Crescimento eleva interesse de alunos estrangeiros pelo Brasil
Eduardo Anizelli/FolhapressDat Nguyen, aluno da universidade de Princeton, nos EUA, faz estágio em São Paulo
ÉRICA FRAGA
MARINA MESQUITA
DE SÃO PAULO
Investidores estrangeiros não têm sido os únicos a desviar a atenção de países desenvolvidos para mercados emergentes com perspectivas econômicas mais promissoras. Um número crescente de estudantes, movidos por razões parecidas, segue o mesmo caminho. No Brasil, isso tem resultado em forte aumento de alunos de prestigiadas universidades estrangeiras que vêm passar um tempo no país. Seja para estudar ou para ter uma breve experiência profissional.
O número de estudantes de instituições americanas que desembarcam no Brasil para programas de intercâmbio se multiplicou por sete entre 1996 e 2009.
No ano letivo 2008-2009, auge da crise financeira global, o país recebeu 2.777 alunos de universidades dos EUA. Esse número representou aumento de 2% em relação ao período anterior.
A expansão, ainda que modesta, contrasta com a queda de quase 1% no total de estudantes de instituições americanas que foram para fora no período. No ranking dos destinos mais procura dos, o Brasil está em 19º.
Os dados são do relatório Open Doors, do Institute of International Education, e incluem apenas alunos que ao voltar para suas universidades de origem podem usar os créditos educativos que acumularam aqui.
Mesmo com o forte aumento dos últimos anos, os estudantes de instituições americanas que estudaram no Brasil em 2009 representam apenas 1,1% do total dos que foram para fora, deixando o país atrás de outros da América do Sul, como México (2,8%) e Argentina (1,8%).
Mas, segundo especialistas, a tendência é que a fatia brasileira aumente.
"Desde que a situação econômica começou a melhorar, percebo interesse crescente pelo país", diz Thais Burmeister, gerente da Alumni Advising-Education USA, instituição ligada ao governo norte-americano.
Para responder ao maior interesse de seus alunos, a universidade de Harvard, nos EUA, lançou em 2006 um programa com foco exclusivo no país ("Brazil Studies Program") e inaugurou um escritório em São Paulo.
Desde então, a quantidade de seus alunos que vêm estudar, estagiar ou desenvolver projeto de pesquisa no país aumentou 55%. O número de estudantes no Brasil soma 118 no ano letivo corrente.
A universidade de Pittsburgh lançou em 2009 um programa de estágio de 12 semanas no Brasil.
Segundo Karla Alcides, diretora para a América do Sul da Katz Business School, ligada a Pittsburgh, o número de alunos que optaram pelo país saltou de apenas um em 2009 para sete este ano.
OPORTUNIDADES
Na Europa, o interesse de universitários pelo país também está em alta. A francesa Sciences Po enviou 22 estudantes para programas de intercâmbio no Brasil em 2009, 27 em 2010 e 30 este ano.
A IESE Business School, ligada à Universidade de Navarra, na Espanha, vai mandar uma turma com 25 alunos para um curso de duas semanas em São Paulo.
Segundo Maria Amelia Salerno, diretora da IESE, "os estudantes estão mais interessados no Brasil por causa do crescimento econômico e dos eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, que vão gerar muitas oportunidades de negócios."
É o que repetem estudantes que desembarcam aqui.
"Optei pelo Brasil porque é um país que se tornou muito importante para o mundo", afirma o vietnamita Dat Nguyen, aluno da graduação em economia política da universidade de Princeton (EUA).
Nguyen aproveita as férias e faz seu estágio na Alumni, em São Paulo. Ele diz que considera tentar trabalhar no Brasil quando se formar.
O holandês Jay Rainer faz intercâmbio no Ibmec, no Rio de Janeiro. "O Brasil tem potencial para ser uma das maiores economias do mundo", diz ele, que, como Nguyen, pensa em tentar vir trabalhar no país no futuro.
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