terça-feira, 26 de julho de 2011

Obama conclama população a defender taxa sobre ricos



O Estadão OnLine, 25 de julho de 2011 | 22h43


Obama conclama população a defender taxa sobre ricos

Sílvio Guedes Crespo


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apareceu na televisão na noite desta segunda-feira, 25, para conclamar os americanos a pressionarem os parlamentares a votar pelo aumento de taxas sobre os 2% mais ricos do país. Mais uma vez tendo a retórica como seu ponto forte, o presidente americano disse que neste momento de crise todos precisam contribuir, e que os cortes no orçamento, se não forem acompanhados por uma taxa sobre os mais ricos, significariam um peso excessivo sobre a maioria da população.
Como podemos pedir para um estudante pagar mais pela sua escola antes de pedir que um administrador de fundos pare de pagar taxas inferiores às de sua própria secretária?”, perguntou Obama. “Vamos pedir aos americanos mais ricos e às maiores corporações abram mão de alguns de seus cortes de impostos e deduções especiais.” Mais adiante, acrescentou: “Por isso eu peço a todos vocês que façam com que suas vozes sejam ouvidas. Se você quer uma redução do déficit de forma equilibrada, permita que o seu representante no Congresso saiba.”
Obama iniciou o discurso afirmando que o problema atual foi herdado por administrações anteriores, inclusive os títulos públicos que vencem no próximo dia 2 e que correm o risco de não serem honrados pelo governo se o limite legal de endividamento do país não for aumentado. Em seguida, o presidente apresentou o argumento de que, em situações excepcionais como a atual, todos os americanos devem colaborar, inclusive os mais ricos. Em uma terceira parte do discurso, Obama tentou mostrar que os republicanos (oposição) não estariam sendo coerentes consigo mesmos ao rejeitar a proposta de taxar os que ganham mais.
O democrata usou um argumento do ex-presidente Ronald Regan, republicano, para tentar convencer a oposição a taxar os mais ricos. O atual presidente citou a seguinte frase de Reagan: “Você prefere reduzir déficits e taxas de juros por meio do aumento da receita proveniente daqueles que não estão contribuindo com uma parcela justa, ou você prefere aceitar déficits maiores, altas taxas de juros e desemprego? “

“Jogo perigoso”
O presidente americano se colocou como vítima de um “jogo perigoso que nunca ocorreu antes”. Segundo ele, a maioria dos americanos provavelmente nunca havia ouvido a expressão “teto da dívida” porque, historicamente, esse limite nunca foi um problema, sempre foi elevado quando necessário. O republicano Reagan, disse Obama, aumentou esse limite 18 vezes; o também republicano George W. Bush o fez sete vezes. Desde os anos 1950, o Congresso sempre aprovou o limite da dívida, afirmou o atual presidente.
Com um encerramento solene, ficou nas entrelinhas do discurso a ideia de que não aceitar um acordo significa posicionar-se contra a pátria. “O mundo inteiro está vendo. Vamos aproveitar esse momento para explicar por que os Estados Unidos da América ainda são a maior nação do planeta: não apenas porque nós podemos cumprir a nossa palavra e honrar as nossas obrigações, mas porque nós podemos permanecer unidos como uma nação. Obrigado. Deus o abençoe, e Deus abençoe os Estados Unidos da América.”
Durante o discurso, Obama afirmou que, por meio da combinação de cortes de gastos e aumento de taxas sobre os que ganham mais de US$ 250 mil por ano, o governo terá uma redução de US$ 4 trilhões no seu déficit. Segundo o presidente, 98% da população não será afetada pelo aumento de taxas.
A íntegra do discurso está no site da Casa Branca (em inglês)

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