São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 2011
A imagem limpa do gás natural talvez seja falsa
Por TOM ZELLER Jr.
O gás natural, com sua reputação de elemento fundamental no esforço para libertar os EUA dos combustíveis fósseis e reduzir o aquecimento global, talvez não seja tão limpo quanto dizem seus defensores.
Enquanto a produção de gás natural aumenta, e Washington a apoia como componente crucial do futuro energético do país, dois estudos ainda não divulgados sugerem que a corrida para desenvolver vastos depósitos desse recurso, provavelmente, fará mais para aquecer o planeta do que a mineração e a queima de carvão.
O metano, principal componente do gás natural, aquece o planeta e está escapando para a atmosfera em volume muito maior do que se pensava anteriormente, com até 7,9% dele vazando dos poços de gases de xisto, intencionalmente liberados ou queimados, ou de tubos frouxos localizados ao longo das linhas de distribuição de gás, segundo sugerem diversos estudos.
Isso contrabalança a principal vantagem do gás natural: ele libera menores emissões de dióxido de carbono do que outros combustíveis fósseis.
"O velho dogma de que o gás natural é melhor do que o carvão em termos de emissões de gases do efeito estufa é muito repetido sem qualificação", disse Robert Howarth, professor de ecologia e biologia ambiental na Universidade Cornell em Ithaca, Nova York, e principal autor de um dos estudos. "Antes que os governos e a indústria promovam o desenvolvimento do gás, deveríamos, no mínimo, fazer um trabalho melhor de medições."
Mark D. Whitley, vice-presidente sênior de engenharia e tecnologia da Range Resources, uma companhia perfuradora de gás, disse que as perdas sugeridas pelo estudo de Howarth são simplesmente altas demais.
"Esses números são enormes", ele disse. "É absurdo pensar que a indústria deixaria trilhões de pés cúbicos de gás escaparem. Esse não é o nosso negócio."
O gás natural já é a principal fonte de calor para a metade das residências americanas. Mas o desenvolvimento de novas formas de utilizar as reservas significa que a produção aumentará.
A capacidade de extrair o gás natural de formações antes inacessíveis no subsolo profundo disponibilizou volume enorme dele em amplas áreas do país.
Essa produção inconvencional de gás representa quase 25% da produção total dos EUA, segundo os últimos números do Departamento de Informação sobre Energia. Ela deverá alcançar 45% até 2035.
A limpeza do gás natural se baseia em suas emissões menores de dióxido de carbono quando queimado. Ele emite a metade da quantidade do carvão e cerca de 30% menos do óleo diesel.
Menos claras, pois ninguém se incomodou em observar, são as emissões em todo o seu ciclo de produção - desde o momento em que um poço é perfurado até o ponto de utilização.
Os vazamentos de metano têm sido uma antiga preocupação, já que, embora esse gás se dissipe na atmosfera mais rapidamente do que o dióxido de carbono, ele é considerado muito mais eficiente para reter o calor.
Um estudo recente do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa sugeriu que uma interação do metano com certas partículas de aerossol amplia os já potentes efeitos estufa do gás.
Quando tudo é computado, Howarth e seus colegas concluíram que a pegada do gás de xisto para o efeito estufa pode ser até 20% maior, talvez até mesmo o dobro, do que a do carvão por unidade de energia.
David Hughes, um geocientista do Post Carbon Institute, organização de pesquisa do clima e da energia na Califórnia, usou os cálculos de Howarth e concluiu que substituir o carvão por gás na produção de eletricidade básica vai agravar as emissões de gases do efeito estufa. Um relatório de janeiro da organização jornalística sem fins lucrativos ProPublica notou que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA duplicou suas estimativas do metano que vaza nas linhas de distribuição de gás natural.
Chris Tucker, porta-voz da "Energy in Depth", uma coalizão de produtores independentes de petróleo e gás natural, desmentiu Howarth como um adversário do fraturamento hidráulico, ou "fracking", uma prática associada ao desenvolvimento inconvencional de gás que envolve a injeção em alta pressão de água, areia e substâncias químicas no subsolo profundo para romper as formações de xisto. David Hawkins, o diretor de programas climáticos do Conselho de Defesa de Recursos Naturais, disse que os reguladores podem fazer com que os perfuradores reduzam o vazamento de metano, mas, muitas vezes, é mais econômico para a indústria deixá-lo escapar.
Hawkins também disse que se conhece muito pouco sobre o volume de metano que está sendo efetivamente perdido, e estudos como o de Howarth se baseiam em um conjunto de dados muito reduzido para ser considerado a palavra final.
.....A imagem limpa do gás natural talvez seja falsa
Por TOM ZELLER Jr.
O gás natural, com sua reputação de elemento fundamental no esforço para libertar os EUA dos combustíveis fósseis e reduzir o aquecimento global, talvez não seja tão limpo quanto dizem seus defensores.
Enquanto a produção de gás natural aumenta, e Washington a apoia como componente crucial do futuro energético do país, dois estudos ainda não divulgados sugerem que a corrida para desenvolver vastos depósitos desse recurso, provavelmente, fará mais para aquecer o planeta do que a mineração e a queima de carvão.
O metano, principal componente do gás natural, aquece o planeta e está escapando para a atmosfera em volume muito maior do que se pensava anteriormente, com até 7,9% dele vazando dos poços de gases de xisto, intencionalmente liberados ou queimados, ou de tubos frouxos localizados ao longo das linhas de distribuição de gás, segundo sugerem diversos estudos.
