sábado, 30 de junho de 2012

Em 88% dos empregos, setor público paga mais que privado

http://oglobo.globo.com/pais/em-88-dos-empregos-setor-publico-paga-mais-5361837
 
 
O Globo.com, 30/06/2012
 

Em 88% dos empregos, setor público paga mais

 
Diferença se repete em profissões como médico, professor e advogado
 
Carolina Benevides
Antônio Gois
 

A professora Maria do Carmo Alencar ganha R$ 900,00 na rede privada e R$ 2844,00 na rede publica municipal de Jaboatão dos Guararapes
Foto: O Globo / Hans von Manteuffel
A professora Maria do Carmo Alencar ganha R$ 900,00 na rede privada e R$ 2844,00 na rede publica municipal de Jaboatão dos GuararapesO Globo / Hans von Manteuffel

RIO - Trabalhadores do setor público ganham mais do que os do setor privado formal em 88% das ocupações. Levantamento do GLOBO, a partir dos dados do Censo 2010, levando em conta estatutários, militares e trabalhadores com carteira assinada, aponta que, no Brasil, das 338 ocupações onde é possível a comparação, o setor público paga mais em 297. Nessas 338 ocupações, o setor público soma 3,2 milhões de funcionários; o privado, 31,6 milhões.

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Advogados e juristas, por exemplo, que trabalham as mesmas 40 horas semanais ganham no governo ou no setor militar 121% a mais do que seus colegas de formação empregados com carteira assinada no setor privado: R$ 10.097 contra R$ 4.578, em média. Mesmo professores dos ensinos fundamental, médio e superior recebem mais quando não estão na iniciativa privada. No fundamental, os profissionais chegam a ganhar 11% a mais.
No Rio, os salários de funcionários do setor público também são maiores do que os dos trabalhadores da mesma ocupação no setor privado em 222 profissões, de um total de 267. Os médicos, por exemplo, ganham 8% a mais se estiverem trabalhando para o governo. Nessa conta, no entanto, não entram os profissionais que têm consultórios e tendem a ser melhor remunerados. Já os professores universitários recebem 21% a mais se não estiverem na iniciativa privada.
O servidor público tem, em média, mais escolaridade do que o que está no setor privado e isso justifica em parte os salários maiores. Mesmo quando são levados em conta a escolaridade e o gênero, ainda assim, o servidor recebe, em média, 20% a mais do que quem está na iniciativa privada — diz Fernando Holanda Barbosa Filho, professor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV-Rio), que acredita que como os servidores têm estabilidade, “uma espécie de seguro”, deveriam ganhar menos do que os que estão no setor privado, “que correm mais risco”:
— Pode-se dizer que o funcionalismo tem uma dupla vantagem: o salário mais alto e a estabilidade.
Rotatividade reduz ganho em empresas
Segundo Breno Braga, economista da Universidade de Michigan e autor do estudo Escolaridade e diferencial de rendimentos entre o setor público e o setor privado no Brasil, com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2005, “os funcionários públicos recebem rendimento 24% maior/por hora do que os setor privado”.
No entanto, Braga explica que “o diferencial de rendimentos médio por hora de trabalho no setor público decresce com o nível de escolaridade dos trabalhadores”:
Esse diferencial é significativamente positivo para trabalhadores que têm o ensino superior incompleto. Para os que têm ensino superior completo o diferencial é pequeno, mas ainda favorável ao setor público. No entanto, o diferencial salarial se torna favorável ao setor privado quando os trabalhadores têm pós-graduação.
Também autor do artigo, Gustavo Gonzaga, do departamento de Economia da PUC-Rio, lembra que os mais escolarizados ganham mais no setor privado, provavelmente, por conta do teto do funcionalismo, que hoje é de R$ 26, 7 mil.
— Mas se olharmos a aposentadoria, esse desequilíbrio é corrigido. No setor privado, uma pessoa que ganha R$ 30 mil vai se aposentar recebendo o teto, que não chega a R$ 4 mil. No setor público, uma pessoa muito qualificada não recebe os mesmos R$ 30 mil, mas se aposenta com o salário integral. Então, se essa pessoa fica no serviço público é porque leva em conta o salário somado com a aposentadoria — diz Gonzaga, para quem a segurança que o funcionalismo tem também é um benefício: — Esse rendimento que a estabilidade traz nem tem como ser medido no emprego privado.
Levando em consideração benefícios previdenciários e FGTS, o estudo de Braga e Gonzaga aponta que “trabalhadores de todos os níveis de escolaridade recebem em média maiores rendimentos no setor público”. Os menos qualificados, aqueles “sem nenhuma escolaridade formal”, recebem em média 37% a mais do que os trabalhadores na rede privada.
Durante a era FH, o ajuste fiscal foi feito muito em cima do funcionalismo e os salários foram achatados. No governo Lula, houve uma recomposição dos salários. Mas o fato de o funcionalismo ganhar mais não tem oscilado muito ao longo dos anos — diz Fernando Barbosa.
Para ele, a ação dos sindicatos também contribui para que os servidores tenham melhores salários:
— O enfraquecimento dos sindicatos é universal, mas no Brasil, ainda que fracos, eles atuam mais no setor público, pressionam e isso ajuda a elevar o rendimento.
Professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp, Waldir José de Quadros lembra que os salários no setor público já são maiores no início da carreira:
— No setor privado, leva-se anos para ganhar R$ 20 mil e o trabalhador ainda pode ser trocado a qualquer momento. Agora, se a pessoa fizer concurso para a Polícia Federal, se for trabalhar no Banco Central ou no Judiciário, ela começa a carreira ganhando quase R$ 20 mil. No Brasil, neste momento, o setor privado não tem como competir com o público.
Quadros diz ainda que a alta rotatividade no setor privado contribui para que os salários sejam menores.
Quando um profissional começa a ganhar mais, ele é demitido e o novo funcionário é contratado recebendo menos do que o anterior. É essa rotatividade que faz o funcionário público receber mais e o piso dele, em muitos casos, nem é um exagero. A questão é que o setor privado paga pouco, porque não consegue concorrer, por exemplo, com a produção chinesa, com a concorrência externa. Além disso, muitos empresários buscam uma margem de lucro exagerada e não podem criar déficit como o governo porque quebram — diz Quadros, que estuda o assunto há mais de 30 anos: — Nem sempre foi assim. Na década de 70, o setor privado pagava mais do que o setor público.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Eike Batista despenca no ranking das maiores fortunas



 
 

Eike Batista despenca no ranking das maiores fortunas após perdas relevantes



28/6/2012 10:29, Por Redação - do Rio de Janeiro e São Paulo

  
Eike Batista
Eike Batista tem suas ações em risco devido a projeções negativas quanto ao patrimônio da EBX
O patrimônio do homem mais rico do Brasil despencou nas últimas 24 horas e, em nível mundial, o empresário Eike Batista caiu da 14ª para a 21ª posição no ranking das grandes fortunas, de acordo com a agência de notícias norte-americana Bloomberg News. A lista, atualizada com base nos preços das ações de empresas de capital aberto, mostra uma perda de US$ 2,4 bilhões (R$ 4,8 bilhões) nos mercados em apenas um dia.
No pregão da última quarta-feira, as empresas do conglomerado EBX, controlado pelo empresário, perderam, juntas, R$ 8,37 bilhões de valor de mercado. Os agentes financeiros demonstraram desconfiança em relação à capacidade de geração de receita do grupo, principalmente após a OGX, principal empresa da holding e ligada ao ramo de petróleo e gás, ter revisado para baixo seus dados de produção e as ações da OGX fecharam o pregão da última quarta-feira com queda superior a 20%.
Em nota, a EBX informou que as empresas do grupo estão “capitalizadas” e possuem “recursos suficientes para garantir a execução dos projetos”. Segundo a nota, “o Grupo EBX segue firme no seu plano de investimentos da ordem de US$ 15,7 bilhões em dois anos. As companhias do Grupo estão capitalizadas, com recursos suficientes para garantir a execução dos projetos estruturantes desenvolvidos no País. Todas as empresas do Grupo EBX vêm cumprindo seus planos de negócios e geram 20 mil postos de trabalho nos empreendimentos em operação e construção”.
A queda teve origem no anúncio feito por meio de fato relevante ao mercado, na terça-feira. A empresa definiu a vazão ideal de 5 mil barris de óleo equivalente por dia para cada um dos dois poços do Campo de Tubarão Azul (antigo Waimea). Além disso, a companhia de petróleo e gás reafirmou sua confiança na recuperação dos 110 milhões de barris de óleo equivalente na região. Por conta da notícia pública, as ações da OGX caem quase 30% no pregão desta quarta-feira.
Em maio, o presidente da OGX, Paulo Mendonça, previra que a produção de petróleo da empresa deveria atingir entre 40 mil e 50 mil barris diários no segundo trimestre de 2013. A definição desta terça-feira acontece cerca de cinco meses após o início do teste de longa duração (TDL) no campo, no qual os poços OGX-26HP e OGX-68HP foram testados com vazões de 4 a 18 mil barris de óleo equivalente por dia.
Segundo a OGX, nos próximos 12 meses mais dois poços produtores e dois poços de injeção de água serão ligados à plataforma flutuante de produção, armazenamento e transferência (FPSO) OSX-1, com o objetivo de elevar a produção do campo de Tubarão Azul.
As ações da OGX Petróleo (OGXP3) despencam mais de 25% no pregão da véspera, arrastando o desempenho das outras empresas do grupo também para uma forte queda. Às 12h50, caíam exatamente 27,72%, ao valor de R$ 6,05. A reação dos mercados foi imediata. O Bank of America Merrill Lynch, o JP Morgan, o UBS e o Deutsche Bank traçam um cenário negativo para a empresa. A meta anterior era três vezes maior, de 15 mil barris, relembra a equipe de análise da JP Morgan. “O nível é inferior até que o último anúncio de volume reportado da empresa, de 8,5 mil”, acrescenta.
Segundo os analistas Marcus Sequeira e Luiz Fonseca, do Deutsche, em setembro a OGX chegou a indicar um nível de 20 mil barris por dia, com um potencial de melhora durante a fase de desenvolvimento. “Desde então, os fluxos de produção foram sendo revelados – a taxas inferiores – e o mercado foi ajustando as expectativas, mas ainda assim o comunicado é decepcionante”, disseram em relatório. A equipe do banco alemão afirma ainda que há risco sério sobre suas estimativas de volume recuperável, além de que tal anúncio torna a meta de produção da petrolífera como algo ainda mais difícil de ser alcançada.
“Tais volumes criam alta incerteza sobre o potencial de recuperação de petróleo da companhia, assim como o potencial máximo de volume em seus sistemas de produção. Adicionalmente, tal anúncio provavelmente prejudicará a confiança do investidor, já afetada pela recente sequência de perdas de guidance”, afirma a equipe do JP.
Números definitivos
Os analistas do JP Morgan, porém, alertam que ainda é preciso aguardar pelo processo de injeção de água nos poços, quando serão conhecidos os números definitivos de produção. Dependendo da resposta, o impacto sobre o valor líquido dos ativos pode ser de até 70%, sendo no mínimo 10%.
O UBS diz que isso é mais um fato negativo, em um momento no qual os ativos menos arriscados mostraram valer a metade do que era previsto nos modelos do banco suíço. Portanto, a equipe do banco diz se sentir ainda menos confortável com o valor dos ativos mais arriscados e anunciou que irá revisar sua metodologia.
A decepção foi tanta que a equipe do UBS mostra preferência pelo investimento na Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP3), cujas ações despencam 58% no ano, por ter um perfil de prêmio de risco melhor, após o anúncio colocar mais risco sobre o valuation da OGX.


