conceito de família. Na minha visão, essa união poliafetiva não afeta o direito das outras pessoas", disse a tabeliã em entrevista à BBC Brasil.

Segundo a advogada, na prática, o documento deixa claro apenas as vontades das três pessoas, com diversas cláusulas (de pensão, comunhão de bens até planos de saúde e separação), mas caberá a empresas e órgãos públicos aceitarem ou rejeitarem o trio como "unidade familiar", e os tribunais poderão entrar em ação para julgar a validade dos potenciais recursos.

A advogada disse que, apesar das dificuldades e do preconceito que a medida deve encontrar, espera que o caso abra precedentes para várias outros modelos de família, que podem incluir dois homens e uma mulher, três homens, duas mulheres e dois homens. "Há várias possibilidades", disse.

Veja os principais trechos da entrevista concedida à BBC Brasil:
BBC Brasil - Como surgiu seu interesse por esse tema?
Claudia do Nascimento Domingues
- Minhas pesquisas mostraram a alteração do conceito de família. Para melhor ou para pior, não importa, mas a ideia de família que tínhamos antes não é a única coisa que podemos chamar de família hoje. Em razão do meu trabalho de tabeliã, vejo também o aumento do número de diferentes composições familiares e divórcios.

Você já havia sido procurada por famílias poliafetivas?
Já havia identificado uma incidência desse tipo de família nas minhas pesquisas de doutorado, mas ainda não tinha sido procurada no cartório, até mesmo porque muitas dessas famílias nem sabiam que poderiam tentar buscar seus direitos dessa forma. E foi a partir dos meus estudos que busquei ver como na minha profissão de tabeliã poderia auxiliar essas famílias a escrever juridicamente essa situação que de fato já existia.

Como foi o contato do trio do Rio de Janeiro com você em Tupã?
O contato se deu através do mundo acadêmico. Uma das pessoas tinha amigos em comum com meu orientador de doutorado da USP e me telefonou dizendo que já havia procurado alguns cartórios para preparar este documento e tinha encontrado dificuldades. Mas é importante dizer que não criamos nada novo, eles já viviam assim há mais de três anos, queriam declarar isto e eu me comprometi a redigir uma escritura organizando essas declarações de forma pública.

Se essa família tiver um filho, como funcionaria o registro?
Essas questões terão que ser decididas pela Justiça. Assim também foi com os casais homoafetivos, que tiveram que brigar muito para que dois homens ou duas mulheres conseguissem colocar seus nomes numa certidão de nascimento. Quando procurarem um oficial de registro civil, com o documento trazido pelo médico apenas constando o nome dos pais biológicos, terão o pedido rejeitado. Se eles quiserem, com o auxílio de um advogado, discutir a possibilidade de incluir os três, ou quatro, ou cinco nomes como pais, terão que argumentar que constituem uma família, porque de fato serão pais afetivos da criança, em uma ação judicial. Aí entra o juiz para dizer se reconhece ou não a paternidade e maternidade conjunta. Os filhos foram incluídos no texto não como parte da relação familiar, mas como uma previsão de responsabilidade conjunta.

Caso um recurso de reconhecimento de uma família poliafetiva chegasse ao Supremo, qual seria uma provável decisão?
Na minha experiência, tenho visto que, em casos parecidos, em primeira instância, a solicitação costuma ser negada, e, com recursos subsequentes, chega-se ao Supremo Tribunal Federal, que julgará a ação com um olhar constitucional. Foi o que aconteceu com as famílias homoafetivas. Mas é claro que a corte pode aprovar ou não a ação.

Por que a ideia da família poliafetiva enfrenta preconceito no Brasil?
Na minha opinião, temos aí dois conceitos diferentes: a fidelidade e a lealdade. Acho que os países europeus já compreendem isso melhor do que o Brasil. O conceito que a gente tem na mente brasileira é o da fidelidade, e o conceito que se discute nessas relações múltiplas é o da lealdade. É muito diferente. Você pode ter 30 maridos e ser leal a todos eles, e ter um único e ser desleal. A fidelidade está ligada ao casamento, a um pertencer ao outro. É um modo de ver a vida, claro, mas não é o único. Há múltiplas formas de se relacionar, desde uma paquera, um caso, um namoro até uma união estável deste tipo e um casamento. Países como a Dinamarca, por exemplo, aprovaram a união homossexual 30 anos atrás.

