sábado, 12 de maio de 2012

Após 75 dias em greve de fome, presos palestinos correm risco de morte

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12/05/2012

Após 75 dias em greve de fome, preso palestino corre risco de morte 

 

DA EFE EM KHARAS (CISJORDÂNIA)



Dezenas de pessoas se aproximam diariamente da barraca da família Halahle, no povoado palestino de Kharas (perto de Hebron) para expressar apoio à greve de fome de seu filho Thaer, preso sem julgamento nem acusações em um centro de detenção israelense e que completa nesta sexta-feira 75 dias sem comer.
"Meu irmão Thaer está em uma situação crítica. Seu coração bate acelerado, seus músculos se contraíram e sangra pelas gengivas e lábios. Perdeu 30 quilos desde que parou de comer, pesava 85 e agora ficou com 55", descreveu Maher Halahleh em entrevista à Agência Efe, rodeado de familiares e amigos que passam os dias na improvisada barraca recebendo visitas.


Gali Tibbon - 3.mai.12/France Presse
Manifestantes seguram cartazes com rostos dos presos palestinos Thaer Halahla e Bilal Thiab durante protesto em Jerusalém
Manifestantes seguram cartazes com rostos dos presos palestinos Thaer Halahla e Bilal Thiab em Jerusalém


Mona Nedaf, advogada da associação de defesa dos prisioneiros Adamir, visitou nesta sexta-feira o detento, de 33 anos, e disse que ele está com pressão alta, febre e vomitando sangue. O médico da prisão lhe informou sobre uma infecção em parte do corpo e advertiu que "morrerá a qualquer momento" se não se alimentar.
A casa da família está repleta de bandeiras palestinas, fotos de Thaer e seu irmão Shaher (também preso e em greve há 25 dias) e uma grande bandeira da Jihad Islâmica que retiraram nesta sexta-feira para levá-la a uma marcha em apoio aos prisioneiros em Hebron.
A mãe de ambos, Fatima, diz estar "angustiada" com a situação e afirma se deitar a cada noite com o temor de perder algum de seus filhos.
"Só em Israel é permitido deixar alguém preso durante anos sem sequer acusá-lo de alguma coisa", critica Fatima, referindo-se à "prisão administrativa" prevista pela legislação do Estado judaico, situação em que Thaer se encontra há dois anos e que o Exército israelense utiliza para deter palestinos por um prazo de seis meses prorrogável indefinidamente sem acusação formal

PEDIDO DE VISITA
As autoridades israelenses rejeitaram os pedidos da família Halahle e das de outros grevistas para visitar os prisioneiros. Apesar da luta cansativa, os entes queridos buscam apoiar a causa que mais de mil presos palestinos promovem contra o Serviço de Prisões de Israel, já apelidado de "a batalha dos estômagos vazios".
"Esta é sua única arma. A greve fará com que o mundo se dê conta de que nossos filhos devem ser libertados", ressalta o patriarca dos Halahle, Ayish.
Thaer é, junto a Bilal Diab, o prisioneiro que está há mais tempo sem comer, mas há outros cinco que estão também em situação crítica: Hassan Safadi (68 dias), Omar Abu Shalal (66) Mohamad Taj (55), Mahmoud Sarsak (54) e Jaafar Azzedine (51), internados na enfermaria da prisão de Ramla, apesar dos apelos de organizações humanitárias para que sejam transferidos a um hospital civil.
Na mesma situação que estes sete, há entre 1.500 prisioneiros (segundo fontes israelenses) e 2.500 (segundo a Adamir) que iniciaram greve de fome no dia 17 de abril.
Alguns deles (muito poucos) alternam o jejum com a ingestão de alimentos de vez em quando, mas a maioria se nega a comer totalmente e recebe apenas água e sais minerais.
Alguns poucos rejeitam inclusive tomar água desde quarta-feira, segundo o jornal "Al Quds", o que poderia provocar uma drástica e rápida piora de sua saúde.
O jornal informa que vários dos grevistas foram transferidos de suas prisões ao centro de confinamento solitário de Jalameh.

MAUS TRATOS
A Adamir denuncia represálias e maus-tratos das autoridades israelenses, como a cobrança de multas aos grevistas (de até R$ 200 diários), contínuas transferências de uma prisão a outra - durante as quais permanecem horas fechados em furgões -, agressões físicas, cortes de água corrente nas celas e a proibição de ver seus advogados e familiares. Israel, no entanto, nega as acusações.
Os grevistas exigem o fim das prisões administrativas e as penas de isolamento (que atingem 17 prisioneiros, alguns deles há uma década), uma melhora das condições de encarceramento, melhor atendimento de saúde e a possibilidade de receber visitas de familiares e de cursar estudos a distância, entre outros.
O último preso palestino falecido por causa de uma greve de fome foi Hassan Abidat, em 1992. De acordo com a Adamir, houve casos anteriores: um em 1984, três em 1980 e o primeiro em 1970.
Representantes dos prisioneiros se reuniram nesta quinta-feira com as autoridades israelenses para negociar uma solução ao conflito, informaram a agência de notícias palestina "Ma'an" e o jornal israelense "Ha'aretz". Ambos indicam, no entanto, que o debate se limitou ao fim das penas de isolamento e a autorização de visitas de familiares de presos da faixa de Gaza, atualmente proibidas.
 
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Folha.com, 17/04/2012

 
Mais de 1.200 presos palestinos fazem greve de fome em Israel 


DA EFE, EM JERUSALÉM 


Mais de 1.200 presos palestinos em penitenciárias israelenses iniciaram nesta terça-feira uma greve de fome para denunciar as condições em que se encontram, enquanto outros 2.300 rejeitaram comer hoje em protesto por ocasião do Dia do Prisioneiro.
A porta-voz do Serviço de Prisões de Israel, Sivan Weitzman, disse à Agência Efe que "2.300 [reclusos] tinham informado que rejeitariam a comida só hoje, enquanto outros 1.200 anunciaram que começariam uma greve de fome".
No entanto, o porta-voz do Ministério de Prisioneiros palestino, Hassan Abed Rabu, elevou a 1.600 o número de presos que se uniu à greve de fome por prazo indefinido.
"A greve é em defesa dos direitos humanos dos prisioneiros", disse à Agência Efe Rabu, antes de explicar que "Israel não permite que mais de 350 presos originais da Faixa de Gaza recebam visitas de seus parentes há mais de cinco anos".
Outros motivos são "exigir a melhora dos serviços médicos e a permissão para que possam estudar, fazer os exames de bacharelado e ter acesso ao ensino universitário".
Segundo o Ministério de Prisioneiros palestino, há mais de cinco anos Israel não permite que os reclusos finalizem o bacharelado e há dois também não podem prosseguir seus cursos universitários

FATAH E HAMAS
A maioria dos presos em greve é do partido nacionalista Fatah, da Jihad Islâmica ou da Frente Popular Democrática, enquanto os membros do movimento Hamas presos não aderiram à greve, embora, segundo Rabu, "irão se incorporar a ela mais tarde".
Há 4.700 palestinos presos em penitenciárias israelenses, a maioria deles após ter sido julgada por tribunais militares, segundo dados oficiais palestinos.
Deles, mais de 300 estão em situação de "detenção administrativa", que permite a Israel retê-los durante meses ou anos sem acusação nem julgamento e sem comunicar-lhes o motivo de sua detenção nem as provas que existem contra eles.

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