Sex, 29 de Junho de 2012 08:06

Eike Batista demite CEO da OGX para enfrentar crise
     
 
A forte queda das ações da OGX, a petroleira do empresário Eike Batista, fez ontem sua primeira vítima. O presidente da empresa, Paulo Mendonça, foi demitido e substituído por Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, presidente de outra empresa de Batista - o estaleiro OSX. Graças à revisão das expectativas de produção do poço de Tubarão Azul, em apenas dois dias a OGX perdeu 39,7% de seu valor de mercado, o equivalente a R$ 10,7 bilhões. A queda afetou outras empresas do grupo, cujas ações, no total, perderam R$ 13,8 bilhões.

Bancos revisaram para baixo nos últimos dias as projeções de produção e rentabilidade da OGX, elevando a taxa de risco de prospecção e as estimativas de custo da dívida. O Itaú BBA, por exemplo, elevou de 20% para 50% o fator de risco exploratório da empresa.

A OGX tinha em caixa, no fim de março, R$ 6,57 bilhões, o suficiente para financiar a exploração e as despesas operacionais até 2013. A possibilidade de a empresa falir, aventada por um analista na quarta-feira durante teleconferência, parece remota no curto prazo. Caso tenha dificuldade de caixa, a OGX tem como opções buscar mais dívida (agora a um custo mais alto, diante da maior incerteza), fazer novo aumento de capital ou vender fatias de seus blocos de operação, como cogitou no passado.

Fonte: Valor Econômico/Por Cláudia Schüffner e Fernando Torres | Do Rio e São Paulo

 
 
21/05/2012
 

Dilma, a garota propaganda de Eike Batista

Paulo Schueler*

 

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Em evento promovido pelo empresário Eike Batista, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a Petrobras tem a ganhar se fizer parcerias com a OGX, empresa de petróleo e gás de Eike. Segundo Dilma, "ambas podem ganhar muito com uma parceira entre elas. Estou certa que a OGX tem uma grande contribuição na produção de petróleo offshore no Brasil". Haja óleo de peroba.
Dilma chegou ao ponto de vestir a jaqueta de uma empresa concorrente da “estatal” Petrobras, em agrado a Eike, posando para fotografias que servem para ilustrar as denúncias do ex-diretor de Gás e Energia dapetrolífera comandada pelo governo, Ildo Sauer.
Para Sauer, há favorecimento por parte do Governo, do Partido dos Trabalhadores e da presidente da República ao conglomerado do empresário, inclusive com dilapidação do patrimônio da Petrobras.
Essa teia de interesses teria se acelerado a partir da descoberta do pré-sal. Assessorado por José Dirceu (ex-ministro de Lula), Pedro Malan e Rodolpho Tourinho (ex-ministros de FHC), Eike contrata profissionais da Petrobras que detinham informações mais que privilegiadas sobre a geologia das bacias petrolíferas e de todas as descobertas e estudos sobre as bacias.
Informações que podem ter custado até R$ 2 bilhões em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia da Petrobras - uma empresa cujo número de empregados está próximo a 400 mil enquanto todo o conglomerado EBX, em seu site, afirma ter “20 mil postos de trabalho de trabalho gerados pelos empreendimentos do grupo”.
Grupo que tem na OGX, seu braço petrolífero, uma das “jóias da coroa”, fonte importante da atual conta bancária de Eike e de seus “assessores” e/ou “consultores”. Lembremos de declaração recente de Sauer para a Revista da Adusp:
Hoje ele [Eike] anuncia ter 10 bilhões de barris já, que valem US$ 100 bilhões. Até então, esse senhor Batista era um milionário, tinha cerca de US$ 200 milhões. Todo mundo já sabia que o Pré-Sal existia, menos o público, porque o governo não anunciou publicamente.
Mas como a OGX foi criada e qual sua relação com a descoberta do pré-sal? Voltemos ao ex-diretor, agora em entrevista ao portal Terra:
A partir de 2007, a empresa OGX foi formalmente constituída. Progressivamente, a partir do primeiro momento, o gerente-executivo mais importante, que detinha toda a estratégia da Petrobrás e o acesso a todos estudos que custaram de R$ 200 milhões a R$ 2 bilhões para marcar a geologia de todas as bacias petrolíferas brasileiras, e uma equipe que chegou depois de 10 a 15 pessoas foi saindo. Este primeiro que saiu é o atual presidente da empresa...
[Ildo faz referência a Paulo Mendonça, que trabalhou por mais de 30 anos na Petrobras e lá chegou a gerente executivo de toda a área de Exploração. Sob sua gerência, a "estatal" fez descobertas de mais de 10 bilhões de barris e 50 novos campos, incluindo o Pré-sal, nas bacias de Santos, Campos e Espírito Santo].
Eu separo as responsabilidades em dois grupos: primeiro, a responsabilidade estratégica e política é do presidente da República [Lula] e da chefe da Casa Civil [Dilma] que dava orientação para a ANP. Essa responsabilidade é irrecorrível.
... Lula determinou a retirada de 41 blocos premiados no entorno de Tupi e manteve o leilão [9º rodada de leilões da ANP, ocorrida em novembro de 2007], quando então essa nobre empresa [OGX] conseguiu arrematar por R$ 1,5 bilhão os blocos. Em seguida, se lançou em programas de captação de dinheiro para pagar essas contas. Onze meses depois de criada, ela fez um IPO [abertura de capital] aqui na Bolsa de São Paulo e arrecadou R$ 6,7 bilhões pela venda de 38% do seu ativo que era a equipe vinda da Petrobras e os blocos leiloados por generosidade para manter o leilão do governo."
Tantas benesses fizeram da OGX a maior empresa privada do setor do Brasil, com 35 blocos exploratórios (30 no Brasil e cinco na Colômbia). Mais de 80% de seu portfólio está localizado em águas rasas ou em terra, com custos reduzidos de exploração e produção. Uma tremenda doação dos governos petistas ao empresário.
O fato de Dirceu, Malan e Tourinho terem passado informações estratégicas a Eike não é de se estranhar. Sobre eles, cabe a citação do saudoso Barão de Itararé: "O homem que se vende recebe sempre mais do que vale".
Eike, aliás, tem "fontes" primorosas: seu pai foi nada mais nada menos que ministro das Minas e Energia, e depois presidente da Vale durante a sinistra Ditadura Militar. Teve, enfim, enormes facilidades para construir sua fortuna e se tronar o bilionário mais querido (por quem busca doações eleitorais) do país!
Por isso o estupor com as declarações de Dilma. Já não basta o que foi espoliado da Petrobras? O Palácio do Planalto é serviçal de Eike em sua jornada para se tornar o homem mais rico do mundo? Não cabe ainda mais entreguismo a financiar delírios de grandiloquência do playboy de cabelo acaju.
Cabe então a pergunta: é a Petrobras ou são alguns próceres dos altos escalões da República, futuros "consultores" de Eike, que têm a ganhar com essa "parceria"? Responda, presidente.