Isso contrabalança a principal vantagem do gás natural: ele libera menores emissões de dióxido de carbono do que outros combustíveis fósseis.
"O velho dogma de que o gás natural é melhor do que o carvão em termos de emissões de gases do efeito estufa é muito repetido sem qualificação", disse Robert Howarth, professor de ecologia e biologia ambiental na Universidade Cornell em Ithaca, Nova York, e principal autor de um dos estudos. "Antes que os governos e a indústria promovam o desenvolvimento do gás, deveríamos, no mínimo, fazer um trabalho melhor de medições."
Mark D. Whitley, vice-presidente sênior de engenharia e tecnologia da Range Resources, uma companhia perfuradora de gás, disse que as perdas sugeridas pelo estudo de Howarth são simplesmente altas demais.
"Esses números são enormes", ele disse. "É absurdo pensar que a indústria deixaria trilhões de pés cúbicos de gás escaparem. Esse não é o nosso negócio."
O gás natural já é a principal fonte de calor para a metade das residências americanas. Mas o desenvolvimento de novas formas de utilizar as reservas significa que a produção aumentará.
A capacidade de extrair o gás natural de formações antes inacessíveis no subsolo profundo disponibilizou volume enorme dele em amplas áreas do país.
Essa produção inconvencional de gás representa quase 25% da produção total dos EUA, segundo os últimos números do Departamento de Informação sobre Energia. Ela deverá alcançar 45% até 2035.
A limpeza do gás natural se baseia em suas emissões menores de dióxido de carbono quando queimado. Ele emite a metade da quantidade do carvão e cerca de 30% menos do óleo diesel.
Menos claras, pois ninguém se incomodou em observar, são as emissões em todo o seu ciclo de produção - desde o momento em que um poço é perfurado até o ponto de utilização.
Os vazamentos de metano têm sido uma antiga preocupação, já que, embora esse gás se dissipe na atmosfera mais rapidamente do que o dióxido de carbono, ele é considerado muito mais eficiente para reter o calor.
Um estudo recente do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa sugeriu que uma interação do metano com certas partículas de aerossol amplia os já potentes efeitos estufa do gás.
Quando tudo é computado, Howarth e seus colegas concluíram que a pegada do gás de xisto para o efeito estufa pode ser até 20% maior, talvez até mesmo o dobro, do que a do carvão por unidade de energia.
David Hughes, um geocientista do Post Carbon Institute, organização de pesquisa do clima e da energia na Califórnia, usou os cálculos de Howarth e concluiu que substituir o carvão por gás na produção de eletricidade básica vai agravar as emissões de gases do efeito estufa. Um relatório de janeiro da organização jornalística sem fins lucrativos ProPublica notou que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA duplicou suas estimativas do metano que vaza nas linhas de distribuição de gás natural.
Chris Tucker, porta-voz da "Energy in Depth", uma coalizão de produtores independentes de petróleo e gás natural, desmentiu Howarth como um adversário do fraturamento hidráulico, ou "fracking", uma prática associada ao desenvolvimento inconvencional de gás que envolve a injeção em alta pressão de água, areia e substâncias químicas no subsolo profundo para romper as formações de xisto. David Hawkins, o diretor de programas climáticos do Conselho de Defesa de Recursos Naturais, disse que os reguladores podem fazer com que os perfuradores reduzam o vazamento de metano, mas, muitas vezes, é mais econômico para a indústria deixá-lo escapar.
Hawkins também disse que se conhece muito pouco sobre o volume de metano que está sendo efetivamente perdido, e estudos como o de Howarth se baseiam em um conjunto de dados muito reduzido para ser considerado a palavra final.
São Paulo, domingo, 22 de maio de 2011
Mercado Aberto
Galvão Energia investe R$ 400 milhões em eólica
MARIA CRISTINA FRIAS
A Galvão Energia fechou contratos de fornecimento de 47 equipamentos de energia eólica com a Vestas Wind Systems Brasil, ligada à empresa dinamarquesa.
"O valor total é de R$ 400 milhões, entre equipamentos e manutenção", diz Otávio Silveira, presidente da Galvão Energia. O contrato foi financiado pelo BNDES e 60% dos geradores contratados terão conteúdo nacional.
Os equipamentos, com 2 megawatts cada um, o que totaliza 94 megawatts de energia contratada, irão para São Bento do Norte, no Rio Grande do Norte.
"Já havíamos contratado 40 equipamentos e agora teremos mais sete", conta.
A Vestas também ficará responsável pela operação e pela manutenção por dez anos. Por contrato, a empresa se compromete a oferecer equipamentos que gerem energia em 97% do tempo.
"Só estarão parados durante 3% do tempo, quando estiverem em manutenção", afirma Silveira.
Os geradores adquiridos entrarão em funcionamento em setembro de 2013, e não mais em janeiro daquele ano.
A Aneel oficializou na sexta-feira o adiamento do início das operações para setembro de 2013, de modo a possibilitar adaptações na rede. Houve acúmulo de parques no Estado, onde há pouca capacidade de transmissão.
"Se o atraso afeta o resultado? Afeta, mas foi a solução possível. Melhor do que deixar equipamentos sem gerar energia. Eles estragam como carro parado."
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