terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O Oscar e o assalto à Petrobras




O Oscar e o assalto à Petrobras



Por Márcio Dayrell Batitucci




Todos acompanharam o vexame ocorrido na cerimônia do último Oscar, quando anunciaram erradamente o "Melhor Filme" e, minutos depois, a equipe "vencedora" teve de passar o troféu à equipe realmente premiada e descer do palco, coberta de vergonha!...

Todos viram o vexame, mas poucos sabem que os únicos responsáveis diretos por esse tremendo "mico", foram os "competentes" auditores da PricewaterhouseCoopers ( PWC ), encarregados de "administrar" o Oscar, em suas várias etapas.

Os episódios de incompetência ou de má fé dessa tal de PWC, não vêm de agora e, infelizmente, não se reduzem a uma simples troca de envelopes para a concessão de um prêmio...

Nós, da Petrobras, conhecemos bem o "buraco alimentado" pela incompetência dessa "Empresa Internacional de Consultoria", co-responsável pela sangria criminosa de bilhões ocorrida na Petrobras, quase levando-a à falência!

Com efeito, desde 2010, essa PWC foi a Empresa de Auditoria contratada pela Petrobras, para analisar, auditar e aprovar os seus Balanços! E, pasmem, foram todos aprovados sem qualquer ressalva, na fase áurea dos desvios cometidos por seus altos Executivos, que levaram bilhões por baixo do pano! A PWC não detectou nada, não viu nada, não percebeu nada, não conseguiu descobrir um centavo de irregularidade! E como deve ter ganho dinheiro para fazer essas "Auditorias", durante todos esses anos!....

O lamentável em toda essa história é que, em princípio, o prejuízo de bilhões causado à Petrobras, sob a lupa da Empresa encarregada de analisar e auditar os Balanços, só será pago pelo contribuinte brasileiro! A PWC, que tinha por ofício analisar e descobrir esses inimagináveis rombos, provavelmente não será cobrada nem responsabilidade por sua incompetência ou por sua cumplicidade!

Mas, não foi por falta de aviso : em 2008, essa mesma PWC, foi contratada pelo sindicalista gestor de RH da Empresa, Diego Hernandes, para coordenar e executar um trabalho batizado com o pomposo nome de 'Desafios da Visão 2020 da Petrobras e impacto na Gestão de Pessoas'.

Referido estudo teve vagamente definidos como seus principais objetivos:

- Obter as principais percepções e proposições da Alta Administração da Petrobras em relação às diferentes dimensões organizacionais, estruturais, de tecnologia e de pessoas, tendo em vista os novos cenários e o impacto que a evolução dos negócios trará para a gestão de pessoas na Companhia.

- Obter a indicação das questões prioritárias a serem trabalhadas pelo RH, bem como as principais barreiras e facilitadores.

E foi realizado com a participação dos 23 mais Altos Executivos da Empresa, entre eles os srs. José Sergio Gabrielli, ( presidente da Empresa ), Paulo Roberto Costa, Almir Babassa, Jorge Luiz Zelada, Renato de Souza Duque ( Diretores ) e o próprio sindicalista Diego Hernandes (Gerente Executivo de RH ), todos eles envolvidos e citados nas Operações que investigam os desvios ocorridos na Petrobras, durante o período de "auditagem" da PWC! 

Algum tempo depois da divulgação do "Relatório" desse Estudo produzido pela PWC, realizei junto com os colegas Wagner Paulino e Raul Bergmann, uma detalhada, minuciosa e extensa análise crítica desse trabalho, apontando suas diversas inconsistências e falhas de concepção, de estruturação, de realização, de escolha da amostra dos participantes e de resultados efetivos. Principalmente mostrando a incompetência e a falta de propriedade da Empresa responsável, a PWC, em sua metodologia e em suas abordagens. O estudo / trabalho realizado pela PWC, não passou de uma "brincadeirinha" realizada com os altos Executivos da Petrobras, não produzindo qualquer resultado ou ação de replanejamento, em relação às disfunções existentes!...

Os detalhes dessa análise crítica são por demais extensos e técnicos para serem aqui reproduzidos! Mas, somente a título de exemplo da ineficácia e do desperdício desse estudo, realizado por uma Empresa que parece nem saber o que significa a Função Recursos Humanos, relato as seguintes "curiosidades" :

- Expondo o resultado de nossa análise crítica a dois Diretores da Empresa, que participaram do Estudo, eles nem sequer sabiam do que se tratava e, até, negaram que tivessem participado do trabalho, antes de verem seus nomes relacionados no Relatório.

- Expondo o resultado de nossa análise crítica ao sindicalista sr. Diego Hernandes, Gestor de RH da Empresa e a sua equipe, os mesmos sequer queriam nos ouvir, pareciam nem saber a diferença que existe entre "Missão", "Objetivos", "Diretrizes" e "Funções" de RH... Depois de 15 minutos de contestações e de acusações de que "não conhecíamos o que acontecia na Empresa", encerraram a reunião, nos prometendo enviar detalhes da "Avançada Política de RH vigente", apontada pelos Executivos participantes do trabalho e por nós, como inexistente! Até hoje, 8 anos depois, estamos esperando a remessa desse material.

As "curiosidades" acima listadas só confirmam a incompetência e a irresponsabilidade dessa PWC, ao realizar trabalho de consultoria em área que não é de sua especialidade, sem qualquer recomendação ou resultado efetivos, sem amarração de compromissos futuros,
etc.. Aliás, mesmo que estivesse navegando em atividades de sua competência, o resultado não seria positivo, como aconteceu em sua desastrada "auditoria" realizada na Petrobras, desde 2010.

Como agora, nessa trapalhada do Oscar, os "especialistas" da PWC devem estar ensaiando mil desculpas para apresentarem aos Órgãos Públicos que estão investigando o rombo ocorrido na Petrobras, nesses últimos anos...

E pasmem : o juiz responsável pela ação coletiva envolvendo a Petrobras, nos E.U.A., Jed Rakoff, considerou que a PWC "...não sabia do esquema de corrupção na empresa brasileira e, quando tomou conhecimento das irregularidades, agiu rápido para identificar os problemas..."

os advogados dos fundos prejudicados, afirmam que a PWC fez vista grossa ao esquema de corrupção e que até "um auditor júnior" teria visto a "bandeira vermelha" na Petrobras. A PWC "...sabia ou, no mínimo, foi imprudente em não saber..."
Fácil, não ?

E tudo continua como dantes, no quartel de Abrantes...



http://www.brasil247.com/pt/247/economia/281143/Aepet-denuncia-%E2%80%9Ca-constru%C3%A7%C3%A3o-da-ignor%C3%A2ncia-sobre-a-Petrobras%E2%80%9D.htm




Brasil 247, 19/02/17




A construção da ignorância sobre a Petrobras



Por Felipe Coutinho*





Quem pensa que a Petrobras está quebrada, que a produção do pré-sal é lenta, que o pré-sal é um mico e não tem valor ou que a exportação de petróleo por multinacionais pode desenvolver o Brasil está sendo enganado. É vítima da ignorância promovida pelos empresários da comunicação, políticos e executivos à serviço das multinacionais do petróleo e dos bancos.


