Espanha realiza eleições em clima de insatisfação
Manifestante dorme na Praça Puerta del Sol, em Madrid. Milhares de espanhóis estão acampados no local desde o dia 15 de maio, reivindicando reformas sociais, econômicas e políticas.
No sábado, milhares de cidadãos protestaram contra os altos índices de desemprego e as medidas de austeridade impostas pelo governo.
Muitos manifestantes permanecem acampados nas principais praças do país.
A expectativa é de que o Partido Socialista do primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero sofra derrotas significativas nas esferas regionais e metropolitanas.
Zapatero vem encontrando dificuldades em superar a recessão e criar novos empregos no país.
Na capital do país, Madri, cerca de 30 mil pessoas ocuparam a praça Puerta del Sol, no centro da cidade.
Manifestações semelhantes, apelidadas de M-15, aconteceram em Barcelona, Valência, Sevilha e Bilbao.
Os protestos desafiaram a proibição prevista por lei de manifestações políticas na véspera de eleições.
As manifestações começaram há seis dias na Puerta del Sol, pela iniciativa de jovens espanhóis, que reclamam do alto desemprego em sua faixa etária.
Ainda assim, a polícia não entrou em ação para desmobilizar o protesto.
Os manifestantes querem empregos, melhores condições de vida, um sistema democrático mais justo e mudanças nos planos de austeridade do governo socialista espanhol.
"Eles querem nos deixar sem saúde pública, sem educação pública, metade de nossos jovens está desempregada, eles aumentaram a idade para a aposentadoria também", disse a manifestante Natividad Garcia.
"Isso é um ataque contra o pouco Estado de bem-estar social que temos." "Estou feliz por estarem finalmente protestando. Já estava na hora", afirmou uma idosa que se identificou como María.
Os organizadores das manifestações vem pedindo para que se evite confrontos com a polícia e o consumo de álcool.
Com vassouras doadas por simpatizantes, as praças vêm sendo mantidas limpas, segundo testemunhas.
A repórter da BBC Sarah Rainsford afirmou que na praça madrilenha já funcionam até uma creche, uma cozinha e foram plantados legumes e verduras.
Os manifestantes pedem aos espanhóis para não votarem nos dois principais partidos do país, o socialista e a oposição de centro-direita.
Analistas dizem que, apesar dos protestos, o resultado das eleições não deve ser muito afetado.
Já era esperado que os socialistas perdessem controle sobre Barcelona, Sevilha e a região de Castilha-Mancha.
O índice de desemprego de 21,3% da Espanha é o maior da União Europeia - um número recorde de 4,9 milhões de pessoas estão desempregadas no país, a maioria jovens.
Zapatero disse ter empatia com os manifestantes, ressaltando seus "meios pacíficos".
"Minha obrigação é ouvir, ser sensível, tentar responder através do governo para que possamos recuperar a economia e o emprego o mais rapidamente possível", disse ele à rádio Cadena Ser.
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