Como funciona este conceito em outros países?
A primeira ideia que vem à cabeça é das famílias patriarcais em alguns países do mundo árabe e da África, com famílias de um homem e muitas mulheres. Os tradicionais haréns, coisas do tipo. Mas há sociedades matriarcais, na região do Himalaia, por exemplo, onde a mulher é que tem diversos maridos, e todos se esforçam para ser o favorito, enquanto na Índia, em muitas famílias, as mulheres brigam para serem a favorita do marido. Não tenho dados oficiais ainda, mas já encontrei a incidência comprovada de famílias poliafetivas em lugares como os Estados Unidos, a França e a Grã-Bretanha, além de outros países europeus. Até o momento, no entanto, não identifiquei registros de escrituras públicas semelhantes à lavrada aqui nem na Europa e nem na América Latina, há apenas contratos privados entre os membros dessas famílias.

Seria mais chocante se a família em questão fosse de três ou cinco homens?

Eu acho que seria igual. As pessoas nem estão pensando nisso. Estão focando no fato do terceiro componente, considerado um absurdo. Não importa quem ele seja. É visto como uma falta de respeito aos valores. Imagina quando se fizer uma escritura pública de cinco pessoas. Na minha opinião os críticos querem sexualizar a questão, focalizando em definir quem faz sexo com quem. Por que não podemos começar a discussão com o fato de que essas pessoas pagam contas? Se fossem cinco homens, por exemplo: todos pagam contas? Dividem o financiamento da casa? Vai dar briga se houver uma separação? Então tem que haver regras. Mas vivemos numa sociedade ainda muito preconceituosa, muito limitada.

Le Paris, o primeiro hotel cinco estrelas do Centro do Rio

 
 
O Globo.com, 28/08/12
 

Le Paris, o primeiro hotel cinco estrelas do Centro do Rio

 
Elenilce Bottari
 


Antigo ponto de prostituição, o Hotel Paris, na Tiradentes, passará por reforma para ressurgir como cinco estrelas
Foto: Marcos Tristão / O Globo
Antigo ponto de prostituição, o Hotel Paris, na Tiradentes, passará por reforma para ressurgir como cinco estrelasMarcos Tristão / O Globo

RIO - O Hotel Paris que turistas estrangeiros e brasileiros irão conhecer até a Copa do Mundo herdará do antigo estabelecimento de “má fama”, que fica na Praça Tiradentes, somente o endereço e a fachada. Um projeto que a Secretaria municipal de Urbanismo acaba de aprovar — conforme revelou a coluna Gente Boa do GLOBO no domingo — transformará o local, que já foi um ponto barato de prostituição, no primeiro hotel cinco estrelas do Centro da cidade. Um investimento de R$ 10 milhões, que inclui a compra do imóvel e as obras de restauração e modernização, fará com que a velha construção neoclássica de 1902, decadente após anos de abandono, ressurja em toda a sua beleza após um retrofit.
Os novos proprietários são os irmãos François-Xavier Dussol e Jacques Dussol — proprietários dos hotéis La Suíte, na Joatinga, e La Maison, na Gávea, da rede By Dussol. Eles contrataram a arquiteta Lígia Munhoz e já comemoram a aprovação:
— Nós amamos o Centro da cidade e há anos procuramos um lugar para abrir um hotel que tivesse as mesmas características, pequeno e charmoso. Quando vimos o imóvel, nos apaixonamos. Vamos preservar a fachada, mas, por dentro, deixar a construção no osso e refazer tudo — contou François-Xavier.
Segundo ele, até mesmo o nome do estabelecimento sofrerá mudanças:
— Será Le Paris, combinando La Suíte com La Maison.
Hotel terá 21 suítes
De acordo com o projeto aprovado pela prefeitura, o Le Paris terá 21 suítes, de 16 a 30 metros quadrados. No lugar da loja de colchões no andar térreo do prédio ficará o lobby do hotel e um restaurante. Na cobertura haverá uma piscina e um sky lounge, como um clube:
— Quem não for hóspede terá que ser sócio do clube para ter acesso ao sky lounge — diz François-Xavier.
A bagatela de R$ 15 por 30 minutos de uso (da época em que o hotel alugava quartos para prostituição) sofrerá um reajuste de preço à altura do empreendimento estrelado: as diárias ficarão entre R$ 690 e R$ 2.300 (na suíte Paris). Mas, em homenagem à história da região, o Le Paris terá uma suíte rotativa, que já ganhou até nome: Delícia.
— Nós temos um nome em francês para definir o nome, “coquin” (que remete a travessura) — brincou o proprietário do futuro Le Paris.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Getúlio e a Nação dos brasileiros