*Paulo Schueler é membro do Comitê Central do PCB

Um tiro saindo pela culatra

http://www.conversaafiada.com.br/politica/2012/06/29/paraguai-admite-venezuela-no-mercosul-merval-merval/

Publicado em 29/06/2012

Golpe no Paraguai admite Venezuela no Mercosul




Saiu na Folha (*):

Venezuela será incorporada ao Mercosul em 31 de julho

 

A Venezuela será incorporada ao Mercosul em reunião especial que será realizada em 31 de julho no Rio de Janeiro, anunciou nesta sexta-feira a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, no âmbito da Cúpula de chefes de Estado do bloco.

O acordo tem a assinatura dos líderes de Brasil, Uruguai e Argentina (membros pleno do Mercosul). O Paraguai, que não havia ratificado essa decisão em seu Parlamento, está suspenso do bloco devido à deposição do ex-presidente Fernando Lugo.

(…)


O tiro saiu pela culatra.
O Golpe “democrático” no Paraguai é para fortalecer o interesse nacional
 americano.
Por isso tantos colonistas mervais, como a Catanhede e o de muitos chpéus
 – clique aqui para ler – , defenderam a “legalidade” do golpe.
O que menos interessa ao interesse nacional americano é o fortalecimento
 do Mercosul.
É por isso que o Padim Pade Cerra queria dinamitá-lo.
O maior obstáculo à entrada da Venezuela no Mercosul foi o presidente Sarney.
No Continente, o Senado paraguaio golpista é o que impedia isso.
Os americanos foram o Espírito Santo de orelha do golpe “democrático” e 
não esperavam que a Dilma e a Cristina Kirchner aproveitassem a ausência
 do Paraguai para trazer Chavez para a mesa de trabalhos.
Merval, Merval…
Paulo Henrique Amorim




 

Chávez oferece o Caribe e ingresso da Venezuela no Mercosul é líquido e certo


29/6/2012 17:14,  Por Redação, com agências internacionais - de Mendoza, Argentina 


Venezuela

Prestes a ser admitido no grupo de países do Mercosul, após a suspensão do Paraguai – onde um golpe de Estado deu lugar à insegurança política no país vizinho – o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, lembrou que “a Venezuela tem o peito aberto para o Caribe”, o que tende a facilitar a exportação de produtos da Argentina, Brasil e Uruguai para os mercados do Hemisfério Norte. Chávez, porém, lamentou ausência do Paraguai, “por não ter um Governo legítimo”, nos encontros dos presidentes do bloco e da Unasul, que acontecem em Mendoza, na Argentina.
O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, representou o país, que ainda mantém o status de membro associado nesta reunião semestral do Mercosul, da qual participam todos os presidentes do bloco integrado por Brasil, Argentina e Uruguai, além dos países associados Equador, Bolívia, Chile, Peru e Colômbia. Após a cúpula do Mercosul, marcada pela ausência de Fernando Lugo, está prevista, ainda em Mendoza, uma cúpula extraordinária da Unasul, para tratar sobre possíveis sanções ao Paraguai. Chávez anunciou, recentemente, a retirada de seu embaixador de Assunção, assim como a cessação a partir desse momento da provisão de petróleo para esse país, em protesto à destituição de Lugo após um “julgamento político” que Caracas qualifica como golpe de Estado.
Na reunião desta manhã, os presidentes Dilma Rousseff, o uruguaio José Mujica e a argentina Cristina Kirchner avaliaram como líquida e certa a possível entrada da Venezuela no bloco, de forma definitiva, após removido o último empecilho à determinação da maioria dos países integrantes do Mercosul. Com a ausência do Paraguai, país que barrava o ingresso da Venezuelana, há anos, há uma janela diplomática aberta para a admissão dos venezuelanos.
Na noite passada, o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, lembrou que há “um grande interesse em promover a plena participação da Venezuela, país que já participa das reuniões regulares”.
– O chanceler (venezuelano) Nicolás Maduro está aqui, e nós queremos trabalhar para que se efetive no mais breve prazo a sua plena participação – disse Patriota, para quem a entrada da Venezuela no Mercosul “é um tema que mantém todo seu interesse para os chefes de Estado e de governo”.

 
 
 
Mercodilemas, mercosurpresas
 
Martín Granovsky
(*) Leia aqui o relatório final de Samuel Pinheiro Guimarães ao Conselho de Ministros do Mercosul, apresentado em Mendoza, em 27 de junho de 2012.

Buenos Aires - A cúpula que reuniu os chanceleres do Mercosul começou com um fato previsível e uma surpresa. O previsível foi a confirmação de medidas para registrar a repulsa sulamericana à ruptura institucional no Paraguai. A surpresa, a renúncia do brasileiro Samuel Pinheiro Guimarães do cargo de alto representante do Mercosul (chefe máximo com missões de negociação). Diplomata de carreira e filiado ao Partido dos Trabalhadores, Pinheiro Guimarães foi vice-chanceler e Secretário de Assuntos Estratégicos, com status de ministro, durante os oito anos do governo Lula.

O seu descontentamento pela escassa consistência do Mercosul não é novo. Ele havia manifestado isso na forma que o faz um diplomata, ou seja, dizendo que seria bom incorporar um maior nível de intercâmbio social e político, assinalando assim que a coesão não era o forte do mercado comum. Também comentou a falta de políticas específicas para os dois países menores do bloco, Paraguai e Uruguai.

Segundo o que o Página/12 conseguiu levantar, a oportunidade escolhida por este diplomata com peso intelectual próprio não entusiasmou nem ao governo brasileiro nem ao argentino. No caso brasileiro, aliás, não simétricas as expectativas de Pinheiro e as do governo liderado por Dilma Rousseff sobre os planos concretos e a autonomia prática do alto representante. De todo modo, considerado inclusive a crise menor dentro da crise maior, a renúncia dentro da interrupção da ordem institucional em um dos quatros membros, serve para uma reavaliação geral do tabuleiro.

Em 1991, a constituição do Mercosul em meio a regimes neoliberais diluiu a coordenação política prévia entre a Argentina e o Brasil e deu uma ênfase comercial a uma relação econômica que se baseava na integração administrada de setores produtivos. A coordenação dos tempos de Raúl Alfonsin e José Sarney voltou com Lula e Néstor Kirchner, e prossegue. Brasil e Argentina, apesar de terem hoje uma disparidade em tamanho relativo maior do que a que havia em 1985, apresentam uma sintonia política muito fina sobre a América do Sul e sobre o mundo e o volume de seu comércio é hoje três vezes maior do que em 1991.

Por outro lado, não conseguiram resolver a situação do Uruguai e do Paraguai, países que não têm semelhanças políticas, econômicas e institucionais. Por exemplo, o Uruguai é uma democracia consolidada e o Paraguai nunca terminou de estabilizar o regime constitucional que começou com a derrubada de Alfredo Stroessner pelo general Andrés Rodríguez em 1989. O establishment paraguaio agita esse tema agora com picardia. Dirigentes brancos e colorados sustentam que não importa que o Mercosul castigue o Paraguai pois isso acontece desde sempre.

A picardia consiste em basear um argumento com fundamentos em partes reais para encobrir a estratégia de que não ocorreu nada de mais. É um modo de reagir ao isolamento político do governo de Federico Franco, após a destituição relâmpago de Lugo. Relâmpago nas formas finais, é claro, porque antes 23 tentativas de impeachment, que se tornavam mais frequentes quanto maior era a debilidade político do ex-bispo.

É improvável que o Mercosul decida por um bloqueio econômico e comercial. Primeiro, porque os vizinhos, Argentina incluída, disseram que descartam essa possibilidade. E segundo porque, se quisessem, não poderiam fazê-lo. Como seria possível bloquear uma economia porosa onde pesa o contrabando? Como desconectar um país de onde vem 15% da energia elétrica argentina e 20% da brasileira?

O Mercosul enfrenta um desafio que não é novo, mas que a crise do Paraguai mostra com toda sua crueza. Neste ponto, crescem as chances de ingresso como membro pleno da Venezuela, como informou o Página/12, ainda que não se saiba de por via da suspensão de direitos do Paraguai, cujo Senado vinha trancando a entrada, ou mediante uma mudança no regulamento de incorporação de novos membros, mecanismo já acordado por sugestão feita na cúpula anterior pelo presidente uruguaio José “Pepe” Mujica.

Também neste ponto se entendem melhor os motivos da construção da Unasul, uma forma de integração política em primeiro lugar a partir dos chefes de Estado, que não abriga só os simpáticos a Lugo, mas, em geral, os afins às regras da democracia. Lugo é um espelho no qual nenhum presidente, de Hugo Chávez e Sebastian Piñera, desejaria se enxergar.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

CNI/Ibope: Dilma tem mais aprovação que Lula e FHC


E isto apesar do PIG não dar nenhuma trégua.



