É muita safadeza! É muita safadeza!
Liberdade imediata para Battisti!
http://quemtemmedodolula. blogspot.com/2011/01/o-caso- battisti-e-os-pecados-da.htm
E as notícias em que Alberto Torregiani, estimulando malentendidos, pega carona no Caso Battisti para se manter em evidência, continuam vindo da Itália e sendo servilmente aproveitadas pela imprensa brasileira, sem que os editores da Agência Ansa e dos jornais que eu alertei tomem qualquer providência para posicionar melhor a questão.
Convém aos interesses dominantes apresentar Torregiani como uma evidência da maldade de Battisti, pouco importando que a versão seja falsa.
Assim como convinha aos nazistas apresentarem os judeus como culpados do incêndio do Reichstag.
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Os companheiros estão à beira de um ataque de nervos.
As avaliações desencontradas que nos chegam das mais diversas fontes, a desinformação deliberada com que a mídia golpista tenta alavancar as posições reacionárias (mesmo pondo em risco a democracia brasileira) e a guerrilha judicial movida pelos dois ministros do Supremo Tribunal Federal que agem flagrantemente como quadros direitistas estão ensejando os piores temores nos cidadãos empenhados em evitar o linchamento do escritor italiano Cesare Battisti.
Fui o primeiro a advertir para este quadro, tão logo o presidente Luiz Inácio Lula deu a decisão final do Estado brasileiro sobre o pedido de extradição italiano, negando-o de uma vez por todas:
Trata-se, nada mais, nada menos, da célebre balela que o delator premiado Pietro Mutti impingiu aos promotores italianos e estes engoliram, até alguém menos relapso se dar ao trabalho de conferir datas, horários e mapas, constatando que era impossível Battisti estar presente no palco dessas duas ações quase simultâneas.
.....Liberdade imediata para Battisti!
http://quemtemmedodolula.
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
O CASO BATTISTI E OS PECADOS DA IMPRENSA
Celso Lungaretti (*)
"Alberto Torregiani, que perdeu o pai, Pierluigi, e ficou paraplégico em ação criminosa da qual Battisti participou, liderou ontem um ato de protesto em frente à Embaixada do Brasil em Roma".
Trecho de uma carta do professor universitário e membro da Anistia Internacional Carlos Lungarzo, que saiu no Painel do Leitor da mesma edição:
"Na sentença de 1988 da Corte d'Assise de Milão (Itália), com registro geral 49/84, na página 456, nas oito linhas finais, diz-se que foi 'definitivamente accertato' (em italiano no original) que o ataque contra Torregiani foi feito por [Sebastiano] Masala, [Sante] Fatone, [Giuseppe] Memeo e [Gabrieli] Grimaldi. Nenhum dos mencionados se chama 'Battisti'.
Todos os documentos disponibilizados pela Itália (que são apenas uma parte) podem ser encontrados no endereço www.vittimeterrorismo.it.
O filho de Torregiani, Alberto, declarou que Battisti não estava no local, e que a bala que o feriu foi disparada por erro por seu pai. Isso pode ser lido no livro 'Génération Battisti', escrito pelo jornalista francês Guillaume Perrault, que não tem nenhuma simpatia por Battisti (pág. 188)".
A Folha não lê a Folha?
Há mais de um ano, em outubro de 2009, eu desmascarei Alberto Torregiani, revelando que:
- ele admitira anteriormente à Agência Ansa que Battisti não estava entre os atacantes do pai;
- ele tinha interesse em aparecer no noticiário, já que escrevera um livro choramingas sobre seu sofrimento como órfão e tentava, a partir da repercussão desse livro, deslanchar uma carreira política, em agrupamento assumidamente neofascista.
Então, enviei a grandes jornais e à agência noticiosa Ansa tais esclarecimentos, sem que fossem publicados e sem que me fosse dado qualquer retorno.
E as notícias em que Alberto Torregiani, estimulando malentendidos, pega carona no Caso Battisti para se manter em evidência, continuam vindo da Itália e sendo servilmente aproveitadas pela imprensa brasileira, sem que os editores da Agência Ansa e dos jornais que eu alertei tomem qualquer providência para posicionar melhor a questão.
Convém aos interesses dominantes apresentar Torregiani como uma evidência da maldade de Battisti, pouco importando que a versão seja falsa.
Assim como convinha aos nazistas apresentarem os judeus como culpados do incêndio do Reichstag.