 
 
 
 
Getúlio e a Nação dos brasileiros
 
 
Por Mauro Santayana
 
 

A República - podemos deduzir hoje - não rompeu a ordem social anterior; deu-lhe apenas outra aparência. Seu avanço se fez na autonomia dos Estados, contida pelos constituintes de 1891, que temiam a secessão de algumas regiões, entre elas a do Sul do país, de forte imigração européia. A aliança tácita entre as oligarquias rurais e a incipiente burguesia urbana se realizava na interdependência entre os produtores de açúcar e de café e os comerciantes exportadores e importadores. Nas duas grandes corporações econômicas não havia espaço para os trabalhadores que, negros recém-alforriados ou brancos aparentemente livres, continuavam os escravizados de sempre. Não interessava, portanto, que houvesse um estado nacional autêntico, ou seja com a universalização dos direitos políticos.

Os parlamentos serviam para o exercício intelectual dos bacharéis ilustrados, vindos das fazendas, mas com leituras dos clássicos do pensamento político em moda, como Guizot e Thiers, Acton e Burton, Cleveland, Jefferson e Lincoln. Eram, em sua maioria, fiéis defensores do imobilismo que favorecia o seu bem-estar e o domínio político das famílias a que pertenciam.

A Revolução de 30 correspondeu, assim, a uma nova proclamação da República. Ao romper o acordo tácito entre as oligarquias, provocou a reação de São Paulo, a que se aliaram alguns conservadores mineiros.

Isso não esmoreceu Getúlio e seus colaboradores mais próximos, como Oswaldo Aranha e Alberto Pasqualini, empenhados em ações revolucionárias que conduziriam à construção do verdadeiro estado nacional. Getúlio acreditava que sem cidadãos não há nação. Por isso empenhou-se em integrar os trabalhadores na sociedade brasileira, reconhecendo-lhes alguns direitos já concedidos nos países industrializados europeus e convocando-os, mediante sua liderança e o uso dos instrumentos de propaganda da época, a participar da vida política, com a sindicalização e as manifestações populares.

Os estados necessitam de instituições bem estruturadas, e Getúlio, dentro das limitações do tempo, as criou. O serviço público era uma balbúrdia. Todos os funcionários eram nomeados por indicação política. Getúlio negociou com as circunstâncias, ao criar o DASP e instituir, ao mesmo tempo, o concurso público e as carreiras funcionais, mas deixando alguns cargos, “isolados e de provimento efetivo”, para atender às pressões políticas. Novos ministérios foram criados, a previdência social se institucionalizou, de forma bem alicerçada, e o Presidente pensou grande, nos movimentos que conduziriam a um projeto nacional de independência econômica e soberania política.

Homem vindo do Sul, conhecedor dos problemas da fronteira e dos entreveros com os castelhanos ao longo de nossa história comum, Getúlio tinha, bem nítidos em seus apontamentos pessoais, os sentimentos de pátria. Daí o seu nacionalismo sem xenofobia, uma vez que não só aceitava os estrangeiros entre nós, como estimulava a imigração, ainda que mantivesse restrições com relação a algumas etnias, como era do espírito do tempo.

Vargas sabia que certos setores da economia, ligados ao interesse estratégico nacional, tinham que estar sob rígido controle do Estado, como os de infraestrutura dos transportes, da energia e dos recursos minerais. Daí o Código de Minas, de 1934, e a limitação dos juros, mediante a Lei da Usura, do ano anterior. A preocupação maior foi com o povo brasileiro.

