São Paulo, domingo, 29 de maio de 2011
ELIO GASPARI
MESTRE TALLEYRAND
Uma lição do genial chanceler francês Talleyrand (1754-1838), para quem já ouviu falar em confidencialidade.
Diplomata, sedutor e amigo do alheio, recebeu uma oferta de propina de um empresário russo: "Darei 3.000 rublos a Vossa Excelência e ninguém saberá".
Talleyrand respondeu: "Dê-me 5.000 e conte a quem quiser".
OS TRÊS PS
O consultor Antonio Palocci sabia o risco que corria ao prestar serviços ao Banco Santander. As cláusulas de confidencialidade impedem que o banco conte quanto pagou e quem presenciou as palestras do doutor.
Em 2009, o Santander foi autuado pela Delegacia de Assuntos Internacionais da Delegacia da Receita Federal de São Paulo. Coisa de R$ 4 bilhões. À época, o banco recorreu e informou que tinha "plena confiança nas instituições brasileiras".
A então secretária da Receita Lina Vieira foi defenestrada meses depois. Com ela, saíram o superintendente de São Paulo e a delegada de instituições financeiras.
A banca brasileira gosta de transgredir uma regra das casas tradicionais inglesas e americanas, segundo a qual não se deve fazer negócios com os três Ps: Politicians, Press e Priests (Políticos, Imprensa e Padres).
SIGA O DINHEIRO
De um escorpião:
"A consultoria Projeto, de Antonio Palocci, faturou R$ 20 milhões em 2010. Talvez se deva fazer uma nova pergunta: Para onde foi o dinheiro?"
Em 2005, viu-se que Delúbio Soares, ao contrário de Palocci, arrecadara "quantias não contabilizadas", mas boa parte dos maganos que estão denunciados no Supremo Tribunal Federal nada deram ao comissário. Apenas receberam.
13 ANOS
É dura a vida do cidadão. Em 1995, Jorge Nelson Ribeiro, analista de câmbio do Banco Central, foi responsabilizado por um vazamento de informações.
Retiraram-no do cargo, mandando-o para o serviço de atendimento de balcão.
Satanizado, ele foi à Justiça. Dois anos depois, ganhou direito a uma indenização de R$ 20 mil e à recondução ao posto que ocupava. No seu direito, o BC recorreu.
Passaram-se 13 anos, o caso já passou pela mesa de sete desembargadores federais e nada.
Enquanto isso, surgiram o Google, o iPod e o iPhone, Bin Laden detonou as torres gêmeas e foi passado nas armas, mas o processo do servidor continua à espera de quem faça o seu serviço.
.....ELIO GASPARI
MESTRE TALLEYRAND
Uma lição do genial chanceler francês Talleyrand (1754-1838), para quem já ouviu falar em confidencialidade.
Diplomata, sedutor e amigo do alheio, recebeu uma oferta de propina de um empresário russo: "Darei 3.000 rublos a Vossa Excelência e ninguém saberá".
Talleyrand respondeu: "Dê-me 5.000 e conte a quem quiser".
OS TRÊS PS
O consultor Antonio Palocci sabia o risco que corria ao prestar serviços ao Banco Santander. As cláusulas de confidencialidade impedem que o banco conte quanto pagou e quem presenciou as palestras do doutor.
Em 2009, o Santander foi autuado pela Delegacia de Assuntos Internacionais da Delegacia da Receita Federal de São Paulo. Coisa de R$ 4 bilhões. À época, o banco recorreu e informou que tinha "plena confiança nas instituições brasileiras".
A então secretária da Receita Lina Vieira foi defenestrada meses depois. Com ela, saíram o superintendente de São Paulo e a delegada de instituições financeiras.
A banca brasileira gosta de transgredir uma regra das casas tradicionais inglesas e americanas, segundo a qual não se deve fazer negócios com os três Ps: Politicians, Press e Priests (Políticos, Imprensa e Padres).
SIGA O DINHEIRO
De um escorpião:
"A consultoria Projeto, de Antonio Palocci, faturou R$ 20 milhões em 2010. Talvez se deva fazer uma nova pergunta: Para onde foi o dinheiro?"
Em 2005, viu-se que Delúbio Soares, ao contrário de Palocci, arrecadara "quantias não contabilizadas", mas boa parte dos maganos que estão denunciados no Supremo Tribunal Federal nada deram ao comissário. Apenas receberam.
13 ANOS
É dura a vida do cidadão. Em 1995, Jorge Nelson Ribeiro, analista de câmbio do Banco Central, foi responsabilizado por um vazamento de informações.
Retiraram-no do cargo, mandando-o para o serviço de atendimento de balcão.
Satanizado, ele foi à Justiça. Dois anos depois, ganhou direito a uma indenização de R$ 20 mil e à recondução ao posto que ocupava. No seu direito, o BC recorreu.
Passaram-se 13 anos, o caso já passou pela mesa de sete desembargadores federais e nada.
Enquanto isso, surgiram o Google, o iPod e o iPhone, Bin Laden detonou as torres gêmeas e foi passado nas armas, mas o processo do servidor continua à espera de quem faça o seu serviço.
Lealdade de Palocci é ao freguês. E não à Dilma ou à República
- Publicado em 27/05/2011
Por suposição: como se calcularia a "taxa de sucesso" contida nesta foto ?
Saíram na Folha, pág. A4, espantosas declarações do Tony Palocci, aquele a quem o Requião, o Prebisch e o Celso Furtado recusariam o cumprimento.
Primeiro, Tony diz que recebia por “taxa de sucesso” quando aconselhava o freguês sobre “investimentos e fusões”.
Que tipo de conselho um ex-ministro da Fazenda, deputado federal e chefe da campanha da Presidenta Dilma Rousseff poderia dar ao freguês em matéria de investimento ou fusão ?
Compre Vale, venda Petrobras, por exemplo ? Ou, por suposição, dizer ao Itaú que comprar o Unibanco (e chamar de fusão) é uma boa ideia ?
E, como medir o sucesso ? Esperar o Itaú ter lucro dezoito anos seguidos depois de comprar o Unibanco ?
Ou esperar a Petrobras quebrar, como deseja o Globo, para ter “sucesso” ?
“Taxa de sucesso” lá em Marechal a gente chamava de outro nome, não é isso, amigo navegante ?
A outra declaração espantosa, segundo a Folha (*), foi: Ele não revelará os clientes nem que isso tenha “consequências”.
A divulgação dos nomes tornaria as empresas “vulneráveis a perseguição política”. O Ministro é mais leal aos fregueses do que ao Governo a que serve.
Do que ao povo que representa. Do que à República. Este não é o comportamento de um servidor público.
Pouco se lhe dá se a relação entre os fregueses e a “taxa de sucesso” macule o Governo e desonre a República.
A ética do Ministro não é nem a de um empresário escrupuloso.
Quem tem que esconder o nome dos clientes atras de uma parede falsa do apartamento é o dono do Banco Opportunity.
O Ministro tem, sim, que dar o nome dos clientes, dizer que mercadorias lhes entregou.
E nós, blogueiros sujos, vamos perguntar aos fregueses se e por que pagaram “taxa de sucesso”.
Não basta o Ministro convencer os senadores do PT (e este ansioso blogueiro sabe que não convenceu a todos).
Agora, ele vai ter que convencer o Ministério Público Federal e o Ministério Público Federal-DF, na pessoa do respeitado Procurador José Rocha Junior.
E, por fim, vai ter que convencer a Presidenta Dilma Rousseff.
Paulo Henrique Amorim
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