.....
http://quemtemmedodolula.terça-feira, 4 de janeiro de 2011
GOVERNOS NÃO SE SUICIDAM
Celso Lungaretti (*)
Unidos contra Battisti: de relator a presidente... |
As avaliações desencontradas que nos chegam das mais diversas fontes, a desinformação deliberada com que a mídia golpista tenta alavancar as posições reacionárias (mesmo pondo em risco a democracia brasileira) e a guerrilha judicial movida pelos dois ministros do Supremo Tribunal Federal que agem flagrantemente como quadros direitistas estão ensejando os piores temores nos cidadãos empenhados em evitar o linchamento do escritor italiano Cesare Battisti.
...e de presidente a relator, sempre os mesmos. |
"...demagogias, mentiras, ameaças, bravatas e buffonatas italianas à parte, permanece o fato de que a dupla reacionária do STF parece querer colocar o Supremo no papel de uma corte internacional que estivesse julgando uma pendência entre o Brasil e a Itália, e não como um Poder brasileiro obrigado a respeitar as decisões tecnicamente consistentes de outro Poder.
Francamente, acredito que ficará falando sozinha, com os demais ministros não a acompanhando nessa aventura insensata e potencialmente catastrófica para nossa democracia.
Mesmo assim, cabe a todos os cidadãos brasileiros avessos ao totalitarismo, imbuídos de espírito da justiça e ciosos da soberania nacional manterem-se alerta contra o linchamento de Battisti e vigilantes contra essa nova forma de golpismo que habita os sonhos da direita inconformada com a hegemonia petista: a ditadura judicial".
Nada do que ocorreu nos últimos dias me leva a mudar uma vírgula sequer do artigo Lula decidiu: Battisti fica! Continuo acreditando que Cezar Peluso e Gilmar Mendes não conseguirão atrair os demais ministros do STF para sua cruzada de esvaziamento do presidencialismo brasileiro, mediante a usurpação de seus poderes e prerrogativas; da última vez, foi exatamente aí que a britzkrieg de ambos empacou.
O que o presidente do STF está fazendo é ganhar tempo, para ver se as pressões italianas e o comportamento abjeto de alguns jornalistas brasileiros criam um cenário mais favorável à sua intenção de colocar de joelhos o Governo Federal, submetendo-o aos caprichos dos neofascistas europeus.
Há um clima de insanidade no ar, graças à perda dos últimos escrúpulos por parte da imprensa canalha.
O "ESTADÃO", NAS PEGADAS DE GOEBBELS
O Estadão mentiu da forma mais descarada possível, a ponto de afirmar que Battisti teria estado escondido na França, e não protegido pela Lei Mitterrand das perseguições italianas, como tantos outros integrantes dos aproximadamente 500 grupos de ultraesquerda que, levados ao desespero pelo compromisso histórico, fizeram uma opção insensata, mas, inquestionavelmente, política.
E é chocante vermos as mentiras italianas repercutirem até nas seções de cartas dos jornais, com leitores lamentando a sorte de Alberto Torregiani, coitadinho, obrigado a assistir ainda menino ao assassinato do seu pai por Battisti... embora ele próprio já tenha admitido à Agência Ansa que Cesare não foi um dos executores de Pierluigi Torregiani, pois, supostamente, estaria participando do atentado contra um açougueiro numa localidade distante.
Trata-se, nada mais, nada menos, da célebre balela que o delator premiado Pietro Mutti impingiu aos promotores italianos e estes engoliram, até alguém menos relapso se dar ao trabalho de conferir datas, horários e mapas, constatando que era impossível Battisti estar presente no palco dessas duas ações quase simultâneas.
Mesmo assim, a acusação inicial de quatro assassinatos -- alterada, pateticamente, para autoria direta de três e autoria intelectual do quarto -- continua trombeteada até hoje pela imprensa brasileira, que jamais tem a compostura de mencionar este pequeno detalhe.
Assim como boa parte da mídia continua rotulando Battisti de terrorista, adjetivo que não encontra respaldo nas sentenças italianas (nelas só se fala em subversão contra o Estado) e, na pior das hipóteses, só se aplicaria a suas atividades até 1979.
Ou seja, um cidadão que abandonou as organizações armadas há três décadas e vive desde então em fuga, preso ou trabalhando honestamente, tendo constituído família e se projetado na literatura, é até hoje identificado com seu passado longínquo, num óbvio artifício para levar-se o público desinformado a supor que se trate de um Osama Bin Laden da vida!
