quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Escravos são encontrados em fazenda de dono de TV na Bahia

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http://blogdosakamoto.uol.com.br/2011/08/31/escravos-sao-encontrados-em-fazenda-de-dono-de-tv-na-bahia/
 
31/08/2011

 

Escravos são encontrados em fazenda de dono de TV na Bahia


Essa não deve sair na TV: o governo federal flagrou 22 trabalhadores em condições análogas à de escravo na fazenda Rural Verde, em Sítio do Mato, município baiano próximo a Bom Jesus da Lapa. A área, segundo a equipe responsável pela operação, pertence a Sílvio Roberto Coelho, proprietário da TV Aratu, afiliada ao SBT, e irmão de Nilo Coelho, ex-governador da Bahia.
De acordo com auditora fiscal do Ministério do Trabalho e Emprefo Inês Almeida, coordenadora da ação, 17 pessoas atuavam na derrubada de árvores e produção de mourões e outros cinco erguiam cercas para a fazenda de gado. A maior parte se encontrava na área desde maio, sem salário regular. Recebiam produtos alimentícios que eram descontados da remuneração. “A situação era de servidão por dívida”, explicou Inês.
Os auditores fiscais constataram que o local do banho era um tanque de água suja, que os trabalhadores dividiam com o gado – que lá ia beber. Toras de madeira eram usadas para montar as camas nos barracos de lona que serviam de alojamento.
A fazenda recusou-se a pagar os trabalhadores e a reconhecer o vínculo empregatício, afirmando que não eram seus empregados e sim do empreiteiro contratado para o serviço. O “gato” (contratador de mão-de-obra a serviço do fazendeiro) teria fugido. Eles receberão três parcelas do seguro-desemprego – benefício a que os libertados também têm direito. A dívida com os trabalhadores foi de cerca de R$ 80 mil.
O proprietário, por telefone, informou não haver problemas na propriedade, que afirma possuir há 35 anos. Disse ainda que não “teve nada” de trabalho escravo e que os 32 empregados da fazenda são registrados. O presidente da afiliada ao SBT informou que “às vezes tem um cerqueiro que faz serviço por empreitada”. De acordo com a fiscalização, o gerente informou que a Rural Verde conta com aproximadamente 400 quilômetros de cerca construída.
Quando questionado mais uma vez sobre a fiscalização, mandou a reportagem “para o inferno” e desligou o telefone.
(Colaborou Bianca Pyl, da Repórter Brasil)

Corporações pagam mais aos executivos que imposto de renda ao governo

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CartaCapital, 31 de agosto de 2011

Corporações pagam mais aos executivos que ao governo

 Redação Carta Capital
Uma indústria para “evitar pagar impostos” foi montada nas maiores corporações norte-americanas. Em contrapartida, os salários dos executivos dessas empresas estão cada vez maiores. Assim como a dívida pública americana.
Uma pesquisa do Institute for Policy Studies (IPS) mostrou que das 100 maiores empresas dos Estados Unidos, 25 pagam mais aos seus CEOs do que em taxas ao governo federal. A informação é bombástica num período em que a administração de Obama empreende esforços para cortar gastos e  no qual o  país é ameaçado por uma nova depressão.
A Boeing, por exemplo, que dá ao seu mais alto executivo um salário de 13,8 milhões de dólares, paga 13 milhões de imposto de renda. Já em lobby, os gastos da empresa chegam a mais de 20 milhões de dólares. General Electric, eBay, Stanley Black & Decker, International Paper Company também se enquadram no perfil.
Ao ler a pesquisa, o democrata Elijah Cummings afirmou que esta seria uma das razões da crise e frisou que o salário do trabalhador não sofreu modificações e o desemprego continua inaceitavelmente alto.
A pesquisa indica ainda a estratégia que essas grandes empresas montaram para desviar das taxas. A maioria dessas 25 empresas reportaram altos lucros em 2010. “O baixo valor de impostos pagos dessas companhias refletem sonegação fiscal, pura e simples”, aponta o estudo.
Entre as técnicas, está a de justamente pagar muito aos seus executivos e deduzir esse valor do imposto de renda.  Além disso, das 25, 18 têm atividades em paraísos fiscais. Os custos para o governo dessa máquina de sonegação é de 100 bilhões de dólares anuais.
O esquema consiste em abrir filiais de fachada nos “paraísos” e cobrar altos valores de “propriedade intelectual” das sedes americanas. A empresa nos EUA desconta esse dinheiro do imposto de renda, enquanto a filial se livra do pagamento de taxas por estar submetida à isenção ou às baixas taxas dos locais onde estão sediados.
Por baixo dos panos, as maiores indústrias americanas desenvolveram um mercado paralelo de advogados e contadores para dar mais efetividade ao esquema. Tudo dentro das leis. Coincidentemente, o dinheiro gasto com lobby e contribuições em campanhas por essas empresas é de mais de 150 milhões de dólares no último ano.