A ignorância de muitos brasileiros em relação aos principais temas que determinam a sua vida, e condicionam o seu futuro, é resultado de uma construção social. Os interesses dos banqueiros, dos controladores das multinacionais do petróleo e dos rentistas são promovidos, em detrimento da maioria que vive do trabalho, estuda ou depende da seguridade social.


A maioria não sabe que quase a metade do orçamento público se destina a pagar os juros e a amortização da dívida pública. Desconhece as ilegalidades e ilegitimidades na formação dessa dívida que, se auditada, poderia ser reduzida. Ignoram a estrutura regressiva dos impostos na qual os que vivem do salário e recebem menos pagam mais. Não sabem que a previdência social é superavitária considerando os impostos que são desvinculados da seguridade para o pagamento dos juros da dívida. Também desconhecem o prejuízo operacional do Banco Central.
Aqui trato das falácias mais repetidas a respeito da Petrobras. [1][2][3][4]


O sucesso na descoberta e desenvolvimento do pré-sal


A província do pré-sal é a maior descoberta das últimas décadas e está entre as maiores da história, mas as reservas ainda não foram dimensionadas com maior grau de confiança. São estimadas reservas de 30 a 100 bilhões de barris de petróleo equivalente, mas este volume pode ser superado em função da natureza geológica, do desenvolvimento tecnológico e das condições macroeconômicas. [5][6]


A Petrobras investiu centenas de milhões de dólares e teve sucesso ao comprovar a existência do pré-sal, de acordo com o modelo geológico desenvolvido pelo corpo técnico da companhia. A descoberta pioneira se deu no campo de Lula (anteriormente denominado Tupi), com reservas recuperáveis de 8,3 bilhões de barris de petróleo equivalente. [6]


A companhia anglo holandesa Shell era operadora do campo de Libra quando o devolveu à Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis (ANP) declarando que não era comercialmente viável. Mais tarde, comprovado o modelo geológico do pré-sal e atuando como operadora, a Petrobras alcançou o pré-sal em Libra. Confirmou a maior descoberta entre os campos do pré-sal com reservas recuperáveis entre 8 e 12 bilhões de barris de petróleo equivalente. [7]


A produção do pré-sal tem sido acelerada em tempo recorde na comparação com o desenvolvimento de outras províncias em águas profundas, como o Golfo do México, Mar do Norte ou Bacia de Campos. Já foi produzido mais de 1 bilhão de barris e o pré-sal representa hoje quase 50% da produção diária nacional. [8]


A sina colonial ainda nos assola


Desde o Brasil Colônia até a República a economia brasileira se dedica ao suprimento de matérias primas para os centros imperiais. Pau brasil, cana de açúcar, minérios (ouro, prata e diamantes), cacau, borracha, dendê, café. Hoje, ainda os minérios, a soja, a carne etc. Todos os ciclos têm características comuns, beneficiam uma pequena elite, passam por períodos de ascensão, ápice e queda. Deixam o rastro de devastação ambiental e social, com a maior parte da população excluída dos ganhos nos períodos prósperos, mas herdeira do caos do período decadente. Privatização dos lucros e socialização dos prejuízos.


Devemos usar a riqueza do petróleo brasileiro na medida do nosso desenvolvimento, para atendimento às nossas necessidades. Desenvolver uma indústria forte e diversificada com participação e controle social. Construir a infraestrutura para produção de energias renováveis e preparar nossa sociedade para o futuro.


Nenhum país se desenvolveu exportando petróleo por meio de multinacionais estrangeiras. Nenhum país, continental e populoso como o Brasil, se desenvolveu exportando petróleo
. Existe correlação entre o desenvolvimento humano (IDH) e o consumo de energia primária per capta. [9]


Os erros do passado não justificam os erros do presente


Entre 2003 e 2014 a Petrobras assumiu riscos com a elevada exposição ao preço do dólar e a política monetária do Banco Central dos EUA, o Federal Reserve (FED). Assumiu riscos em relação ao câmbio, preço do petróleo, ao alto nível de investimento para exportação e à dívida em moeda estrangeira. A desvalorização do Real e do Petróleo não são eventos independentes, são consequências da valorização do dólar, resultado do fim dos ciclos de liquidez monetária do FED (Quantitative Easing, QE). [9]


O gráfico 1 apresenta a forte correlação entre os preços do petróleo e do Real em relação ao dólar.


Gráfico 1 [10]


O gráfico 2 revela que de 2009 a 2014, com os ciclos de liquidez monetária, através da compra e acúmulo de títulos públicos e hipotecários pelo FED, a moeda norte americana se desvaloriza. Com o fim dos ciclos de injeção monetária, em agosto de 2014, a moeda norte americana se valoriza com severo impacto na desvalorização do real e do petróleo. [9][10]


Gráfico 2 [10]


O plano estratégico de 2011, por exemplo, dependia da elevação do endividamento em dólares e contavam com a projeção de receita futura com a venda em reais no mercado interno e a exportação de petróleo valorizado. Condições dependentes da desvalorização do dólar e, portanto, vulneráveis a sua apreciação. [11]


O correto, e mais prudente, seria projetar o crescimento da produção de petróleo na medida da demanda interna, agregar valor com a produção de derivados, petroquímicos, fertilizantes etc. Além de substituir importações para reduzir a necessidade de dólares.



Além dos riscos assumidos, houve a subordinação da Petrobras ao cartel dos empreiteiros, viabilizada pelos políticos traficantes de interesses e por executivos de aluguel. Também relevante foi o prejuízo derivado da política de subsídios aos preços dos combustíveis, com perdas entre 20 e 30 bilhões de dólares aos cofres da companhia. [12][13][14]


Os erros do passado não podem ser utilizados para justificar os erros do presente.
É possível reduzir a dívida da Petrobras sem realizar as privatizações previstas entre 2017 e 2021 de US$ 19,5 bi. [15]


O Plano Estratégico e de Negócios vigente (PNG 2017-2021) prevê receita de 179 bilhões de dólares entre 2017 e 2021. Deste montante, 158 bilhões são resultado da geração operacional após o pagamento dos dividendos. Outros 19,5 bilhões da venda de ativos e 2 bilhões do caixa. Entre os usos, prevê 74 bilhões em investimentos, 73 bilhões em amortizações e 32 bilhões em despesas financeiras. Como resultado, o plano antecipa a redução da alavancagem (razão entre a dívida líquida e a geração de caixa após pagamento dos dividendos) de 4,5 para 2,5 em 2018. [15]


Demonstramos que a Petrobrás não precisa vender ativos para reduzir seu nível de endividamento. Ao contrário, na medida em que vende ativos ela reduz sua capacidade de pagamento da dívida no médio prazo e desestrutura sua cadeia produtiva, em prejuízo à geração futura de caixa, além de assumir riscos empresariais desnecessários. Em “Existe alternativa para reduzir a dívida da Petrobrás sem vender seus ativos” demonstramos que a alienação de ativos é uma escolha política e empresarial, e revelamos que ela é desnecessária.


