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terça-feira, 12 de julho de 2011
Mercados temem calote de EUA e Europa
São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2011
Tensos, mercados temem calote dos 2 lados do Atlântico
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Os mercados tiveram ontem um dia turbulento, em razão do fantasma de calote na Europa e nos EUA. Bolsas em todo o mundo, assim como o euro, sofreram acentuado recuo, em resposta à possibilidade de que a crise envolva a Itália.
Nos EUA, segue o impasse entre Obama e os republicanos, que negam autorização à elevação do teto da dívida americana. Se isso não ocorrer até 2 de agosto, a maior economia do planeta poderá ter de dar calote - palavra pronunciada ontem pelo presidente dos EUA.
São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2011
Os tubarões chegam ao Tibre
CLÓVIS ROSSI
A chamada "segunda-feira negra" nos mercados é como escreveu para o jornal italiano "La Repubblica" o colunista Massimo Giannini: as polêmicas na Europa em torno da ajuda à Grécia são um ato "irracional e irresponsável, equivalente a espalhar sangue no mar de um mercado infestado pelos tubarões da especulação".
Que os tubarões tenham chegado ao Tibre, o rio que banha Roma, não surpreende, mas tampouco se justifica. Não surpreende porque a Itália tem uma dívida imensa, das maiores do mundo, equivalente a 120% de sua economia.
É maior que a de Portugal (93%) ou a da Irlanda (96,2%), dois dos três países já colocados na UTI da Europa, ou seja, socorridos por pacotes que impediram a quebra.
Mas não se justifica, entre outras razões, porque é um dado antigo, que até melhorou de 2010 para 2011 (a dívida retrocedeu para 119% do PIB). Ou seja, não há, nesse campo, novidade alguma acontecida de quinta para sexta-feira passadas, quando os tubarões começaram a navegar no Tibre.
Além disso, o deficit italiano é relativamente baixo, cerca de 4%, inferior aos 4,3% da média do euro. É verdade que o premiê Silvio Berlusconi jogou algumas gotas de sangue na água já turva ao criticar publicamente seu ministro Giulio Tremonti (Economia), tido, nos mercados, como garante da austeridade.
Mas, desta vez, a crítica do usualmente tresloucado Berlusconi tinha um fundo de realismo político: queixou-se de que Tremonti, ao propor pacote de austeridade de imponentes € 48 bilhões (R$ 106 bilhões), não levou em conta que austeridade não dá votos. Aliás, não dá em lugar nenhum: acaba de sair pesquisa no Reino Unido que mostra que caiu de 69% para 55% a porcentagem de britânicos que acham que austeridade é bom para sanear a economia.
Com esse dado em mente, podemos voltar à Grécia e às hesitações europeias: a pressão do público contra a austeridade leva crescente número de dirigentes europeus a defender a tese de que é preciso aliviar a pressão dos mercados sobre a Grécia, o que significa que qualquer socorro a Atenas tem que incluir a participação substancial do setor privado (leia-se: sistema financeiro).
É sintomático que o "Financial Times" tenha anunciado ontem que "líderes europeus estão, pela primeira vez, preparados para aceitar que Atenas deveria não pagar alguns de seus títulos como parte de um novo plano de ajuda que poria os níveis globais da dívida em um patamar sustentável".
O problema é que nem todos os líderes concordam. O Banco Central Europeu, em particular, é contra. Fica, então, esse ambiente de hesitações e adiamentos no qual os tubarões nadam de braçada.
A contrapartida desse apetite é a crescente disposição -por enquanto apenas verbal- de autoridades europeias de tentar pôr limites aos predadores.
Ontem, foi a vez de Michel Barnier, comissário europeu para o Mercado Interno, sugerir que as agências de risco não deveriam ter poderes para classificar a dívida de países já colocados na UTI europeia. No mínimo, diminuiria a quantidade de sangue a atrair tubarões.
São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2011
O mar está para tubarões
VINICIUS TORRES FREIRE
NÃO BASTASSEM todos os problemas reais na economia e nas finanças no centro do mundo, há um surto demente de pequenez, irresponsabilidade ou atitudes francamente bucaneiras nas elites dos Estados Unidos e da Europa.
Não se trata nem de dizer que tais atitudes prejudicam o povo miúdo do mundo rico, ou que estilhaços podem nos atingir. Essas elites atiram no próprio pé e, quem sabe, daqui a pouco, na própria cabeça.
Considere-se o caso de EUA, Itália e alta finança europeia.
No final de semana, o Partido Republicano fez ameaça terminal de levar o governo federal dos Estados Unidos às cordas.
Como se sabe, os republicanos chantageiam Barack Obama. Ou o presidente e os democratas concordam em reduzir o deficit público por meio de cortes de gastos em programas sociais ou não aprovam a elevação do teto do endividamento federal. Parece estrambótico, mas, se o governo dos EUA não puder fazer mais dívida, em tese dará calotes a partir do final deste mês.
No caso mais estapafúrdio, de os EUA não poderem fazer mais dívida, apenas uma crise política seria café pequeno. Obama pode simplesmente ignorar o Congresso, apelar a uma chicana e continuar a pagar as contas. De outro modo, o mundo em tese quebra. A poupança do mundo está em títulos da dívida americana. O capital dos bancos está nesses títulos. E a garantia de zilhões de contratos financeiros.
A julgar pela reação do mercado financeiro, ninguém parece acreditar na hipótese do juízo final. Mas, com a finança ainda com água pelo nariz, uma marola pode bastar para um afogamento pelo menos rápido, que, no entanto, aguaria ainda mais o crescimento econômico pífio de agora. No cenário menos absurdo, o corte de despesas do governo dos EUA vai ajudar a emperrar ainda mais a economia.
Quanto à Itália, a gente sempre pode esperar o pior de um tipo como Silvio Berlusconi. Mas até aqui ele não bulia com as finanças do país. Mas o tipo começou a fritar o seu ortodoxo (mas politicamente enrolado) ministro das Finanças.
A Itália está com água pelo nariz. Se tiver de pagar mais caro para financiar sua dívida, vai pegar a mesma malária econômica de Grécia e Portugal. Mas, se a Itália ficar doente, faltará remédio para gregos e portugueses, que irão à breca.
Por falar em gregos, a elite europeia (banca, Banco Central Europeu, governos nacionais) não consegue chegar a um acordo sobre como financiar a dívida grega, arrancar algum dinheiro dos credores europeus e não ver as agências de classificação de risco classificarem essa "ajuda privada" de calote.
Se as agências fizerem tal coisa, os bancos gregos quebrarão, haverá prejuízos no BCE, algumas perdas para bancos europeus e o mercado cobrará ainda mais para financiar a "periferia europeia" (gregos, latinos menos a França e a Irlanda). Ou seja, a elite política europeia se encalacrou no próprio sistema que criou e pregou - além de uma zona do euro disfuncional, estão presos à ditadurazinha inepta das agências de risco.
O Brasil deveria estar em alerta máximo -se não bastasse tudo isso, há ruídos vindos da China.
Mas boa parte do governo de Dilma Rousseff está brincando de trenzinho-bala e outras bobagens.
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