sexta-feira, 29 de julho de 2011

O verdadeiro Capitão América e seus reais desafios

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O Estadão OnLine, 29 de julho de 2011 | 16h07


Tesouro dos EUA tem menos dinheiro disponível que a Apple


Sílvio Guedes Crespo

O Tesouro americano tem atualmente menos dinheiro disponível do que a Apple, observa o blogueiro Matt Hartley, do jornal canadense “National Post”.
Ele notou que o Tesouro está com balanço operacional de US$ 73,768 bilhões, enquanto a Apple, segundo os dados mais recentes, tem US$ 75,876 bilhões em caixa.
O valor referente ao governo dos EUA corresponde a quanto o Tesouro tem à disposição neste momento, antes da elevação do limite do endividamento.
No entanto, o próprio Hartley reconhece, no texto, que os dois valores “não são diretamente comparáveis”. O dado sobre o Tesouro está relacionado a um “teto arbitrário de endividamento”, que pode ser elevado a qualquer momento, enquanto o da empresa corresponde à reserva que a companhia juntou e que não pode ser elevado por meio da lei.


  São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 2011

Beiço no mundo

RUY CASTRO

RIO DE JANEIRO - A velha Hollywood (1915-1965) nos ensinou que tudo nos EUA era maior, melhor, mais limpo, justo, ético, honesto, adulto, moderno, eficiente e perfeito do que nos outros países. Também pudera -os americanos eram o povo mais bonito, forte, corajoso, engenhoso e talentoso do mundo. Onde mais as pessoas saíam cantando e dançando pelas ruas com naturalidade e ao som de uma enorme orquestra invisível?
E quem cavalgava melhor e tinha os cavalos mais velozes? O cowboy americano. Não havia índio ou mexicano que o capturasse, exceto à traição, coisa que, aliás, eles viviam fazendo (e de que o cowboy americano era incapaz). O mesmo se aplicava ao soldado americano em relação aos alemães e japoneses -quem era o mais heroico, o mais desprendido, o mais inteligente? E a Marinha americana? Quem tinha porta-aviões mais imponentes? Quem usava camisas de manga curta mais brancas? E quem mais tinha milhares de marinheiros que sabiam sapatear?
Nos filmes, víamos maravilhas que faziam parte do dia a dia dos americanos e de ninguém mais: cerveja em lata, barbeadores elétricos, cortadores de grama, trevos rodoviários (filmados de avião), edifícios de 90 andares e naves que iam à Lua e voltavam. E quem seria mais poderoso que o governo dos EUA, capaz de movimentar estruturas gigantescas para plantar um exército inteiro em território inimigo a 15 mil km e resgatar um espião a minutos de ser descoberto?
Todas essas eram benesses do poder e da riqueza. De repente, fico sabendo que o dinheiro no caixa do Tesouro americano vai acabar na terça-feira e que a Casa Branca, com uma dívida de US$ 14,3 trilhões, ameaça dar o beiço no mundo.
Inacreditável. Como pode o governo americano quebrar? Se acontecer, quem vai pagar a conta da lavanderia que mantinha as camisas tão brancas?

São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 2011

Mercado e governo se preparam para calote americano

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

O Departamento do Tesouro dos EUA já tem um plano de contingência para o caso de o Congresso não votar a liberação de novos empréstimos do governo até terça. Sem listar que contas deixará de pagar, não conseguiu aplacar o temor do mercado.
A pergunta, que o Tesouro diz que responderá antes da data-limite, no dia 2, monopoliza o foco de investidores, analistas, eleitores e lobbies.
Dois grupos influentes do país, os banqueiros e o sindicato dos aposentados, enviaram cartas à Casa Branca e ao Congresso pressionando os políticos a agir no prazo.
O Tesouro, porém, hesita em detalhar o plano enquanto o Congresso ainda discute se aumenta o teto da dívida, alimentando a ansiedade. Com isso -e com o adiamento da votação de mais uma proposta para ampliar a dívida pela Câmara, devido à falta de consenso- os juros que o governo paga sobre os títulos de curto prazo do Tesouro subiram a 0,10%. Os papeis vencem em agosto.
A variação pode ser discreta, mas títulos com vencimento próximo têm virtualmente taxa zero de retorno, e a rapidez da mudança indica que os investidores se preparam para um calote.
"O que posso dizer agora é que, embora só o Congresso possa garantir que o governo pague todas as suas contas, o Tesouro detalhará, conforme se aproxima o dia 2, como fará sem poder tomar empréstimo", disse à Folha uma porta-voz do Tesouro.
Segundo a mesma porta-voz, as medidas podem ser anunciadas "a qualquer momento até terça", quando a verba dos empréstimos acaba. Na prática, o plano deve apontar manobras de caixa e mostrar onde será o calote -se doméstico ou externo.

EMBATE
A Casa Branca não divulgou dados completos, mas a estimativa mais corrente, do Centro de Políticas Bipartidárias, aponta que o governo tem contas de US$ 307 bilhões e expectativa de receita de US$ 172 bilhões no mês. A diferença implicaria em calote. Resta saber onde o governo decidirá cortar.
As possibilidades vão dos juros sobre títulos da dívida americana -o que afetaria a economia global, já que eles são referência do mercado- a cheques dos aposentados.
Ontem, o Fórum de Serviços Financeiros, que reúne os 20 principais bancos e seguradoras do país, enviou uma carta à Casa Branca e ao Congresso, coassinada por 470 empresas, em que exorta o Executivo e o Legislativo a superarem a polarização partidária e agirem por uma solução de longo prazo.
"Uma grande nação, como uma grande empresa, precisa de credibilidade de que paga suas contas em dia", diz. "Esta questão afeta a população, não só o mercado, pois os juros sobre os títulos do Tesouro influenciam hipotecas, cartões de crédito, empréstimos estudantis."
Na véspera, a associação de aposentados, AARP, também enviara carta cobrando ações para preservar a seguridade social. Para aumentar a dívida, o Congresso precisa aprovar cortes no Orçamento que tornem o deficit sustentável. É sobre esses cortes que falta consenso entre os partidos -e até mesmo dentro deles.

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