Apresentamos alternativa que preserva a integridade corporativa da Petrobras e sua capacidade de investir, na medida do desenvolvimento nacional e em suporte a ele. Enquanto garante a sustentação financeira, tanto pela redução da dívida, quanto pela preservação da geração de caixa a médio prazo. A Tabela 1 resume o comparativo. [16]


Tabela 1 [16]


Na alternativa estudada a partir de parâmetros públicos da Petrobrás, sem vender um único ativo, a alavancagem poderia cair de 4,5 para 3,1 em 2018, indicador inteiramente razoável. A amortização anual da dívida, com recursos de parte da geração de caixa, resultaria na redução da alavancagem para 2,5 em meados de 2021. O estudo é conservador na medida em que não contabiliza a geração de caixa adicional pela preservação dos ativos rentáveis que se pretende vender até 2018. [16]


A privatização era tratada publicamente com o eufemismo do desinvestimento, e ainda é tratada desta maneira no Plano Estratégico (PNG 2017-2021). Entretanto, desde que o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Justiça Federal suspenderam a venda dos ativos sem licitação, por meio da negociação direta ou das cartas convites, a direção da Petrobras passou a tratar da privatização sob o novo eufemismo das parcerias. [18][19][20]


Além do falso argumento de que é necessário privatizar para reduzir a dívida, os apologistas das parcerias argumentam que elas seriam benéficas porque trariam aprendizado tecnológico e de gestão para a Petrobras. A descoberta do pré-sal e o sucesso do seu desenvolvimento sob a liderança da Petrobras, além do Fracasso da Gestão das Multinacionais revelam que tais argumentos refletem o perfil ideológico daqueles que os professam. [21]


Prejuízos contábeis e Impairment


A opinião pública é manipulada em função dos prejuízos contábeis registrados nos balanços de 2014, 2015 e 2016 (terceiro trimestre, balanço anual ainda não consolidado). O prejuízo contábil é resultado da reavaliação dos ativos por meio dos testes de recuperação de valor (impairment).


Os interessados em propalar a "quebra da Petrobras" e justificar a venda dos seus ativos se fixam nos prejuízos contábeis e esquecem dos pujantes resultados operacionais que revelam a imensa capacidade de geração de riqueza da companhia. Também não consideram as altas e crescentes reservas em caixa e que a simples valorização do real perante o dólar já reduziu a significativamente a dívida. Em 31 de dezembro de 2015, cerca de 84% do endividamento eram denominados em outras moedas que não o real (74% em dólar norte-americano). Da dívida total de 126 bilhões, 93 bilhões eram marcados em dólares. Com a valorização da cotação do real de 3,95 para 3,07 para cada dólar, entre 30/12/15 e 15/2/17, podemos estimar uma redução equivalente a 82 bilhões de reais ou 26,7 bilhões de dólares na dívida. [24]


A redução da dívida pela simples apreciação do real é 37% maior do que a Petrobras planeja arrecadar com a privatização que resultará na saída das atividades de produção de biocombustíveis, distribuição de GLP (gás de petróleo liquefeito), produção de fertilizantes e das participações em petroquímica. Também da reestruturação no segmento de gás, cuja estratégia é adequar a participação da companhia e, no setor de energia, reorganizar as participações societárias. Assim como das parcerias e desinvestimentos que nos próximos dois anos devem somar US$ 19,5 bilhões, por meio de crescentes parcerias na área de Exploração e Produção, além de Refino, Transporte, Logística, Distribuição e Comercialização (PNG 2017-2021). [25]


Até 2014, antes das revelações da corrupção que vitimou a Petrobras, as consultorias ditas independentes aprovaram todos os balanços anuais, sem ressalvas. Com as revelações da Operação Lava Jato se viram em sério risco de sofrerem processos que poderiam resultar em multas e ressarcimentos milionários.


Segundo o jornalista Luis Nassif, se referindo a atuação da consultora PwC na auditoria do balanço de 2014: [26]


"Em circunstâncias normais ela analisaria o balanço da Petrobras, levantaria as condições de mercado, principalmente a queda substancial no preço do barril de petróleo, e obrigaria a empresa a aplicar o teste do impairment nos seus ativos.


Como as cotações de petróleo caíram pela metade, evitaria lançar toda a diferença em um balanço apenas, mesmo porque não havia ainda informações precisas sobre o nível em que as cotações de petróleo se estabilizariam.


Seriam feitos alguns ajustes parciais e se diluiria o restante do ajuste pelos anos seguintes, dependendo do comportamento do petróleo."


O resultado foi o atraso na divulgação do balanço auditado e a aplicação do impairment como maneira indireta de aferir as perdas pelo sobre preço resultado da corrupção, aplicação questionável tendo em vista que no mesmo balanço de 2014 a Petrobras estimou perdas diretas relativas a extrapolação das propinas para todos os contratos com empresas envolvidas na Lava Jato chegando ao montante de 6,3 bilhões de reais. Ainda segundo Nassif:


"Ora, se o teste do impairment teoricamente calculou o valor justo dos ativos, se se descontar o suposto valor da corrupção, haverá uma subavaliação e o balanço não refletirá a situação da empresa. No caso da Petrobras, o teste do impairment levou a uma baixa contábil de R$ 44,3 bilhões; o tal cálculo aleatório da corrupção, a mais R$ 6,3 bilhões."


Segundo Domingues: [27]


"Na análise da aplicação do teste na indústria petrolífera, ficou evidente o risco existente na atividade de E&P, o que atribui a seus ativos uma incerteza na realização dos fluxos de caixa futuros. E, por fim, na análise de como as variáveis selecionadas se relacionam e, consequentemente, influenciam as Despesas de Impairment de E&P, observou-se, principalmente, a relação inversa dessa variável com os valores das Descobertas. Esses resultados dão indícios de que a variável "Descoberta" deve ser premissa levada em consideração no cálculo do valor de recuperação de um ativo de E&P".


Segundo Lima: [28]


"Ressalte-se, contudo, que os ativos referentes ao Pré-Sal não estão devidamente valorados no ativo contábil da Petrobras. Ativos da área de Abastecimento, como algumas refinarias já amortizadas, também não estão devidamente precificados. Os elevados volumes recuperáveis de petróleo do Pré-Sal, que, atualmente, são o grande “ativo” da Petrobras, ainda estão no reservatório e não podem ser contabilmente registrados no ativo da empresa. O petróleo somente passa a ser propriedade da Petrobras depois de extraído. Com as importantes descobertas no Pré-Sal, as reservas da Petrobras devem ultrapassar 40 bilhões de barris. Vale registrar, ainda, que outras áreas deverão aumentar significativamente as reservas da empresa. Nenhuma empresa de petróleo triplica suas reservas e aumenta sua produção sem grandes investimentos e, consequentemente, sem aumento, no curto prazo, do seu endividamento e da sua alavancagem."


A relação contraditória entre a Petrobras e as consultoras "independentes" desde as revelações da Lava Jato, a polêmica aplicação do teste de impairment para indiretamente estimar o sobre preço nos ativos, a estimativa extrapolada das propinas registradas, redundantemente, como prejuízo no balanço de 2014, a desconsideração das descobertas do pré-sal no cálculo do valor de recuperação dos ativos do E&P e o indisfarçável interesse em depreciar os ativos e a situação financeira da Petrobras para justificar perante a opinião pública a venda açodada de seus ativos nos permite questionar o interesse dos agentes envolvidos.

O valor do petróleo e o fim do petróleo barato de se produzir

O petróleo é uma mercadoria especial, na medida em que não tem substitutos em equivalente qualidade e quantidade. Sua elevada densidade energética e a riqueza de sua composição, em orgânicos dificilmente encontrados na natureza, conferem vantagem econômica e militar àqueles que o possuem. [17]


A sociedade que conhecemos, sua complexidade, sua organização espacial concentrada, sua produtividade industrial e agrícola, o tamanho da superestrutura financeira em relação as esferas industrial e comercial, foi erguida e depende do petróleo.