 
 
Jornal do Brasil, 29/06/2012

CNI/Ibope: Dilma tem mais aprovação que Lula e FHC

Portal Terra Luciana Cobucci

A avaliação do governo no segundo ano de gestão da presidenta Dilma Rousseff atingiu patamares maiores que seus antecessores Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pela pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o instituto Ibope.
O governo de Dilma tem 59% de aprovação, nível maior do que se comparado à segunda pesquisa CNI/Ibope feita no segundo ano de governo do primeiro mandato de Lula e FHC. Nessa base de comparação, Lula teve, em junho de 2004, 29% de aprovação, enquanto FHC conseguiu 35% em maio de 1996.
A confiança também é maior em Dilma do que foi em Lula e FHC. Na pesquisa divulgada hoje, 72% dos entrevistados afirmaram confiar na presidente. Em junho de 2004, Lula registrou 54%, enquanto FHC teve 53% em maio de 1996.
A aprovação da maneira de governar da presidenta atingiu o maior patamar da história, superando seu antecessor mais popular. Em junho deste ano, Dilma manteve a alta histórica de 77%, enquanto o maior nível atingido por Lula foi de 75%. No entanto, a aprovação de Lula na mesma base de comparação (2ª pesquisa do segundo ano do primeiro mandato) ficou em 51% em junho de 2004. FHC conseguiu, em maio de 1996, 54%.
Comparação com Lula
A maior parte da população (58%) ainda acredita que o governo Dilma é igual a Lula. Esse percentual, no entanto, caiu dois pontos percentuais em relação à última pesquisa, feita em março deste ano. O percentual de entrevistados que considera a gestão de Dilma melhor que a de Lula subiu de 15% para 16% entre março e junho. Outros 24% consideram que Dilma é pior que seu antecessor.

Pesquisa
O levantamento CNI/Ibope foi feito com 2.002 mil pessoas de 141 cidades brasileiras entre 16 e 19 de junho. A pesquisa é feita por amostragem, tem margem de erro de dois pontos percentuais e confiabilidade de 95%.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Vamos fazer uma aposta?

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O descarnado suplicando ao açougueiro


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A SENSATEZ ESTÁ À ESQUERDA


A escassa disponibilidade de tempo, lógica e bom senso para evitar o pior levou Paul Krugman, um moderado, ao ponto de apelar para o instrumento de um manifesto global de economistas, no qual adverte: "Como resultado de suas ideias erradas, muitos políticos ocidentais estão impondo sofrimento em massa aos seus povos. Mas as ideias que eles defendem para lidar com as recessões foram rechaçadas por quase todos os economistas depois dos desastres de 1930. É trágico..." http://www.manifestoforeconomicsense.org/.
O gesto de Krugman indica que não há mais tempo , nem espaço, para qualquer solenidade na crise. Nesse momento, a Espanha -secundada pela Itália- implora, esse é o termo, aos gerentes do euro, em Bruxelas, por uma linha de recursos para salvar seus bancos, sem que isso signifique o funeral do Estado, imolado em endividamento insustentável. A lógica da ortodoxia que alimenta a grande de depressão do século XXI, retruca seu mantra: 'Se os bancos necessitam socorro, a sociedade pagará por eles'.
Será longa e áspera a noite do século XXI, avisam autoridades do centro à periferia. A crise se espalhou. Sombras ofuscam a China, invadem o Brasil. Dos Brics ricocheteiam de volta à UE, sangrando empregos e exportações. Onde está a sensatez? A sensatez está à esquerda, expressa, por exemplo, no enunciado simples e reto do Syriza - "Se não crescermos, não pagaremos". Mas a sensatez é demonizada pelo terrorismo ortodoxo, o mesmo que levou à vitória dos yes men em 17 de junho,na Grécia. No dia seguinte, lá estavam os mercados usando a conquista de Atenas para devorar Madrid, até o osso; condição na qual Rajoy se apresenta agora aos pés de Bruxelas. O descarnado suplicando ao açougueiro, que chance ele tem?
 

Vivendo no fim dos tempos: o Apocalipse segundo Zizek

 

Redação

 
Não deveria haver mais nenhuma dúvida: o capitalismo global está se aproximando rapidamente da sua crise final. Slavoj Žižek identifica neste livro os quatro cavaleiros deste apocalipse: a crise ecológica, as consequências da revolução biogenética, os desequilíbrios do próprio sistema (problemas de propriedade intelectual, a luta vindoura por matérias-primas, comida e água) e o crescimento explosivo de divisões e exclusões sociais. E pergunta: se o fim do capitalismo parece para muitos o fim do mundo, como é possível para a sociedade ocidental enfrentar o fim dos tempos?

Para explicar porque estaríamos tentando desesperadamente evitar essa verdade, mesmo que os sinais da “grande desordem sob o céu” sejam abundantes em todos os campos, Žižek recorre a um guia inesperado: o famoso esquema de cinco estágios da perda pessoal catastrófica (doença terminal, desemprego, morte de entes queridos, divórcio, vício em drogas) proposto pela psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross, cuja teoria enfatiza também que esses estágios não aparecem necessariamente nessa ordem nem são todos vividos pelos pacientes.

De acordo com Žižek, podemos distinguir os mesmos cinco padrões no modo como nossa consciência social trata o apocalipse vindouro. “A primeira reação é a negação ideológica de qualquer ‘desordem sob o céu’; a segunda aparece nas explosões de raiva contra as injustiças da nova ordem mundial; seguem-se tentativas de barganhar (‘Se mudarmos aqui e ali, a vida talvez possa continuar como antes...’); quando a barganha fracassa, instalam-se a depressão e o afastamento; finalmente, depois de passar pelo ponto zero, não vemos mais as coisas como ameaças, mas como uma oportunidade de recomeçar. Ou, como Mao Tsé-Tung coloca: ‘Há uma grande desordem sob o céu, a situação é excelente’”.

Os cinco capítulos
se referem a essas cinco posturas.

O capítulo 1, “Negação”, analisa os modos predominantes de obscurecimento ideológico, desde os últimos campeões de bilheteria de Hollywood até o falso apocaliptismo (o obscurantismo da Nova Era, por exemplo).

O capítulo 2, “Raiva”, examina os violentos protestos contra o sistema global, em especial a ascensão do fundamentalismo religioso.

O capítulo 3, “Barganha”, trata da crítica da economia política, com um apelo à renovação desse ingrediente fundamental da teoria marxista.
O capítulo 4, “Depressão”, descreve o impacto do colapso vindouro, principalmente em seus aspectos menos conhecidos, como o surgimento de novas formas de patologia subjetiva.

E, por fim, o capítulo 5, “Aceitação”, distingue os sinais do surgimento da subjetividade emancipatória e procura os germes de uma cultura comunista em suas diversas formas, inclusive nas utopias literárias e outras.

Žižek é otimista quanto ao que pode surgir desse processo de emancipação e apresenta sua obra como parte da luta contra aqueles que estão no poder em geral, contra sua autoridade, contra a ordem global e contra a mistificação ideológica que os sustenta. Para ele, engajar-se nessa luta significa endossar a fórmula de Alain Badiou, para quem mais vale correr o risco e engajar-se num Evento-Verdade, mesmo que essa fidelidade termine em catástrofe, do que vegetar na sobrevivência hedonista-utilitária. Rejeita, assim, a ideologia liberal da vitimação, que leva a política a renunciar a todos os projetos positivos e buscar a opção menos pior.

Trecho do livro
“Essa virada na direção do entusiasmo emancipatório só acontece quando a verdade traumática não só é aceita de maneira distanciada, como também vivida por inteiro: ‘A verdade tem de ser vivida, e não ensinada. Prepara-te para a batalha!’. Como os famosos versos de Rilke (“Pois não há lugar que não te veja. Deves mudar tua vida”), esse trecho de O jogo das contas de vidro, de Hermann Hesse, só pode parecer um estranho non sequitur: se a Coisa me olha de todos os lados, por que isso me obriga a mudar? Por que não uma experiência mística despersonalizada, em que ‘saio de mim’ e me identifico com o olhar do outro? E, do mesmo modo, se é preciso viver a verdade, por que isso envolve luta? Por que não uma experiência íntima de meditação?

Porque o estado ‘espontâneo’ da vida cotidiana é uma mentira vivida, de modo que é necessária uma luta contínua para escapar dessa mentira. O ponto de partida desse processo é nos apavorarmos com nós mesmos.

Quando analisou o atraso da Alemanha em sua obra de juventude Crítica da filosofia do direito de Hegel, Marx fez uma observação sobre o vínculo entre vergonha, terror e coragem, raramente notada, mas fundamental:

É preciso tornar a pressão efetiva ainda maior, acrescentando a ela a consciência da pressão, e tornar a ignomínia ainda mais ignominiosa, tornando-a pública. É preciso retratar cada esfera da sociedade alemã como a partie honteuse [parte vergonhosa] da sociedade alemã, forçar essas relações petrificadas a dançar, entoando a elas sua própria melodia! É preciso ensinar o povo a se aterrorizar diante de si mesmo, a fim de nele incutir coragem.”


Sobre o autor
Slavoj Žižek nasceu em 1949 na cidade de Liubliana, Eslovênia. É filósofo, psicanalista e um dos principais teóricos contemporâneos. Transita por diversas áreas do conhecimento e, sob influência principalmente de Karl Marx e Jacques Lacan, efetua uma inovadora crítica cultural e política da pós‑modernidade. Professor da European Graduate School e do Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana, Žižek preside a Society for Theoretical Psychoanalysis, de Liubliana, e é diretor internacional do Instituto de Humanidades da Universidade Birkbeck de Londres.

