terça-feira, 26 de julho de 2011

Viva a disfuncionalidade do Brasil!

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Viva a disfuncionalidade do Brasil!


Por Fernando Brito 

O assassino em massa norueguês Anders Behring Breivik cita o Brasil, no manifesto racista que divulgou na internet, como um exemplo do que a “mistura de raças” produz em uma nação.
Segundo sua mente transtornada pelo ódio, seríamos assim “por causa da “revolução marxista brasileira”, o Brasil teria se tornado uma mistura de raças o que se mostrou uma “catástrofe” para o país que é “de segundo mundo” com um baixo nível de coesão social. Os resultados seriam os altos níveis de corrupção, baixa produtividade e conflitos entre as diferentes culturas”.
Breivik é um doente, mas a forma que sua doença assume é moldada por um caldo de cultura que existe aqui também, embora nem todos os que pensam como ele vão sair fuzilando dezenas de jovens. Mas ele existe e tem muita gente que está mergulhada nele e, mesmo sem verbalizar ou escrever isso, acha que o Brasil negro, mestiço, cafuzo, mulato, é a praga e o atraso deste país.
Cheios de dedos, para não explicitar seu racismo social, o que eram os que reclamavam daquela “gente diferenciada” que uma estação do Metrô traria a Higienópolis?
Mas deles a gente está cansado de falar. Nós também temos culpa nisso.
Porque paramos de celebrar, por nos agarrarmos – usando a expressão do próprio terrorista, em seu manifesto – à idéia de tribo, de grupo fechado por alguma razão: etnia, gênero, ideologia, a riqueza da diversidade. A maior perversidade da discriminação é essa: a de nos cegar para vermos a riqueza de nossa igualdade humana.
Estamos, com razão e por dever, tão presos a afirmar os direitos de grupos – e todos eles os têm e são invioláveis – que descuidamos de proclamar a maravilha de nossa grande – por que não assumir a palavra – disfuncionalidade. Porque o ser humano não é uma função. Não é uma peça, um produto, algo feito em série, para cumprir um papel.
O milagre do povo brasileiro não é apenas respeitar a diversidade, mas ter forjado nela uma unidade nessa tão rica e una diferença. Disfuncional, para aquele lunático terrorista. Desprezível, para nossas elites, que nos consideram, por isso, inferiores, embora não tenham mais coragem de afirma-lo com todas as letras, o que não os impede de colocar cercas eletrificadas, insulfilme e, sobretudo, de aderir e aplaudir a ideia de que este país seja de todo o seu povo.

 
Darcy Ribeiro

Que falta nos faz um Darcy Ribeiro agora – e como nossa intelectualidade se empobreceu por não os produzir às centenas – que proclame nossa miscigenação como virtude e avanço, e não esqueça dela porque tenha medo de dizer que ela é boa, porque soma todos os que somos iguais: negros, brancos, amarelos, índios e até nossos noruegueses.
Como debocharam da ideia generosa do “socialismo moreno” que ele, Darcy, e Leonel Brizola, apregoaram diante de seus narizes torcidos, tentando dizer que, numa sociedade justa, aberta e igualitária, todos nós em algumas gerações, seríamos da mesma cor, feita de todas as cores. Como zombaram da ideia de uma “civilização dos trópicos”, por acharem boa, mesmo, aquelas frias e funcionais, que produzem desvios assim. E não é de hoje, vide as barbaridades coloniais, depois o nazismo e estes seus filhos tardios.
Não temos de ser funcionais, o que nada tem a ver com não sermos racionais. Um país, como ser humano, vive em busca da felicidade. E felicidade é um estado de alegria coletiva, de aceitação, do que o Frei Leonardo Boff dizia ser a festa, onde as pessoas dizem sim a todas as coisas. É, porque a gente precisa entender e sentir que o não só tem sentido, quando se nega o sim para alguém. Nós não temos ódio, mas não descuidamos de lutar pelo direito – e o dever – de amar.
É isso: só o que temos contra nossas elites é não aceitar que o povão seja gente. É não entender o verso do Tom que diz que é impossível ser feliz sozinho.
O Rolex e a futilidade a gente aceita e tolera. E ainda pergunta que horas são.


São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 2011

Extremista critica miscigenação brasileira

DE SÃO PAULO

O extremista Anders Behring Breivik, 32, escreveu em seu manifesto -publicado na internet horas antes dos ataques à Noruega- que seria "catastrófico" para a a Europa adotar o modelo de miscigenação racial que existe na sociedade brasileira.
No documento "Declaração Europeia de Independência", que tem cerca de 1.500 páginas, Breivik afirma que uma "revolução marxista" instituiu no Brasil um modelo de sociedade que mistura descendentes de asiáticos, europeus e africanos.
A institucionalização da miscigenação resulta, segundo ele, em "altos níveis de corrupção, falta de produtividade e em um conflito eterno entre várias culturas competitivas" -tanto no Brasil como em países que adotam modelo semelhante.
Breivik diz ainda que isso faz do Brasil o segundo país no mundo com maior nível de desigualdade social (sem citar quem ocuparia o primeiro lugar, na sua avaliação).
Ele também critica a existência de mulatos e de mestiços, afirmando que eles são "sub-tribos". "È evidente que um modelo semelhante na Europa seria devastador", escreve. Para ele, a miscigenação de raças na Europa significa o genocídio dos nórdicos.
O Brasil também é citado em uma parte do manifesto que dá orientações a extremistas sobre como lidar com a contaminação nuclear e como fazer bombas. O documento cita o acidente com césio-137 em Goiânia, em 1987, como exemplo de fácil acesso a material nuclear.

CÓPIA
O texto do extremista norueguês também tem trechos copiados do manifesto do americano Ted Kaczynski, o Unabomber. Kaczynski matou três pessoas e feriu 23 entre as décadas de 70 e 90. Ele enviava bombas caseiras por meio do correio para suas vítimas. Unabomber escreveu um manifesto antitecnológico contra a "sociedade industrial", no qual faz críticas ao "esquerdismo moderno". Breivik copiou trechos inteiros do documento, substituindo o termo "esquerdismo" por "multiculturalismo" ou "marxismo cultural".

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