domingo, 23 de janeiro de 2011

Obedece quem tem juízo

Agência Brasil



São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 2011


ELIANE CANTANHÊDE

BRASÍLIA - Apesar de Dilma Rousseff e Nelson Jobim terem acertado os ponteiros e estarem dialogando fluidamente, a posição de Jobim no governo já foi bem mais confortável - quando o presidente era Lula.
Jobim encontrou a Defesa em polvorosa, numa bagunça indescritível. Trocou uns chefes, enquadrou outros, arrumou a casa. É considerado o primeiro ministro da Defesa de fato na história deste país.
Para tanto, Jobim pediu e obteve carta branca de Lula. Assim, Jobim tratou as Forças Armadas como um feudo seu. Criou a Estratégia Nacional de Defesa, definiu programas bilionários para Marinha, Aeronáutica e Exército - nesta ordem - e reformulou toda a organização militar para reforçar a posição do... próprio ministro.
Ocorre que Lula é Lula, e Dilma é Dilma. Ela tem uma lealdade canina - ou seria feminina?- ao ex-chefe e mentor, mas tem lá seu estilo, seu gosto pela gestão e pelo poder. Se Lula permitia e até agradecia a existência de feudos, especialmente o da Defesa, com a nova presidente não funciona assim. Ela quer saber tudo, acompanhar tudo, cobrar tudo, ter certeza do que está decidindo e assinando.
Trocando a metáfora: Jobim cantava de galo na área militar; agora não canta mais. Ele queria comprar os caças da FAB no governo Lula, mas Dilma vetou. Disse que seria em janeiro, mas Dilma adiou. Fez seu próprio parecer, mas Dilma quis ver o da FAB. Tentou continuar sendo o único interlocutor do presidente na sua área, mas Dilma abriu as portas para conversas a sós com os comandantes.
A comunicação da presidente com seu ministro vai bem, até porque ela, apesar de nascida em Minas, fala gauchês tão bem quanto Jobim. Mas ficou claro que ele não decide mais sozinho. Agora, quem manda é ela. Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

.....

 

Catanhêde escreve o necrológio do Johnbim

    Publicado em 23/01/2011
     


Na foto, o galo do Johnbim, que não canta mais

Como se sabe, a colonista (**) Eliane Catanhêde, da Folha (*), tem duas notáveis especialidades.

Ela entende de “Ar”, especialmente de transponder desligado. E entende de Nelson Johnbim.

Hoje, na Folha, ela escreve o necrológio do Johnbim: “Obedece quem tem juízo”.

Ela começa por dizer que a presidenta e o Johnbim, aquele que o embaixador americano considerou ter as características de um “trêfego”, acertaram “os ponteiros” e “estarem dialogando fluidamente (sic)”.

(A Folha e os tucanos – não é a mesma coisa, amigo navegante ? – gostam do gerúndio.)

(Agora, sobre “dialogar fluidamente”, deve tratar-se de algo em torno de líquidos e gases – uma conversa sobre “gás natural”, sobre a Bolívia e tumor no cérebro, não é isso ?)

Ponteiros acertados, a presidenta deu um chega pra lá no Johnbim. É isso o que diz  Catanhêde.

“Jobim cantava de galo na área militar: agora não canta mais.”

Dilma deu o drible da vaca no Johnbim e passou a conversar com os comandantes de área, como o da Aeronáutica, para tratar dos caças.

Dilma entregou o problema ao Ministro Fernando Pimentel, da Industria. E vai decidir ela.

Depois, conversou a sós por 40 minutos com o senador americano John McCain e exigiu que o Congresso americano, por escrito, se comprometa a transferir tecnologia – como os franceses prometem.
Se o Congresso americano fizer isso – McCain diz que faz – os caças americanos voltam à disputa.

Lula queria que Johnbim fosse o Marechal Lott da Dilma, com a espada e tudo.

A Dilma tirou a espada do Lott.


Paulo Henrique Amorim

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