Vivendo no fim dos tempos é o seu sétimo livro traduzido pela Boitempo. Dele, a editora também publicou Bem‑vindo ao deserto do Real!, em 2003, Às portas da revolução (escritos de Lenin de 1917), em 2005, A visão em paralaxe, em 2008, Lacrimae Rerum, em 2009, Em defesa das causas perdidas e Primeiro como tragédia, depois como farsa, os dois últimos em 2011.


Ficha técnica
Título: Vivendo no fim dos tempos
Título original: Living in the end times
Autor: Slavoj Žižek
Tradução: Maria Beatriz de Medina
Orelha: Emir Sader
Páginas: 368
ISBN: 978-85-7559-212-0
Preço: R$ 52,00
Editora: Boitempo
 
 

Barclays leva multa em US$ 450 milhões por manipulação do mercado



Marcelo Justo - Londres


Londres - O escândalo está só começando. As agências reguladoras do setor financeiro dos Estados Unidos e do Reino Unido aplicaram uma multa de mais de 450 milhões de dólares ao banco Barclays por manipular a taxa libor, ponto de referência para o juro diário dos empréstimos interbancários em nível mundial. As agências informaram que há outros bancos envolvidos.

O primeiro ministro David Cameron assinalou que o Barclays terá que responder muitas perguntas. O ministro britânico de Finanças, George Osborne, compareceu ante o parlamento e o líder da oposição Ed Miliband exigiu que se abra uma investigação criminal sobre o tema. Enquanto isso, a diretora da FSA, agência reguladora financeira britânica, Tracey McDermott, indicou que há “várias investigações em marcha, mas tudo parece indicar no momento que o Barcalys não é a única empresa envolvida no caso

É o enésimo escândalo financeiro dos últimos anos. Pode-se partir do escândalo da Enron, em 2000, e chegar às quedas do Stearn e do Lehman Brothers, em 2008, que detonaram a atual crise mundial, ou se pode começar com as pirâmides financeiras de Bernard Maddoff, maior fraude da história (50 bilhões de dólares), descobertas em 2008, e passar pelas perdas do UBS suíço, em 2011 (2 bilhões de dólares) ou do JP Morgan, em abril deste ano (2 bilhões de dólares evaporados em seis semanas). Em meio a este módico resume de uma lista frondosa de escândalos, os paraísos fiscais seguem funcionando como se nada tivesse acontecido.

Nesta mesma semana, em seu informe anual, o Banco Internacional de Compensações (BIS), que representa os bancos centrais do mundo, alertou que as entidades financeiras não mudaram seu modus operandi.

No caso do Barclays, a manipulação das taxas Libor ocorreu entre 2005 e 2009, entre a febre da especulação e o estouro da bolha. Calcula-se que o volume de transações bancárias baseadas na taxa Libor em nível mundial é de 360 trilhões de dólares (cerca de 40 vezes o Produto Interno Bruto dos Estados Unidos). Segundo a autoridade reguladora estadunidense, a “Commodity Futures Trading Commision”, o banco buscava beneficiar sua posição no mercado de derivados – compra e venda no mercado de futuros – que move trilhões de dólares e foi uma das causas do estouro financeiro de 2008. “Alguns traders, ajudados e em coordenação com outros bancos, confluíram nesta manipulação das taxas”, assinala a autoridade.

O diretor executivo do banco, o estadunidense Bob Diamon, renunciou a sua bonificação anual em função do escândalo (no ano passado, suas rendas superaram a casa dos 40 milhões de dólares), mas dificilmente conseguirá salvar sua cabeça. Nos últimos 12 meses, Diamon havia lançado uma forte campanha para que se terminasse com a “caça às bruxas” dos banqueiros por causa do estouro financeiro de 2008. “Já passou a hora do arrependimento. Os bancos precisam seguir prestando o serviço essencial de que necessita a economia”, disse no ano passado a uma atordoada opinião pública.

Diamond detesta a regulação do sistema financeiro. Nisso, não se diferencia de Jamie Dimon, o diretor executivo do JP Morgan, que semanas antes de seu banco revelar perdas de mais de 2 dois bilhões de dólares havia dito que “a regulação tem que ser feita em privado, a portas fechadas”, algo que o site estadunidense Huffington Post comparou à masturbação. Parafraseando o Huff, pode se dizer que os reguladores pegaram o Barclays com as mãos na massa.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

O colapso financeiro que enfrentamos: quando é “mais cedo ou mais tarde”?

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Viomundo, 28 de junho de 2012 
 
 
O colapso financeiro que enfrentamos: quando é “mais cedo ou mais tarde”?

