segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Deserções de oficiais do Exército Egípcio pró Revolução

O Globo OnLine, 31/01/2011 às 23h42m

Revolta no mundo árabe

Capitão do Exército deserta e desafia regime egípcio ao mostrar rosto


Fernando Duarte, enviado especial
Desertor é carregado pela multidão em êxtase na Praça Tahrir, no centro do Cairo / AP

CAIRO - Uma das imagens mais emblemáticas da revolta popular no Egito foi a de um capitão do Exército sendo carregado nos ombros por manifestantes reunidos na Praça Tahrir, no centro da capital, juntando-se ao coro de slogans contra o presidente Hosni Mubarak.
Nesta segunda-feira, o até agora anônimo oficial, que a imprensa internacional vinha comparando ao caso do manifestante chinês que parou uma fileira de tanques durante a invasão da Praça da Paz Celestial, em 1989, foi finalmente identificado como Ehab Fathy, de 33 anos.
Dois dias depois de protagonizar a primeira deserção pública de um oficial egípcio, ele reapareceu na praça ainda vestindo seu uniforme. Provocou um furor quase igual ao observado na noite anterior pela presença do nome mais conhecido da oposição egípcia, o ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e Prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei.
Fathy foi agarrado e beijado pelos manifestantes. E não hesitou em insinuar que mais colegas de caserna poderão se juntar a ele nos próximos dias.
- Deixei meu posto para vir com vocês, pois sou contra Hosni Mubarak. Muita gente nas Forças Armadas sabe julgar e ser justo - afirmou o capitão, em árabe, sendo auxiliado por um manifestante que se esforçava para traduzir suas declarações ao inglês.
Mesmo que não comande uma rebelião, Fathy já despertou admiração suficiente junto ao público egípcio, sobretudo por ter ignorado o risco de prisão ou mesmo de punições mais severas com sua deserção e com o retorno à cena do crime. O capitão, porém, disse não temer represálias e um julgamento militar:
- Até as Forças Armadas se organizarem para uma Corte Marcial, o regime de Mubarak já terá caído.

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Jornal do Brasil, 31/01/11 

Exército egípcio 'não usará força contra manifestantes', cujas demandas são legítimas


Agência AFP
O exército egípcio anunciou esta segunda-feira que não usará a força contra as dezenas de milhares de pessoas que se mobilizam no país para pedir a saída do presidente Hosni Mubarak e declarou no mesmo documento que considera as demandas do povo "legítimas", noticiou a mídia estatal.
"As forças armadas não recorreram e não recorrerão ao uso da força contra o povo egípcio", destacou o exército no comunicado, citado pela agência oficial Mena e pela TV estatal.
O Exército declarou no documento que considera as demandas do "grande povo do Egito" como "legítimas" no sétimo dia seguido de protestos maciços pelo fim do regime de Mubarak.
"A liberdade de expressão de forma pacífica está garantida para todos", afirmou o porta-voz do exército.
O comunicado foi divulgado em um momento em que os manifestantes organizam para a terça-feira a "marcha de um milhão" de pessoas no Cairo e em Alexandria (norte) e logo após de a odiada polícia, cujos confrontos com manifestantes deixaram mais de 125 mortos, voltar às ruas depois de dois dias de ausência.

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