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6 de janeiro de 2011 às 21:27
Em entrevista de 2008, Pilar del Rio explica (e trucida o repórter) porque devemos chamar a mulher de presidenta.
Entrevista com Pilar del Rio, Presidenta da Fundação José Saramago
João Céu e Silva: Foi o livro ‘Memorial do Convento’ que fez Pilar del Río encontrar José Saramago em 1986. Desde então, ficou conhecida dos portugueses por ser capaz de fazer afirmações tão contundentes como as do escritor e partilhar do seu ‘exílio’. Nesta entrevista, confessa-se “uma mulher indignada” que não perdoa sexismos gramaticais nem perguntas machistas. Há um ano que é presidente da Fundação José Saramago…
Pilar del Rio: Presidenta!…
João Céu e Silva: Presidenta?
Pilar del Rio: Só os ignorantes é que me chamam presidente. A palavra não existia porque não havia a função, agora que existe a função há a palavra que denomina a função. As línguas estão aí para mostrar a realidade e não para a esconder de acordo com a ideologia dominante, como aconteceu até agora. Presidenta, porque sou mulher e sou presidenta.
João Céu e Silva: Mas a palavra não existe!
Pilar del Rio: Porque é que entre uma mulher e um animal tem primazia o gênero do animal? Porque dizem “Vêm os dois” se é uma mulher e um cão quem vem? Em vez de dizerem que não se pode dizer presidenta, mas ministra sim, solucionem essa injustiça e canalhice. Que os doutos académicos resolvam um conflito que tem séculos porque não têm sensibilidade para apreciar a questão ou nem se aperceberam. Por isso, justificam com leis gramaticais ou simplesmente silenciam e riem-se das pretensões da mulher porque se acham superiores. Em quê?
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