O Globo OnLine, 11 de julho de 2011
Médica acusada de racismo em Sergipe é condenada a indenizar funcionário da Gol em R$ 10 mil
ARACAJU – A médica Ana Flávia Pinto Silva foi condenada pelo Tribunal de Justiça de Sergipe a pagar R$ 10 mil de indenização ao funcionário da Gol, Diego José Gonzaga, informou o site Emsergipe.
Em outubro de 2009, no Aeroporto Santa Maria, em Aracaju, um vídeo feito por celular e divulgado pela internet mostrou Ana Flávia chamando Diego de ‘nego’, ‘morto de fome’ e ‘analfabeto’, além de humilhar outros funcionários da companhia aérea por ter chegado atrasada para o check-in de um voo para a Argentina, onde passaria lua-de-mel.
Segundo decisão tomada esta manhã pela 3ª Vara Criminal do Fórum Gumercindo Bessa, a médica também não poderá sair de casa após às 22h durante dois anos e, neste mesmo período, não poderá sair do estado por mais de 30 dias.
- Entendemos que houve justiça. Ela terá que indenizar a vítima além de sofrer com sanções perante a sociedade – disse o promotor João Rodrigues Neto, responsável pela denúncia.
- O fato nunca será esquecido, a humilhação foi grande, mas fico feliz por houve justiça. Tenho certeza que ela vai pensar duas vezes antes ofender alguém, ela vai pagar pelo que fez. Que isso sirva de lição para as outras pessoas – disse Diego.
Recordando:
Polícia investiga caso de racismo contra funcionário da Gol no aeroporto de Aracaju
Publicada em 04/11/2009 às 21h54m
EmsergipeARACAJU - A Polícia Civil de Sergipe investiga uma médica acusada de ter ofendido com palavras racistas um funcionário da empresa aérea Gol, no Aeroporto Santa Maria, em Aracaju. Em um vídeo feito por celular e divulgado pela internet, Ana Flávia Pinto Silva aparece chamando Diego José Gonzaga de 'nego', 'morto de fome' e 'analfabeto', além de humilhar outros funcionários da companhia aérea por ter chegado atrasada para o check-in de um voo para a Argentina, onde passaria lua-de-mel. (TV Sergipe: Veja imagens da confusão provocada pela médica no aeroporto de Aracaju )
O caso aconteceu no saguão do aeroporto, na semana passada, e provocou revolta em movimentos negros de Sergipe. Segundo a delegada Georlize Teles, Delegacia de Grupos Vulneráveis, que investiga o caso, o voo para a Argentina estaria programado para sair por volta das 5h e a passageira teria chegado ao balcão para fazer o check-in por volta das 4h30m.
- O tempo não era suficiente para ela embarcar, pois o check-in de voos internacionais é feito aproximadamente duas horas antes do embarque - ressalta a delegada.
Ela diz que o delegado plantonista Washington Okada, que registrou a ocorrência, interrompeu a apuração do caso e não prendeu Ana Flávia em flagrante, devido à complexidade do caso e dos vários depoimentos conflitantes.
- O crime é inafiançável, mas como ele (delegado) não conseguiu configurar o crime, resolveu liberar a médica. Neste momento, não há como pensar mais em fiança - ressalta.
A delegada disse que vai pedir a fita das gravações do circuito de segurança do aeroporto.
- Quero checar os horários e se as câmeras registraram o problema. Não posso descartar o uso das imagens veiculadas na internet, em virtude da repercussão que o caso tomou. Enquanto isso, vou ouvir o depoimentos dos envolvidos e das testemunhas.
O Boletim de Ocorrência, registrado preliminarmente na Delegacia de Plantão de Aracaju relata que a médica teria invadido o espaço destinado aos funcionários da companhia aérea após ser informada de que não poderia embarcar. Em depoimento à polícia, o supervisor da Gol disse que a médica teria ficado descontrolada e gritado que a viagem para a Argentina seria de lua de mel. Em seguida, ainda de acordo com o depoimento do funcionário da Gol, ela passou a quebrar objetos do balcão da empresa e a jogar papéis no chão.
Na tarde desta quarta-feira, o advogado Emanuel Cacho assumiu a defesa de Ana Flávia Pinto e defendeu sua cliente.
- Ela estava sobre um estado traumático vindo do casamento. Ela pede desculpas as pessoas e a sociedade pelo que ocorreu - destaca o advogado.
Em nota, a médica disse que "o episódio foi fruto de um somatório de circunstâncias as quais me afetaram emocionalmente, induzindo-me a uma situação de extremo estresse" e que "minhas atitudes, em nenhum momento, foram revestidas de qualquer tipo de preconceito contra quem quer que seja". Ela ainda acrescenta que fez o check in "'depois de uma noite atribulada em razão do estresse, ansiedade e desgaste físico relacionados às fases antes, durante e pós núpcias".
No fim da nota, a médica pede "desculpas ao funcionário da Gol , Diego José Gonzaga, e a toda sociedade sergipana pelo lamentável episódio" e disse que se coloca "à inteira disposição da justiça para os esclarecimentos que se fizerem necessários".
Segundo a delegada da Delegacia de Grupos Vulneráveis, Georlize Oliveira, a delegacia tem feito uma apuração isenta e técnica para que o Ministério Público e o Judiciário possam se estabelecer com elementos suficientes. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também resolveu entrar no caso e nesta quinta-feira vai acompanhar o depoimento do funcionário da empresa aérea na delegacia.
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