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São Paulo, segunda-feira, 25 de julho de 2011
Convênios dificultam adesão de idosos
TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
No começo do ano, a nutricionista Nádia de Carvalho, 32, começou uma cruzada que parece sem fim: tentar contratar plano de saúde para os pais, que têm 64 anos.
Ligou para uma lista de corretores e ouviu que eles não comercializavam os planos das maiores empresas para idosos. Se quisesse contratá-los, disseram, ela teria que ligar para os convênios.
Ao procurar as empresas, ninguém soube informar o que ela deveria fazer para conseguir firmar contrato.
A situação que Nádia vive é comum: idosos têm dificuldade para contratar um plano. Isso porque o Estatuto do Idoso impede que planos individuais sejam reajustados por faixa etária depois que o usuário completa 59 anos.
Como, também por lei, as empresas não podem negar que idosos adquiram seus planos, a tática tem sido dificultar a adesão deles.
A Folha contatou dez corretores, dizendo que queria contratar um plano para uma idosa de 67 anos. Para maiores de 59 anos, disseram que não poderiam vender planos da Amil, Medial, Dix, Unimed Paulistana e Intermédica, as maiores de SP para planos individuais. Três disseram que não os vendem pois as empresas não pagam comissão nesse caso.
"Se fosse atender, gastaria com almoço, condução e não seria reembolsado. Deixaram de pagar para que a gente não ofereça o plano para maiores de 59 anos", disse um deles. "Dificultam ao máximo até a pessoa desistir."
A Folha ligou diretamente para a Amil (que responde ainda por Medial e Dix). A atendente disse que a idosa tinha que marcar avaliação com o médico da empresa. A data mais próxima para essa consulta era em 40 dias.
Na Intermédica, o atendente disse que funcionário ligaria de volta em até duas semanas. Quando a reportagem mostrou interesse em um plano para alguém mais jovem, o retorno foi no dia.
No atendimento da Unimed Paulistana, em dois telefonemas diferentes, funcionários pediram para que a repórter deixasse um número de contato que uma pessoa do "setor específico para maiores de 59 anos" retornaria. Mas ninguém ligou.
Em uma terceira tentativa, a atendente, que depois explicou que era corretora, aceitou atender a idosa. Ela disse que os colegas haviam recusado por se tratar de alguém maior de 59 anos.
A advogada Renata Vilhena Silva, especialista na área de saúde, diz que a prática é irregular. "Se a empresa oferta um produto no mercado, divulga, não pode escolher para quem vai vender."
Luciana Dantas, especialista de proteção e defesa do consumidor do Procon-SP, concorda. "Não pode ter uma diferenciação. O idoso tem privilégios perante a lei."
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