27/05/2012 - 11:16
O Supremo precisa chamar Gilmar às falas
Autor: Luis Nassif
- Há indícios de alguma forma de envolvimento com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres. Há suspeitas de uma viagem paga a Berlim e voos fretados no Brasil. Seja o que for, se os fatos existiram ou não, se imprudência, desvio ético ou corrupção, a corte precisa apurar. Não pode ignorar suspeitas graves. Há a necessidade premente de se saber a extensão de suas ligações com Demóstenes, Cachoeira e Veja.
- Há pelo menos um ato da maior gravidade, que necessita ser esclarecido: a contratação do principal operador de Cachoeira – o araponga Jairo -, para trabalhar na segurança do STF. Há indícios de jogadas combinadas entre Veja, Cachoeira e Gilmar. Foi a matéria “A República do Grampo”, mais os factoides sobre o grampo no Supremo que provavelmente forneceram o álibi para que Gilmar contratasse Jairo. A República do Grampo era controlada por Carlinhos Cachoeira e, graças a Gilmar, o Supremo pode ter ficado à mercê da organização criminosa. O episódio da falsa escuta no Supremo envolveu a instituição em uma armação que até hoje não foi esclarecida.
- Há indícios veementes de que o encontro com Lula foi solicitado pelo próprio Gilmar. E desconfiança que se destinava a obter o apoio de Lula contras as investigações da CPMI de Cachoeira. Qual a moeda de troca?
- A matéria da dupla Veja-Gilmar manipula declarações de vários ministros da corte, tendo como endosso Gilmar Mendes.
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27/05/2012 - 22:47
Cachoeira grampeou o Supremo?
Autor: Luis NassifÀ medida em que as peças do quebra-cabeça Cachoeira vão se juntando, vislumbra-se um quadro inédito na história do país. Tão inédito que ainda não caiu a ficha de parte relevante da opinião pública e, especialmente, do Judiciário. O desenho que se monta é uma conspiração contra o Estado brasileiro (não contra o governo Lula, especificamente), através de três vértices principais.
Havia o chefe de quadrilha Carlinhos Cachoeira. Sua principal arma era a capacidade de plantar matérias e escândalos, falsos ou verdadeiros, na revista Veja – o outro elo da corrente.
Durante algum tempo, graças ao Ministro Gilmar Mendes, seu principal operador – o araponga Jairo Martins – monitorou o sistema de telefonia do Supremo. E Cachoeira dispunha da revista Veja para escandalizar qualquer conversa, fuzilar qualquer reputação.
Essa é a conclusão objetiva dos fatos revelados até agora.
O que não se sabe é a extensão das gravações. Veja demonstrou em várias matérias – especialmente no caso Opportunity – seu poder de atacar magistrados que votavam contra as causas bancadas pela revista.
A falta de discernimento das denúncias, o fato da revista escandalizar qualquer conversa, a perspectiva de virar capa em uma nova denúncia da revista, seria capaz de intimidar o magistrado mais sólido.
A dúvida que fica: qual a extensão das conversas do STF monitoradas e gravadas por Jairo? Que Ministros podem ter sido submetidos a ameaças de denúncia e/ou constrangimento?
Gilmar colocou a mais alta Corte do país ao alcance de um bicheiro.
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28/05/2012 - 18:02
A retaliação de Veja a Jobim
Autor: Luis Nassif
Em 2008, na série "O Caso de Veja", mostrei como se processa esse modelo de criação e destruição de reputações. Montam-se jogadas, artimanhas, estratégias. Quem não se enquadra ao comando da publicação imediatamente é alvo de represália.
Hoje em dia, com a revista em pleno foco, com suas práticas sendo acompanhadas com lupa por toda a opinião pública - devido às ligações com a organização criminosa de Carlinhos Cachoeira - iniciam-se as represálias contra Nelson Jobim. Unicamente porque não endossou a reportagem e expôs a mentira da revista.
Não há sutileza, visão estratégica, análise de crise. Há apenas a truculência, a falta de sofisticação nas ações, o prendo-e-arrebento midiático.
Por Lauro Jardim
Radar on-line
com Robson Bonin, Thiago Prado e Severino Motta
segunda-feira, 28 de maio de 2012 17:22 \ Congresso
Longe do Jobim. Reunião cancelada.