Dilma prepara-se para visitar a Bulgária

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Jornal do Brasil, 31/08/2011

Patriota vai à Bulgária para preparar visita de Dilma

Agência BrasilRenata Giraldi
Brasília – Em pouco mais de um mês, a presidenta Dilma Rousseff deverá fazer uma das viagens ao exterior mais emocionantes da sua vida. Será uma visita à Bulgária, país de origem de seu pai Peter Rousseff, e onde está parte de sua família. A presidenta nunca foi à Bulgária. Para preparar a visita, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, segue amanhã (2) para Sófia, capital búlgara. A ideia é aliar uma agenda afetiva com atividades políticas e econômicas.
Patriota tem reuniões marcadas com o presidente da Bulgária, Giorgi Parvanov, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Nikolay Mladenov; e o vice-presidente da Assembleia Nacional, Anastas Atanassov. Ainda como presidenta eleita, Dilma recebeu o primeiro-ministro búlgaro, Boyko Borissov, que a convidou para visitar o país. Na visita à Bulgária, Patriota pretende aproveitar para fortalecer o diálogo político, incrementar o comércio bilateral e debater sobre a crise na Líbia e Síria, ressaltando a necessidade de reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). Paralelamente, o Brasil se propõe a estimular as missões empresariais para intensificar as relações econômicas com a Bulgária. Em 2010, o intercâmbio comercial com a Bulgária foi de US$ 147 milhões, e até julho deste ano, de US$ 73,7 milhões, com potencial de crescimento nos dois sentidos, segundo o governo brasileiro. As exportações brasileiras no ano passado concentraram-se em minérios, fumo e açúcar. Já as importações envolveram principalmente material fotográfico, fertilizantes e aparelhos mecânicos.
Até o final deste ano, Dilma pretende ir a pelo menos quatro países da América do Sul, um da Europa, cinco da África e um euro-asiático, assim como já está confirmada sua participação na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos, nos próximos dias 18 a 22. A presidenta ainda elabora a agenda de viagens internacionais. Mas indicou que está nos seus planos visitas à Colômbia, à Venezuela, ao Uruguai e ao Paraguai, na América do Sul. Mas antes ela irá à Nova York, depois a Bruxelas, onde participa de reuniões de parceria estratégica, em seguida fará viagens para à Bulgária e à Turquia. Os países da América do Sul devem entrar na agenda da presidenta apenas no final de outubro começo de novembro. No entanto, há articulações para avançar no fortalecimento regional e na busca do desenvolvimento de projetos comuns. Dilma já visitou a Argentina, Peru, Paraguai e Uruguai.
Os assessores de Dilma examinam a hipótese de ela visitar ainda este ano a África do Sul, a Namíbia, a Nigéria, Moçambique e Angola. Porém, essas alternativas não foram confirmadas, por enquanto.

Aprovada audiência no Congresso sobre censura da Folha contra Falha

http://blogln.ning.com/profiles/blogs/falha-x-folha-audi-ncia-publica-no-congresso

Falha x Folha - audiência Publica no Congresso

 





A Folha de São Paulo que tanto prega democracia e liberdade de expressão terá de se explicar no Congresso sobre o processo de censura contra o Blog Falha de São Paulo, dos irmãos Bocchini, que já se arrasta a um ano.
Para vocês terem uma idéia uma vez conversei com Lino já com o processo da Folha em trâmite, ele me disse que a Folha cobraria R$ 50 mil por dia, cada dia que o Blog Falha de São Paulo estivesse no ar.

