Presidente Mahmoud Ahmadinejad
São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 2011
Irã aumenta capacidade atômica e indica fim do efeito de punições
CLAUDIA ANTUNES
DO RIO
O Irã anunciou que está aumentando sua capacidade de produção de urânio enriquecido, indicando que chegou ao limite o efeito da última rodada de sanções ao país, aprovada em 2010 pelo Conselho de Segurança da ONU.
O anúncio, se for confirmado pelos inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), também mostrará que Teerã superou o ataque cibernético com o vírus Stuxnet, que, no ano passado, afetou cerca de um quinto das centrífugas da usina de Natanz.
A evolução do programa nuclear coincide com a paralisia das negociações entre Teerã e o P5+1 (as cinco potências permanentes do Conselho de Segurança e a Alemanha). O diálogo não engrenou desde que o grupo rejeitou o acordo negociado por Brasil e Turquia, pelo qual o Irã enviaria ao exterior parte do seu estoque de combustível atômico.
A disputa interna entre o presidente Mahmoud Ahmadinejad, mais favorável, e o aitolá Ali Khamenei, mais reticente, dificulta ainda mais uma saída diplomática.
Fontes britânicas e israelenses disseram recentemente à Folha que consideram muito difícil aprovar nova resolução contra o Irã no órgão máximo da ONU. A aposta, por enquanto, é no reforço de sanções unilaterais adotadas por EUA, Europa, Coreia do Sul e Japão.
Em junho, o Irã afirmou que realocará na usina subterrânea de Fordow, construída para resistir a bombardeios, o enriquecimento de urânio a 20% - nível máximo permitido a países sem a bomba. Também disse que triplicará essa produção, formalmente destinada a abastecer o reator de pesquisas e uso médico de Teerã.
Recentemente, o país informou que estava instalando duas novas cascatas de 164 centrífugas avançadas em Natanz. "A integração dessas máquinas (...) diminuirá o tempo de que o Irã precisaria para enriquecer urânio para uso em armas, se decidir fazê-lo", disse o Instituto de Ciência e Segurança Internacional, de Washington.
DIVERGÊNCIAS
O ministro do Exterior britânico, William Hague, reagiu com artigo em que defende o aumento da pressão sobre Teerã e reitera a exigência de que o país suste o enriquecimento.
O artigo é um "não" à proposta de seis ex-embaixadores no Irã de Reino Unido, Suécia, Alemanha, Itália, Bélgica e França. Em manifesto recém-divulgado, eles consideram "fora da realidade" pedir que o país não produza combustível nuclear.
Propõem que o direito do Irã ao enriquecimento seja reconhecido, como prevê o TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear), e que sejam negociadas "ferramentas adicionais" para os inspetores da AIEA que monitoram as instalações iranianas.
Por trás do debate está a convicção crescente de que o Irã pretende chegar ao "limiar" da bomba - ter os meios e a tecnologia, sem correr os riscos políticos e militares de produzi-la.
É a situação de países como Japão, Coreia do Sul e Alemanha, signatários do TNP.
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