O fim do petróleo barato de se produzir e a redução do excedente energético e econômico da indústria petroleira está transformando, aceleradamente, a sociedade.


É necessário garantir a propriedade do petróleo e ficar com seu valor de uso. Atender as necessidades dos brasileiros e erguer a infraestrutura dos renováveis para uma nova organização produtiva e social.


Quem desdenha quer vender?

O conhecido ditado popular afirma que “quem desdenha quer comprar”. É estranho observar a postura dos dirigentes da Petrobras cuja prioridade é a venda de ativos, mas em declarações públicas os depreciam.


Quando afirmam que o pré-sal foi indevidamente endeusado, que as unidades petroquímicas são antieconômicas ou que a Petrobras é geneticamente incapaz de atuar em biocombustíveis. Neste caso, será que quem desdenha quer vender? [23]


Produzir fertilizantes e biocombustíveis é bom para a Bunge, mas para a Petrobras é ruim? Ou estaria a Petrobras competindo pelo mercado pretendido pela Bunge? [22]


Existe uma porta giratória pela qual transitam os executivos entre as empresas e bancos privados e os cargos de direção na administração pública direta e indireta. Será que quando atravessam a porta e assumem a direção de uma estatal eles se desvinculam dos interesses privados? Será que quando voltam à iniciativa privada não são melhor recebidos em função dos resultados obtidos na gestão da estatal em benefício dos interesses privados? Parece que a verdade está no dito popular e quem desdenha quer mesmo é comprar.



* Presidente da Associação de Engenheiros da Petrobrás (AEPET)





https://www.petronoticias.com.br/archives/95349




Petronotícias, 22/02/17




Quebra do conteúdo local - o 7x1 da indústria brasileira





Na véspera do Carnaval, caiu a máscara do grupo que foi formado para decidir as regras do conteúdo local. Hoje, quarta-feira, dia 22 de fevereiro, é o dia que ficará marcado como sendo o 7 x 1 da indústria brasileira. Os gols foram marcados pelo Ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, outro pelo Ministro das Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho, dois pelo presidente da IBP, Jorge Camargo, que representa as petroleiras, e três golaços do Presidente da Petrobrás, Pedro Parente. Com esta decisão, essa equipe de artilheiros talvez tenha feito o maior mal às empresas fornecedoras da indústria petróleo, sem parâmetros na história do país.


O resultado prático e frio é a transferência da grande maioria das obras que exploram o petróleo brasileiro para o exterior. Simples assim. No momento da maior crise de empregos que o Brasil atravessa, foi a resposta que este grupo deu às aspirações de quem vive o desespero do desemprego e uma crise que abala o setor há quase três anos. Certamente estarão comemorando a decisão e provavelmente vão dormir tranquilos. A política de se entregar às operadoras grande parte a contratação de obras no exterior, produzirá em nosso país um fenômeno especial: ter emprego no setor de petróleo no Brasil será um privilégio. Um emprego de qualidade, um luxo para pouquíssimos profissionais.


A reunião que decidiu pela quebra do conteúdo local foi realizada na tarde desta quarta-feira (22), na Casa Civil, em Brasília. Agora, a nova lista de exigências de conteúdo local terá cinco segmentos: em áreas terrestres, o nível será de 50%; na exploração e produção em campos marítimos, o percentual será de 18%, na construção de poços, 25%; os sistemas de coletas e escoamento terão 40% e, por fim, as unidades estacionárias dos FPSOS terão índice de 25%.


Isso representa uma redução de aproximadamente 50% nos números. Tendo em vista essa nova política, com esses novos números, teremos uma realidade onde não haverá mais o waiver”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho. O parlamentar também afirmou que os novos números para os próximos leilões deverão ser aprovados em março, em reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). “Com essa medida, estamos possibilitando que as rodadas que vão acontecer ao longo do ano de 2017, 2018 e de agora em diante, sejam realizadas a partir dessa base. Isso vai trazer oportunidades a uma série de empresas estrangeiras e nacionais que exploram e produzem óleo no Brasil, tendo um percentual mínimo obrigatório que seja completamente exequível a preços competitivos pelas indústrias brasileiras”, justificou o ministro de Minas e Energia.


Do total de quatro leilões que serão realizados esse ano, apenas os dois últimos, e de maior importância, terão já os novos índices de conteúdo local em vigor: a 14ª rodada, em setembro, e o leilão do pré-sal, previsto para novembro.


O porta-voz do “Movimento Produz Brasil”, que congrega várias entidades representantes da cadeia nacional de fornecedores, José Ricardo Roriz, comentou que hoje, de fato, foi um dia comparável ao 7 x 1 para a indústria brasileira. A decisão do governo, na opinião do executivo, foi frustrante para as empresas brasileiras, que participaram das discussões da revisão da política de conteúdo local. Ele ainda destacou que a decisão vai contra a necessidade do Brasil, com 12 milhões de desempregados, já que com menores índices, menos vagas serão abertas em nosso País.

“O mais negativo da nova política de conteúdo local é não separar os serviços dos bens. Isso foi o pior que aconteceu. A gente não consegue enxergar onde entrará a engenharia nesses novos índices apresentados, o que para nós muito ruim. Tudo começa pela engenharia. Foi um golpe muito grande”, afirmou.


Apesar da decisão contrária aos interesses da cadeia nacional, Roriz declarou que o Movimento Produz Brasil seguirá debatendo a questão com o governo. “Nós vamos continuar discutindo. Não adianta brigar e achar que não podemos reverter esse quadro. Para nós, isso que foi apresentando não faz sentido. Vamos tentar conversar e ver novos argumentos para reverter esse quadro desfavorável para a nossa indústria”, concluiu.

Desde quando se faz jornalismo pelo ânus?


http://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/desde-quando-se-faz-jornalismo-pelo-anus-por-fabio-de-oliveira-ribeiro




JornalGGN, 2802/17




Desde quando se faz jornalismo pelo anus?



Por Fábio de Oliveira Ribeiro




O assunto é sério. Portanto, merece ser tratado com o devido rigor:

No século XIX o jornalista norte americano John B. Bogart cunhou a frase que todo mundo aprende no pré-primário do jornalismo: "se um cachorro morde um homem, não é notícia, se um homem morde um cachorro, é".  http://jornalggn.com.br/noticia/quando-o-cachorro-morde-o-jornalismo

Ao exibir ao vivo seu ânus na TV a musa do golpe de 2016 estimulou reações curiosas. A que mais me chamou atenção partiu da esquerda moralista. Há bem pouco tempo a esquerda defendeu com vigor a liberdade de expressão quando a direita moralista atacou um espetáculo teatral em que vários artistas exibiram os respectivos ânus.

Como plataforma política, o moralismo aproxima a esquerda da direita. A distância entre os extremos diminui na proporção inversa da grande repugnância que alguns sentem ou afirmam sentir pelo órgão considerado indigno.

A reação ao ânus de Ju Isen ilustra perfeitamente o oportunismo, profundidade e correção de um vídeo de Marcelo  Adnet https://www.facebook.com/tomar.nos.annales/videos/1129318353758431/?pnref=story. O caminho mais curto entre o intestino e a boca passa pelo debate moralista acerca do ânus.

