sábado, 25 de junho de 2011

Avança a ditadura do mercado

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São Paulo, sábado, 25 de junho de 2011


Avança a ditadura do mercado


CLÓVIS ROSSI


A UNIÃO EUROPEIA deu mais um passo no rumo da ditadura dos mercados: exige que todos os partidos gregos respaldem o pacote de austeridade (o segundo em um ano) a ser votado em princípio no dia 28.
A chanceler alemã Angela Merkel teve o descaramento de dizer ao líder oposicionista grego Antonis Samaras, conservador como ela, que a oposição deveria "honrar sua responsabilidade histórica".
Traduzindo: ou todo o mundo abaixa a cabeça e aceita a imposição do novo pacote ou os dissidentes serão irresponsáveis.
Fico imaginando a gritaria se a presidente Dilma Rousseff exigisse que a oposição apoiasse, digamos, o sigilo eterno para documentos oficiais e/ou o sigilo para os orçamentos da Copa e da Olimpíada. Mas sobre a exigência equivalente dos mercados, silêncio ensurdecedor.
O leitor pode estranhar que eu diga exigência dos mercados quando ela foi formulada pelos governos dos 27 países da União Europeia (o grego incluído).
Acontece que eles estão apenas cedendo à chantagem dos mercados sobre a Grécia, que toma a forma de juros cada vez impossíveis de pagar, o que cria o risco de calote, que, por sua vez, afetaria bancos europeus, especialmente da Alemanha e da França, os países que têm voz de comando na UE.
A oposição grega reagiu com lógica. "Me pedem que apoie uma medicação para alguém que está morrendo por culpa dessa mesma medicação", disse Samaras.
Bingo: a situação na Grécia só fez piorar desde que foi adotado, há um ano, o primeiro programa de austeridade. O desemprego, por exemplo, aumentou 50%, para os obscenos 16% atuais.
Em linha com Samaras, a revista "The Economist" ironiza: "A União Europeia parece ter adotado uma nova regra: se um plano não está funcionando, agarre-se a ele".
Mais do que agarrar-se a ele, dobra a aposta: depois de uma inspeção, que durou até a madrugada de anteontem, exigiu adicionais € 5,5 bilhões de cortes/aumentos de impostos, o que dá cerca de 20% mais de dor no pacote de € 28 bilhões, a ser votado no dia 28.
Que a Grécia precisa fazer um ajuste duro, ninguém nega. Mas há pontos no programa que parecem responder mais à inércia ideológica do que a busca de resultados. Exemplo: cortar 150 mil dos 700 mil empregos públicos. Que deve haver inchaço, deve. Em todos os países há. Mas um relatório ontem divulgado pela OCDE, o clubão dos 33 países mais ricos do mundo (o Brasil só não está porque não quer), mostra que a Grécia tem uma das taxas mais baixas de emprego público: só 7,9% de sua força de trabalho está no setor estatal, quando a média da OCDE é de 15%.
Bem feitas as contas, o bom senso nesse caso está com o sindicalismo, o suspeito de sempre de defender o gasto público:
"O sindicalismo europeu também considera necessário, como é óbvio, reduzir os níveis da dívida e do déficit públicos. A diferença está nos prazos, nos instrumentos e na repartição social do peso [do ajuste]. É inaceitável que toda a carga fique com os trabalhadores e os setores sociais de menor renda", diz o espanhol Ignacio Fernández Toxo, presidente da Confederação Europeia de Sindicatos.



FINANÇAS ESMAGAM A DEMOCRACIA GREGA: 75%  SÃO CONTRA O ARROCHO

Pesquisa realizada na última 6º feira, segundo a Reuters, mostra que 75% da população, ¾ da sociedade grega, é contra a política de arrasa-terra acertada pelo governo Papandreu com os credores, em troca de mais uma tranche de 12 bi de euros, recursos basicamente destinados a pagar débitos a vencer. Eles precisam tampar seus ouvidos para todas as críticas que estão recebendo e fazer o seu trabalho",disse Miltiadis Papaioannou,  ministro da Justiça da Grécia, aos parlamentares sobre as medidas que serão submetidas ao Congresso dias 29 e 30. Além de privatizações, aumento de impostos, cortes de salários e aposentadorias, o ‘ajuste' estabelece a demissão em massa de 150 mil funcionários públicos, 22% de todo efetivo, com piora dos serviços essenciais. Greve geral marcada para os dias 27 e 28 pretende destampar os ouvidos parlamentares para que possam ouvir as ruas.
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Encontro debate governos de esquerda e progressistas na América Latina e Caribe

Representantes dos governos progressistas, partidos de esquerda e acadêmicos da América Latina e Caribe debaterão experiências socialistas nos respectivos governos, as mudanças geopolíticas e a crise do capitalismo no mundo, com a participação do público brasileiro. Encontro será realizado de 30 de junho a 2 de julho, no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), Cidade Universitária, Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro.

Estão confirmados conferencistas e debatedores de Venezuela, El Salvador, Equador, México, Paraguai, Peru, Porto rico, Argentina, Brasil, Colômbia, Chile e Cuba.

Informações sobre a programação e inscrições podem ser encontradas no site do evento e no portal das Fundações Perseu Abramo e Mauricio Grabois e nos canais de comunicação do PT e do PCdoB .

A programação completa do encontro

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