por Paul Craig Roberts, no Centro de Pesquisas da Globalização em 05.06.2012


Desde o início da crise financeira e do Quantitative Easing [QE, equivalente a emissão de dólares pelo Tesouro dos Estados Unidos] há uma questão diante de nós: como o Banco Central norte-americano pode manter taxa de juros zero para os bancos e taxa de juros reais negativas para poupadores e acionistas quando o governo dos Estados Unidos está acrescentando 1,5 trilhão de dólares à dívida nacional todo ano, através dos déficits de orçamento? Não faz tempo o Banco Central anunciou que manteria a política por mais 2 ou 3 anos. Na verdade, o Fed [BC norte-americano] está preso a esta política. Sem a taxa de juros artificialmente baixa, o serviço da dívida nacional seria tão grande que levantaria dúvidas sobre a qualidade do crédito do Tesouro dos Estados Unidos e a viabilidade do dólar, e os trilhões de dólares em derivativos relacionados à taxa de juros e outros derreteriam.
Em outras palavras, a desregulamentação financeira que levou à jogatina de Wall Street, a decisão do governo dos Estados Unidos de resgatar os bancos e mantê-los flutuando e a política de juros zero do Banco Central colocaram o futuro dos Estados Unidos e de sua moeda em uma posição perigosa e insustentável. Será impossível continuar a inundar os mercados de ações com 1,5 trilhão de dólares em novos papéis todo ano quando a taxa de juros dos papéis é inferior à taxa de inflação. Todos os que compram papéis do Tesouro estão comprando um bem em depreciação. Além disso, o risco de investimento nos papéis do Tesouro é muito alto. As baixas taxas de juros significam que o preço pago pelo papel do Tesouro é muito alto. Um aumento na taxa de juros, que virá mais cedo ou mais tarde, vai provocar o colapso do preço dos papéis do Tesouro e provocar perdas de capital dos investidores, tanto domésticos quanto estrangeiros.
A pergunta é: quando é mais cedo ou mais tarde? A proposta deste artigo é examinar a questão.
Vamos começar respondendo a uma pergunta: como esta política insustentável conseguiu durar tanto tempo?
Um número de fatores contribui para a estabilidade do dólar e do mercado de ações. Um fator muito importante é a situação na Europa. Existem problemas reais lá e a imprensa financeira mantém nosso foco na Grécia, na Europa e no euro. A Grécia vai deixar a União Europeia ou será expulsa? Os problemas da dívida soberana vão se estender à Espanha e Itália e essencialmente a todos os lugares com exceção da Alemanha e da Holanda?
Haverá o fim da União Europeia e do euro? São todas questões muito dramáticas, que mantém o foco longe da situação norte-americana, que provavelmente é muito pior.
O mercado dos papéis do Tesouro também é ajudado pelo temor que os investidores individuais sentem em relação ao mercado de ações, que se transformou num cassino pelas “negociações de alta frequência”.
Negociação de alta frequência” é negociação eletrônica, baseada em modelos matemáticos. Firmas de investimento competem na base da velocidade, capturando ganhos em frações de um centavo e ficando de posse dos papéis por apenas alguns segundos. Não há investidores de longo prazo. Contentes com seus ganhos diários, eles liquidam suas posições ao final de cada dia.
“Negociações de alta frequência” são responsáveis por de 70 a 80% do mercado de ações. O resultado é a azia dos investidores tradicionais, que estão deixando o mercado de ações. Eles acabam comprando papéis do Tesouro, porque estão incertos sobre a solvência dos bancos, que pagam quase nada de juros, enquanto os papéis de dez anos do Tesouro pagam taxa nominal de juros de 2%, o que significa, usando o Índice de Preços ao Consumidor oficial, que os investidores estão perdendo 1% de seu capital por ano [diferença entre a taxa de juros paga pelo Tesouro e a inflação].
Usando a medida correta de inflação dos Estados Unidos, de John Williams (shadowstats.com), os investidores/emprestadores estão perdendo mais. Ainda assim, a perda é cerca de 2 pontos percentuais menor que se o dinheiro ficasse depositado nos bancos. Ao contrário dos bancos, o Tesouro pode pedir ao Banco Central dos Estados Unidos que imprima dinheiro para resgatar seus papéis. Assim sendo, o investimento nos papéis do Tesouro pelo menos dá um retorno nominal, ainda que o valor real de retorno seja muito menor.
A mídia financeira prostituta nos diz que a fuga de investidores na dívida soberana europeia — do euro em risco — e a fuga de investidores do contínuo desastre do mercado imobiliário, em direção ao papéis do Tesouro, acabam fornecendo o financiamento para os déficits anuais de U$ 1,5 trilhão de Washington. Investidores influenciados pela imprensa financeira podem, de fato, estar respondendo assim. Outra explicação para a estabilidade das políticas insustentáveis do BC norte-americano é o conluio entre Washington, o Banco Central e Wall Street. Trataremos disso mais adiante.
Ao contrário do Japão, que tem a maior dívida nacional de todas, os norte-americanos não são donos de sua própria dívida pública. A maior parte da dívida dos Estados Unidos é de propriedade de estrangeiros, especialmente da China, Japão e da OPEP, dos países exportadores de petróleo. Isso coloca a economia dos Estados Unidos em mãos estrangeiras. Se a China, por exemplo, for indevidamente provocada por Washington, poderia jogar U$ 2 trilhões em bens denominados em dólar nos mercados mundiais. Todos os tipos de preço desabariam e o Banco Central dos Estados Unidos teria de imprimir dinheiro rapidamente para comprar os instrumentos financeiros despejados pela China.
Os dólares impressos para comprar os bens descartados pela China expandiriam a provisão de dólares nos mercados de moedas e derrubariam a taxa de câmbio do dólar. O Banco Central dos Estados Unidos, sem moeda estrangeira para comprar os dólares, teria de apelar para swaps cambiais com a Europa, com seus problemas de dívida soberana, por euros; com a Rússia, cercada pelo sistema de mísseis dos Estados Unidos, por rublos; com o Japão, um país até o pescoço com seus compromissos com os Estados Unidos, por ienes. Assim, o BC norte-americano compraria dólares com euros, rublos e ienes.
Estes swaps cambiais seriam registrados contabilmente, seriam irresgatáveis e tornariam o uso de novos swaps problemático. Em outras palavras, mesmo que o governo dos Estados Unidos fosse capaz de pressionar seus aliados e marionetes a trocar suas moedas fortes por dólares depreciados, não seria possível repetir o processo. Os integrantes do Império Americano não querem ficar com dólares mais que os BRICs.
No entanto, para a China se livrar de seus bens em dólares todos de uma vez, seria custoso, já que o valor dos bens cairia no momento em que eles começassem a ser descartados. A não ser que a China enfrente um ataque militar dos Estados Unidos e precise enfraquecer o agressor, a China, como um ator racional, preferirá sair do dólar lentamente. Nem o Japão, a Europa ou a OPEP querem destruir sua própria riqueza, acumulada com os déficits comerciais dos Estados Unidos, mas há indícios de que todos pretendem se livrar de seus bens denominados em dólar.
Ao contrário da imprensa financeira dos Estados Unidos, os estrangeiros que têm bens em dólar observam o orçamento anual dos Estados Unidos e o déficit comercial do país, observam a economia que afunda, observam a jogatina a descoberto de Wall Street, observam os planos de guerra da hegemonia delirante e concluem: “Tenho de ser cuidadoso para sair disso”.
Os bancos norte-americanos têm um forte interesse em preservar o status quo. Eles são donos de grandes quantidades de papéis do Tesouro e potencialmente serão maiores donos ainda. Os bancos podem emprestar do BC dos Estados Unidos a taxa de juros zero e com esse dinheiro compram papéis do Tesouro, de vencimento em 10 anos, que pagam juros de 2%. Ou seja, os bancos têm lucro nominal de 2% para usar contra eventuais perdas em derivativos. Os bancos podem emprestar dinheiro do BC de graça e usá-lo como garantia para suas transações em derivativos. Como diz Nomi Prins, os bancos não se livram dos papéis do Tesouro porque isso seria jogar contra seus próprios interesses e sua fonte de financiamento grátis. Além disso, no caso de uma fuga estrangeira dos dólares, o BC dos Estados Unidos poderia aumentar a demanda estrangeira por dólares exigindo que bancos estrangeiros que operam nos Estados Unidos aumentassem suas reservas, que são denominadas em dólar norte-americano.
Eu poderia prosseguir, mas acho que é o suficiente para demonstrar que mesmo os atores envolvidos no processo, que poderiam acabar com ele, têm muito a ganhar não balançando o barco. Preferem, silenciosa e lentamente, sair do dólar, antes que a crise bata. Isso não é possível indefinidamente, já que o processo gradual de saída do dólar resultará em quedas contínuas dos bens denominados em dólar, que levarão a uma corrida em busca da porta de saída, mas o povo norte-americano não é o único povo delirante no mundo.
O lento processo de saída do dólar pode derrubar a casa norte-americana. Os BRICs — Brasil, a maior economia da América do Sul; Rússia, a economia com armas nucleares e produção independente de energia, da qual a Europa ocidental (marionete de Washington) depende para energia; a Índia, que tem armas nucleares e é um dos dois gigantes da Ásia; a China, que tem armas nucleares, é o maior credor de Washington (depois do próprio BC dos Estados Unidos), fornece produtos manufaturados e de alta tecnologia e é o novo espantalho para justificar a próxima guerra fria lucrativa do complexo industrial-militar; a África do Sul, maior economia da África — estão em processo de formação de um novo banco. O novo banco vai permitir a estas cinco grandes economias conduzir comércio entre si sem usar os dólares norte-americanos.
Além disso, o Japão, marionete dos Estados Unidos desde a Segunda Guerra Mundial, está próximo de fechar um acordo com a China pelo qual o iene japonês e o yuan chinês serão trocados diretamente. O comércio entre os dois países asiáticos será conduzido em suas próprias moedas, sem o uso do dólar. Isso reduz o custo do comércio entre os dois países, ao eliminar o pagamento de comissões na conversão dos ienes e dos yuans em dólares e de volta em ienes e yuans.
A explicação oficial para este novo relacionamento direto, que evita o uso do dólar norte-americano, é conversa de diplomata. Os japoneses esperam, como os chineses, sair da prática de acumular cada vez mais dólares estacionando o dinheiro dos superávits comerciais em papéis do Tesouro dos Estados Unidos. O governo marionete do Japão espera que Washington não exija o cancelamento do acordo com a China.
Agora chegamos aos detalhes. A pequena porcentagem de norte-americanos que está informada sobre o que está acontecendo fica em dúvida sobre o motivo pelo qual os banqueiros escaparam de seus crimes financeiros sem serem processados. A resposta pode ser que os bancos “muito grandes para falir” são adjuntos de Washington e do Banco Central dos Estados Unidos na manutenção da estabilidade do dólar e do mercado de papéis do Tesouro, diante da política insustentável que acabamos de explicar.
Primeiro vamos dar um olhada em como os grandes bancos podem manter a taxa de juros dos papéis do Tesouro baixas, menores que a inflação, apesar do constante aumento da relação dívida/PIB dos Estados Unidos — preservando assim a capacidade do Tesouro de sustentar a dívida.
Os bancos muito grandes para falir têm um enorme interesse em manter a taxa de juros baixa e no sucesso das políticas do Fed [Banco Central]. Os grandes bancos estão em posição de garantir o sucesso da política do BC. O JPMorganChase e outros bancos gigantes podem derrubar a taxa de juros dos papéis do Tesouro e, com isso, forçar alta no mercado de ações, ao vender Interest Rate Swaps (IRSwaps), swaps de taxa de juros.