Nosso país segue sendo desmanchando por Michel Temer como se fosse o cu do mundo. Embriagada de tanto consumir informação irrelevante, a população brasileira não reage. De fato, desde que conseguiram derrubar Dilma Rousseff os telejornalistas só fazem uma coisa: apoiar a “penetração estrangeira”. A metáfora neste caso se ajusta bem à imagem de país que domina a cena política.

Michel Temer quer entregar o petróleo e as terras brasileiras aos estrangeiros. No problem! Os jornalistas evitam estimular o nacionalismo ou se limitam a provocar reações moralistas sobre temas que não podem afetar a agenda política. O ânus de Ju Isen certamente será muito politizado. Tão politizado quanto o sexo ao vivo na piscina do Big Brother. Enquanto perdem o foco, os brasileiros vão perder seu petróleo e seu território.

Perdemos a oportunidade de transformar o Brasil num país de primeiro mundo. Ganhamos de presente imagens inesquecíveis transmitidas ao vivo por redes de TV sem compromisso público algum.

A musa do Impedimento querer mostrar seu ânus não chega a causar surpresa. Ela mesmo disse que tem uma cabeça muito boa, o que quer que isto signifique. O que surpreende é a consolidação do golpe e a desnacionalização do Brasil ocorrer no exato momento em que um ânus se torna o centro das preocupações televisivas. Ju Isen teve que virar para mostrar seu órgão excretor e o operador de câmera fez um close digno de um Oscar. A cena foi narrada como se fosse um furo jornalístico.

Gostemos ou não a cena registra mais do que mostra. A exibição ao vivo do ânus de Ju Isen é uma prova da decadência do jornalismo brasileiro. De fato, o operador de câmera mostrou algo bastante trivial: a anatomia de Ju Isen não é diferente da anatomia das outras pessoas. O ânus dela está no lugar certo e, apesar de ter sido pintado, cumpre a mesma função biológica. Se a musa do Impedimento não tivesse ânus, o furo jornalístico seria digno de um Putilzer.

Sem querer Isen conseguiu entrar para a história do jornalismo. Ela fez algo inimaginável: mostrou que após o golpe de 2016 os telejornalistas passaram a ter o ânus onde costumavam ter apenas as cabeças vazias. Não por acaso eles defecam diariamente no respeitável público defendendo um governo indefensável.

Ju Isen também conseguiu revelar uma contradição profunda e interessante. Os jornalistas brasileiros defendem o golpe de 2016 porque o que é bom para os EUA (o neoliberalismo) também é bom para o Brasil. Todavia, o axioma do norte-americano John B. Bogart deveria ser mas não é suficientemente bom para os telejornalistas brasileiros. Só por isso o ânus de Isen mereceria receber um Troféu Juca Pato de jornalismo investigativo.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Elogios internacionais para o Procurador Geral e a Força Tarefa “pró-mercado”


http://jornalggn.com.br/blog/bruno-lima-rocha/elogios-internacionais-para-o-procurador-geral-e-a-forca-tarefa-%E2%80%9Cpro-mercado%E2%80%9D-por-bruno-lima-rocha





Jornal GGN, 26/02/17





Elogios internacionais para o Procurador Geral e a Força Tarefa “pró-mercado”

Por Bruno Lima Rocha*


Introdução
Comecei este recorte logo após a morte do ministro do Supremo em desastre aéreo, cujas circunstâncias implicariam uma ampla investigação federal. Não se trata aqui de uma ilação da morte de Teori com a morosidade de Rodrigo Janot e os pressupostos liberais da Força Tarefa da Lava Jato. Longe disso. As bases do argumento já são suficientes para não arriscarmos uma irresponsável suposição sem fatos contundentes. Deixo as especulações sem fim para os “justiceiros da geração Nutella” e suas elucubrações de “teoria do fato”. Nas palavras abaixo, duas evidências de que tanto os paladinos de Curitiba como o próprio Procurador Geral da República fazem o possível para agradarem plateias no estrangeiro, fazendo coro com a Lawfare (o emprego de convênios e justificativas ‘legais’ como arma de guerra imperial) e a governança liberal mundializada. Se isso ocorre de forma normativa e voluntária ou por simples reflexo ideológico e mimetismo de comportamento institucional subalterno, é algo ainda a decifrar. Os efeitos são igualmente nefastos. Vejamos.

Alexandre de Moraes no STF e um governo ilegítimo sangrando por dentro
A morte do jurista e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, em 19 de janeiro de 2017, abriu ainda mais as entranhas do Estado brasileiro em seu estamento superior. O governo ilegítimo, comandando pelo vice-presidente golpista, viu-se diante de um impasse. Indicar um algoz, ou então apontar um substituto de visíveis simpatias ao seu mandato tampão. A aposta caiu na escolha pela pizza, com a indicação – aprovada pelo Senado – de Alexandre de Moraes para a suprema corte. O fato de por si já seria absurdo – indicar o seu ministro da Justiça no exercício do cargo – e tem como agravante o perfil e a trajetória mais que discutíveis do ex-secretário de transportes de Gilberto Kassab na Prefeitura de São Paulo e de Justiça e Segurança Pública de Geraldo Alckmin no estado de São Paulo.  
O tema de fundo para a indicação de Moraes ao STF é o de sempre e é escancarado: a Lava Jato e a delação da Odebrecht, contando com uma lista gigantesca de supostos envolvidos no esquema de propina institucionalizado e contratos batizados. O governo MT (Michel Temer, codinome que consta na delação dos executivos da maior empresa de engenharia pesada do Brasil) está contra a parede, perde na semana do carnaval ao titular da pasta das Relações Exteriores (o senador tucano José Serra, campeão de vexames no Itamaraty) e vê o afastamento de Eliseu Padilha (PMDB-RS), até então todo poderoso ministro da Casa Civil. Ambos ministros alegaram problemas de saúde – o que pode ser verdade – mas, ao mesmo tempo, afastam-se do governo em situação muito delicada. A Lava Jato e as disputas internas entre os oligarcas golpistas sangram o próprio governo.
Até aí, nada que seja novidade e menos ainda em termos de operações de investigação federal. Teríamos exemplos ainda mais dramáticos, como as operações Farol da Colina, Macuco, Chacal, Satiagraha, Castelo de Areia, Monte Castelo, dentre outras de menor monta. A diferença da atual operação – dotada de força tarefa quase completamente autônoma – para com as citadas é simples. Em última análise, mesmo que executando sentenças esperadas pela maioria da população, a Força Tarefa é muito bem vista por poderes externos (conforme já explicamos em outros textos desta publicação), e abusa dos holofotes, operando como força política dotada de capacidade decisória e incidência na opinião pública e sociedade civil em rede. Nada mais perigoso do que operadores da lei interpretando-a apenas conforme suas doutrinas e idealizações de vida em sociedade. Na sequência, apontamos mais duas evidências desta relação “harmônica” e uma conclusão de crítica propositiva.  

