"O novo slogan do Obama, que vai dar o calote: "Yes, we cano"." (José Simão)
QUÃO LONGE DO ABISMO OBAMA NOS DEIXARÁ?
A Câmara dos EUA aprovou o pacote orçamentário republicano que adicionava pouco mais de US$ 900 bi ao teto da dívida pública dos EUA, valor suficiente para Obama governar apenas por alguns meses e ficar em breve novamente à mercê de concessões do extremismo neoliberal. Como previsto, o Senado de maioria democrata rejeitou o projeto e tem até a madrugada deste domingo para ampliar a margem de manobra fiscal do Presidente.
Ainda que contorne as armadilhas montadas pelos republicanos, Obama perdeu um pedaço precioso de sua credibilidade. Para saciar o conservadorismo ortodoxo, o democrata já estreitou de modo perverso o acesso dos idosos à saúde pública, através do Medicare. Não teve o mesmo rigor ao comprometer as contas do Estado para salvar o sistema financeiro da crise. Espremido, comprometeu-se agora a cortar cerca de US$ 2,7 trilhões em investimentos públicos nos próximos anos, amordaçando a própria margem de manobra na campanha eleitoral de 2012. O discurso claudicante, a musculatura política complacente sugere alguém disposto apenas a mitigar a aplicação do receituário ortodoxo que originou a crise. Se um dia personificou a esperança numa superação progressista da lógica que levou o capitalismo ao seu maior colapso desde 1929, hoje é a imagem gasta da rendição.
Obama até certo ponto é refém das circunstancias. As bases operárias e socialistas que pavimentaram o New Deal nos anos 30 não existem mais. Mas já era assim há quatro anos quando disputou com a extrema direita e venceu. Desde então, de recuo em recuo, redefiniu seu espectro político fixando estacas regressivas em Guantánamo, no Afeganistão e na rendição a Wall Street. Sobretudo, porém, trocou de interlocutores. Obama é pop. Tem mais de nove milhões de seguidores no Twiter. Fica atrás apenas de Lady Gaga e do não menos pop Justine Bieber. Mas assim como o Twiter não faz de Gaga uma Rosa de Luxemburgo, Obama não se tornou um Roosevelt digital. Enquanto dispara apelos à mobilização virtual contra o arrocho republicano, cede na prática a essa lógica a ponto de devolver legitimidade à agenda que havia derrotado nas urnas.
Hoje, o mundo perplexo sabe o que o Tea Party quer e quão perto do abismo isso significa. Mas ninguém sabe ao certo o que quer Barack Obama. E a que distancia do abismo a sua tibieza nos deixará.
A Câmara dos EUA aprovou o pacote orçamentário republicano que adicionava pouco mais de US$ 900 bi ao teto da dívida pública dos EUA, valor suficiente para Obama governar apenas por alguns meses e ficar em breve novamente à mercê de concessões do extremismo neoliberal. Como previsto, o Senado de maioria democrata rejeitou o projeto e tem até a madrugada deste domingo para ampliar a margem de manobra fiscal do Presidente.
Ainda que contorne as armadilhas montadas pelos republicanos, Obama perdeu um pedaço precioso de sua credibilidade. Para saciar o conservadorismo ortodoxo, o democrata já estreitou de modo perverso o acesso dos idosos à saúde pública, através do Medicare. Não teve o mesmo rigor ao comprometer as contas do Estado para salvar o sistema financeiro da crise. Espremido, comprometeu-se agora a cortar cerca de US$ 2,7 trilhões em investimentos públicos nos próximos anos, amordaçando a própria margem de manobra na campanha eleitoral de 2012. O discurso claudicante, a musculatura política complacente sugere alguém disposto apenas a mitigar a aplicação do receituário ortodoxo que originou a crise. Se um dia personificou a esperança numa superação progressista da lógica que levou o capitalismo ao seu maior colapso desde 1929, hoje é a imagem gasta da rendição.
Obama até certo ponto é refém das circunstancias. As bases operárias e socialistas que pavimentaram o New Deal nos anos 30 não existem mais. Mas já era assim há quatro anos quando disputou com a extrema direita e venceu. Desde então, de recuo em recuo, redefiniu seu espectro político fixando estacas regressivas em Guantánamo, no Afeganistão e na rendição a Wall Street. Sobretudo, porém, trocou de interlocutores. Obama é pop. Tem mais de nove milhões de seguidores no Twiter. Fica atrás apenas de Lady Gaga e do não menos pop Justine Bieber. Mas assim como o Twiter não faz de Gaga uma Rosa de Luxemburgo, Obama não se tornou um Roosevelt digital. Enquanto dispara apelos à mobilização virtual contra o arrocho republicano, cede na prática a essa lógica a ponto de devolver legitimidade à agenda que havia derrotado nas urnas.
Hoje, o mundo perplexo sabe o que o Tea Party quer e quão perto do abismo isso significa. Mas ninguém sabe ao certo o que quer Barack Obama. E a que distancia do abismo a sua tibieza nos deixará.
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Senado dos EUA rejeita proposta republicana para dívida
La Jornada
O Senado dos Estados Unidos, controlado pelos democratas, rechaçou na noite desta sexta uma proposta republicana que havia sido aprovada pela Câmara dos Representantes, que buscava evitar que o país entre em moratória no próximo dia 2 de agosto.
Os legisladores votaram 59-41 contra a proposta apresentada pelo presidente da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner, que buscava elevar o teto da dívida dos EUA, atualmente em 14,3 bilhões de dólares, em duas etapas.
Algumas horas antes, a Câmara de Representantes dos EUA, dominanda pelos adversários republicanos de Barack Obama, havia aprovado o projeto, que prevê elevar o atual limite da dívida de 14,3 bilhões de dólares em 900 milhões de dólares mais, com uma estreita margem de 218 votos a favor e 210 contra, numa votação que demonstrou a forte divisão entre os dois partidos.
A iniciativa não levava em conta o longo prazo, uma vez que os democratas, com Obama a frente, declararam que rechaçam qualquer tentativa de elevar o teto da dívida em mais de uma etapa. Caso isso ocorra, os democratas temem que, em plena campanha presidencial do próximo ano, qualquer negociação postergada seria ainda mais difícil.
A votação ocorreu apenas algumas horas após Obama apelar a ambas partes para que se chegue a um consenso bipartidário para resolver a crise da dívida antes do cada vez mais próximo limite de 2 de agosto, quando se prevê que os EUA poderia entrar em moratória.
Tradução: Katarina Peixoto
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