Uma companhia financeira que vende IRSwaps promete pagar taxa de juros flutuante em papéis com taxa de juros fixa. O comprador está comprando um acordo que requer dele pagar uma taxa de juros fixa em troca de receber uma taxa de juros flutuante.
A razão para o vendedor do IRSwap fazer o negócio é sua crença de que a taxa de juros vai cair. A própria venda faz a taxa cair, provocando aumento no preço dos papéis do Tesouro. Quando isso acontece, como demonstram os gráficos aqui, há uma recuperação no mercado de papéis do Tesouro que a mídia financeira prostituta atribui a “fuga em direção ao porto seguro do dólar e dos papéis do Tesouro”. Na verdade, há indícios de que os swaps são vendidos por Wall Street sempre que o Banco Central precisa evitar o aumento da taxa de juros para proteger sua política insustentável. A venda de swaps cria a impressão de uma fuga em direção ao dólar, mas nenhuma fuga acontece. Como os IRSwaps não exigem troca de valores ou bens reais, são apenas uma aposta nos movimentos da taxa de juros, não há limite no volume de venda de IRSwaps.
Este aparente conluio sugere a alguns observadores que a razão pela qual os banqueiros de Wall Street não foram processados por seus crimes é que eles são parte essencial da política do Banco Central de preservar o dólar norte-americano como moeda mundial. Provavelmente o conluio entre o BC e os bancos é organizado, mas não tem necessariamente de ser. Os bancos são beneficiários da política de juros zero do BC. É do interesse dos bancos apoiá-la. Um conluio organizado não é necessário.
Vamos agora tratar do ouro e da prata. Baseado em análises confiáveis, Gerald Celente e outros analistas previram que o preço do ouro seria de 2 mil dólares por onça no fim do ano passado. Ouro e prata continuaram durante 2011 sua alta de dez anos de duração, mas em 2012 o preço do ouro e da prata foram derrubados, com o ouro caindo 350 dólares de seu valor recorde, de U$ 1.900 por onça.
Em vista da análise que apresentei, qual é a explicação para esta reversão? A resposta mais uma vez é a aposta na queda dos preços. Gente que tem conhecimento do setor financeiro acredita que o BC (e talvez também o Banco Central Europeu) faz vendas a descoberto através de bancos de investimento, garantindo quaisquer perdas com o apertar de uma tecla de computador, já que bancos centrais podem criar dinheiro do ar.
Gente de dentro me informa que uma pequena porcentagem dos que compram querem a entrega física do ouro ou da prata, mas se contentam depois com acordos financeiros. Não há limite para a venda de opções de ouro ou prata. Estas vendas podem exceder o valor total da quantidade conhecida de ouro ou prata.
Gente que tem acompanhado o processo por anos acredita que a venda dirigida pelo governo de opções de compra de ouro ou prata acontece faz muito tempo. Mesmo sem participação do governo, os bancos podem controlar o volume das negociações de papel lastreado em ouro e lucrar com as oscilações decorrentes. As vendas recentes tem sido tão agressivas que não apenas reduzem a alta de preços dos metais, mas provocam sua queda. Essa agressividade é sinal de que o sistema está prestes a dissolver?
Em outras palavras, “nosso governo”, que alegadamente nos representa, em vez dos poderosos interesses privados que elegem “nosso governo”, com suas contribuições multimilionárias de campanha, agora legitimado pela Suprema Corte republicana, está fazendo o possível para nos privar — meros cidadãos, escravos, trabalhadores escravos e “extremistas domésticos” — do direito de proteger nossa riqueza da política de deboche da moeda praticada pelo Banco Central. Vendas a descoberto [naked short-selling] evitam que aumento da demanda por barras físicas de ouro ou prata aumentem o preço dos metais.
Jeff Nielson explica outra forma pela qual os bancos fazem vendas a descoberto de ouro e prata, ainda que não os possuam fisicamente. Nielson diz que o [banco] JPMorgan é curador do maior fundo de prata existente e é também o maior vendedor de prata a descoberto. Sempre que o fundo aumenta sua reserva de barras de prata, o JP Morgan vende uma quantidade igual a descoberto. As vendas compensam o aumento que resultaria de maior demanda física pela prata. Nielson também diz que os preços de metais podem ser contidos com o aumento das garantias exigidas dos interessados em comprar ouro ou prata. A conclusão é de que os mercados de ouro e prata podem ser manipulados tanto quanto os mercados de papéis do Tesouro e de taxas de juros.
Por quanto tempo podem continuar as manipulações? Quando a proverbial m…. vai atingir o ventilador?
Se soubessemos a data precisa, seriamos os próximos megabilionários.
Seguem alguns catalisadores que podem detonar o fogo que consumirá o mercado de papéis do Tesouro e o dólar norte-americano:
Uma guerra, exigida pelo governo israelense, contra o Irã, começando na Síria, que interrompa o fluxo de petróleo e, portanto, afete a estabilidade das economias ocidentais ou que leve os Estados Unidos e suas marionetes da OTAN a um conflito armado com a Rússia ou a China. O aumento nos preços do petróleo degradaria ainda mais as economias dos Estados Unidos e da União Europeia, mas Wall Street ganharia direito nas vendas de petróleo.
Uma estatística desfavorável que acorde os investidores para o estado da economia dos Estados Unidos, uma estatística que a mídia prostituta não consiga esconder.
Um confronto com a China, que leve o governo chinês a decidir que derrubar os Estados Unidos para um status de terceiro mundo valha um trilhão de dólares.
Outros erros no mercado de derivativos, como o recente do JPMorganChase, que derrube de novo o sistema financeiro dos Estados Unidos e nos relembre que nada mudou.
A lista é longa. Existe um limite para o número de erros estúpidos e políticas financeiras corruptas que o restante do mundo está disposto a aceitar dos Estados Unidos. Quando aquele limite for atingido, acabou para o “único superpoder do mundo” e para os donos de bens denominados em dólar.
A desregulamentação financeira converteu o sistema financeiro, que no passado serviu a empresas e consumidores, num cassino cujas apostas não estão cobertas. Estas apostas descobertas, juntamente com a política de juros zero do Banco Central, expuseram o padrão de vida e a riqueza dos norte-americanos a grande declínio. Aposentados que dependem de sua poupança e investimento não ganham nada e são forçados a consumir seu capital, com isso acabando com o capital dos herdeiros. A riqueza acumulada é consumida.
Como resultado da transferência de empregos para o exterior, os Estados Unidos se tornaram um país dependente de importações, de bens manufaturados, roupas e sapatos estrangeiros. Quando a taxa de câmbio do dólar cai, os preços nos Estados Unidos sobem e o consumo nos Estados Unidos sofre. Os norte-americanos vão consumir menos e seu padrão de vida vai cair dramaticamente.
As sérias consequências dos enormes erros cometidos em Washington, em Wall Street e nos escritórios das corporações estão sendo enfrentados como uma política insustentável de taxa de juros baixa e por uma imprensa financeira corrupta, enquanto a dívida se acumula. O Banco Central já passou por esta experiência antes. Durante a Segunda Guerra Mundial o Fed manteve as taxas de juros baixas para ajudar o Tesouro a financiar a guerra, reduzindo assim os juros pagos na dívida acumulada no esforço de guerra. O BC manteve os juros baixos comprando papéis da dívida. A inflação resultante, no pós-guerra, levou ao Acordo BC-Tesouro de 1951, pelo qual o Banco Central deixou de monetizar a dívida e permitiu o aumento das taxas de juros.
O presidente do Fed, Bernanke, tem falado sobre um “estratégia de saída” e disse que quando a inflação ameaçar, ele poderá evitá-la tirando dinheiro do sistema bancário. No entanto, ele só pode fazer isso vendendo papéis do Tesouro, o que significa aumento na taxa de juros. Um aumento na taxa de juros ameaça a estrutura dos derivativos, causando perda no mercado de ações e aumento no custo das dívidas privada e pública. Em outras palavras, evitar a inflação causada pela monetização da dívida causaria problemas mais imediatos que a inflação. Em vez de provocar o colapso do sistema, o BC não escolheria inflacionar?
Eventualmente, a inflação erodiria o poder de compra do dólar, o uso dele como moeda de reserva mundial e a nota do crédito do governo dos Estados Unidos seria rebaixada. No entanto, o Fed, os políticos e os gângsters financeiros prefeririam uma crise mais tarde, em vez de uma crise agora. Entregar um navio que afunda para a próxima geração é melhor que afundar com ele. Enquanto os swaps de taxa de juros puderem ser usados para impulsionar os preços dos papéis do Tesouro e enquanto as vendas a descoberto de ouro e prata puderem ser usadas para evitar o aumento no preço dos metais, a imagem falsa dos Estados Unidos como porto seguro para os investidores pode ser perpetuada.
No entanto, os 230 trilhões de dólares em apostas em derivativos feitas por bancos norte-americanos podem trazer suas próprias surpresas. O JPMorganChase foi obrigado a admitir que sua perda recente de 2 bilhões de dólares em derivativos foi maior que isso. Quanto mais, ainda não sabemos. De acordo com o Controlador da Moeda, os cinco maiores bancos dos Estados Unidos emitiram 97,7% de todos os derivativos. Os cinco bancos que emitiram 226 trilhões em derivativos são jogadores comprometidos. Por exemplo, o JPMorganChase tem um total de U$ 1,8 trilhão de bens em carteira, mas U$ 70 trilhões em apostas em derivativos, uma relação de 39 dólares em apostas em derivativos para cada dólar na carteira. Tal banco não precisa perder muitas apostas até sucumbir.
Bens, naturalmente, não são capital sem risco. De acordo com o relatório do Controlador da Moeda, em 31 de dezembro de 2011 o JPMorganChase tinha U$ 70,2 trilhões em derivativos e apenas U$ 136 bilhões em capital. Em outras palavras, as apostas do banco em derivativos são 516 vezes maiores que o capital que cobre aquelas apostas.
É difícil imaginar uma posição mais irresponsável e instável para um banco, mas o Goldman Sachs é o campeão. Com apostas de U$ 44 trilhões em derivativos, o banco tem apenas U$ 19 bilhões em capital, resultando em apostas 2.295 vezes maiores que o capital do banco para cobrí-las.
Apostas na taxa de juros representam 81% de todos os derivativos. São estes derivativos que sustentam os altos preços dos papéis do Tesouro, apesar dos massivos aumentos da dívida dos Estados Unidos e de sua monetização.
As apostas em derivativos dos bancos dos Estados Unidos, de U$ 230 trilhões, concentradas em cinco bancos, são 15,3 vezes maiores que o PIB dos Estados Unidos. Um sistema político falido que permite a bancos desregulamentados fazer apostas 15 vezes maiores que a economia dos Estados Unidos é um sistema destinado a fracasso catastrófico. Quando se espalhar a informação sobre esta fantástica falta de responsabilidade dos sistemas político e financeiro dos Estados Unidos, a catástrofe vai se tornar realidade.
Todos querem uma solução, então vou sugerir uma. O governo dos Estados Unidos deveria simplesmente cancelar os U$ 230 trilhões em apostas em derivativos, declarando-as nulas. Como bens reais não estão envolvidos, apenas a jogatina em valores, o único grande efeito de cancelar todos os swaps seria tirar U$ 230 trilhões de risco do sistema financeiro. Os gângsters financeiros que querem continuar a lucrar enquanto o público subscreve suas perdas iriam gritar e protestar alegando a santidade dos contratos. No entanto, um governo que pode matar seus próprios cidadãos ou jogá-los na masmorra sem processo legal pode perfeitamente abolir todos os contratos que quiser em nome da segurança nacional. E, com certeza, ao contrário da guerra contra o terror, purgar o sistema financeiro da jogatina dos derivativos melhoraria muito a segurança nacional.