UMA CERTEZA: O GOLPISMO SERÁ DETIDO
Errará, entretanto, quem admitir a hipótese de que o Governo Federal venha a ser intimidado pela instrumentalização midiática da verdade e pelas arrogantes ameaças italianas.
O Governo Dilma não poderá recuar um centímetro sequer neste caso... não só para manter-se coerente com seus compromissos democráticos, mas até por instinto de sobrevivência. Submeter-se à ditadura judicial seria ensejar o caos institucional, que naturalmente adubaria e potencializaria o golpismo.
Governos não se suicidam.
Nem são ingênuos Dilma Rousseff e os que a cercam: estão carecas de saber que há muito mais em jogo além do destino de um perseguido político que nem sequer teve militância importante, capaz de justificar tamanha obsessão revanchista por parte dos neofascistas.
Trata-se, desde o início, não só de uma testemunha de episódios que se quer varrer para baixo do tapete, mas também de um símbolo: o troféu que a direita quer exibir para tripudiar sobre os ideais de 1968.
E, como todo símbolo, Cesare foi assumindo diferentes significados para cada contingente humano, de acordo com a evolução dos acontecimentos.
Neste momento, p. ex., para os brasileiros dignos deste nome, a imediata libertação de Battisti está identificada com o equilíbrio de Poderes, a preservação da democracia e a soberania nacional.
* Jornalista, escritor e ex-preso político. http://naufrago-da-utopia. blogspot.com
* Jornalista, escritor e ex-preso político. http://naufrago-da-utopia.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
SOBRE A SOLTURA DE CESARE BATTISTI
Carlos A. Lungarzo
Quatro dias depois que o ex-chefe do estado brasileiro, Lula da Silva, decretasse extinta a extradição do escritor italiano Cesare Battisti, ele ainda continua preso. É oportuno lembrar que, durante a terceira oitiva do julgamento da extradição 1085, quando, como parte final da sessão, foi reconhecido (por 5 votos contra 4) o direito do presidente a decidir sobre a aplicação ou rejeição da extradição, o então relator e atual presidente do STF disse, em tom de desafio, que se o governo se empenhava em não extraditar Battisti, ele seria submetido à “crueldade” de continuar na prisão, uma frase paradoxal, dita como se Cesare fosse esperado na Itália para ser alojado num hotel de 6 estrelas.
Mas, o principal desta afirmação não foi o caráter contraditório, mas a promessa que envolvia: se Battisti fosse livrado da extradição ficaria como refém dos inquisidores.
O processo de extradição 1085 é, apesar de sua tortuosidade moral, muito simples do ponto de vista lógico. Itália pediu, em condição de parte suplicante, a extradição de Battisti, com base em supostos crimes cometidos na Itália, e com apóio legal no Tratado de Extradição Brasil-Itália.
O STF aceitou julgar o pedido, cometendo duas ilegalidades: continuou um processo que devia ter sido arquivado quando o requerido ganhou a condição de refugiado (janeiro de 2009), e manteve o requerido em prisão, um ato totalmente oposto e até claramente contraditório com a idéia de refúgio. (Refugia-se alguém para protegê-lo, mas, então, é a prisão um lugar de proteção?)
Estas arbitrariedades ficaram ofuscadas por um ato que, até o dia de hoje, não reconhece precedente em nenhum dos países ocidentais, tanto os que seguem o Common Law, como os que usam um direito similar ao nosso: o STF anulou a validade do refúgio, um ato executivo por excelência. Nem a própria Itália cometeu uma anomalia similar: o caso do líder turco Öcalan, apesar de ser igualmente grave, não violou nenhuma lei. Com efeito, quando o ministro Massimo d’Alema tendeu uma cilada a Öcalan, para que fosse capturado pela CIA e a Mossad e entregue aos turcos, com uma falsa promessa de refúgio, ele realmente não estava refugiado no sentido jurídico do termo.
É verdade que a partir da anulação do refúgio de Battisti tudo se torna ilegal e sem sentido, como fizeram notar os 4 juízes que votaram contra. Entretanto, sendo que o processo continuou e que não há nenhuma autoridade que possa questionar o despotismo (nada ilustrado) da corte, porque, afinal, “supremo” é o que está no topo, uma forma de coerência era reconhecer como válidas todas as moções aprovadas nesse julgamento.
