quinta-feira, 31 de maio de 2012

Livros interessantes



 

Caros Amigos, maio 2012 p 44


IDEIAS DE BOTEQUIM
 

Renato Pompeu
 


Já está na segunda edição, revista, o li­vro A história do PT, do historiador Lincoln Secco, publicado pela Ateliê Literal. A dupla formação do autor, historiador profissional muito bem preparado tecnicamente, e militan­te engajado em causas progressistas, permitiu que ele produzisse um livro ao mesmo tempo isento, muito bem documentado, e apaixona­do, com o afã de lutar para melhorar a convi­vência humana. Fica claro que o PT fez mui­ta coisa para aperfeiçoar a qualidade de vida de setores da população brasileira tradicional­mente deixados à própria sorte, mas também que não é verdade o mito de que o partido tem um passado radical que foi abandonado. Secco mostra que o PT nunca foi tão radical quanto imaginam os que acabaram deixando o par­tido por seu "aburguesamento", mas mostra também que o PT não formou novos quadros de envergadura semelhante aos dos seus líde­res que combateram o regime militar, extinto há três décadas, quadros já em vias de sair de cena, sem substitutos à altura.

Ainda dentro do universo do PT, temos a obra Renée France de Carvalho - Uma vida de lutas organizada por Marly de Almeida Go­mes Vianna, a própria biografada e Ramón Perla Castro e publicada pela Editora Funda­ção Perseu Abramo, que resgata a vida dessa heroína tanto da Resistência francesa quanto da resistência contra o regime militar brasilei­ro. Viúva do militante e combatente comunis­ta Apolônio de Carvalho, que lutou contra o reacionarismo no Brasil, na França e na Espa­nha, Renée France de Carvalho tem luz pró­pria e sua vida é uma das mais belas páginas das lutas progressistas.

Uma vertente do progressismo nacional é abordada pelo livro, Guerreiro Ra­mos e a redenção sociológica - Capitalismo e sociologia no Brasil, do professor paulista Edison Bariani Junior, publicado pela Edito­ra da Unesp. Tradicionalmente, os acadêmi­cos de São Paulo são em geral hostis à obra de Guerreiro Ramos, sociólogo militante que foi calado pelo golpe de 1964, atuante no Rio de Janeiro e, particu­larmente, no Ins­tituto Superior de Estudos Brasilei­ros-Iseb, por ele ter pregado que a redenção do povo brasilei­ro passava pela constituição de um capitalismo nacionalmente autônomo e socialmente justo. Bariani Junior, a par de insistir sobre o que con­sidera equívocos de Guerreiro Ramos, resgata a generosidade do projeto desse sociólogo e a profundidade de suas constatações sobre a so­ciedade brasileira.

TESES DE MARX
Agora que o pensamento de Karl Marx está de novo na ordem do dia depois de e algumas décadas obscurecido pelo fracasso do comunis­mo estatal e pelo êxito efêmero da euforia, uma importante contribuição é o livro O leitor de Marx, com textos de Marx escolhi­dos por um dos mais importantes intelectuais marxistas brasileiros, José Paulo Netto, e editado pela Civilização Brasileira. Não se trata de uma simples vulgarização propagandística do marxismo, como costuma acontecer muitas ve­zes, mas de uma obra de fôlego, com perto de 500 páginas, o que permite o estudo mais apro­fundado das teses de Marx.

Uma discussão preciosa sobre as possibili­dades que o Direito abre para os militantes dos movimentos sociais, está na obra Interpreta­ção do Direito e movimentos sociais, do profes­sor Celso Fernandes Campilongo, editado pela Campus Jurídico. Ele procura responder a perguntas sobre "como o direito serve ou reage às manifestações sociais? É possível protestar contra a sociedade da qual fazemos parte? E protestar contra a sociedade valendo-se do seu direito? Como interpretar a utilização que os movimentos sociais fazem do direito?"

A penosa constituição do conceito e da prá­tica da cidadania na sociedade brasileira, mais especificamente durante o período imperial, é o tema do trabalho "Perspectivas da cidada­nia no Brasil Império", organizado pelos reno­mados historiadores José Murilo de Carvalho e Adriana Pereira Campos, em edição da Civili­zação Brasileira patrocinada pela Faperj e pelo CNPq. Desfilam em mais de 500 páginas pro­blemas seculares do País, muitos deles de raí­zes no período colonial e que se mantêm ainda hoje, tornados mais visíveis por sua inserção no contexto do Império.

No livro Música e universidade na cidade de São Paulo - Do samba de Vanzolini à Vanguar­da Paulista, publicado pela Editora Unesp, a professora Sonia Alem Marrach discute os tra­balhos e as visões de paulistanos importantes na música e na academia, Paulo Vanzolini, Ar­rigo Barnabé, Luiz Tatit, José Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski.

Renato Pompeu é jornalista e escritor.

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30 de abril de 2012

Humor

A laranja do Lula e a divertida leitura dos jornais antigos

 

Por Luiz Carlos Azenha



É divertido ler jornais antigos. Não fosse pela sujeira que provocam — literalmente –, soltando tinta, eu manteria meus exemplares no arquivo eternamente. É sempre engraçado ler antigas colunas, especialmente aquelas que falavam em Dilma Rousseff como poste do Lula, e compará-las com textos dos mesmíssimos articulistas, hoje em dia, tecendo loas à guerrilheira.
Crime de Imprensa, o divertido livro de Palmério Dória e Mylton Severiano sobre a campanha de 2010, é recomendável por ocupar bem menos espaço que os jornalões e resumir o “eu sei o que vocês fizeram no verão passado”.
Um dos pontos altos do livro está na página 30, quando os autores lembram o fracasso de um colunista em busca de um bordão: Dilma, como “laranja” de Lula.

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