* Paul Craig Roberts foi secretário assistente do Tesouro dos Estados Unidos, editor assistente do Wall Street Journal, colunista da Business Week e professor de economia.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Intelectuais e artistas defendem asilo político para Assange

 
 
 
Intelectuais e artistas defendem asilo político para Assange
 

David Brooks - La Jornada


Nova York - Um amplo leque de intelectuais, artistas, cineastas e escritores de várias partes do mundo solicitaram ao governo do Equador que conceda asilo a Julian Assange, Fundador do Wikileaks, que se encontra refugiado na embaixada desse país em Londres.

Noam Chomsky, Michael Moore, Tariq Ali, Oliver Stone, o ator Danny Glover, o comediante Bill Maher, Daniel Ellsberg, ex-analista militar famoso por divulgar os Papeis do Pentágono durante a guerra do Vietnã, e Denis J. Halliday, ex-secretário geral assistente da Organização das Nações Unidas, entre dezenas de outras personalides, assinaram a carta de apoio ao pedido de Assange de asilo político, a qual foi entregue segunda-feira (26) à embaixada do Equador em Londres.

Afirmaram que por se tratar de um caso claro de ataque contra a liberdade de imprensa e contra o direito do público de conhecer verdades importantes sobre a política externa, e porque a ameaça à saúde e ao bem-estar é séria, pedimos que seja concedido asilo político ao senhor Assange.

O fundador do Wikileaks ingressou na sede diplomática equatoriana a semana passada para evitar sua extradição para a Suécia. Os signatários da carta entregue ontem concordam com o agora fugitivo (rompeu as condições de sua detenção domiciliar ao entrar na sede diplomática) que há razões para temer sua extradição, pois há uma alta probabilidade de que, uma vez na Suécia, seja encarcerado e provavelmente extraditado para os Estados Unidos.

O governo de Barack Obama realizou um processo conhecido como grande júri para preparar uma possível acusação legal criminal contra Assange, ainda que o procedimento seja secreto até emitir sua conclusão. Além disso, meios de comunicação relataram que os departamentos de Defesa e de Justiça investigaram se Assange violou leis penas com a divulgação de documentos oficiais.

Os signatários sustentam que esta e outras evidências mostram a hostilidade contra Wikileaks e seu criador por parte do governo estadunidense, e que se ele fosse processado conforme a Lei de Espionagem nos Estados Unidos poderia enfrentar a pena de morte. Além disso, acusam o tratamento desumano ao qual foi submetido Bradley Manning, o soldado acusado de ser a fonte dos documentos vazados para Wikileaks.

Reivindicamos que seja outorgado asilo político ao senhor Assange, porque o ‘delito’ que ele cometeu foi o de praticar o jornalismo”, afirmam na carta. Assange revelou importantes crimes contra a humanidade cometidos pelo governo dos Estados Unidos. Os telegramas diplomáticos revelaram as atividades de oficiais estadunidenses atuando para minar a democracia e os direitos humanos ao redor do mundo, acrescentam.

A carta, entregue por Robert Naiman, diretor da organização estadunidense Just Foreign Policy, autora da iniciativa, foi acompanhada de outra petição assinada por mais de 4 mil estadunidenses que solicitam que o governo do Equador conceda asilo a Assange.

A íntegra da carta pode ser vista em justforeignpolicy.org/node/1257.

Movimentos sociais pedem suspensão do Paraguai e inclusão da Venezuela

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Movimentos pedem suspensão do Paraguai e inclusão da Venezuela
 

Najla Passos


Brasília - Representantes dos movimentos sociais, deputados e senadores pediram ao governo brasileiro que defenda, na reunião da Cúpula do Mercosul, a suspensão do Paraguai e a inclusão imediata da Venezuela ao bloco. O pleito foi formulado ao ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, em audiência ocorrida nesta quarta (27), antes que ele deixasse o país para participar da reunião, que começa nesta quinta (28), em Mendonza, na Argentina.

De acordo com parlamentares e militantes, o presidente eleito democraticamente pelo povo paraguaio, Fernando Lugo, foi deposto por um golpe de estado que coloca em risco à construção da democracia em toda a América Latina.Mais do que o Lugo, todo o povo paraguaio foi vítima deste golpe. O Brasil precisa condenar essas investidas com firmeza”, justificou o coordenador do MST, Alexandre Conceição.

Segundo ele, nos últimos 12 anos, há um avanço dos movimentos organizados que elegeram presidentes comprometidos com uma pauta popular em toda a América Latina. Por outro lado, há também uma contrainvestida conservadora para desestabilizar a democracia na região. “Exemplos são a tentativa de golpe na Venezuela, a invasão da fronteira do Equador pela Colômbia, o golpe em Honduras e, agora, no Paraguai”, observou.

O coordenador disse que o grupo também pediu à Patriota que os ajude a viabilizar uma missão parlamentar para correr o Paraguai investigando as denúncias de que o novo governo comandado pelo recém empossado Frederico Franco, esteja repremindo os movimentos camponeses e de luta contra o golpe. “Os movimentos sociais estão mobilizados. Estamos pautando várias ações para denunciar o que ocorreu no Paraguai”, acrescentou.

O porta-voz do Itamaraty, Touvar Nunes, afirmou que o pleito coincide com as posições já manifestadas pelo governo brasileiro. “Há uma mesma percepção de que houve no Paraguai uma ruptura do processo democrático, um o atentado à democracia. A diferença é apenas no tom, já que os movimentos sociais têm todo o direito de serem mais contundentes”, explicou.

Nunes considerou o momento prematuro para se avaliar a inclusão da Venezuela no Mercosul. “O Brasil, individualmente, apoia a entrada da Venezuela. Mas discuti-la, neste momento, é prematuro, porque ainda não se discutiu a suspensão do Paraguai”, afirmou. De todos os países que integram o bloco, o Paraguai é o único que ainda não aprovou a adesão do estado presidido por Hugo Chaves.

Os parlamentares e representantes dos movimentos sociais também entregaram ao ministro uma moção de repúdio, subscrita por cinco senadores, onze deputados, e por representantes de movimentos camponeses, sindicais, estudantis, universidades e igrejas.

Datafolha: fotos, símbolos e caricaturas

 
 
 

Datafolha: fotos, símbolos e caricaturas


O Datafolha entregou os números que as manchetes da Folha, sobre a aliança PT/Maluf, cuidaram de induzir cuidadosamente durante os sete dias que antecederam a sondagem. O intervalo cobre o período que vai da publicação da polêmica foto do encontro entre Lula, Haddad e Maluf, selando o apoio do PP ao candidato petista, e a ida à campo dos pesquisadores. "64% dos petistas rejeitam apoio de Maluf", diz, cheio de gula, o jornal da família Frias, em título de seis colunas, da edição desta 4ª feira.
Mas a pesquisa desta semana do Datafolha revela também nuances não previstas e pouco destacadas pelo jornal. Em parte, por certo, porque sujam a narrativa maniqueísta da 'desilusão petista' mas, sobretudo, pelo que revelam da correnteza submersa, a comprimir um favoristimo quebradiço e engessado de José Serra. Por exemplo: a) para 50% dos entrevistados pelo Datafolha, o apoio de Maluf (do qual podem até não gostar) é indiferente ou benéfico a Haddad; b) 36% votariam no candidato indicado por Lula; c) só 21% sabem que esse candidato é Haddad; d) a defasagem de 15 pontos, mais os 6% atribuídos ao petista pelo Dafolha reduzem a 10 pontos a distancia atual entre Haddad e Serra; e) Serra não sai do degrau de 30% de votos, mas evolui com desenvoltura no quesito rejeição - ela já era alta e saltou de 32% para 35%, num intervalo inferior a duas semanas, em julho. A de Haddad, ao contrário, é baixa (12%) e estável.





 
 
Folha.com, 27/06/2012

Justiça Eleitoral multa Serra por propaganda antecipada na web

DE SÃO PAULO

O juiz da 1ª Zona Eleitoral, Henrique Harris Júnior, multou o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, em R$ 5.000 por propaganda eleitoral antecipada em site na internet.
A representação foi proposta pelo diretório municipal do PT. Segundo a sentença, o site contém textos e vídeos que podem ser comentados, verificando-se que os internautas reconhecem Serra como candidato e o enaltecem como a melhor escolha para a cidade.
Para o magistrado, "os comentários, antes de serem publicados no site, passam pelo crivo do representado por meio da ferramenta de moderação".
"O que causa estranheza é o fato de não haver sequer um comentário negativo ou questionador de sua candidatura. Pelo contrário, todos lhes são favoráveis e depreciativos em relação aos adversários políticos, configurando propaganda negativa."
O propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 5 de julho, inclusive na internet. Cabe recurso de Serra ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo.
A assessoria da campanha tucana informou à reportagem que a defesa de Serra vai recorrer da decisão do juiz.