A operação que tem dimensões internacionais e o Procurador Geral pró mercado
"A Lava Jato é tão grande que a cada pena que se puxa surge uma galinha." Esta frase seria do ministro Teori Zavascki, segundo o programa Fatos e Versões da Globonews (exibido no sábado 21 de janeiro de 2017), cujo viralatismo elogia o fato da Operação coordenar com 30 países e já obter condenações em 17 Estados soberanos. Para quem acompanha a política dos países Hermanos latino-americanos, a Lava Jato – com a Odebrecht como alvo – sangra o ambiente político da Colômbia, Equador, Peru, Venezuela e Panamá (veremos estas ramificações e impactos em artigos posteriores).
No mesmo programa, também elogiam o fato da tecnocracia da PF e da Receita ser "preparadíssima", falando vários idiomas, com pessoal tendo vivido fora do país e com conexões diretas no exterior. Até aí tudo bem, se o ideal de "viver fora" não fosse os Estados Unidos, a Inglaterra ou suas outras ex-colônias anglo saxãs. Quando muito, a “experiência fora” é um mimetismo Europa do Euro (antes do Brexit, de certo) governada pela Comissão Executiva da União Europeia, apêndice do Bundesbank (Banco Central da Alemanha Federal e também da Unificada) e porta voz do ordoliberalismo.  
Como é da estrutura da subordinação dos formadores (ou deformadores) de opinião no Brasil, o elogio interno reflete o aplauso do centro do capitalismo. Temos o fato, declarado, do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, no Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça), afirmando para a nata do capitalismo mundializado de que a Lava Jato e a atuação da PGR é pró-mercado. No portal do World Economic Forum, Janot é citado reforçando a convocatória do próprio fundador do think tank dos ricos no planeta. O texto é muito direto:
“Another highlight will be the participation of Rodrigo Janot, Prosecutor General of Brazil, who has been leading an epic fight against corruption in the country. Market capitalism needs urgent reform in three key areas: ending corruption, tackling inequality and failing to adopt sufficient long-term thinking, according to Klaus Schwab, the Forum's Founder and Executive Chairman.” (ver link em http://migre.me/w8hSn).
O evento do Procurador Geral do Brasil estava na agenda “regional”. Mas o Brasil teve outro momento de evidência duvidosa no contestado evento. Janot foi ao mais que questionado fórum ao lado de um ex-CEO do Itaú e ex-funcionário do Banco Mundial, hoje presidente do Banco Central do Brasil, Ilan Goldfajn, este sim, queridinho do mercado e espiritualmente um Chicago Boy. Junto a Goldfajn, o hoje todo poderoso titular da pasta da Fazenda e homem com livre trânsito entre os especuladores do planeta, o ex-diretor do Bank of Boston, Henrique Meirelles. O papelão de tipo “exposição de motivos e intenções de austeridade” foi registrado e compartilho neste link (http://migre.me/w8hXI)   

Força Tarefa da Lava Jato premiada no Panamá -  ironia macabra
Sábado, 3 de dezembro de 2016, Cidade do Panamá. Na capital do pequeno país do istmo centro-americano, a Força Tarefa da Lava Jato foi premiada pela super ONG Transparência Internacional como defensora global contra a corrupção no planeta (http://migre.me/vHGOB). A Transparência foi uma opção das transnacionais (TNCs), no período pós-consenso de Washington, para modificar a forma de inserção e investimento nas periferias do mundo. Nos tempos de Terceiro Mundo e Guerra Fria, a corrupção de autoridades e busca de acessos facilitados eram vistos como “custos transacionais”; após a virada da década de ’80, a solução mundializada pelos EUA foi tentar universalizar a democracia liberal, diminuir as barreiras nacionais e institucionalizar um sistema de Justiça que fosse passível de controle ou regulação pelas grandes empresas atuando em países com algum sistema institucional mais sólido.
Daí vem à noção de luta contra a corrupção como uma punição seletiva, e o fator fundamental dos acordos de cooperação judicial. Como os EUA tem a vantagem estratégica de intervir na maior parte das comunicações eletrônicas no planeta (através do Sistema PRISM, antes no Echelon – ver nsa.gov e dia.mil - no emprego das agências de monitoramento Geoespacial – ver nga.mil – e na de Reconhecimento – ver nro.gov), logo, apontam seus alvos de forma seletiva, favorecendo ou prejudicando agentes coletivos nacionais ou mesmo atores individuais. É óbvio que a incidência de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e vantagens intra-governos é gigantesca, e dentro dos parâmetros dos sistemas legais de Justiça, a maior parte dos envolvidos nos seguidos escândalos não escaparia de investigações contundentes. Mas, como afirmam nos EUA, existem empresas e conglomerados que são “grandes demais para falir e grandes demais para serem presos” (too big to fail and too big to jail), e o mesmo ocorre em escala planetária. 
Logo, a modalidade de denúncias de corrupção e os acordos de cooperação internacionais com países mais fracos (todos ou quase todos em algum grau em escala planetária), torna-se uma maneira efetiva de exercício de hegemonia da superpotência, considerando suas enormes vantagens no ato investigativo graças a sua capacidade de espionagem eletrônica em escala planetária. Do lado brasileiro, os holofotes se globalizam através da internet e de acordos de cooperação. No portal da Procuradoria Geral da República, na página da Secretaria de Cooperação Internacional (SCI) consta um relatório em inglês, em formato Pdf e uma ampla prestação de contas. No entendimento deste analista, tudo soa como prestação de contas aos pares internacionais, afirmando a independência dos poderes do Estado brasileiro e a autonomia decisória de procuradores e magistrados nacionais. Para quem julgar exagero em minhas palavras, convido a uma leitura atenta no documento oficial, no seguinte link (http://migre.me/w8icL). 
   
Para evitar o salvacionismo dos cruzados da Lava Jato
Se os vínculos e subordinações da Força Tarefa da Lava Jato para os EUA não forem revelados, os cruzados liberais (operadores de direito Nutella conforme o jurista e professor Lênio Streck– ver http://migre.me/w8ik4) vão ser vistos como único patrimônio moral do Brasil. Vejam bem, as oligarquias políticas são parasitas e realmente não valem nada; o empresariado brasileiro é sim sanguessuga e rentista, e dos financistas nem se fala. Logo, a moral da virtude política está marcada hoje pelos reacionários da mídia pró EUA e os operadores jurídico policiais. Não tem como escolher mal menor agora, logo, entendo que é urgente tomar distância do moralismo conservador e defender toda e qualquer forma de aumento da democracia participativa e resistência contra o retrocesso e a perda dos direitos sociais. A cancha está totalmente aberta, para todos os lados da política e com chances para todas as ideologias.
Há evidência de possibilidades concretas de traição a pátria, insubordinação e indicação de testemunhas chave para fecharem acordos com o Departamento de Justiça da Super Potência. Logo, os adidos legais dos EUA desde o início da Operação Pontes – iniciada em fevereiro de 2009 - são os personagens chave desta conspiração. Se os adidos são operadores-chave, seus interlocutores brasileiros também. Tanto quem opera na troca de informações, como na Autoridade Central inexistente, que nada supervisiona e deixa correr por conta própria, em perigosa autonomia administrativa e jurisprudencial. O neologismo “república de Curitiba”, em franca alusão à “república do Galeão” de triste memória para a política brasileira é decorrente desse conjunto de absurdos e idealização dos Estados Unidos.
É preciso indicar um curso político para esta crítica. Caso esta possibilidade de cooperação não autorizada não fique demonstrada para a sociedade brasileira, os tecnocratas das carreiras jurídicas (magistrados, procuradores, delegados e auditores) – e suas lealdades ideológicas externas – podem vir a formar o novo polo de poder com capacidade de intervenção nos processos políticos internos.

