domingo, 22 de maio de 2011

Pela demissão de Palocci

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http://www.revistaforum.com.br/blog/2011/05/21/pesquisa-na-internet-avaliacao-do-caso-palocci-e-desastrosa-para-o-governo/
 
21 de maio de 2011


Pesquisa na internet: avaliação do caso Palocci é desastrosa para o governo

A empresa Interagentes produziu para este blog uma avaliação da repercussão da denúncia contra o ministro Palocci no Twitter e no Facebook. O resultado é desastroso tanto para o governo quanto para o titular da Casa Civil. E a onda negativa já atinge a presidenta Dilma Roussef.
O monitoramento do tema foi realizado pela Interagentes de 15 a 18 de maio. Neste período foram monitoradas um total de 38.847 mensagens, sendo 36.042 do Twitter e 2.805 do Facebook.
Do total de mensagens de status do Facebook, 94% foram negativas, 3% neutras e apenas 3% positivas.

Além das mensagens jocosas e de teor pejorativo em relação ao “enriquecimento” do ministro Palocci, a empresa Intermeios destaca que muitas mensagens relacionam Palocci ao “escândalo do mensalão”.
E muitas das mensagens negativas também o relacionam a Dilma, Lula e Zé Dirceu. Sendo que as relacionadas a Dilma isoladamente somam a mesma quantidade que as de Lula, Zé Dirceu e mensalão. Ou seja, há indicativos de que a popularidade de Dilma pode ser afetada com este episódio. Não à toa a mídia comercial decidiu explorá-lo ao máximo.
Duas mensagens exemplares do tipo de posicionamento na rede são:
“Eu já Sabia! Dilma já sabia! Todos já sabiam e conheciam oPalocci!! Se colocou é porque concorda com a safadeza!!!!”
“Como Palocci fez todo esse patrimonio em 4 anos? Vota na DIlmaaaaaaa povo!”

No Twitter houve uma escalada do tema desde o dia quando a notícia foi publicada. No domingo (15), data da matéria da Folha de São Paulo, 1.523 mensagens foram monitoradas. No dia 16, segunda-feira, 2.598. Na terça o número já era 9.226 mensagens. E na quarta-feira, o número mais do que dobrou, atingindo 22.695 mensagens de usuários desta rede social. A Interagentes tem como estimar a quantidade de usuários do twitter que essas mensagens atingiram, mas não o fez para esse estudo. Mas uma quantidade dessa de mensagens pode atingir milhões de pessoas.
Os tuiteiros, porém, não têm sido tão cruéis como os que trataram do tema no Facebook, que deram 94% de mensagens negativas ao ministro.
No Twitter, no dia 15, 69% postaram mensagens negativas; 27% positivas e 5% neutras.
No dia 16, o índice foi de 55% negativo, 30% neutro e 16% positivo. No dia 17, porém, o índice de negativo atingiu 81%, contra 10% de neutro e 9% de positivo.
O último dia analisado pela Interagentes foi o dia 18, com 69% de mensagens negativas, 23% neutras e apenas 8% de positivas.
Ou seja, poucos têm se disposto a defender Palocci na Internet. Provavelmente mesmo o eleitorado petista que participa dessas redes sociais.
No dia de maior repercussão do caso, que foi o dia 18, o nome de Palocci esteve por todo o dia nos TTs com a tag #foraPalocci. E o teor dos comentários muito negativos que relacionavam o caso em geral ao governo federal e ao PT, tratavam de possíveis negociatas em curso. Por exemplo, a troca da não investigação de Palocci pela aprovação de um Código Florestal favorável ao interesse dos ruralistas.
Do ponto de vista positivo, o destaque era para o alarde feito pela grande mídia como uma possível articulação para desestabilizar o governo. Citando, inclusive, além da linha de defesa da legalidade, a evidência de que a prática de consultoria é muito comum entre políticos (de quase todos os partidos) que ocuparam cargos importantes.
O caso não “está encerrado” como quis decretar o governo. E parece ser o grande teste dos primeiros meses de Dilma. A postura adotada pelo ministro de não dar nenhuma declaração também não parece suficiente para diminuir a desconfiança do eleitorado.
Essa pesquisa da Interagentes confirma o que já disse numa nota anterior sobre o caso, a pior estratégia para o governo e para o PT é de tentar jogar essa história para baixo do tapete. Governos com esqueletos no armário se enfraquecem.
Atualizando: Não deixe de ler este texto do Rodrigo Vianna, “Palocci e as escolhas de Dilma”. Meu amigo Rodrigo, matou a pau.