O blog http://falhadespaulo.com.br,  foi deletado graças a uma liminar da justiça. A alegação da Folha para CENSURAR um site de humor, foi de uso da marca em vão. Ninguém merece.
Para quem não viu foi criado um TUMBLR que é uma plataforma de blogging que permite aos usuários publicarem textos, imagens, vídeo, links, citações e áudio, é um blog de textos curtos, mas não chega a ser um microblog. Acesse http://falhadespaulo.tumblr.com/ 

Aprovada audiência no Congresso sobre censura da Folha
Foi aprovado por unanimidade na Comissão de Legislação Participativa a realização de Audiência Pública na Câmara dos Deputados sobre a censura da Folha contra o blog Falha de S.Paulo. Nenhum deputado federal se manifestou contra a iniciativa. O requerimento do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) prevê convites para representantes da Falha e da Folha falarem.
Da Falha, Pimenta  vai convidar os irmãos-criadores do blog (Mário e Lino Ito Bocchini) e, da parte do jornal serão chamados para explicar publicamente no Congresso Nacional a censura Otavio Frias Filho (vulgo Otavinho, dono do jornal), Sérgio Dávila (editor-executivo), Taís Gasparian (advogada-censora da Folha) e Vinícius Mota (secretário de Redação). “Vamos também convidar a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) e outras entidades para participarem dessa audiência”, discursou Pimenta agora há pouco. “É grave, além da censura o jornal pede dinheiro aos irmãos”, completou.
O deputado Edivaldo Holanda Jr. (PTC-MA), que presidia a sessão, parabenizou o deputado pela iniciativa, e sugeriu: “vamos convocar a CNJ [Conselho Nacional de Justiça] para participar também, já que esse é um assunto que está nos tribunais”. O deputado federal Fernando Ferro (PT-PE) também discursou na aprovação. “Esse processo de censura revela a intolerância da Folha e como eles dizem defender a liberdade de expressão mas, quando chega na hora deles, não resistem ao desejo de censurar. E olha que o humor, a paródia, até tornam a política até mais suportável”.
Nos próximos dias será marcada a data da audiência, que vai acontecer no Congresso Nacional. E, claro, fica a dúvida: quase um ano após cometer um ato inédito de censura no Brasil –que pode abrir uma jurisprudência terrível para toda a internet brasileira–, será que a Folha pela primeira vez terá coragem de colocar uma pessoa para defender sua posição abertamente? De nossa parte estaremos lá, como sempre mostrando a cara, defendendo a mesma posição que defendemos desde o primeiro dia, e prontos pra debater seja com dono do jornal ou com quem for.
desculpeanossafalha.com.br

Delfim e os “neolibelês”

http://www.conversaafiada.com.br/economia/2011/08/31/delfim-sobre-lula-e-os-neolibeles/

Delfim sobre Lula e os “neolibelês”

    Publicado em 31/08/2011

O escritório de Delfim Netto é como a sala de autopsia do Instituto Médico Legal do Neolibelê.

“Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros.

- A empregada doméstica botou a filha na faculdade de Medicina. Eles querem que a filha da empregada doméstica volte para trás com uma política monetária feroz, de juros ainda mais altos… , começa o Delfim.

“Eles” é o pessoal do Neolibelê.

Conto que, neste ansioso blog, se assegura que a Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro do pensamento Neolibelê. Delfim cai na gargalhada.

- O Lula diz assim. Não me interessa se você foi concebido numa suíte do Waldorf Astoria ou num barraco da favela. Os dois são iguais, têm que ter oportunidades iguais para enfrentar esse capitalismo … (impublicável) que você inventou, Delfim.

- Você vê. Eles achavam que tinham feito tudo direitinho no Chile. Seguiram o manual. Aí o pessoal foi pra rua exigir escola pública.

- Eles (“eles” é a corrente de pensamento que se ilumina com a Urubóloga) se reuniram lá no Instituto do Fernando (Henrique). E a única ideia que tiveram foi cobrar mensalidade na universidade pública.

- “Eles” não entenderam nada. Tem 400 universidades privadas no interior de São Paulo.

- É o que o senhor chama de “processo civilizatório” …, interrompo.

