segunda-feira, 18 de julho de 2011

Repórter que denunciou grampos do tablóide de Murdoch é encontrado morto

UOL, 18/07/2011 - Atualizada 17h28

Jornalista que denunciou escutas ilegais do "News of the World" é encontrado morto

 
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Sean Hoare, jornalista que denunciou os grampos ilegais do tabloide de Rupert Murdoch
Sean Hoare


Sean Hoare, o primeiro repórter do tabloide "News of the World" a afirmar que Andy Coulson, ex-chefe de comunicação do gabinete do primeiro-ministro britânico, David Cameron, estava ciente de que sua equipe estava fazendo escutas ilegais, foi encontrado morto nesta segunda-feira (18), segundo o jornal "The Guardian".

Hoare, que também trabalhou no "The Sun", tabloide que também é de propriedade da News Corp., foi dispensado por problemas com bebidas e drogas. Ele foi encontrado morto em sua casa em Watford, no condado de Hertfordshire, na Inglaterra. As causas da morte ainda não foram explicadas, mas até o momento a polícia não trabalha com a hipótese de que tenha alguma relação com o escândalo. Segundo a agência de notícias Associated Press, a polícia chegou à casa do jornalista às 10h40 (horário local), após ser notificada de que o paradeiro de Hoare era desconhecido - e já o encontrou morto.

"A morte da vítima está sendo tratada como inexplicável, ainda não há suspeitos. A investigação está em andamento", disse a polícia em um comunicado.

Hoare não só confirmou que Coulson sabia do esquema dos grampos ilegais como disse que ele encorajava a equipe a grampear os telefones de celebridades e políticos britânicos. Em entrevista à BBC, ele disse que foi pessoalmente persuadido por Couslon para grampear os telefones. Na semana passada, Hoare voltou a contar mais detalhes sobre o escândalo, afirmando que os repórteres do tabloide britânico tinham a liberdade de localizar as pessoas usando os celulares em troca do pagamento de propina aos policiais.

Hoare tinha problemas com drogas e álcool, mas estava em um programa de reabilitação. "Isso é irrelevante", disse ele, dias atrás, sobre seu histórico em entrevista ao jornal "The New York Times". "Há mais por vir. Isso não vai simplesmente passar", completou.
Colson nega todas as acusações do repórter. Ele chegou a ser preso na semana passada mas foi posto em liberdade horas depois.



VEJA: O MÉTODO MURDOCH
 
Rupert Murdoch comparece ao Parlamento britânico nesta 3º feira para prestar contas sobre um império construído à base de grampos, dossiês, subornos, chantagens, conluio policial e destruição de reputações a serviço do preconceito e do ódio conservador. Oito jornalistas já foram detidos; a cúpula da polícia inglesa caiu; o primeiro-ministro David Cameron está encurralado diante das evidencias de um intercurso obsceno entre os interesses do seu governo e os do grupo Murdoch. Por fim, o autor das primeiras denúncias contra o método Murdoch de jornalismo foi encontrado morto, nesta 2º feira, em sua residência.
O Parlamento britânico prestaria um inestimável serviço à liberdade de imprensa se fosse além das circunstancias policiais suscitadas pelo escândalo que já atravessou o oceano e argui as relações entre a Fox News de Murdoch e a extrema direita do Tea Party nos EUA. É necessário dar voz às questões que o conservadorismo em geral, e a mídia  brasileira, em particular, quer tangenciar: o ovo que gerou a serpente chama-se oligopólio midiático.

A ausência de um ordenamento regulatório que assegure o discernimento da sociedade com base no equilíbrio e na pluralidade de opiniões, consolidou a excrescência de um método que tomou de assalto o  jornalismo para fazer dele uma arma contra a democracia.

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