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http://www.rodrigovianna.com.br/palavra-minha/palocci-e-as-escolhas-de-dilma.html


sábado, 21/05/2011

Palocci e as escolhas de Dilma


Por Rodrigo Vianna

A denúncia contra Palocci parece consistente. Ah, mas a “Folha” quer desgastar a Dilma… E daí? O fato ocorreu ou não?
Ah, mas a denúncia foi vazada por “ruralistas” interessados em enfraquecer o ministro. E daí, de novo? É só quando os poderosos divergem que essas coisas vêm à tona…
Sim, Palocci (contradição do mundo real?!) cumpria nesse caso um papel positivo: negociava duramente com os ruralistas da base governista, para que aceitassem um Código Florestal menos retrógrado do que o proposto por Aldo Rebelo.
Por isso, criticar Palocci agora – dizem alguns apoiadores de Dilma – é fazer “o jogo da direita”. Será?
Aliás, se o caso surgiu como “fogo amigo” de dentro da base governista, por conta da votação do Código Florestal, a essa altura parece ter ganho dinâmica própria. Os jornais já relacionam o enriquecimento de Palocci à campanha de Dilma. Vale a pena manter um ministro que traz esse grau de instabilidade ao governo?
Quem acompanhou os bastidores da campanha eleitoral de 2010 sabe qual foi a opção de Dilma e do núcleo dirigente do PT no primeiro turno: tentaram ganhar a eleição só com o programa de TV e a popularidade do Lula. A idéia era ganhar sem fazer política. No primeiro turno, foi assim: campanha controlada pelo marqueteiro e pelos 3 porquinhos (Palocci, Dutra e Zé Eduardo).
Quem fez política foi o Serra. Politizou pela direita: trouxe aborto e religião para a campanha. Com isso, empurrou milhões de votos pra Marina, e levou a eleição pro segundo turno. Aí, a ficha no PT caiu. Dilma e o núcleo da campanha finalmente compreenderam o que já estávamos vendo na internet há semanas: o terrorismo conservador. Dilma deixou os conselhos do marqueteiro de lado, teve coragem de ir pra cima no debate da “Band” (primeiro domingo do segundo turno): pendurou no pescoço do Serra a história do aborto (a mulher de Serra tinha dito que Dilma gostava de “matar crancinhas”), falou em Paulo Preto, reanimou a militância.
Se Dilma tivesse insistido no figurino do primeiro turno, poderia ter perdido a eleição. Pesquisas internas, pouco antes do debate da Band, davam apenas 4 pontos de diferença sobre Serra no início do segundo turno. Foi a realidade que levou Dilma a mudar de figurino. Pois bem. Passada a eleição, Dilma montou o ministério e começou a governar. Como? Com o figurino idêntico ao usado no primeiro turno da eleição:  sem política, longe dos movimentos sociais, procurando agradar o “mercado” e a “velha mídia”. Foi uma escolha. Palocci tem a ver com isso. Coordenou a campanha. Ele quer um governo moderadíssimo, que não assuste a turma a quem dá “consultoria”.
Logo no início do governo, estava claro que Dilma procurava ocupar um espaço mais ao centro. Lula tinha (e tem) apoio da esquerda tradicional, dos movimentos sociais, do povão que saiu da miséria. Dilma foi em direção à classe média que lê a “Veja”. Com Palocci à frente. Palocci é amigo da “Veja” e da “Globo”. Palocci é blindado na “Globo”. Perguntem ao Azenha o que aconteceu na Globo quando ele tentou fazer uma reportagem sobre o irmão do Palocci, 5 anos atrás…
Renato Rovai publicou em seu blog um texto que mostra a repercussão desastrosa – para o governo – do caso Palocci nas redes sociais. Como aconteceu na eleição, com o aborto e a onda consevadora: primeiro os temas batem na internet, depois chegam às ruas.

Assim como ocorreu na eleição, Dilma talvez perceba que o figurino palocciano não garantirá estabilidade ao governo. Com quem ela vai contar quando enfrentar crise séria? Com a família Marinho? Com os banqueiros? Dilma segue com popularidade alta. Mas o caso Palocci mostra os limites do governo. E os riscos que ela corre diante da primeira crise mais grave. Pode faltar base social…
Mas, seja qual for a escolha de Dilma (ela a essa altura parece mais próxima de optar por um acerto “por cima”, com os que mandam nas finanças e nas comunicações do Brasil), é inaceitável que o governo vote o novo Código Florestal sob chantagem dos ruralistas. O governo está sob pressão dos ruralistas, que dizem nos bastidores: “a oposição pode maneirar com o Palocci, desde que passe o Código Florestal que nós queremos!”
O texto vai a votação na terça.
Hoje, o governo Dilma corre o seguinte risco: aceitar a chantagem dos ruralistas pra salvar Palocci e… não conseguir salvar Palocci. Seria um desastre.
Dilma precisa fazer uma escolha agora. Semelhante à que ela fez naquele debate na “Band”, no início do segundo turno. A quem ela pretende agradar? À turma do Palocci, ou à turma que foi à rua e garantiu a vitória dela enfrentando a onda conservadora que Serra trouxe para o debate?
A oposição está enfraquecida. O lulismo é forte e dominante no país. Mas o governo Dilma parece frágil. Equação estranha. É preciso aproximar o governo Dilma do lulismo. Dilma ganhou por causa disso. Vai governar, de verdade, se estiver alinhada ao lulismo.

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