quinta-feira, 23 de junho de 2011

Obama acelera a retirada do Afeganistão

Na verdade, há tempos já haviam reconhecido internamente, mas não admitido publicamente, que a Guerra do Afeganistão era  uma guerra perdida.

Nos último anos os guerrilheiros Talebans viraram a mesa e estavam recuperando terreno.


Como já havia registrado, o Afeganistão transformou-ne num outro Vietnam para os EUA.

A maior potência militar da história sai, mais uma vez, derrotada!







São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 2011

Obama acelera a retirada do Afeganistão

ALVARO FAGUNDES

DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou ontem a retirada de 10 mil militares americanos do Afeganistão já neste ano e de mais 23 mil até setembro do ano que vem.
A decisão representa a saída dos 33 mil oficiais que foram enviados no fim de 2009, quando a administração decidiu mudar o foco do Iraque para o Afeganistão, e vai ocorrer em um ritmo mais rápido que o desejado pelo comando militar dos EUA.
Segundo Obama, a maior parte das tropas americanas (hoje em cerca de 100 mil) deve deixar o país até 2014, entregando o comando das forças de segurança para o governo afegão.
"Os desafios persistem. Este é o começo, mas não o fim, dos nossos esforços para encerrar essa guerra", disse Obama ao anunciar o plano, ressaltando que a Al Qaeda nunca enfrentou tanta pressão como agora.
Os militares, entre eles, o general David Petraeus (comandante das forças dos EUA e da Otan no Afeganistão e que vai assumir a CIA), queriam que a maioria desse pessoal que vai voltar continuasse até o fim de 2012.
Obama, no entanto, sofre a pressão do seu partido, que cobra a retirada de uma guerra impopular (em que mais de 1.600 americanos morreram) e que consome bilhões de dólares quando os EUA vivem uma crise fiscal.
Segundo pesquisa divulgada nesta semana, 56% dos americanos querem a retirada das tropas do Afeganistão o mais "rápido possível" - patamar recorde desde que o levantamento teve início e que cresceu após a morte de Osama bin Laden, em 1º de maio.
Obama entrará em campanha pela reeleição no ano que vem, quando também será pressionado pelo mau momento da economia.

GASTOS
Os EUA devem gastar US$ 118 bilhões com a guerra do Afeganistão neste ano e mais US$ 113 bilhões em 2012. Segundo dados de março do Serviço de Pesquisa do Congresso, os EUA já gastaram US$ 444 bilhões com as operações desde 2001.
"Agora temos que investir no principal recurso dos EUA: o seu povo", disse Obama. "É a hora de priorizar a construção da nação aqui em casa."
A retirada de pelo menos 30 mil militares pode significar que o governo americano está recuando das suas ambições na região.
Em 2009, Obama disse que as prioridades dos EUA eram não só o combate à Al Qaeda e ao Taleban, mas também permitir que o Afeganistão pudesse organizar seu governo e sua segurança.
Ao chegar ao poder, há dois anos, Obama priorizou a guerra no país em relação à do Iraque. Mesmo com a retirada, os EUA terão 68 mil soldados no Afeganistão em 2012, quase o dobro do que havia no fim da gestão George W. Bush (2001-2009).


ANÁLISE

Militares são os grandes derrotados em decisão que privilegiou política e dinheiro

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

Ao anunciar uma retirada do Afeganistão mais rápida do que o esperado, o presidente Barack Obama se rendeu à pressão da população americana e do Orçamento dos EUA.
De olho na campanha para reeleição em 2012, ele decidiu ouvir as pesquisas de opinião e a gritaria sobre o tamanho do deficit americano, em vez de acolher as recomendações dos militares.
Segundo uma pesquisa do Pew Research Institute divulgada na segunda-feira, 56% dos americanos "acham que os EUA devem retirar suas tropas do Afeganistão o mais rápido possível."
Com a morte do líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, no dia 1º de maio, a guerra ficou ainda mais difícil de ser justificada. Até os republicanos, para os quais uma retirada rápida do Afeganistão sempre foi anátema, mudaram de lado.
Fora falcões como o senador John McCain, a maioria dos republicanos questiona os gastos do governo na guerra. Mitt Romney, presidenciável republicano que lidera as pesquisas, afirmou: "Nossas tropas não deveriam ficar travando uma luta pela independência de outro país".
Para completar, Obama está de olho na saúde da economia americana, o tema que realmente deve decidir a eleição de 2012.
O déficit público dos EUA está estimado em US$ 1,6 trilhão neste ano. A guerra no Afeganistão se tornou um alvo óbvio para cortes - ela custa US$ 110 bilhões por ano.
Os militares foram os grandes perdedores na decisão de Obama. O general David Petraeus, responsável pelas operações no Afeganistão, havia recomendado uma retirada muito mais gradual.
E, mesmo assim, a retirada mais acelerada não vai contentar muita gente.
Até o fim de setembro do ano que vem, sairão 33 mil soldados - o contingente que foi enviado por Obama durante a escalada de tropas ordenada por ele em 2009.
Restarão 68 mil militares no país. Isso é quase o dobro de soldados americanos que estavam no Afeganistão quando George W. Bush deixou o governo (36 mil).
O senador republicano Richard Lugar fustigou: deveríamos ter só operações de contraterrorismo na região e, para isso, não mais de 20 a 30 mil soldados são necessários.

São Paulo, domingo, 19 de junho de 2011


Líder afegão diz que EUA dialogam com Taleban

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, disse ontem que os EUA estão dialogando com o Taleban. É a primeira vez que um membro de alto escalão de países envolvidos na guerra contra a insurgência afegã admite abertamente a existência dessas conversas. "As negociações começaram, e queira Deus que elas continuem", disse Karzai.
Em 2001, semanas após o 11 de Setembro, os EUA e aliados invadiram o Afeganistão em busca do terrorista Osama Bin Laden (morto pelos americanos no Paquistão há cerca de um mês) e varreram do poder o regime Taleban, que o abrigava.
Nos anos seguintes, o Taleban recuperou o controle de boa parte do país. A popularidade dos insurgentes está em alta devido às recorrentes mortes de civis afegãos causadas pelos americanos.

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