*Doutor em ciência política e professor de relações internacionais da Unisin

Hospitais premiam médicos que indicam mais exames

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2017/02/1861919-hospitais-premiam-medicos-que-indicam-mais-exames.shtml
 





FSP, 26/02/17



Hospitais premiam médicos que indicam mais exames



Por Caludia Collucci





Hospitais privados do país adotam programas de benefícios que, entre outros critérios, premiam médicos pelo volume de exames, cirurgias e internações que realizam

Quanto mais procedimentos, mais pontos ganham na avaliação – que inclui itens como fidelização, adesão aos protocolos clínicos e atuação em ensino e pesquisa. 

O médico que soma mais pontos consegue mais reputação dentro do hospital e privilégios como presentes, descontos em exames para ele e seus familiares e prioridade no uso do centro cirúrgico

Na condição de anonimato e de não identificar a instituição em que atuam, a Folha conversou com 12 médicos de hospitais de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador. Todos confirmam a existência de programas de benefícios em que o volume de procedimentos é considerado na premiação. 

"O médico do pronto-atendimento que interna mais ganha mais pontos", conta um médico do Rio de Janeiro. "Tem um médico que segura paciente internado sem necessidade só para gerar mais diária hospitalar", relata um outro de São Paulo. 

"Eu já ouvi pressões do tipo: 'a ressonância precisa ser otimizada'", afirma um médico de Porto Alegre (RS). "Aqui se pede exame de urina até para unha encravada", diz outro de Salvador (BA). 

A prática tem sido questionada por especialistas em ética e em gestão porque pode resultar em procedimentos desnecessários, que expõem pacientes a riscos, e no aumento do custo da saúde-a conta vai para os planos, e quem paga são os usuários

"Não se pode atrelar a participação médica a nenhuma volumetria. Seria como remunerar bombeiro que apaga mais incêndios. Logo começariam a queimar casas para ganhar mais", diz Francisco Balestrin, presidente da Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados). 

Ele afirma que a prática não é "corrente" entre as instituições e que há vários programas pautados pela ética. Em março, a Anahp fará em um evento com dirigentes para discutir um "mapa de riscos", e os programas de benefícios entrarão na discussão. 

Para o médico Yussif Ali Mere Jr., presidente da Federação e do Sindicato de Hospitais, Clínicas e Laboratórios, "a era de o médico fazer tudo o que quer e ser valorizado pelo hospital [por gerar mais lucro] tem que acabar". "O custo é insustentável." 

Pedro Ramos, diretor da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), diz que a entidade tinha informações sobre esses incentivos por volume, mas nunca conseguiu provar que eles existiam. Agora, deve pedir uma investigação sobre isso. "É inaceitável", afirmou. 

Para ele, a raiz do problema está no modelo de remuneração. Os hospitais ganham dos planos pela quantidade de serviços que prestam ("fee for service"), não pela qualidade da assistência que prestam ao paciente. 

"Os hospitais estão cada vez mais ricos, e os planos cada vez mais pobres. É dramática a situação." Em razão da crise econômica, os planos perderam mais de 2 milhões de usuários em dois anos. 

Ali Mere Jr. também acredita que é preciso mudar o modelo de remuneração, mas discorda de Ramos. "Os hospitais estão mais caros, mas não mais ricos."


EINSTEIN 'EXPORTA' PROGRAMA
 
Considerado modelo no setor, o programa de benefícios do hospital Albert Einstein está sendo replicado em outras oito instituições do país. 

Segundo o presidente do hospital, Sidney Klajner, o programa de segmentação médica é usado como forma de fidelizar profissionais autônomos à instituição. São 70 indicadores que geram pontuações que classificam médicos como "premium, advance, evolution e special". 

Os indicadores são baseados em qualidade (adesão a protocolos, interação com a equipe), fidelização (número de pacientes trazidos para o hospital), filantropia (atividades voluntárias nos programa filantrópicos) e participação em ensino e pesquisa. 

Klajner diz que o hospital valoriza mais a fidelidade do médico ao Einstein do que o volume de procedimentos.
"Médicos que têm cadastramento e internam pacientes em vários hospitais têm pontuação menor do que aquele que estão exclusivamente no Einstein." 

Segundo ele, em relação a exames, para cada especialidade existe uma meta mediana esperada. "A partir dessa mediana não é contado mais nada. Estamos mais interessados que o médico peça o exame no Einstein e não no Fleury do que no volume." 

O Einstein vetou recentemente uma prática que poderia gerar conflito de interesse: postos de coleta de exames mantidos por laboratórios em consultórios médicos.
"Por mais que cause perda de receita, isso poderia gerar incentivo para exames complementares desnecessários." 

Também proíbe que seus médicos recebam comissões por tipo de quimioterapia que indicam. "Perdemos profissionais por isso." 

O Hospital Sírio-Libanês diz que não remunera os médicos por quantidade de exames e que "repugna essa prática". Também não há remuneração por quimioterapia indicada, segundo o CEO, Paulo Chapchap. "Os médicos são remunerados pelo cuidado com o paciente." 

O Hospital Oswaldo Cruz disse que o porta-voz indicado a falar sobre o assunto estava viajando. 

O Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, informou que seu programa médico passa por reestruturação e que só se manifestará após a conclusão do processo. 

A Rede D'Or, que tem 31 unidades no país, disse que "não tinha interesse em participar da reportagem".

sábado, 25 de fevereiro de 2017

União nacional ou desintegração nacional


https://www.cartacapital.com.br/revista/940/racha-intestino





CartaCapital, 20/02/17




Editorial
Racha intestino




Por Mino Carta





Uma pesquisa CNT-MDA informa que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva ganha as eleições presidenciais de 2018 com maioria relativa no primeiro turno e absoluta no segundo. Não há tucanos ou peemedebistas entre seus adversários mais cotados. No rol figuram Jair Bolsonaro, como fruto do discurso do ódio, e Marina Silva, a resultar da ilusão. Os números são trágicos para os golpistas no poder.

Pergunto aos meus intrigados botões que efeito haverá de ter a pesquisa sobre o comportamento da República de Curitiba em relação ao destino de Lula. No mês passado, dois graúdos delegados divergiam. Um dizia ter-se esgotado o timing para a prisão do ex-presidente, o outro não concordava. Em que medida a pesquisa divulgada na quarta-feira 15 atiça os propósitos de Sergio Moro e da sua turba de promotores milenaristas?

Matutam os botões, a partir da consideração de que um racha se define progressiva e impetuosamente entre as forças golpistas, e o pomo da discórdia é a própria Lava Jato. Cada vez mais escancarada a postura de cada facção. Um único objetivo ainda as une: alijar Lula da corrida presidencial. Mas é possível admitir, ao cabo destes anos todos de tormento, que o único objetivo da operação curitibana seja impedir o ex-presidente de voltar a sê-lo nos braços do povo?

Tudo é possível no Brasil do golpe, murmuram soturnamente os botões, e eu me pego a anuir, forçado pelas evidências. Contudo... Contudo, engato outra pergunta: que dirá o Brasil diante da violência cometida contra seu único grande líder? Como afirma Raduan Nassar, ao receber o Prêmio Camões, “vivemos tempos sombrios, muito sombrios”. Até quando o povo brasileiro aguentará tanta privação, tanta humilhação, tanta prepotência?

