A POESIA MATUTA DE RENATO CALDAS
O poeta Renato Caldas nasceu em Assu/RN, no dia 08 de outubro de 1902. Durante a II Guerra Mundial trabalhou em Parnamirim/RN. Depois trabalhou no DNOCS e no DER. Publicou os livros “Fulô do Mato”, “Poesias”, “Meu Rio Grande do Norte” e “Pé de Escada”. Faleceu em Assu no dia 26 de outubro de 1991.
Tinha ele a fama de boêmio e de notável improvisador. Pelo estilo rude e original dos seus versos, recebeu a alcunha de “O poeta das melodias selvagens”. Os seus versos abordam temas como a vida simples do homem do campo, a natureza, o amor e a beleza da mulher. Faz uso de uma linguagem rudimentar do povo sertanejo.
A exaltação à beleza e o desejo do homem simples, que ama e que sofre, são expressos em versos como:
Fulô do Mato
Sá Dona, vossa mecê
É a fulô mais chêrosa,
A fulo mais perfumosa
qui o meu sertão já botô!
Podem fazê um cardume
de tudo qui fô fulô,
qui nenhum, nem uma só
tem o cheiro do suo
qui seu corpinho suô.
- Tem cheiro de madrugada,
Fartum de areia muiáda,
Qui o uruváio inxombriô.
É um cheiro bom, déferente,
Qui a gente sintindo, sente,
Das outa coisa o fedô.
Rebuliço
Menina me arresponda
Sem se ri e sem chorá:
Pruque você se remexe
Quando vê home passá?
Fica toda balançando,
Remexendo, remexendo...
Pensa talvez, qui nós, véio,
Nem tem ôio e nem tá vendo?
Mas, si eu fosse turidade,
Se eu tivesse argum valô,
Eu botava na cadeia
Esse seu remexedor...
E, adespois dele tá preso,
Num logar, bem amarrado,
Eu pedia: - Minha nêga,
Remexe pru delegado...
Lagoa das moças
Vancê tá vendo êsse lago,
pequeno, desse tamanho?
Apois bem, é a lagoinha,
onde as moças tomam banho,
quaje tôda menhanzinha.
Eu num sei pruque razão
essa água cheira tanto?
Num sei mesmo pruque é...
Mas, descunfio e agaranto:
sê do suô das muié.
- Mas, se eu fôsse essa lagoa,
se ela eu pudesse sê!
Se quando as moças chegasse,
eu pudesse as moças vê...
Aí, os óios eu feixasse...
Quando n’água elas caísse
eu pegava, abria os óios.
Uns óios desse tamanho!!!
Só pra vê aqueles móios
de moça tomando banho.
Sá Dona, vossa mecê
É a fulô mais chêrosa,
A fulo mais perfumosa
qui o meu sertão já botô!
Podem fazê um cardume
de tudo qui fô fulô,
qui nenhum, nem uma só
tem o cheiro do suo
qui seu corpinho suô.
- Tem cheiro de madrugada,
Fartum de areia muiáda,
Qui o uruváio inxombriô.
É um cheiro bom, déferente,
Qui a gente sintindo, sente,
Das outa coisa o fedô.
Rebuliço
Menina me arresponda
Sem se ri e sem chorá:
Pruque você se remexe
Quando vê home passá?
Fica toda balançando,
Remexendo, remexendo...
Pensa talvez, qui nós, véio,
Nem tem ôio e nem tá vendo?
Mas, si eu fosse turidade,
Se eu tivesse argum valô,
Eu botava na cadeia
Esse seu remexedor...
E, adespois dele tá preso,
Num logar, bem amarrado,
Eu pedia: - Minha nêga,
Remexe pru delegado...
Lagoa das moças
Vancê tá vendo êsse lago,
pequeno, desse tamanho?
Apois bem, é a lagoinha,
onde as moças tomam banho,
quaje tôda menhanzinha.
Eu num sei pruque razão
essa água cheira tanto?
Num sei mesmo pruque é...
Mas, descunfio e agaranto:
sê do suô das muié.
- Mas, se eu fôsse essa lagoa,
se ela eu pudesse sê!
Se quando as moças chegasse,
eu pudesse as moças vê...
Aí, os óios eu feixasse...
Quando n’água elas caísse
eu pegava, abria os óios.
Uns óios desse tamanho!!!
Só pra vê aqueles móios
de moça tomando banho.
Bibliografia: Caldas, Renato. Fulô do mato. 6. ed., Natal: Clima, 1984. José Pedrosa
Publicado no Recanto das Letras em 18/03/2010
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