Getúlio conhecia, e respeitava, a superioridade dos argentinos na política nacional de educação. Ele, vizinho do Uruguai e da Argentina, sabia que a colonização portuguesa nisso fora inferior à da Espanha, que não tolhera as iniciativas dos criollos (como eram chamados os nascidos na América) em criar centros de ensino.

A Argentina, ainda em 1622, já contava com a Universidade de Córdoba. Só dois séculos depois (em 1827, com a Independência) surgiriam os primeiros cursos de Direito em São Paulo e em Pernambuco. No Brasil, apenas os senhores de engenho do Nordeste e os mineradores e comerciantes ricos de Minas enviavam seus filhos à Universidade de Coimbra ou aos centros universitários de Paris e Montpellier, na França.

Um dos primeiros atos do Governo Provisório foi criar o Ministério da Educação e Saúde: na visão ampla de Getúlio, as duas categorias se integram. Sem educação, não há saúde, e sem saúde, educar fica muito mais difícil. Essa visão social, que ele demonstrara na campanha da Aliança Liberal, nos meses anteriores à Revolução, estava submetida ao seu sentimento patriótico, à sua idéia de Nação.

Todos os golpes que se fizeram no Brasil, entre eles a tentativa que o levou ao suicídio, foram antinacionais, como antinacional foi o governo neoliberal de Fernando Henrique, que se identificou como o do “fim da era Vargas”. Por tudo isso, passados estes nossos tristes anos, o governo dos tucanos paulistas e acadêmicos da PUC do Rio de Janeiro estará esquecido pela História, enquanto a personalidade de Vargas só crescerá – porque o seu nome se associa ao da pátria, esse sentimento meio esquecido hoje. E as pátrias têm a vocação da eternidade.

Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.
 


 
 
 
 
Notícias de agosto: de Vargas ao Mensalão
 
 
Por Saul Leblon
 
 
Há 58 anos, naquele 24 de agosto de 1954, quando Getúlio Vargas cometeu o suicídio político mais inteligente da história, um único veículo de informação pode circular pacificamente na cidade do Rio de Janeiro, então a capital de uma República em transe: o jornal Última Hora, de Samuel Wainer.

Os demais conheceram a fúria da multidão que trouxe a dor para a rua e extravazou um ressentimento que guardava no fundo do peito. E dele talvez nem tivesse consciência, até aquele momento.

Consternado com a notícia do suicídio que ecoava pelas rádios, o povo carioca perseguiu e escorraçou porta-vozes da oposição virulenta ao Presidente. A experiência da tragédia abalou o cimento da resignação cotidiana e a multidão elegeu seu alvo: cercou e depredou a sede da rádio Globo que saiu do ar.

A radiofonia concentrava então um poder e abrangência equivalentes ou superiores aos da televisão nos dias atuais. A emissora do jovem udenista Roberto Marinho cumpria o mesmo papel de âncora do diretório midiático que hoje desempenha o Jornal Nacional da mesma cepa.

Os veículos impressos, a exemplo do que também ocorre hoje,mantinham as aparências da legalidade.

Mesmo assim, carros de entrega do diário da família Marinho foram caçados, tombados e queimados nas vias públicas. Prédios de outros jornais que haviam aderido ao ultimato pela renúncia de Vargas conheceram a força da desaprovação popular.

Com a mesma manchete do dia anterior, atualizada pela fatalidade bombástica, exemplares do Última Hora eram disputados nas esquinas por uma população desesperada e perplexa em seu luto.

A tiragem extra de 850 mil exemplares, providenciada a toque de caixa por Wainer que trabalhava febrilmente, sustentou a declaração desassombrada de Getúlio, pronunciada 24 horas antes. Agora, porém, revigorada pela mão de mestre do editor: “O presidente cumpriu a palavra -"Só morto sairei do Catete!”.

Nenhum outro jornal quis ou poderia estampar o recado de um morto que conduziu assim a alça do próprio caixão até o imaginário popular . E ali perpetuou a sua influência ainda inexcedível na história brasileira.