Nelson Jobim já andava queimado no PMDB por causa das críticas que fez ao partido no último dia 17 deste mês, durante o 2º Fórum Nacional – o PMDB e as eleições municipais 2012. Na presença dos principais caciques peemedebistas, Jobim tratou o PMDB como uma sigla "sem opinião, sem cara e sem voz", um partido sem projeto nacional, simples "homologador" do PT.
Agora, depois de emprestar o escritório para o polêmico encontro de Lula com Gilmar Mendes, Jobim virou uma espécie de leproso. Nenhum cacique quer chegar perto de Jobim nesse momento. Tanto que a bancada peemedebista do Senado cancelou hoje a reunião que teria nesta quarta-feira com Jobim para discutir o pacto federativo.
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28/05/201228
Considerações sobre a infâmia
Por Miguel do Rosário
O Globo simplesmente – e inacreditavelmente – escondeu Nelson Jobim. Logo ele, orgulho da mídia de oposição por sua orgulhosa e bem sucedida independência. Mesmo antipetista e mais ligado ao PSDB do que ao governo, Jobim conseguiu ser ministro de Lula e Dilma. Aliás, foi ministro justamente por essa característica. Ele era uma espécie de ponte entre o tucanato midiático e o governo. Durante o chamado “caos aéreo”, Lula nomeou Jobim para acalmar setores apavorados da classe média. Deu certo. Jobim deu meia dúzia de declarações em tom chauvinista e terminou a crise. Foi demitido em 2011 por Dilma Rousseff após começar a dar entrevistas dizendo que votara em José Serra.
Recentemente, Jobim voltou a ganhar destaque nos jornais por sua intervenção num evento do PMDB, no qual advogou que o partido assuma posições independentes do PT.
Ou seja, Jobim tem tudo para ser um queridinho da grande mídia.
Pois mesmo assim, O Globo impresso de hoje não dá a informação de que Jobim declarou, a um jornalista da própria empresa, Jorge Bastos Moreno, que a reportagem da Veja é inverídica, de que Lula não pressionou Gilmar Mendes a adiar o processo do mensalão, e que os dois não ficaram sozinhos.
Ao invés disso, o Globo traz matéria, estranhamente assinada pelo próprio Moreno (no site, ainda mais bizarramente, a matéria vem anônima), na qual o encontro entre Lula e Jobim é reconstruído através de um curioso método:
Convém esclarecer, também, que tudo isso e o que se segue foram reconstruídos seguindo os rastros das conversas que o ministro Gilmar Mendes passou a ter com vários interlocutores sobre o ocorrido.Por que a versão impressa do Globo não publicou a entrevista de Jobim ao blog do Moreno, a única que de fato trazia novidades? Por que exigiu que Moreno escrevesse uma matéria contradizendo a própria fonte, e baseado em “rastros de conversas”?
Bem, a resposta é fácil. Basta ler a coluna de Noblat, publicada no mesmo dia. Ou conferir a incrível manipulação do jornal a partir de uma entrevista de Celso de Mello ao site Consultor Jurídico, notoriamente ligado a Gilmar Mendes.
O Conjur entrevistou Celso de Mello neste domingo, antes que Mello tomasse conhecimento de que a única testemunha da conversa entre Mendes e Lula havia negado veementemente seu conteúdo. Mello respondeu a partir de uma hipótese.
Mello deixa bem claro, porém, o condicionante de sua frase: “a conduta do ex-presidente da República, se confirmada, constituirá lamentável expressão de grave desconhecimento das instituições republicanas.”
A postura de Mello, de qualquer forma, nos lembra a lamentável influência que a Veja e órgãos da grande mídia ainda exercem sobre o espírito de magistrados. Esperemos que o ministro, vendo que sua fala foi manipulada, e constatando que a informação na qual se baseou estava equivocada, reflita sobre os danos que, apesar de involuntariamente, causou à estabilidade política, o que constitui uma irresponsabilidade e uma infração ética de sua missão como juiz da corte superior. Diante do histórico da revista, Mello deveria ter pedido tempo para se informar melhor. É absurdo que os ministros do Supremo ainda sejam manipulados tão facilmente.
