sábado, 29 de janeiro de 2011

Maior opressão no Iraque sob domínio norte-americano

Os EUA já se apossaram do objeto pelo qual fizeram esta guerra: O petrólo iraquiano.

Liberdade, democracia e desenvolvimento para o povo?





Iraq Poverty Pictures & Photos


Jornal do Brasil, 29/01/11

Mãe diz que opressão é maior que com Saddam


Hasun e Tarish vivem em uma grande favela chamada de Naser City ou Cidade da Vitória, um dos vários acampamentos que se espalharam ao redor de Bagdá desde a invasão dos Estados Unidos em 2003. O bairro cresceu exponencialmente por causa das ondas de violência sectária que expulsaram populações de outras áreas e, mais recentemente, porque o desemprego tem forçado as pessoas a abandonarem suas casas. Como Bagdá enfrenta o problema de falta de moradias, esses acampamentos – onde a terra é ilegal – não param de crescer.

Os moradores de Naser City acreditam que cerca de 500 mil pessoas vivem aqui, mas é apenas uma estimativa. O governador de Bagdá estima que 600 mil pessoas morem em 42 acampamentos – o equivalente à população de Boston. Entretanto, em um país sem censo, onde poucos departamentos do governo se aventuram a entrar nas áreas ocupadas, isso significa mais uma adivinhação do que um fato.

– Essas pessoas precisam catar lixo porque não há oportunidades de trabalho – afirma o governador, Salah Abdul-Razzaq.

Segundo ele, como as comunidades não são legais, o governo não pode fornecer serviços como educação, assistência médica, segurança, energia elétrica e saneamento básico.

Os bairros se transformam em esconderijos de criminosos, ladrões, terroristas e sequestradores. Mas não podemos removê-los por não haver outras alternativas – explica.

Em 2005, Thijel Ebrah, 58, mudou-se para Naser saindo de Amara, uma cidade a leste de Bagdá, no auge da violência sectária na região. Ele não conseguia encontrar emprego em Amara, e a situação era ainda pior em Bagdá.

Ele parou diante da casa de alvenaria de dois cômodos que construiu em um terreno desocupado, onde vive com sua esposa e cinco filhos. Três deles precisam andar até uma escola fora do acampamento e dois catam lixo para ajudar a sustentar a família. De acordo com Thijel, a parte mais difícil é mandar seus filhos catarem lixo.

– Tenho medo de que um dia eles não voltem – diz ele. – Quando saem de manhã fico com medo. Mas se saem à noite é pior. As forças de segurança os veem mexendo no lixo e pensam que estão escondendo explosivos. Vivíamos coma injustiça durante o governo de Saddam, mas agora está pior – desabafa.

Para os catadores, o trabalho tem seus códigos. Os acordos informais existem para impedir que as pessoas disputem territórios. O importante é ser rápido.

Por enquanto, o lixo é abundante, pois as equipes de limpeza não conseguem dar conta da tudo. Mas isso está mudando. Um dia desses, Haider Saad, de 23 anos, encontrou seu terreno limpo.

– O caminhão de lixo passou à meia-noite, em vez de vir pela manhã – disse ele, olhando desesperado para a rua limpa.

O prefeito de Bagdá, Saber Al-Essawy, explica que a cidade planeja acionar todas as equipes de limpeza durante a noite e está construindo dois centros de reciclagem.

– No futuro, essas pessoas terão que encontrar empregos. É o que queremos, pois elas representam algo ruim para nossa sociedade.

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