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quinta-feira, 7 de julho de 2011
Cai Ministro dos Transportes
São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2011
Ministro cai após acusações de propina nos Transportes
DE BRASÍLIA
O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, pediu demissão ontem. Ele não resistiu a cinco dias de acusações de envolvimento de seu partido, o PR, e parte da cúpula do ministério em casos de superfaturamento e pagamento de propina.
Com isso, o governo Dilma Rousseff tem a segunda baixa ministerial em menos de um mês. Em 7 de junho, foi a vez do então todo-poderoso Antonio Palocci (Casa Civil), que não explicou a multiplicação de seu patrimônio.
Desde o governo Itamar Franco (1992-94) não caíam dois ministros em tão pouco tempo de mandato -pouco mais de seis meses- em decorrência de escândalos.
No fim da tarde de ontem, ele divulgou nota anunciando a saída. Vai reassumir sua cadeira no Senado pelo Amazonas. Ele volta também à presidência do PR, que pretende manter o comando da pasta, onde está instalado desde o início da gestão Lula.
QUEBRA DE SIGILO Na nota, Nascimento diz que autorizou a quebra de seu sigilo fiscal e bancário e pediu à PGR (Procuradoria-Geral da República) que investigue as denúncias.
O suposto esquema de propinas foi revelado pela revista "Veja" desta semana. Segundo a revista, políticos do PR, servidores do ministério e de órgãos vinculados à pasta montaram um esquema de superfaturamento de obras e cobrança de propina a empreiteiras e consultorias.
Antes das denúncias, Dilma já mostrava descontentamento com o ministro alegando que havia um descontrole no aumento abusivo do valor de contratos por meio dos chamados aditivos.
Dois dos principais órgãos, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e a Valec (estatal de obras ferroviárias), foram alvo das denúncias.
Nascimento, então, foi obrigado por Dilma a afastar a cúpula de seu ministério. Caíram o chefe de gabinete, Mauro Barbosa, o assessor do ministério Luís Tito Bonvini, o diretor-geral do Dnit, Luís Antônio Pagot, e o diretor-presidente da Valec, José Francisco das Neves.
O ministro passou a ser criticado até por integrantes de seu partido que afirmaram que a demissão de subordinados tiraria seu poder para continuar no cargo.
Ao longo da semana, reportagens apontaram detalhes desses contratos -a Folha mostrou, por exemplo, que houve reajustes em pelos 11 contratos considerados irregulares pelo Tribunal de Contas da União.
Ontem, o jornal "O Globo" afirmou que uma empresa ligada ao filho de Nascimento, Gustavo Pereira, recebeu verbas do ministério.
O caso é investigado pelo Ministério Público Federal, e há suspeitas sobre seu aumento patrimonial.
A situação de Nascimento, que já era ruim, tornou-se insustentável. Pouco antes da nota de demissão, ele ligou para senadores aliados que estavam em reunião no Planalto com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais). Avisou que estava deixando o cargo para "defender sua honra".
Na reunião, Ideli pedia ao partido para antecipar para hoje as explicações do ministro no Senado, programadas para a próxima semana.
Os senadores deixaram a sala com a promessa de que o governo deixaria a escolha do substituto para "um segundo momento" e que ouviria o partido no processo.
"Fazer coisa atabalhoada só dá chance para que na próxima semana um novo escândalo aconteça", disse o senador Magno Malta (ES).
(ANA FLOR, MÁRCIO FALCÃO, CAROLINA SARRES E SOFIA FERNANDES)
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