Vargas fora eleito três anos antes, em 3 de outubro de 1950, aos 67 anos de idade. Mais que uma vitória, fora uma afronta à esférica oposição das classes dominantes e ao boicote da grande mídia, vitaminados pela rejeição de intelectuais, vacinados contra a virulência e a censura do Estado Novo.

A campanha varguista rompeu o cerco percorrendo o país com uma frota de caminhões munidos de caixas de som. Em cada morada do voto fazia-se a ampla distribuição de panfletos. Neles, a promessa revolucionária de um Brasil nacionalista e de feição popular.

Vargas confirmou o carisma nas urnas. Foram quase 4 milhões de votos, contra pouco mais de 2 milhões do brigadeiro das elites, Eduardo Gomes.
A derrota, antes de aplacar açulou a esférica rejeição conservadora ao seu nome.

Premonitório, o Presidente incentivou Samuel Wainer , que conhecera como repórter dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, a criar um poderoso aparato de imprensa diária.

Queria pressa. Pediu a Wainer um antídoto ao que antevia como 'um pacto de silêncio' da grande mídia contra seu governo, que dele só trataria para denegrir.

Getúlio não era persecutório, mas visionário. E não desprezava os sinais, sobretudo os ostensivos.

Em 1950, quando admitiu em entrevista ao próprio Wainer que poderia ser candidato, Carlos Lacerda escreveu na Tribuna de Imprensa, em 1º de junho: "O senhor Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar”.
O velho caudilho sabia o que o esperava no crepúsculo da volta ao poder.

Wainer montou uma empresa moderna, um jornal arrojado, com financiamento levantado junto a um pool de bancos, entre eles o Banco do Brasile a Caixa Econômica Federal, mas também obteve recursos de casas privadas, através de Walter Moreira Salles.

Todas as empresas de comunicação da época eram de certa forma subsidiadas pelo crédito público. Com o Última Hora não foi diferente. Mas foi objeto de uma CPI.
Para desconcerto conservador o projeto de Wainer provou-se capaz de se pagar integralmente, graças ao sucesso estrondoso que acendeu a luz amarela no oligopólio midiático.

Wainer foi mais um acerto da intuição de Vargas. A primeira edição chegou às ruas menos de cinco meses depois da posse do presidente, quando o cerco oposicionista ainda não o sufocava.

Em 12 de junho de 1951, estavas nas esquinas do Rio e das principais capitais um diário inovador na forma e no conteúdo e fulminante na logística de distribuição.

Deve-se ao Última Hora a tradição da coluna dos leitores no país. A cobertura de bairro até então indigente foi elevada à categoria de pauta importante. A política era o seu forte.Mas a receita editorial buscava o olhar difuso da multidão urbana com uma mistura de colunistas de apelo popular, como Abelardo Barbosa , o futuro Chacrinha, ao lado de intelectuais sofisticados, a exemplo de Paulo Francis e do escritor Nelson Rodrigues.

Aos que criticavam o 'getulismo' do projeto, Wainer fazia questão de reafirmar a natureza de um conceito de independência que estarrrecia a elite e assombrava os endinheirados: somos um jornal independente porque de oposição às classes dominantes, e de apoio ao governo.

Não qualquer governo. O segundo Vargas. Aquele que criaria o BNDE (sem o 's' ainda) em 1952; a Petrobras em 1953, no auge da campanha 'o petróleo é nosso' , e anunciaria um aumento de 100% do salário mínimo no 1º de Maio de 1954.

Foi quando o Presidente já exausto pelo bombardeio oposicionista pronunciou talvez a sua mensagem mais importante. Mais até que o texto consagrado da carta testamento. De novo, então, foi o Última Hora que deu o destaque ao ensaio de despedida e de chamamento de um líder que três meses depois atiraria contra o próprio peito para não ceder à pressão da mídia pela renúncia.

Ao lado de João Goulart, recém afastado do governo por pressão da UDN, mas coberto de elogios pelo Presidente, que lhe creditou a paternidade do reajuste, Vargas falou aos trabalhadores que lotavam o estádio do Vasco, em São Januário no seu último 1º de Maio:

"A minha tarefa está terminando e a vossa apenas começa. O que já obtivestes ainda não é tudo. Resta ainda conquistar a plenitude dos direitos que vos são devidos e a satisfação das reivindicações impostas pelas necessidades (...) Como cidadãos, a vossa vontade pesará nas urnas. Como classe, podeis imprimir ao vosso sufrágio a força decisória do número. Constituí a maioria. Hoje estais com o governo. Amanhã sereis o governo"

Era uma rota de colisão incontornável.

