CPI já revelou muito. É o esculacho da República
- Publicado em 15/05/2012
CPI não põe ninguém na cadeia. Mas, pode deixar o sol desinfetar.
E, nesta quadra da vida nacional, tirar de dentro do armário o esqueleto do cunhado ladrão.
Promover o esculacho da República.
A CPI já provou que o PiG tem um braço no crime organizado.
Que a “mídia nativa”, como diz o Mino Carta, se nutre dos detritos sólidos de maré baixa da Veja e, no reator do jornal nacional, os transforma em Chanel # 5.
A CPI já demonstrou – como prova o excelente artigo do professor Venício Lima – que o Governo Dilma não pretende igualar-se ou superar a Inglaterra no que se refere a Ley de Medios.
Aqui, o Murdoch nadaria de braçada. E receberia do Globo o prêmio “Fazer a Diferença”!
A CPI já demonstrou que a Globo e a Veja têm uma bancada significativa no Congresso, sob a batuta do deputado Miro Teixeira.
Mas, convenhamos, essa bancada já foi mais forte.
A Globo e a Veja desagradaram muito parlamentar (que fica em silêncio, mas na hora de votar se vinga).
E não é só o Collor, embora ele, purgados os pecados, preste agora um insubstituível serviço: exigir que o Robert(o) Civita e o brindeiro Gurgel se expliquem à Nação.
Nem todos na Casa Grande estão felizes com a Veja e o Ali Kamel.
A CPI já revelou que a Delta, embora fosse – e provavelmente continuará a ser, sob o controle dos irmãos do Junior da J&F – a sexta empreiteira do Brasil, não ficava nada a dever às cinco primeiras, em alguns métodos.
O brindeiro Gurgel, por exemplo, deve à Nação explicações de por que não enviou ao Supremo o pedido para reinstalar a Operação Castelo de Areia, aquela em que aparecem, com destaque, o senador tucano Aloysio 300 mil e seu “banqueiro”, o Paulo Preto.
Haverá, aí, amigo navegante o risco de prevaricação ?
A indústria da empreitagem no Brasil continua a mesma, impune, e, provavelmente, teceu laços fortíssimos no Congresso e com o PiG.
É o PiG que revela sua fúria por perder o filé mignon da Delta – 60% do PAC – para um grupo forasteiro.
A CPI já expôs uma face sombria da Magistratura em sua Instância mais Alta.
Não se trata apenas da tibieza do brindeiro Gurgel, que até agora não se coçou diante da Privataria Tucana.
Trata-se também, da relação entre Gilmar Dantas e Demóstenes Torres.
Não só naquele inacreditável grampo sem áudio que impôs um fim de carreira amargo a um probo servidor público, Dr Paulo Lacerda.
O grampo sem áudio fazia parte do elenco de malabarismos do Carlinhos Cachoeira.
E aquela frase inesquecível do Catão do Cerrado, o Demóstenes, ao Carlinhos: “o Gilmar mandou buscar” ?
Sabe-se que Gilmar Dantas tinha especial deferência com os pleitos de Goiás – no caso do amianto, por exemplo.
Mas, não que pudesse atender a um pleito “técnico” do Varão do Cerrado, evidentemente associado a um negócio privado.
Outro muito chegado ao ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo é o Padim Pade Cerra, a ponto de chamá-lo ao telefone de “meu Presidente !”, como se fosse o Belluzzo do Palmeiras.
A CPI vai chegar ao Cerra, às obras do Cerra na marginal (sic) de São Paulo, em associação com a Delta.
Quer dizer, amigo navegante, que, em Goiás, no Rio e no Distrito Federal a Delta era suja, mas, na São Paulo tucana, era imaculadamente limpa ?
A Delta se purificava ao se aproximar do Cerra ! O rio Tietê era uma espécie de rio Jordão.
( Sobre a pureza da jestão de Cerra e Kassab em São Paulo, não deixar de ler sobre o funcionário que aprovava a construção de prédios de luxo e erigiu uma pequena fortuna de R$ 50 milhões em apartamentos de luxo.)
De novo, a opinião pública precisou recorrer aos órgãos de imprensa que vivem fora da Casa Grande.
