Camareira mentiu sobre detalhes da acusação contra Strauss-Kahn
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
"A autora da queixa, desde então, admitiu que o depoimento era falso e que, logo depois do incidente no quarto 2086, passou a limpar um quarto próximo e só depois fez o mesmo no 2086, antes de denunciar o caso a seus supervisores", indicaram os promotores, segundo documentos do tribunal.
Mario Tama/France Presse | ||
Ex-diretor do FMI Dominique Strauss-Kahn deixa corte de NY ao lado da mulher; ele foi libertado sem fiança |
Na carta enviada pela promotoria, afirma-se que a suposta vítima deixou o quarto e limpou outro cômodo antes de denunciar a suposta agressão, ao invés de, em pânico, ter corrido imediatamente à gerência, como antes afirmara.
"No curso da investigação, a acusadora mentiu aos promotores distritais assistentes sobre vários outros assuntos, incluindo sua história, experiências prévias, circunstâncias presentes e relacionamentos pessoais", diz um trecho do documento.
Segundo Benjamin Brafman, um dos advogados de defesa do francês, Strauss Kahn será declarado inocente.
Os últimos elementos relacionados ao caso "reforçam nossa convicção de que será declarado inocente (...). É um grande alívio", disse.
A justiça nova-iorquina suspendeu nesta sexta-feira a prisão domiciliar de Strauss-Kahn, mas as acusações por crimes sexuais abertas contra ele não foram abandonadas.
REVIRAVOLTA
O Tribunal Penal de Nova York libertou nesta sexta-feira o ex-diretor-gerente do FMI que estava há um mês e meio em prisão domiciliar.
Strauss-Kahn foi libertado sem fiança - o que indicaria que as acusações são menos graves do que as inicialmente apresentadas.
O canal de TV americano CNN diz ainda que há algumas condições para a libertação do francês, que continua sem o passaporte e deve voltar para novas audiências. As acusações não foram derrubadas e ele continua sendo processado.
A TV mostrou imagens de Strauss-Kahn deixando a corte, sorrindo, ao lado da mulher.
O caso de Strausss-Kahn sofreu uma reviravolta na noite de quinta-feira quando o jornal "The New York Times" revelou, com fontes ligadas ao caso, que havia fortes suspeitas sobre a credibilidade da vítima.
Estas suspeitas teriam sido apresentadas na audiência desta sexta-feira, o que teria resultado na libertação do francês.
ACUSAÇÕES
Strauss-Kahn, 62, foi preso em 14 maio sob suspeita de abuso sexual, tentativa de estupro, ato sexual criminoso, aprisionamento ilegal e toque violento contra uma camareira de 32 anos do luxuoso Hotel Sofitel, em Nova York. Ele nega as acusações.
O escândalo o levou a renunciar ao cargo no FMI e acabou com suas chances de concorrer à Presidência francesa em 2012, à qual era um dos favoritos.
Na noite de quinta-feira, contudo, o "NYT" afirmou, com base em fontes anônimas, que a suposta vítima mentiu sobre o incidente repetidas vezes.
Os advogados de defesa apuraram que a camareira recebeu depósitos que somaram US$ 100 mil nos últimos dois anos - em suposta evidência de que ela teria sido paga para inventar a acusação.
Todd Heisler/France Presse | ||
Strauss-Kahn (segundo da dir. para a esq.) durante audiência; francês foi libertado mas não pode sair dos EUA |
Os promotores teriam ainda conversas gravadas da camareira com indivíduos sobre o pagamento pela acusação de agressão sexual, destaca o jornal.
A polícia descobriu ainda supostos vínculos da vítima, uma guineana de 32 anos, com atividade criminosa, incluindo lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. A mulher também teria mentido para obter seu visto de permanência nos Estados Unidos.
Segundo o "New York Times", as novas evidências poderiam resultar na libertação de Strauss-Kahn.
"É um desastre, um desastre para ambas as partes", disse um funcionário ao jornal.
CASO
A camareira alega ter entrado no quarto achando que não havia ninguém e que Strauss-Kahn saiu do banheiro nu, em sua direção. Ele a teria agarrado e tentado colocar seu pênis na boca da camareira por duas vezes, além de impedir que ela deixasse o local.
Após ser detido em um avião quando se preparava para voltar à França, Strauss-Kahn passou duas noites em uma delegacia do Harlem e quatro na prisão de Rikers Island, antes de conseguir mudar para a prisão domiciliar em um luxuoso apartamento de Manhattan, depois de pagar uma fiança de um milhão de dólares.
Além de pagar US$ 1 milhão de fiança e mais US$ 5 milhões em caução, o ex-diretor do FMI foi obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica, restringir-se a um regime de saídas e visitas muito rígido e entregar todos seus documentos de viagem.
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