Até o presente momento, continuo não achando interessante comprar os caças dos americanos. Ter nosso poderio aéreo muito dependente dos EUA, da obrigatória futura reposição de peças, por exemplo.
Além disto, por mais papéis que assinem, inclusive com o Congresso deles aprovando, a transferência total de tecnologia não pode ser considerada garantida. Os EUA não merecem crédito neste e em muitos outros temas!
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Hu, a Boeing e os caças. Dilma pode mudar o jogo
- Publicado em 24/01/2011
O F 18 pode ter um gostinho de etanol de cana
Larry Kissinger, como se sabe, é professor emérito da chair “Golbery do Couto e Silva”, da Escola de Geopolítica Inter-Planetária, da Universidade de Harvard, patrocinada pelo benemérito (nos Estados Unidos) Jorge P. Lehmann.
Ligo para o Larry, depois de ler o necrológio que a Catanhêde fez do Johnbim.
- Larry, o que você achou da decisão da Dilma de reabrir a discussão sobre a compra dos jatos.
- Pode ser brilhante.
- Discordo, Larry. Me perdoe, você é um gênio, mas eu sou metido a besta. Sempre achei que a solução francesa era a melhor, porque daria ao Brasil acesso à tecnologia nuclear.
- E daí ?, perguntou Larry, com aquele sotaque prussiano.
- Você sabe, Larry, eu acho que o Brasil deveria ter a bomba.
- Eu também. Mas se trata de comprar caças. Ainda não é a bomba. A corrrelação de forças mudou, meu filho.
- Mas, por que “brilhante” ?
- Você viu que, segundo a Catanhêde, a questão foi para o campo do Fernando Pimentel, que é o Ministro da Indústria.
- Sim, tô sabendo. A Dilma deu um chapéu no Johnbim.
- Preste atenção. Você soube que o Hu, da China foi aos Estados Unidos.
- Claro, não é, Larry ? Quem não soube ?
- E você viu o que ele fez ? O Obama quase não falou de direitos humanos nem que a moeda chinesa está desvalorizada.
- E, qual foi a mágica do Hu, Larry ?
- O Hu chegou lá e, de saída, anunciou que ia comprar 200 aviões 737 e 777 da Boeing, o que significa criar 100 mil novos empregos.
- Que beleza !, bradei. E logo agora que o Obama precisa dar emprego aos americanos.
- Tem mais, meu filho, disse o Larry, inspirado pela proverbial sabedoria do General Golbery. Nos próximos vinte anos, a China vai comprar 4 mil e 300 aviões, no valor de 480 bilhões de dólares, e a Boeing passa a ser a principal fornecedora.
- Que maravilha ! Às favas com os direitos humanos, diria o coronel Passarinho, ponderei, com uma certa leviandade.
- Meu querido, como dizem os americanos, “money talks”, o dinheiro fala.
- Mas, e a Dilma com isso ?
- Elementar, disse o Larry, com aquele “r” carrregado. Você sabe quem produz os caças F-18 Super Hornet que estão na disputa no Brasil? A Boeing.
- A Boeing !
- E sabe quantos empregos a primeira compra brasileira de caças Super Hornet pode significar para a Boeing?
- Não faço a menor idéia.
- 21 mil empregos.
- O quê ?
- Vinte e um mil empregos fazem milagre, nos Estados Unidos, hoje, disse o Larry, que conhece os Estados Unidos como ninguém.
- Que tipo de milagre ?, pergunto curioso.
- Vamos voltar ao Pimentel.
- Ao Ministro da Indústria.
- Com os Boeings, os chineses tiraram os direitos humanos da agenda, não foi ?
- Sim, pelo jeito, sim.
- O Pimentel pode botar o etanol na agenda.
- Etanol ?
- Sim, os americanos têm uma tarifa obscena contra o etanol de cana brasileiro. Na campanha, o Obama e o McCain, que esteve com a Dilma, prometeram derrubar essa tarifa e facilitar a entrada de etanol brasileiro.
- Interessante …
- Se a Dilma conseguir que o Congresso americano garanta a transferência de tecnologia, troca os Boeings pelo etanol.
- Bom negócio.
- Meu filho, por 20 mil empregos, e a possibilidade de comprar mais Boeings no futuro, o Obama é capaz de sair no Salgueiro, ano que vem.
- Na Comissão de Frente, sugiro.
Paulo Henrique Amorim
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