Ao mesmo tempo em que espetara as estacas necessárias ao impulso industrializante da soberania nacional, com obras de infraestrutura, restrições ao capital estrangeiro e expansão do mercado interno, o segundo governo Vargas indiretamente pavimentava a geometria do cerco de interesses que hoje, como ontem, se opõem a esse projeto. Estreitavam-se as linhas de ataque a sua volta; ordenadas -como previra- pela corneta da mídia.

O cacho de forças silenciadas na vitória esmagadora de 1950 preservara intacta sua sonoridade junto à opinião pública. A estridência de uma narrativa que parecia ubíqua só era afrontada pela Última Hora.

À medida em que a incontinência dos decibéis superava o comedimento das formalidades e contaminava todo aparato midiático conservador, o duelo tornava-se a cada dia mais desproporcional.

Um entorno latejante de suspeição, corrupção e impasse aderia à imagem do governo assim apregoada dia e noite.

A pressão atingiu seu auge naqueles dias finais de agosto.

Cinquenta e oito anos depois do tiro que sacudiu o país, o volume asfixiante do coro conservador ainda pode ser ouvido e aquilatado.

Basta potencializar - um pouco - o jogral da condenação sumária sentenciada em cada linha, título, nota, coluna, fotomontagens, capas, escaladas televisivas e radiofônicas que nutrem o noticiário sobre o julgamento do chamado 'mensalão'.

O sociólogo Marcos Coimbra, presidente do Instituto de Pesquisas Vox Populi, em artigo recente, já mencionado nesta página, mensurou um pedaço dessa artilharia determinada a subordinar o discernimento da sociedade.

Nas quatro semanas até 13 de agosto, 65 mil textos foram publicados na imprensa sobre o "mensalão".

"No Jornal Nacional da Globo para cada 10 segundos de cobertura neutra houve cerca de 1,5 mil negativos"
, diz Coimbra.

Nas rádios, conectadas pela propriedade cruzada aos mesmos núcleos emissores, a pregação incessante é ainda mais desabrida e abusada -como naquele agosto de 1954.

O cerco promovido contra o PT atinge dimensões inéditas na asfixia a um partido político em regime democrático, na avaliação do governador Tarso Genro, em artigo recente na página de Carta Maior.

Entre um agosto e outro, algumas peças do paiol midiático permanecem. Outras se juntaram à tradição.Os personagens se renovam, mas o método se repete.
O arsenal udenista da suspeição e da condenação sumária, avesso ao contraditório, às provas e à isenção - despida do cinismo liberal da objetividade - forma um fio de continuidade que atravessa a régua desses 58 anos.

Compare-se alguns exemplos originários da mesma cepa de interesses, da mesma lógica inarredável, encadeiados com os mesmos propósito, formando um mesmo e único fio na linha do tempo:

Março de 54:

* A usina midiática de denúncias contra o governo Vargas lança uma bomba na praça . O escândalo da vez é a denúncia de que "os caudilhos populistas" Vargas e Perón (o peronismo era o chavismo da época) - planejavam um suposto "Pacto ABC" (Argentina –Brasil –Chile). A meta era "promover a integração sul-americana formando num arquipélago de repúblicas sindicais na região contra os EUA" (qualquer semelhança com a reação ao ingresso da Venezuela no Mercosul não é apenas coincidência)

* Carlos Lacerda, na Tribuna da Imprensa e na rádio Globo, e a Banda de Música da UDN no Congresso – um pouco como o jogral que hoje modula as vozes da turma da mídia "ética" - martelavam a denúncia incansavelmente.

* Um ex-ministro rompido com Getúlio aliou-se a Lacerda para oferecer "evidências" das negociações entre Vargas e Perón. A inexistência de provas não demoveu a mídia que deu à fraude contornos de verdade inquestionável, independente dos fatos, das investigações e dos desmentidos.


