quarta-feira, 29 de junho de 2011

Grécia: Toda Atenas transforma-se em palco de uma verdadeira batalha campal depois de aprovação do plano de arrocho

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GRÉCIA EM FÚRIA: REVOLTA TOMA CONTA DAS RUAS APÓS A APROVAÇÃO DO PLANO DE ARROCHO.

ATENAS É PALCO DE UMA VERDADEIRA BATALHA CAMPAL. SEU COMBUSTÍVEL É A CONSCIÊNCIA DE QUE A SUPREMACIA  DOS MERCADOS FINANCEIROS É INCOMPATÍVEL COM  A SOBREVIVÊNCIA DA DEMOCRACIA E DA SOCIEDADE.
 

Um cenário de destruição envolvido por espessa nuvem de gás lacrimogênio. Essa é a fotografia-síntese da reação popular à rendição das elites políticas que abriram guerra contra a sociedade ao sancionarem um plano de arrocho que subtrai 1/3 do PIB da Grécia para pagamentos aos credores do país. Inicialmente circunscrita às imediações da praça Sintagma, sede do Parlamento, a revolta agora se alastra por todos os bairros. Atenas é uma tocha de revolta, repressão, bombas e centenas de focos de incêndio.

Todos os médicos da cidade foram convocados para atendimento aos feridos e intoxicados pelo bombardeio de gás lacrimogênio
que atingiu sobretudo centenas de pessoas encurraladas na estação do metrô próxima do Parlamento. A violência dos conflitos, que deixa um rastro de destruição em todos os equipamentos urbanos do centro da capital, já leva alguns observadores a temerem pelo futuro do governo Papandreu. Dele ou de qualquer outro que venha a sucedê-lo, mantido o acordo draconiano assinado com os credores. A população grega condensa um aprendizado que a crise financeira propiciou de forma fragmentada à opinião pública mundial: a lógica das finanças desreguladas é antagônica com a lógica da sobrevivência individual e coletiva.
Esse aprendizado fulminante fez da Grécia um ponto de mutação na longa convalescência da crise mundial. Numa sociedade ferida e espoliada, a sobrecarga de sacrifícios equivalentes a reparações de guerra impostas por tropas de ocupação, mistura-se à consciência do esgotamento de um governo, de um regime e de uma ordem financeira que nada mais tem a oferecer, exceto sacrifício econômico e regressão social. Essa mistura letal pode sustentar uma longa e incontrolável série de rebeliões. Nesta 5º feira o Parlamento pretende votar a implantação do arrocho exigido pelos credores e pelo FMI: cronograma de privatizações, demissões, cortes de serviços essenciais, redução de salários e elevação de impostos. A ver.




Cercado por multidão, parlamento grego aprova plano do FMI

Esquerda.net

O plano de austeridade passou por 155 votos contra 138, tendo um deputado do PASOK (Socialista) votado contra o seu partido e um deputado da oposição apoiado o plano do governo.

Nas ruas, milhares de pessoas manifestaram-se contra o novo plano de austeridade, no segundo dia de greve geral. Foi a primeira vez desde o fim da ditadura militar que os gregos entraram em greve por mais de 24 horas.

A noite de terça-feira ficou marcada por confrontos nas ruas entre a polícia e grupos de manifestantes e mesmo depois do anúncio da votação têm-se repetido as cenas de violência. Milhares de policiais foram destacados para a zona do parlamento e dispararam gás lacrimogêneo e balas de borracha sobre os manifestantes. Depois das dezenas de feridos nos confrontos de terça-feira, a praça Syntagma voltou hoje a ser transformada num campo de batalha, com milhares de pessoas em fuga e a polícia a tentar encurralá-las nas ruas mais estreitas daquela zona da cidade. O correspondente da BBC em Atenas afirma que bombas de gás lacrimogêneo foram atiradas para a estação do metro, fazendo diversas pessoas cair nas escadas, sufocadas. Cerca de 500 pessoas receberam assistência no interior da estação, com problemas respiratórios devido à nuvem de gás que percorria o centro de Atenas. O uso de gás lacrimogêneo em larga escala foi também tema de debate no parlamento, com os deputados criticando as ordens dadas nesse sentido às forças policiais e a apelarem ao fim da "guerra química" travada à porta do edifício enquanto decorria a votação. Após a votação, os confrontos estenderam-se até junto do edifício do ministério das Finanças, que acabou por ficar parcialmente incendiado.

A sociedade grega já vive os efeitos do primeiro pacote de medidas que foi posto em marcha com a primeira parcela do empréstimo e que levou ao corte de 10% nos salários dos 800 mil trabalhadores do setor público. Com o novo plano, ao fim de três anos de recessão, a imprensa de Atenas calcula que cada família terá de pagar mais 2795 euros por ano, mais ou menos o rendimento médio mensal das famílias gregas. "Os manifestantes sentem que o primeiro memorando agravou a crise", diz Stathis Kouvelakis, professor de economia política em Londres, que sublinha o simbolismo das imagens de manifestações em frente ao parlamento que têm corrido o mundo. "É o sistema político contra o povo. Existe uma ruptura de legitimidade profunda", declarou o investigador ao diário francês Le Monde.

A pressão da opinião pública e a irredutibilidade da oposição no parlamento trouxeram mais expectativa quanto ao comportamento dos deputados da maioria PASOK nesta votação, que acabou por decorrer favoravelmente aos planos da troika. A chanceler alemã Angela Merkel reagiu de imediato ao anúncio do resultado, classificando-o como "uma excelente notícia". Na próxima semana, o parlamento alemão irá votar as garantias bancárias para esta parcela do empréstimo à Grécia.

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