Na terceira sessão, o STF aprovou o “direito” (ou seja, criou um direito que já existia) do chefe de estado de decidir sobre a extradição. Numa sessão adicional, gerada por uma manobra obscura entre a defesa da Itália e a cúpula do Excelso Pretório, aprovou-se uma moção de ordem que, como disse Marco Aurélio de Mello, foi uma virada de mesa, na qual foi arrancada ao bondoso e paternal ministro Eros Grau, a exigência de que o chefe do estado, ao decidir sobre o caso, devesse ater-se ao Tratado Brasil-Itália. Isto era uma obviedade absoluta, inventada porém como pretexto para futuras manobras.
Aqui acaba a história jurídica, que ficou registrada no acórdão de abril de 2010.
Em 31 de dezembro de 2010, o então presidente Lula rejeitou a extradição com base no parecer da AGU (sobre o qual escreverei mais na frente, porque isso não é urgente agora). Lula se baseou em especial no artigo 3º, inciso (f), onde se obsta a extradição para quem possa ver sua situação agravada se fosse devolvido ao país suplicante. Observe-se que os argumentos do assessor que municiaram o advogado geral substituto, indicam um aspecto absolutamente objetivo, indubitável e fundado na situação notória da Itália e nas próprias declarações de ministros e corporações: Battisti estava sendo exposto como alvo de animosidade geral. Isto é tão trivial, que foi repetido muitas vezes até por pessoas inimigas do extraditando: se a sociedade italiana produziu um escândalo tão desaforado, que não apresenta paralelo nem com as próprias “epidemias” de vendetta da época do fascismo original, é óbvio que o extraditando corre risco. Alguém que é ameaçado por seus inimigos a 10.000 Km de distância, estaria salvo se entrasse no lar desses próprios inimigos? Hipótese ridícula, que seus próprios formuladores não acreditam, mas pretendem vender a um público desinformado ávido de emoções fortes. O mesmo La Russa disse há dois dias, que nos últimos meses a Itália teve o cuidado de não usar expressões de tom forte para não criar a suspeita de ameaças! Mais claro, impossível. A notícia está nos principais jornais italianos, especialmente, Stampa, Tempo e Repubblica.
O seja, está sendo criada uma caricatura decadente e ultrapassada de um circo romano, onde até o sangue é falso.
Os Mistérios dos Inquisidores
Foi conjecturado por alguns que o atual chefe do Supremo Tribunal, estaria adiando a soltura de Cesare para fevereiro, porque se sente inseguro sobre a legalidade da decisão, e prefere consultar com o plenário. Outros acham, acredito que com maior justeza, que se trata de uma nova rodada no processo de tortura jurídica e psicológica já aplicada sobre o escritor, alargando o mais possível sua agonia.
Mas, a verdade pode ser uma combinação de várias alternativas. O sofrimento (dos outros) sempre foi um papel importante na Inquisição, porque ele purifica e aproxima o homem de Deus. O próprio atual chefe do Excelso disse a um jornalista de um periódico jurídico, que o sofrimento não devia ser visto como uma desgraça, mas como algo inerente à vida. Aliás, é algo perfeitamente compatível com a mentalidade de alguém que concedeu HC aos genocidas de Carajás, um episódio ao qual se referiu a presidente Dilma, quando ainda era presidente eleita, prometendo que não haveria uma repetição do fato em sua gestão.
Eu não duvido que mentes místicas, arcaicas e tacanhas encontrem no ódio e no sofrimento alheio um grande prazer: essa é a mentalidade do torturador, como foi descrito ad nauseam por milhares de sociólogos e escritores. Mas, não penso que isso seja incompatível com algum intuito prático. É a famosa história de unir o útil ao agradável (o útil é o efeito prático e o agradável o prazer da tortura).
Portanto, embora nada possa ser demonstrado, não deve descartar-se a priori também uma jogada mais extrema, como a repetição do golpe branco da anulação do refúgio de Battisti. Isto teria vantagens para os inquisidores brasileiros e italianos, que não precisamos mencionar. Todos sabem quais são!
O Impasse
Os militantes de DH acreditamos que devem ser sempre esgotadas as soluções legais. Num certo momento, quando a impaciência dominou todos nós, alguns pensamos que devia dar-se ao presidente Lula a tranqüilidade que precisava para encontrar o momento oportuno, que foi o dia 31 de dezembro. Naqueles momentos, dissemos que isso não significava esperar cegamente por uma justiça impessoal e infalível, mas apenas facilitar a decisão do chefe de estado, que tinha disposição positiva para resolver o problema.