A Carta Capital, a TV Record – clique aqui para ler “Os áudios que incriminam Robert(o) Civita” – e os blogueiros sujíssimos.
Foi a TV Record que melou o mensalão.
E essa é outra virtude dessa CPI que mal começa. Melou o mensalão.
Mostrou a ligação entre o crime organizado e a crise que tentou derrubar o Nunca Dantes.
Uma ligação de objetivos – derrubar um presidente eleito pelo povo – e de métodos: os mais sórdidos.
E, nesse sentido, o brindeiro Gurgel tem razão mesmo: a patranha do Demóstenes/Cachoeira/Veja/
A CPI vai melar o mensalão ainda mais. E vai exigir do brindeiro Gurgel mais profissionalismo e menos tibieza quando for acusar os mensaleiros.
Não adianta jogar para o PiG, como tem feito. Tem que provar. Por “a” mais “b”.
Provar que existiu um mensalão.
E ao contrário do que diz o brindeiro Gurgel, o mensalão não é o maior escândalo da História da República.
Isso é o que dizem os mervais globais.
O maior escândalo, brindeiro Gurgel, é a batata que está para assar na sua mesa: a Privataria Tucana.
A maior roubalheira de uma Privataria Latino-Americana.
Os dez mil réis do professor Luizinho, brindeiro Gurgel … convenhamos.
Pagar mesada para o líder do PT votar com o Governo do PT …
O senhor quer fazer a filha do Cerra morrer de rir.
Paulo Henrique Amorim
Coerência... Esse cara sabe com quem fazer acordo
CartaCapital, Ed. 697
Argumenta a direção de Veja, apoiada por um grupo de acólitos furibundos e direitistas desnorteados, que os repórteres da revista, em razão da natureza da reportagem, mantiveram relações perigosas com Carlinhos Cachoeira como, às vezes, exige a insalubridade da missão do profissional em busca de informações importantes para conhecimento da sociedade.
Há registro de mais de 200 telefonemas trocados entre os repórteres e Cachoeira, uma fonte de onde jorraram algumas das principais “investigações” daquela revista semanal.
O princípio defendido é correto. E o número de ligações telefônicas, por si só, não significa nada além do fato de se falarem muito. Mas as conversas travadas pelo repórter e o contraventor Cachoeira são de preocupante intimidade, como mostram algumas transcrições já publicadas.
“Fala pra ele que é de confiança o homem”, diz o senador Demóstenes Torres para Carlinhos Cachoeira ao se referir ao repórter de Veja.
O repórter é sempre o elo mais fraco nesse processo, conforme deixa entender Eurípedes Alcântara, diretor de redação de Veja. Ele tentou explicar assim o envolvimento da revista com um contraventor que agora já pode ser carimbado como criminoso: “… casos assim jamais são decididos individualmente por um jornalista, mas pela direção da revista”.
A frase de Alcântara protegeo pé e descobre a cabeça. Talvez ele tenha tentado preservar o repórter dos longos braços da CPI, mas certamente expôs os donos da revista. Ele próprio ocupa um “cargo de confiança” pelas mesmas razões que o repórter de Veja era da confiança do senador Demóstenes.
Confiança no Brasil traduz a confiança “pessoal” e não a “profissional”.
Esse processo confirma, em última instância, que o repórter de confiança do editor e de Cachoeira é também de confiança do dono. Assim fica claro que o acordo liga Cachoeira diretamente a Roberto Civita, dono da Veja.
Nesse caso, portanto, a tese correta sobre a insalubridade do trabalho do repórter desvirtuou-se na prática.
A crítica que se faz é ao desvio de conduta, comprovada por uma série histórica de erros intencionalmente cometidos. O elenco é grande e aponta uma tendência política. São geralmente denúncias, ao longo dos governos de Lula e Dilma, notadamente apontando suspeitas de focos de corrupção em setores específicos da administração federal.
A base do acordo entre o contraventor e Veja foi firmado assim: ele entregou as informações e ela silenciou sobre os crimes cometidos para obtê-las.
Repórter conversar com demônios faz parte da rotina do trabalho. A questão está no pacto que se firma. O repórter só pactua com o aval do editor.
