segunda-feira, 11 de julho de 2011

A última edição do 'News of the World' saiu com 5 milhões de cópias

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São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 2011


Última edição de tabloide sai com 5 milhões de cópias
DE LONDRES

"Obrigado e adeus", estampava a capa da última edição do "News of the World". Logo abaixo: "Depois de 168 anos, nós finalmente damos um triste, mas muito orgulhoso adeus a nossos 7,5 milhões de leais leitores".
Foi o fim de um jornal que vendia 2,7 milhões de exemplares aos domingos.
Segundo informações preliminares, a despedida foi lida por mais gente ainda. Teriam sido impressas 5 milhões de cópias, e no começo da tarde a maioria das bancas e supermercados de Londres já não tinha mais nenhum exemplar.
A edição teve 120 páginas, 48 delas num caderno para colecionar com as principais manchetes do tabloide.
Estão lá desde a primeira delas, de 1º de outubro de 1843, passando pela tragédia do Titanic, em 1912, a entrada dos britânicos na Segunda Guerra Mundial, em 1939, e a morte de Diana, em 1997.
Há também várias manchetes para infidelidades e flagrantes de consumo de drogas por políticos, artistas e jogadores de futebol.
O tom no editorial e nos textos de despedidas dos colunistas era o mesmo: o "News of the World" era uma tradição no Reino Unido, um jornal que relatava a história, mas também fazia a história, quando, por exemplo, realizava campanha por penas mais severas contra molestadores sexuais de crianças.
Mas, como reconhece o editorial, o "News of the World" "perdeu seu caminho" e cometeu erros "injustificáveis" no caso das escutas ilegais.
O colunista Fraser Nelson escreveu que alguns políticos devem estar deliciados com o fim do tabloide, que era uma das "mais formidáveis forças da vida britânica, ao cobrar responsabilidades de ricos e poderosos".
O "NoftW" anunciou que toda a renda dessa última edição será entregue a instituições de caridade.
Não houve nenhum anúncio publicitário, uma vez que muitas empresas suspenderam suas campanhas com o jornal devido ao escândalo.
No lugar deles, mensagens de ONGs que cuidam de crianças, portadores do HIV, famélicos da África.
Nas páginas que não falavam da despedida, algumas das tradições do velho "NoftW": mulheres de biquíni (no caso, a atriz Gwyneth Paltrow) e a história de um repórter disfarçado que conversou com um homem acusado de traficar búlgaras para se prostituírem no país. (VM)
Cresce pressão para abortar negócio de TV de Murdoch

Max Nash/France Presse

Murdoch e Rebekah Brooks saem da casa dele em Londres, ontem

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Afundado num escândalo de escutas e corrupção de policiais, o jornal "News of the World", de maior circulação aos domingos no Reino Unido, teve ontem sua última edição. Mas os problemas de seu proprietário, o magnata australiano Rupert Murdoch, estão longe de acabar. Murdoch chegou ontem a Londres para acompanhar de perto o escândalo, que ameaça a expansão de seu império. É um conjunto de empresas de comunicação em quase todo o mundo com ativos de US$ 60 bilhões (R$ 93 bilhões). Só de jornais, são cerca de 200 títulos.
Ao fechar o tabloide, ele esperava esfriar o caso e continuar o projeto de compra dos 61% que não detém da BSkyB, maior provedora de TV por assinatura no Reino Unido. O negócio é estimado em US$ 12 bilhões (R$ 18 bilhões).
Não foi o que houve, e ontem cresceu a pressão para que o governo vete a negociação. Antes já havia a crítica de que a compra fere a lei da livre concorrência e concentra a produção e distribuição de informação, uma vez que Murdoch é dono de canais de TV, provedora de internet e mais três jornais no Reino Unido """The Sun", "The Times" e "The Sunday Times". Agora há as escutas, a corrupção e a acusação de que executivos do grupo mentiram para encobrir o caso.
O Partido Trabalhista, de oposição, disse que apresentará nesta semana proposta a ser votada no Parlamento que impediria o governo de autorizar o negócio antes do final da investigação policial.
"Espero que o governo mude sua posição sobre isso [a autorização para a compra], ou vamos ter que forçar um voto sobre o assunto na Câmara dos Comuns", afirmou Ed Miliband, líder do partido.
Alguns membros do Partido Liberal Democrata, que compõe a coalizão que governa o país, já disseram que votam a favor de uma medida para adiar o negócio. Como a investigação pode demorar até dois anos, isso praticamente enterraria a transação.
Logo após chegar, Murdoch, 80, se reuniu com Rebekah Brooks, que era editora chefe do "News of the World" quando, segundo a polícia, começaram as escutas ilegais das caixas postais.
O empresário disse que Brooks é sua "prioridade". Ela é hoje executiva-chefe do braço que cuida de seus jornais no Reino Unido, e há pressão para que se demita.
Rebekah, que é amiga do primeiro-ministro David Cameron, assim como manteve amizade com ex-premiês, afirma que nunca teve conhecimento das escutas.
Ontem, a BBC ""canal público britânico"" divulgou que a polícia teve acesso a e-mails que mostram detalhes do esquema das escutas telefônicas e do pagamento de policiais pelo jornal.
As correspondências indicariam a participação de vários profissionais e derrubariam a versão da empresa de que se tratava de um caso isolado, sem o conhecimento da cúpula da publicação.
Mais problemático ainda, se os e-mails forem autênticos, eles provam que executivos mentiram para a polícia e para o Parlamento.

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