São Paulo, sábado, 09 de julho de 2011
Kassab diz agora que tirará biblioteca e teatro do Itaim
EVANDRO SPINELLI
VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO
Ao contrário da promessa original do prefeito Gilberto Kassab (PSD), a biblioteca Anne Frank e o teatro Décio de Almeida Prado, recém-reformados, não ficarão no terreno do Itaim Bibi (zona oeste de SP) que a prefeitura quer trocar por creches. (Este justificativa de trocar por creches é uma grande mentira. Vejam matéria anterior sobre Kassab! (Ivan))
Desde que anunciou, em dezembro, a intenção de negociar o chamado "quarteirão da cultura", Kassab disse que todos os equipamentos públicos existentes na área seriam mantidos. Apenas a Apae seria transferida para outros dois terrenos, a pedido da própria instituição.
Ontem, dias após a aprovação pela Câmara Municipal do projeto que permite a venda do terreno, Kassab mudou sua versão. Segundo ele, a biblioteca e o teatro não serão mantidos. Como compensação, a empresa que vencer a licitação terá de construir três complexos com essas mesmas instalações em bairros periféricos.
"É mais positivo para a cidade. É importante registrar: essa foi uma decisão técnica. Haverá três equipamentos onde a demanda é muito maior, seja em relação ao teatro ou à biblioteca."
A Anne Frank foi reformada no fim do ano passado. A reforma do teatro nem foi concluída - a inauguração está prevista para este mês.
"O recurso utilizado naquela reforma no Itaim será revertido, recuperado agora, com a licitação da área. A empresa que comprar a área vai ter, no preço [que pagar], o reembolso daquele valor", disse Kassab, esclarecendo que o reembolso será "em creche", não em dinheiro. O secretário da Cultura, Carlos Augusto Calil, disse que a biblioteca "é muito pouco frequentada".
Segundo a secretaria, passam ali por mês uma média de 5.600 usuários. A biblioteca Viriato Correa, na Vila Mariana, temática em literatura fantástica, recebe 8.000.
NOVA FUNÇÃO
Calil avalia que as bibliotecas de bairro mudaram de perfil nas últimas décadas. Antes, elas complementavam a formação dos alunos da rede pública. Agora, diz o secretário, as próprias escolas têm bibliotecas.
"A função original de formação [das bibliotecas de bairro] passou a ser outra. A Anne Frank não tem grande frequência porque naquele bairro, justamente, a população se beneficia de outros meios", disse o secretário.
João Buonavita, bibliotecário da Anne Frank, diz que as crianças da escola que fica no mesmo terreno frequentam muito a biblioteca. "É como se fosse a casa delas, sentam no jardim para ler. As professoras sempre trazem as crianças para as atividades que oferecemos."
Além dos livros, a biblioteca tem um armário com cerca de 2.000 itens, entre fotos e documentos, sobre a história do bairro do Itaim Bibi.
O secretário da Cultura disse que o acervo da Anne Frank será distribuído. Já o acervo de história do bairro ele disse que pode ser realocado. "Pode passar para o parque do Povo, tem maneiras de resolver isso."
Helcias Padua, coordenador do movimento SOS Itaim Bibi, criticou a medida. "É uma aberração, um absurdo. A cada momento eles mudam de posição", disse.
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