Setembro de 1954:

* A dramaticidade do suicídio de Vargas em 24 de agosto iluminou o quadro político e incendiou a revolta popular contra o golpismo que recuou. Mas não cedeu. Em 16 de setembro lá estava Carlos Lacerda de volta novamente nos microfones da rádio Globo. O alvo agora era João Goulart, o herdeiro político do presidente morto, adversário certo da UDN no pleito de outubro de 1955. Na voz estridente do comentarista 'convidado' de diversos programas da emissora foi lida -'em primeira mão'- a "Carta Brandi". Uma suposta correspondência entre Jango e o deputado argentino Antonio Brandi; segundo Lacerda, a prova "definitiva" da conspiração para implantar "uma república sindicalista no Brasil".

* Na efervescência da guerra eleitoral, o escândalo levou o Exército a abrir inquérito imediatamente, enviando missão oficial a Buenos Aires para investigações. Conclusão oficial: tudo não passara de uma grosseira fraude, forjada e alimentada pela imprensa anti-getulista. Inútil.

* A exemplo dos que hoje sonegam às evidências contrárias o poder de mudar sentenças já pronunciadas pela mídia, Lacerda contratacou na Tribuna da Imprensa em outubro de 1955, um mês depois da derrota da UDN para JK e Jango: "(...) Se a carta não é verdadeira seu conteúdo está de acordo, mais ou menos, com o que se sabe da vida política do sr. Goulart..."

Qualquer semelhança com o malabarismo denuncista dos últimos anos não é mera coincidência.
O exemplo ilustrativo, a seguir, reúne autores, métodos e veículos em plena ação nos dias que correm:

Março de 2005:

" Documentos secretos guardados nos arquivos da Abin informam que a narcoguerrilha colombiana Farc deu 5 milhões de dólares a candidatos petistas em 2002 .Nos arquivos da Agência Brasileira de Inteligência em Brasília há um conjunto de documentos cujo conteúdo é explosivo. Os papéis, guardados no centro de documentação da Abin, mostram ligações das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) com militantes petistas. O principal documento (...)informa que, no dia 13 de abril de 2002, (...) o padre Olivério Medina, que atua como uma espécie de embaixador das Farc no Brasil, fez um anúncio pecuniário. Disse aos presentes que sua organização guerrilheira estava fazendo uma doação de 5 milhões de dólares para a campanha eleitoral de candidatos petistas de sua predileção (...) Um agente da Abin,( NR: quem, Dadá, o repórter auxiliar de Policarpo & Cachoeira já em ação?) infiltrado na reunião, ouviu tudo, fez um informe a seus chefes, e assim chegou à Abin a primeira notícia de que as relações entre militantes esquerdistas, alguns deles petistas, e as Farc podem ter ultrapassado a mera simpatia ideológica e chegado ao pantanoso terreno financeiro. Sob a condição de não reproduzi-los nas páginas da revista, VEJA teve acesso a seis documentos da pasta que trata das relações entre as Farc e petistas simpatizantes do movimento.(autor: Policarpo Jr.; veículo: revista Veja, edição 1896; 16 de março de 2005. Título: 'Laços explosivos' )

Os mesmos objetivos, os mesmos métodos, a mesma elasticidade ética.
A solitária trincheira do 'Última Hora' não existe mais para rebatê-los. O jornal foi comprado, sugestivamente, em plena ditadura Médici, em 1971, pela família Frias, que edita a Folha de São Paulo.

Descaracterizado em imprensa sensacionalista saiu de circulação nos anos 90. Do seu vazio brota hoje um ramo vigoroso, igualmente inovador na forma, no conteúdo e na agilidade: o jornalismo digital independente.

Juntando pedaços , porém, é impossível não temer o ectoplasma presente de Lacerda e do udenismo.

Egressos da surra histórica naquele agosto em que o Última Hora e seus leitores reescreveram a narrativa do país nas ruas, eles persistem no cerco ao Catete. A qualquer Catete que dentro tenha um homem público disposto a assumir a tarefa que o mais mítico de todos eles deixou inconclusa, porém agendada na advertência de um estampido que sacudiu o discernimento nacional na manhã de 24 de agosto de 1954.