- E você pensa que o Lula tem um assessor, um economista ao lado dele soprando essas coisas ? Ele chega pro cara de Moçambique e diz assim: Você pode plantar cana e não planta. E aí importa carro americano que consome gasolina que vocês não têm. Por que você não aprende a plantar cana e importa carro do Brasil movido a cana ?

- E o que o Lula quer ?, pergunto.

- Isso que ele faz hoje. Exatamente isso. Você sabe qual é o cachê das palestras dele ?

- Deve ser o dobro do cachê da Miriam e do Fernando Henrique, juntos, respondo.

- Mais, meu filho. Mais.

Pano rápido.


Paulo Henrique Amorim

3 semanas antes da resolução da ONU Líbia já havia sido invadida por centenas de soldados britânicos

http://tootoorich.com/wp-content/uploads/2008/11/seif11.jpg
Seif al-Islam

Jornal do Brasil,
31/08 às 17h14

Filho de Kadhafi aparece e faz apelo à resistência na Líbia

 

Agência AFPRenata Giraldi
Um dos filhos de Muammar Kadhafi, Seif al-Islam, afirmou nesta quarta-feira que está no subúrbio de Trípoli e fez um apelo à "resistência", apesar da tomada da capital líbia pelos insurgentes, em uma mensagem de áudio divulgada pela televisão Arrai, com sede em Damasco.
"Falo a vocês do subúrbio de Trípoli. A resistência continua e a vitória está próxima", disse Seif al-Islam, perseguido pela rebelião, assim como sua família.

Guerra entre Kadhafi e rebeldes continua
Guerra entre Kadhafi e rebeldes continua


A Líbia, a Otan e o Grande Médio Oriente

José Luís Fiori
Se aqui e no exterior todos perceberem que estamos prontos para a guerra a qualquer momento, com todas as unidades das nossas forças na linha de frente prontas para entrar em combate e ferir o inimigo no ventre, pisoteando-o quando estiver no chão, para ferver seus prisioneiros em azeite e torturar suas mulheres e filhos, então ninguém se atreverá no nosso caminho”.

John Arbuthnot Fisher, Primeiro Lord do Almirantado da Marinha Real Britânica, (cit. in Norman Angell, A Grande Ilusão, Editora UNB, 2002, p: 275)


É preciso ser muito ingênuo ou mal informado para seguir pensando que a “Guerra da Líbia” foi feita em nome dos “direitos humanos” e da “democracia”. E, ainda por cima, acreditar que o governo de Muamar Kadafi foi derrotado pelos “rebeldes” que aparecem nos jornais, em poses publicitárias. Tudo isso, enquanto a aviação inglesa comanda o ataque final das forças da Otan à cidade de Sirta, depois de ter conquistado a cidade de Trípoli. Até o momento, a "primavera árabe" não produziu nenhuma mudança de regime na região, mesmo na Tunísia e no Egito, e não há nenhuma garantia de que os novos governos sejam mais democráticos, liberais ou humanitários que seus antecessores.

Até porque quase todos os seus líderes ocuparam posições de destaque nos governos que ajudaram a derrubar, com o apoio de uma multidão heterogênea e desorganizada. No caso da Líbia, não se pode nem mesmo falar de algo parecido a uma "mobilização massiva e democrática" da oposição, porque se trata de fato de uma guerra selvagem e sem quartel, entre regiões e tribos inimigas, que foram mobilizadas e "pacificadas" transitoriamente, pelas forças militares da Otan.

Segundo Lord Ismay, que foi o primeiro secretário-geral da Otan, o objetivo da aliança militar criada pelo Tratado do Atlântico Norte, assinado em 1949, era "manter os russos fora, os americanos dentro e os alemães para baixo". E este objetivo foi cumprido plenamente, durante todo o período da Guerra Fria. Mas depois de 1991 a Otan passou por um período de "crise de identidade" e redefinição do seu papel dentro sistema internacional. Num primeiro momento, a organização militar se voltou para o Leste e para a ocupação/incorporação de alguns países da Europa Central que haviam pertencido ao Pacto de Varsóvia. Além disso, decidiu participar diretamente das Guerras do Kosovo e da Sérvia. E, ao mesmo tempo, lançou, em 1994, um projeto de intercâmbio militar e de segurança com os países árabes do norte da África, o chamado “Diálogo Mediterrâneo”.