Pois é, excelentíssimo Mello: a notícia não foi confirmada. Lula e a única testemunha, Nelson Jobim, negaram o teor da conversa. São dois contra um. O Conjur, ao menos, informa, ao final do texto, que Jobim rechaçou a matéria da Veja. O Globo, ao invés disso, optou pela seguinte chamada na capa (observe o subtítulo):
Além de pedir o “impeachment” de Lula na capa, o Globo dá o seguinte título à matéria (onde não informa, repito, que Jobim negou o conteúdo da conversa, nem que Mello falava hipoteticamente):
À Folha, o ex-ministro, além de negar a conversa, acrescentou uma informação nova (para assinantes do UOL):
O ex-ministro se diz surpreso também com o relato de que Gilmar teria ficado perplexo com a conversa.Quem deu o furo sobre a negativa de Jobim foi o Estadão, em matéria destemida. Uso o adjetivo destemida para diferenciá-la daquela escrita por Jorge Bastos Moreno (a primeira, com fatos; não a segunda, com “rastros de conversa”), repleta daquela covardia travestida de ironia, na qual ele procura atenuar a negativa, firme, do ex-ministro com a ridícula insinuação de que ele estaria com “voz estranha”.
“Lula saiu antes dele e não houve indignação nenhuma do Gilmar. Isso só apareceu agora na revista”, argumenta Nelson Jobim.
Pena que o destemor do Estadão tenha se limitado a sua editoria virtual. A negativa de Jobim não consta da versão impressa.
É realmente incrível que, num caso dessa gravidade, os editores neguem ao leitor, na maior cara dura, uma informação fundamental para se entender a história em sua plenitude. E isso em tempos de internet, quando a grande maioria do público interessado no tema perceberá a manobra. Não precisavam acreditar em Jobim, mas bloquear a informação?
Voltando ao Globo, a coluna do Noblat aborda o caso igualmente sem uma mísera menção à negação de Jobim ou Lula. Discorre sobre caso baseando-se exclusivamente no relato de Gilmar à Veja. O início é de um desrespeito estarrecedor:
Repare na citação sobre Dirceu, provavelmente mais uma invencionice. Há uma só palavra citada: “desesperado”, o resto são colchetes e parênteses. A palavra parece dizer mais sobre o estado de espírito do jornal do que do ex-deputado.
A baixeza de Noblat não conhece limites. Iniciar uma análise atribuindo a postura de Lula ao efeito dos remédios contra o câncer me parece, este sim, um recurso desesperado.
Observe a afirmação: “Para chegar bem ao seu final, a CPI terá que dar em nada”. Noblat vocaliza a enésima ameaça da mídia à CPI. E mais uma vez atribui sua criação exclusivamente ao presidente Lula, quando ela foi criada a partir da assinatura de mais de 400 deputados e senadores.
Por essas e outras razões, os parlamentares não podem se acovardar perante a mídia, e sobretudo jamais esquecer que o juiz final de sua atitude na CPI não será a mídia, nem a blogosfera, mas a história.
PS: Leia também esse post, com entrevista de Jobim ao Zero Hora, principal jornal do Rio Grande do Sul, onde o ex-ministro diz o seguinte:
ZH – Lula pediu ao ministro Gilmar Mendes o adiamento do julgamento do mensalão?
Nelson Jobim – Não. Não houve nenhuma conversa nesse sentido. Eu estava junto, foi no meu escritório, e não houve nenhum diálogo nesse sentido.
Lula, indignado: Gilmar mentiu
- Publicado em 28/05/2012
Nota do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre reportagem da Veja publicada no perfil de Lula no Facebook:
NOTA À IMPRENSA
São Paulo, 28 de maio de 2012
Sobre a reportagem da revista Veja publicada nesse final de semana, que apresenta uma versão atribuída ao ministro do STF, Gilmar Mendes, sobre um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 26 de abril, no escritório e na presença do ex-ministro Nelson Jobim, informamos o seguinte:
1. No dia 26 de abril, o ex-presidente Lula visitou o ex-ministro Nelson Jobim em seu escritório, onde também se encontrava o ministro Gilmar Mendes. A reunião existiu, mas a versão da Veja sobre o teor da conversa é inverídica. “Meu sentimento é de indignação”, disse o ex-presidente, sobre a reportagem.
2. Luiz Inácio Lula da Silva jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do Supremo ou da Procuradoria Geral da República em relação a ação penal do chamado Mensalão, ou a qualquer outro assunto da alçada do Judiciário ou do Ministério Público, nos oito anos em que foi presidente da República.
3. “O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado Mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja”, afirmou Lula.
4. A autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público sempre foram rigorosamente respeitadas nos seus dois mandatos. O comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum cargo público.
Assessoria de Imprensa do Instituto Lula
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