Adrian Leverkun, pianista, personagem de Thomas Mann (Montanha Mágica) entregou a alma ao demônio para obter sucesso. Antes, o Fausto de Goethe fez o mesmo.
Além de poder assumir aparência humana, há quem diga que o diabo seja o inspirador do neoliberalismo. Há mesmo quem sustente hipótese de a “mão invisível” de Adam Smith ser a própria mão do diabo.
Nos anos 1940, o jovem estudante Raymundo Faoro, ao mudar de Vacaria para Porto Alegre, tentou um pacto para sobreviver à fome.
“O diabo não me deu nenhuma importância”, conta Faoro nos inéditos Manuscritos Perdidos, ainda em preparo.
O silêncio diante da proposta de Faoro sugere que o diabo sabe com quem faz acordo.
Pacto com o diabo
Por Mauricio DiasArgumenta a direção de Veja, apoiada por um grupo de acólitos furibundos e direitistas desnorteados, que os repórteres da revista, em razão da natureza da reportagem, mantiveram relações perigosas com Carlinhos Cachoeira como, às vezes, exige a insalubridade da missão do profissional em busca de informações importantes para conhecimento da sociedade.
Há registro de mais de 200 telefonemas trocados entre os repórteres e Cachoeira, uma fonte de onde jorraram algumas das principais “investigações” daquela revista semanal.
O princípio defendido é correto. E o número de ligações telefônicas, por si só, não significa nada além do fato de se falarem muito. Mas as conversas travadas pelo repórter e o contraventor Cachoeira são de preocupante intimidade, como mostram algumas transcrições já publicadas.
“Fala pra ele que é de confiança o homem”, diz o senador Demóstenes Torres para Carlinhos Cachoeira ao se referir ao repórter de Veja.
O repórter é sempre o elo mais fraco nesse processo, conforme deixa entender Eurípedes Alcântara, diretor de redação de Veja. Ele tentou explicar assim o envolvimento da revista com um contraventor que agora já pode ser carimbado como criminoso: “… casos assim jamais são decididos individualmente por um jornalista, mas pela direção da revista”.
A frase de Alcântara protegeo pé e descobre a cabeça. Talvez ele tenha tentado preservar o repórter dos longos braços da CPI, mas certamente expôs os donos da revista. Ele próprio ocupa um “cargo de confiança” pelas mesmas razões que o repórter de Veja era da confiança do senador Demóstenes.
Confiança no Brasil traduz a confiança “pessoal” e não a “profissional”.
Esse processo confirma, em última instância, que o repórter de confiança do editor e de Cachoeira é também de confiança do dono. Assim fica claro que o acordo liga Cachoeira diretamente a Roberto Civita, dono da Veja.
Nesse caso, portanto, a tese correta sobre a insalubridade do trabalho do repórter desvirtuou-se na prática.
A crítica que se faz é ao desvio de conduta, comprovada por uma série histórica de erros intencionalmente cometidos. O elenco é grande e aponta uma tendência política. São geralmente denúncias, ao longo dos governos de Lula e Dilma, notadamente apontando suspeitas de focos de corrupção em setores específicos da administração federal.
A base do acordo entre o contraventor e Veja foi firmado assim: ele entregou as informações e ela silenciou sobre os crimes cometidos para obtê-las.
Repórter conversar com demônios faz parte da rotina do trabalho. A questão está no pacto que se firma. O repórter só pactua com o aval do editor.
Adrian Leverkun, pianista, personagem de Thomas Mann (Montanha Mágica) entregou a alma ao demônio para obter sucesso. Antes, o Fausto de Goethe fez o mesmo.
Além de poder assumir aparência humana, há quem diga que o diabo seja o inspirador do neoliberalismo. Há mesmo quem sustente hipótese de a “mão invisível” de Adam Smith ser a própria mão do diabo.
Nos anos 1940, o jovem estudante Raymundo Faoro, ao mudar de Vacaria para Porto Alegre, tentou um pacto para sobreviver à fome.
“O diabo não me deu nenhuma importância”, conta Faoro nos inéditos Manuscritos Perdidos, ainda em preparo.
O silêncio diante da proposta de Faoro sugere que o diabo sabe com quem faz acordo.
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