Da mesma maneira, neste momento acreditamos que não há motivo para aguardar uma mensagem celestial, porque o único que se precisa para culminar o processo é abrir a porta da prisão, e não há nenhum obstáculo, salvo o profundo desejo de produzir angústia e caos, para que a chave esteja oculta no bolso de algum novo frei Torquemada.
Esta afirmação está longe de ser apressada ou irreflexiva. O Ministro Marco Aurélio de Mello fez uma observação muito clara: o extraditando está preso enquanto se decide sobre sua extradição. Uma vez decidida a não extradição, o motivo de sua prisão desaparece. Essa verdade é reconhecida pelo advogado Luís Barroso, mas, com certeza, ela seria reafirmada, se fosse feita uma consulta, pela dúzia de juristas brasileiros mais famosos e respeitados, que se manifestaram várias vezes durante o processo de Cesare.
Mais ainda: sendo que a decisão de extinguir a extradição foi do executivo, em função da “permissão” concedida pelo próprio STF, o ato de soltura deve ser também executivo e ele poderia ser realizado pelo ministro da justiça.
Será que isso produz uma crise institucional? Pode ser. Mas eu pergunto, com sincera curiosidade: qual é o risco de uma crise institucional para um governo que continua uma tradição começada há 8 anos, e que foi apoiado pela maioria do povo em três eleições consecutivas? Aliás, não deve esquecer-se que uma candidata de oposição, Marina Silva, disse sem a menor hesitação que apoiava o refúgio de Battisti. São quase 20% de votos a mais.
Um governo com tamanha legitimidade, tanto popular quanto jurídica, não pode hesitar por causa das provocações de quaisquer grupos que fingem representar uma Têmis, cujos olhos, porém, não estão tarjados, mas apenas dissimulados pela máscara preta, e cuja mão não segura uma balança, mas uma corda.
Aliás, indo além dos direitos humanos (que para nós representam o valor supremo, mas para outros podem estar subordinados ao político), se pensarmos o conflito em termos políticos, devemos respeitar a coerência entre as declarações e os fatos. Um país que aspira ao reconhecimento mundial, a uma vaga permanente na ONU, a disputar influência com a Europa, não pode ceder a nenhuma provocação de um governo corrupto, misturado com a máfia, com quase um 80% de dignitários que esteve perto ou dentro do neofascismo ou do neostalinismo. Pensemos que a Itália não é apenas a terra da Inquisição, da Máfia e do fascismo, mas também o berço de Galileu, Leonardo e Beccaria, e que talvez algum dia esta noite que assombra a península deixe passo a uma nova luminosidade. Colocando limites a empáfia do atual sistema contribuiremos a evitar que algum dia o país erradique a xenofobia e o racismo que, por sinal, hoje afeta os cidadãos brasileiros que procuraram emprego na Itália. Lembremos apenas uma senhora que foi condenada a 3 anos de cadeia por um suposto delito de lenocínio quando a juíza soube que apoiava o refúgio de Battisti
Pense-se também que, após de seis semanas de 2009, em que o Quirinal assediou o Parlamento Europeu para conseguir cumplicidade contra o Brasil, o máximo que obteve foi uma morna declaração sem qualquer valor oficial, emitida por um quorum de 7,6% do plenário. E, para os que não lembram, enfatizemos que a comunicação P6_TA(2009)0056 do Parlamento Europeu foi aprovada após 6 rejeições de outras propostas e, ainda, que dentro desse quórum microscópio também houve 8 MEPs que se manifestaram decididamente contra. A notícia de que a União Européia apóia Itália é uma mentira da grande mídia, que toma como definição de “Europa” um conjunto de legisladores fascistas da Espanha e Portugal e alguns conservadores do Reino Unido, para que as pessoas ingênuas mordam a isca, ou para municiar os que não são tão ingênuos. Recentemente, um jornalista brasileiro disse que o conflito entre a Itália e o Brasil parecia um “jogo de cena” entre ambas as nações. Seria pouco elogioso que isso fosse verdade.
Acreditamos, então, que todas as organizações de direitos humanos, os movimentos e os juristas que emitiram numerosos manifestos em apóio ao refúgio, mostrem a apóio ao Ministro da Justiça, para que solte uma pessoa que já há sofrido de maneira excessiva o rancor de uma matilha sanguinária que não se resigna a pensar que já se passaram 63 anos desde Nuremberg.
Deve ter-se em conta também que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA aprovaria mais uma condena das muitas que têm formulado contra o arbítrio judicial.
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