quarta-feira, 25 de maio de 2011

A esquerda constrangida

Isto é o que eu chamo "cair a máscara' .

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25/05/2011

A ESQUERDA CONSTRANGIDA

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A vitória da direita nas eleições parciais da Espanha, e a probabilidade de que a filha de Fujimori venha a ganhar a presidência do Peru, são dura advertência aos partidos de esquerda. Desde a queda do muro de Berlim, e o surgimento do pensamento único, a serviço da ditadura mundial do neoliberalismo econômico, a esquerda parece envergonhada de seu discurso pela igualdade e justiça social.
Vem atuando na defensiva, como se a todos os humanistas da História e a todos os intelectuais e ativistas da esquerda pudessem ser atribuídas as responsabilidades pelos crimes do totalitarismo stalinista, pela insânia de Ceausescu, e pela incompetência administrativa dos burocratas dos países socialistas.
O PSOE perdeu as eleições porque Zapatero e seus companheiros deixaram de ser socialistas. Quando o governo continuou a política de Aznar, de financiar a “invasão” da América Latina pelas grandes empresas e bancos espanhóis - em lugar de estimular o desenvolvimento econômico interno – deixou a esquerda.
Embora o discurso continuasse o mesmo, a prática foi para a direita. Com isso, agravou-se o desemprego interno, enquanto as empresas ibéricas (o mesmo ocorreu em Portugal) criavam e continuam a criar empregos no exterior. Para os grandes investidores espanhóis, ótimo: os lucros na América Latina são mais altos e os salários menores.
A esquerda começou a erodir-se nos próprios países socialistas, submetida ao mesmo equívoco de que sofre hoje, o do “economicismo”. É de se lembrar que o próprio Lenine caiu na armadilha teórica, ao dizer que o socialismo seria a união da velha alma revolucionária russa ao pragmatismo norte-americano.
Para construir um sistema de valores fundado na competitividade do capitalismo, seria melhor continuar com o capitalismo. Reclama-se da esquerda proporcionar o crescente bem-estar das comunidades políticas, sem a opressão do capitalismo.
A esquerda parece esquecida de seu projeto teleológico, o de uma sociedade sem classes. Esse projeto foi abandonado depois da vitória da “santa aliança”, que uniu o polaco Wojtyla ao caubói Ronald Reagan, a fim de apressar a erosão de um sistema que já se encontrava minado por dentro. Os dirigentes dos partidos de esquerda – salvo alguns, e poucos – empenharam-se em caminhar em direção à direita, aliando-se ao cooptado Gobartchev, hoje garoto propaganda da Louis Vuiton.
Foi confissão do malogro em se opor teoricamente aos desvios do “socialismo real”. Comunistas tchecos, alemães e franceses tentaram construir caminhos novos, ao analisar os desafios históricos, como fez o filósofo Radovan Richta, primeiro com seu estudo sobre “O homem e a tecnologia na revolução contemporânea”, em 1963 e, três anos mais tarde, ao chefiar grupo de acadêmicos tchecos no lúcido estudo sobre “A Civilização na Encruzilhada”, no qual as idéias de seu primeiro livro são mais detalhadas. Marxistas mais antigos, como Lukacs e os membros da Escola de Frankfurt – tinham outra e mais grave inquietude, com a “desumanização” da esquerda, contaminada pelos vícios da sociedade industrial moderna.
Por tudo isso, as massas estão indo às ruas, na Espanha e alhures. Desnorteadas, pela falta de um discurso coerente da esquerda, elas pendem para a direita que, pelo menos, lhes oferece a hipótese de uma ordem moralista – como a acenada, entre nós, pelo deputado Bolsonaro. É assim que se explica a vitória da direita na libertária Catalunha e a terrível probabilidade de que a filha do corrupto e sanguinário Fujimori venha a vencer a esquerda no Peru, dentro de poucos dias.
É uma advertência também para a Presidente Dilma Roussef, neste momento de dificuldades políticas menores – mas não tanto – que incomodam o seu governo.

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O Globo OnLine,  25/05/2011

Crise na Europa

OCDE: só daqui a 15 anos, Espanha voltará à taxa de desemprego pré-crise

MADRI - A Espanha, que atualmente tem a maior taxa de desemprego da Europa, só voltará a exibira taxas mais baixas, semelhantes ao patamar pré-crise em 2026. Daqui a 15 anos, se as previsões da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estiverem corretas, ela deverá ser de 8,9%, proporção ainda superior à taxa de 8% que a economia espanhola alcançou antes da crise financeira internacional. A organização estima ainda que em 2015 a Espanha continuará a ser o país avançado com maior taxa de desocupação (14,5%) e que, neste ano, ela continuará superior a 20%, informa o jornal espanhol "El País".
Segundo a OCDE, a debilidade da recuperação espanhola se manifesta também nas estimativas de crescimento econômico para os próximos anos. A OCDE prevê que o PIB espanhol não subirá mais que 0,9% neste ano (o governo fala em alta de 1,3%); mas, para 2012, a previsão de crescimento é de 1,6%, menor que o previsto anteriormente pelo próprio organismo. Até 2017, tanto as previsões do órgão quanto do Fundo Monetário Internacional (FMI) são de um crescimento não superior a 2%.
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Terça-Feira, 24 de Maio de 2011

CRISE EUROPÉIA: A PARTILHA DA GRÉCIA

Fracassada a estratégia ortodoxa de 'recuperar' ' economias européias em crise com doses cavalares de veneno fiscal - cortes de gastos, cortes de direitos trabalhistas, cortes de salários etc -  credores, rentistas e inspetores dos mercados acionam a fase 2 do martírio: a palavra de ordem agora é antecipar a partilha do patrimônio público grego, como os aliados fizeram com a Alemanha depois da derrota na 1º Guerra. É uma espécie de 'caiu a ficha' com sabor de salve-se quem puder. Como as políticas de austeridade impostas à sociedade grega deram, obviamente, resultado inverso ao pretendido , ou seja, a crise se agravou e a recessão piorou a saúde financeira do Estado na medida em que encolheu as receitas, o jeito agora é 'tomar em espécie' o que os mercados consideram que é seu. Antecipar e ampliar as privatizações  previstas nos 'acordos' de refinanciamento é o novo bordão martelado por seus  centurões na mídia e fora dela.

Na prática, significa sangrar o que resta de hemoglobina no metabolismo econômico do Estado grego aprofundando a crise com as previsíveis reestruturações e reengenharias de cortes em massa de empregos nas empresas e serviços alienados.  "Com a economia em recessão é muito difícil continuar promovendo um grande aperto fiscal (para pagar dívidas vencidas e a vencer); acho que , em vez disso, as vendas de ativos poderiam ser usadas como principal meio de sinalizar o comprometimento da Grécia", assume David Mackie, principal economista do banco JP Morgan Chase na Europa. O governo socialista de George Papandreu tem uma única opção ao auto-desmonte e à pilhagem: decretar a moratória da dívida.

Cientes desse risco, credores e rentistas reajustaram as taxas de juros na aquisição de títulos de economias européias em crise: ontem, o juro para o seguro da dívida grega contra eventual moratória atingiu o maior nível da história do euro; o rendimento exigido dos títulos públicos italianos - outra economia em apuros -  chegou ao seu maior patamar em quatro meses; e, finalmente, o governo espanhol depois da maior derrota socialista em 30 anos, está sendo obrigado a pagar os juros mais elevados desde janeiro para se refinanciar no mercado.

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