Cabem dúvidas quanto à aposta na cordialidade popular, entendida como resignação. A marcha inexorável da recessão trabalha contra os senhores. A comparação entre os tempos do governo Lula e os dias de hoje também, enquanto grassa o conflito nas hostes golpistas. O quadro é sombrio, está claro, passível, porém, de revelar um país que a casa-grande não imagina.

Embora pessimista na inteligência, como recomenda Antonio Gramsci, e escassamente inclinado à esperança, conforme aconselha Spinoza, dias esperançosos vivi durante a ditadura, na crença de que, ao terminar o estado de exceção, o Brasil encontraria o caminho da liberdade e da igualdade. Com a chamada redemocratização, precipitei na desilusão. E se um raio de sol subitamente penetrasse a selva obscura?

Algo, de todo modo, me espicaça neste exato instante: diante da fratura a se alargar dentro das forças golpistas, em um país privado pela força e pela insensatez das suas instituições, que comportamento tomará a mídia nativa? Contra ou a favor da messiânica operação curitibana?

Perplexos, os botões intensificam a reflexão. Concordam, porém, com a importância do quesito, determinante na visão do futuro imediato. O apoio midiático à Lava Jato foi maciço e constante, em benefício dos vazamentos seletivos. Em momento algum a propaganda do pseudojornalismo deixou de projetar a Lava Jato como a imbatível ponta de lança do combate à corrupção.

Nada contra esta sacrossanta batalha, desde que, ao contrário da operação em curso, não poupe quem quer que seja. Desde que não atue politicamente na tentativa de destruir um partido e seu líder. Desde que não cometa irregularidades imperdoáveis e ofenda gravemente a própria lei que pretende aplicar.

A maior afronta cometida pela Lava Jato foi ignorada pela mídia nativa, bem como todas as demais. Refiro-me à interpretação errada, em clamorosa má-fé, do conceito da delação premiada, inaugurada na Itália na operação antimáfia e confirmada por Mani Pulite. Entenda-se a diferença. Uma coisa é a delação do preso por culpa provada e sentenciada, destinada a abrandar-lhe a pena, outra é prender sem prova para forçar a delação. Escárnio cometido em nome da felicidade geral da nação ignorante.

Não sei, e tampouco sabem os meus botões, que fará a mídia agora, enquanto se define o racha intestino. Confesso que, na expectativa, ganho bastante diversão.





http://m.jb.com.br/opiniao/noticias/2017/02/25/uniao-nacional-ou-desintegracao-nacional/




Jornal do Brasil, 25/02/17




Editorial
União nacional ou desintegração nacional



Jornal do Brasil





Neste momento de grave crise, o país precisa se unir para atender às suas principais necessidades com homens que possam ser identificados como grandes patriotas. O país vive hoje a desintegração pela anomia dos poderes, pelo desrespeito entre os poderes e pelo desrespeito ao servidor - que por consequência não pode ser leal a governantes que hoje respondem a processos por terem provocado a miséria com corrupção e violação das leis.

O país não pode assistir a seus maiores estados da federação não cumprirem com o dever mínimo, desrespeitando seu funcionário na relação básica entre patrão e trabalhador, que é o salário. Muito menos com aquele que já deu toda a sua vida para o estado e hoje, no ocaso da vida, precisando de seus humildes salários, não recebe.

O Congresso não pode se colocar no mesmo nível de representantes indignos que o povo, num momento de infelicidade, elegeu. E estes representantes são muitos, ou até a maioria no Congresso.

O poder de polícia não pode ser desrespeitado por um povo que precisa dele, mas também não pode ter nesse segmento homens que não possam exigir que a lei seja cumprida, quando desrespeitam os princípios mínimos da dignidade de um servidor.

O governo federal não dever ter no sistema financeiro sua única preocupação. Sua obrigação maior deve ser com o trabalhador, e que haja emprego. Não adianta fazer política de juros, reduzir a inflação com a fome, a miséria, e usando a camuflagem de que o país vai bem, enquanto o povo se convulsiona. No mínimo, o que se poder dizer é que os banqueiros vão bem, mas até seus empregados vão mal, porque também são trabalhadores. Nesse país que só se preocupa com sistema financeiro, é o trabalhador que vai mal, sem emprego e sem suas reivindicações atendidas.

Não existe na literatura da economia do mundo qualquer coisa que possa parecer com o que está acontecendo com o Brasil: além da fome, de um dos maiores níveis de corrupção do mundo, da falta de segurança pública, da falta de saúde pública - até a febre amarela, dizimada há mais de cem anos, voltou - e com o desemprego, no qual um em cada quatro brasileiros está sem trabalho. Desses desempregados, 80% estão 18 e 25 anos. De 0 a 25 anos, são mais 100 milhões de brasileiros nas classes C e D. O que se espera do futuro desse país?

O que esperam os intelectuais, os empresários, as autoridades, os formadores de opinião desse país, que ainda não compraram casas em Lisboa, Londres e Miami? Estão prontos para comprar e assistir, na Europa ou nos Estados Unidos, à desintegração do Brasil?

A empresa responsável por 65% do PIB brasileiro está sendo destruída. O capital entra para especular no mercado financeiro, e não para promover o desenvolvimento. E esses senhores atuam como guarda-costas do capital estrangeiro - usamos o nome "guarda-costas" para não usar o verdadeiro nome, que seria um adjetivo pejorativo.

Difundem, publicam, dão entrevistas afirmando que o país vai bem. O exemplo mais claro do que o país está passando é o Espírito Santo. Alvíssaras ao rei governante, que fez o reajuste fiscal, que acertou as contas do estado, mas que também mostrou ao mundo que lá naquele estado começava a revolução social. Não eram ladrões comuns os que arrombavam lojas. Eram também representantes de segmentos da sociedade desesperados com o desemprego e a fome. Ali não se via o sucesso da economia do governo do Espírito Santo, e sim o que pode acontecer com o país quando o sistema financeiro vai bem e o povo morre de fome.

O Espírito Santo mostrou para o mundo um clipping do que pode acontecer com o país.

Alguns desses economistas banqueiros pode dizer ao país como nós vamos crescer oferecendo emprego nos próximos anos? Se algum deles tiver essa certeza, que diga qual ou quais segmentos vão crescer, e como podem crescer na situação em que nos encontramos.

A indústria paulista e a do resto do país que precisa exportar aguenta um câmbio que, no passado, nos levou a pedir ao FMI US$ 40 bilhões, no fim de um governo, para não quebrar?

O que esperam as autoridades dos meses de abril e maio, com as delações da Lava Jato e com a tranquilidade com que se desenrola este processo - parecendo proposital com sua lentidão para que o esgarçamento seja diário? Como o país poderá aguentar tanto esgarçamento?

Um assessor do presidente da República se autodenomina "mula", e ao fazer isso diz que foi "mula" para o que hoje ocupa a chefia da Casa Civil. Ainda não se viu o ministro da Justiça ou a AGU processar este "mula". Ou as denúncias são verdadeiras? Se são, o chefe da Casa Civil não pode se ausentar por causa de uma cirurgia. Tem que se demitir porque, com certeza, será preso.

Se tudo é mentira de José Yunes, poque esta "mula" ainda não foi processada?

O povo não pode assistir a tudo isso como se fosse uma marchinha de carnaval...