Dez anos depois, na sua reunião de cúpula de 2004, em Istambul, os dirigentes da Otan decidiram expandir o seu projeto de segurança e criaram a "Iniciativa de Cooperação de Istambul" (ICI), voltada para os países do Oriente Médio. Além disso, neste mesmo período, a Otan, que não havia apoiado as guerras do Afeganistão e do Iraque, decidiu aderir e colocar-se ao lado das tropas anglo-americanas, instalando suas forças também na Ásia Central. Foram os ingleses que cunharam o termo "Oriente Médio", para referir-se aos territórios situados no meio do seu caminho, entre a Inglaterra e a Índia, e que pertenciam ou estavam sob a tutela do Império Otomano. Incluindo os territórios que foram retalhados e divididos depois do fim da Primeira Guerra Mundial, sendo transformados em “protetorados” da Inglaterra e da França - que já eram, naquele momento, as duas maiores potências imperiais da Europa e que submeteram e colonizaram a maior parte da África Sub-Sahariana e todos os países árabes do norte do continente, hoje incluídos no “Diálogo Mediterrâneo” da Otan.

Mas foi o ex-presidente norte-americano George W. Bush quem cunhou o termo “Grande Médio Oriente”, apresentado pela primeira vez na reunião do G-8, realizada em Sea Islands, nos EUA, em junho de 2004. A idéia era definir e unificar um novo espaço de intervenção geopolítica, que iria do Marrocos até o Paquistão, e deveria ser objeto da preocupação prioritária das Grandes Potências na sua guerra contra o “terrorismo islâmico” e a favor da “democracia” e dos “direitos humanos”. Desta perspectiva, se pode compreender melhor o significado geo-estratégico da “primavera árabe” e da Guerra da Líbia.

Assim mesmo, o que se deve esperar que ocorra depois da guerra? Na Líbia, haverá um longo período de caos, seguido da formação de um governo de coalizão tribal, instável e autoritário, sob o patrocínio e a tutela militar da Otan. Ao mesmo tempo, estará dado um passo decisivo na construção de uma força de intervenção “ocidental”, capaz de projetar seu poder militar sobre todo o território islâmico do Grande Médio Oriente. E, de passagem, estará criado o primeiro “protetorado colonial” da Otan, na África. Triste sina da África!

José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=2981:sete-pontos-acerca-da-libia&catid=43:imperialismo
27/Agosto/2011

Sete pontos acerca da Líbia

Por Domenico Losurdo


Doravante mesmo os cegos podem ver e compreender o que está a acontecer na Líbia:

1. O que se passa é uma guerra promovida e desencadeada pela OTAN. Esta verdade acaba por se revelar até mesmo nos órgãos de "informação" burgueses. No La Stampa de 25 de Agosto, Lucia Annunziata escreve: é uma guerra "inteiramente externa, ou seja, feita pelas forças da OTAN"; foi "o sistema ocidental que promoveu a guerra contra Kadafi". Uma peça do International Herald Tribune de 24 de Agosto mostra-nos "rebeldes" que se regozijam, mas eles estão comodamente instalados num avião que traz o emblema da OTAN.
2. Trata-se de uma guerra preparada desde há muito tempo. Sunday Mirror de 20 de Março revelou que "três semanas" antes da resolução da ONU já estavam em ação na Líbia "centenas" de soldados britânicos, enquadrados num dos corpos militares mais refinados e mais temidos do mundo (SAS). Revelações ou admissões análogas podem ser lidas no International Herald Tribune de 31 de Março, a propósito da presença de "pequenos grupos da CIA" e de uma "ampla força ocidental a actuar na sombra", sempre "antes do desencadeamento das hostilidades a 19 de Março".
3. Esta guerra nada tem a ver com a proteção dos direitos humanos. No artigo já citado, Lucia Annunziata observa com angústia: "A OTAN que alcançou a vitória não é a mesma entidade que lançou a guerra". Nesse intervalo de tempo, o Ocidente enfraqueceu-se gravemente com a crise económica; conseguirá ele manter o controle de um continente que, cada vez mais frequentemente, percebe o apelo das "nações não ocidentais" e em particular da China? Igualmente, este mesmo diário que apresenta o artigo de Annunziata, La Stampa, em 26 de Agosto publica uma manchete a toda a largura da página: "Nova Líbia, desafio Itália-França". Para aqueles que ainda não tivessem compreendido de que tipo de desafio se trata, o editorial de Paolo Paroni (Duelo finalmente de negócios) esclarece: depois do início da operação bélica, caracterizada pelo frenético ativismo de Sarkozy, "compreendeu-se subitamente que a guerra contra o coronel ia transformar-se num conflito de outro tipo: guerra económica, com um novo adversário: a Itália obviamente".
4. Desejada por motivos abjectos, a guerra é conduzida de modo criminoso. Limito-me apenas a alguns pormenores tomados de um diário acima de qualquer suspeita. O International Herald Tribune de 26 de Agosto, num artigo de K. Fahim e R. Gladstone, relata: "Num acampamento no centro de Tripoli foram encontrados os corpos crivados de balas de mais de 30 combatente pró Kadafi. Pelo menos dois deles estavam atados com algemas de plástico e isto permite pensar que sofreram uma execução. Dentre estes mortos, cinco foram encontrados num hospital de campo; um estava numa ambulância, estendido numa maca e amarrado por um cinturão e tendo ainda uma transfusão intravenosa no braço".
5. Bárbara como todas as guerras coloniais, a guerra actual contra a Líbia demonstra como o imperialismo se torna cada vez mais bárbaro. No passado, foram inumeráveis as tentativas da CIA de assassinar Fidel Castro, mas estas tentativas eram efectuadas em segredo, com um sentimento de que se não é por vergonha é pelo menos de temer possíveis reacções da opinião pública internacional. Hoje, em contrapartida, assassinar Kadafi ou outros chefes de Estado não apreciados no Ocidente é um direito abertamente proclamado.Corriere della Sera de 26 de Agosto de 2011 titula triunfalmente: "Caça a Kadafi e seus filhos, casa por casa". Enquanto escrevo, os Tornado britânicos, aproveitando também a colaboração e informações fornecidas pela França, são utilizados para bombardear Syrte e exterminar toda a família de Kadafi.
6. Não menos bárbara que a guerra foi a campanha de desinformação. Sem o menor sentimento de pudor, a OTAN martelou sistematicamente a mentira segundo a qual suas operações guerreiras não visavam senão a protecção dos civis! E a imprensa, a "livre" imprensa ocidental? Ela, em certo momento, publicou com ostentação a "notícia" segundo a qual Kadafi enchia seus soldados de viagra de modo a que eles pudessem mais facilmente cometer violações em massa. Como esta "notícia" caiu rapidamente no ridículo, surge então uma outra "nova" segundo a qual os soldados líbios atiram sobre as crianças. Nenhuma prova é fornecida, não se encontra nenhuma referência a datas e lugares determinados, nenhuma remessa a tal ou tal fonte: o importante é criminalizar o inimigo a liquidar.
7. Mussolini no seu tempo apresentava a agressão fascista contra a Etiópia como uma campanha para libertar este país da chaga da escravidão; hoje a OTAN apresenta a sua agressão contra a Líbia como uma campanha para a difusão da democracia. No seu tempo Mussolini não cessava de trovejar contra o imperador etíope Hailé Sélassié chamando-o "Negus dos negreiros"; hoje a OTAN exprime seu desprezo por Kadafi chamando-o "ditador". Assim como a natureza belicista do imperialismo não muda, também as suas técnicas de manipulação revelam elementos significativos de continuidade. Para clarificar quem hoje realmente exerce a ditadura a nível planetário, ao invés de citar Marx ou Lénine quero citar Emmanuel Kant. Num texto de 1798 (O conflito das faculdades), ele escreve: "O que é um monarca absoluto? Aquele que, quando comanda: 'a guerra deve fazer-se', a guerra seguia-se efectivamente". Argumentando deste modo, Kant tomava como alvo em particular a Inglaterra do seu tempo, sem se deixar enganar pela forma "liberal" daquele país. É uma lição de que devemos tirar proveito: os "monarcas absolutos" da nossa época, os tiranos e ditadores planetários da nossa época têm assento em Washington, em Bruxelas e nas mais importantes capitais ocidentais.

O original encontra-se em http://domenicolosurdo.blogspot.com/

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CartaCapital, 31 de agosto de 2011

Militares britânicos e franceses treinaram rebeldes líbios

Gianni Carta 
Moniz Bandeira: "Petróleo foi uma questão importante, mas não decisiva para os aliados"

Os rebeldes que tomaram o controle do poder na Líbia contaram com uma substancial ajuda de militares britânicos e franceses em treinamentos e munições. Apesar disso, integrantes importantes na história da Al-Qaeda também agiram com esses rebeldes.  E, para completar, é muito provável que os norte-americanos já estivessem planejando a queda do ditador Muammar Kaddafi desde ao menos em 2010.
Essas são algumas conclusões de Luiz Alberto Moniz Bandeira, cientista político e historiador, professor aposentado da UNB (Universidade de Brasília). Leitor voraz da imprensa internacional e de obras a respeito da política das grandes potências, Moniz Bandeira é autor de, entre outros livros, Formação do Império Americano, que lhe rendeu o título de intelectual do ano de 2005 pela União Brasileira de Escritores e, no mesmo ano, o troféu Juca Pato. A obra foi publicada este ano pela Casa das Américas, em Cuba, e sairá até fins de 2011, na China, traduzido para o mandarim, pela editora da Uniiversidade de Renmin, em Beijing.

CartaCapital: O senhor tem informações de que tropas especiais do Reino Unido, França e Estados Unidos teriam, antes mesmo de ter sido a aprovada a “zona de exclusão” pelo Conselho de Segurança da Onu, agido ao lado dos rebeldes na Líbia. Poderia nos dar mais detalhes?
Luiz Alberto Moniz Bandeira: Segundo The Guardian revelou, tropas das forças especiais do Reino Unido chegaram à Líbia, em fevereiro deste ano, e assessoram e treinaram os chamados “rebeldes” em Benghazi, no leste da Líbia, região tradicionalmente separatista. Em 7 de março, os “rebeldes” libertaram dois oficiais do M16, o serviço de inteligência britânico. As tropas especiais britânicas entraram na Líbia, de helicóptero, e desceram na fazenda de Tom Smith (suposto agente do M16), perto de Benghazi, com armas, munições, explosivos, cadernetas com informações militares, mapas e passaportes falsos. O objetivo era entrar em contato com os líderes da oposição em Benghazi. E não há duvida de que lá também estiveram soldados franceses.

CC: Publicamos há poucos dias no site da CartaCapital que a Al-Qaeda estaria no comando da batalha por Trípoli. Abdelhakim Belhaj, conhecido pela CIA como Abu Abdallah Al-Sadek,  fundador do Grupo Islâmico de Combate (GIC) e agora integrante do Conselho Nacional de Transição, apoiado por 34 países, seria o líder dos insurgentes.

LAMB: Não foi sem fundamento que Kaddafi, logo no início, denunciou que a Al-Qaeda estava por trás da rebelião em Benghazi. As potências ocidentais desprezaram a denúncia, como se fosse propaganda política. Porém, ele estava muito bem informado por seu serviço secreto. Abdelhakim Belhaj ou Abu Abdallah al-Sadek, fundador do Grupo de Combate Islâmico Líbio, comanda, juntamente com Khaled Chrif e Sami Saadi, a Brigada de Trípoli, que recebeu treinamento secreto, durante dois meses, de forças especiais dos Estados Unidos. Essa milícia está à frente do combate em Trípoli, apoiada por militares das forças especiais do Reino Unido e da França. Belhaj lutou contra as tropas da União Soviética, com os mujahideen, no Afeganistão, onde organizou campos de treinamento para o jihadistas durante os anos 1980, o que é sabido tanto pela CIA quanto pelo M16 e o Mossad. Em 2006, o Grupo Islâmico de Combatentes Líbios, liderado por Belhaj, fundiu-se com Al-Qaeda, no Mahgreb Islâmico (noroeste da África).

CC: Essa história não lembra aquela da colaboração entre a CIA e Osama Bin Laden?
LAMB: Essa colaboração é antiga. Em 1979, o presidente (americano) Jimmy Carter autorizou a CIA a dar assistência encoberta aos mujahidin afegães, mediante propaganda e outras operações de guerra psicológica, possibilitando à população o acesso ao rádio e outras provisões, de modo a sustentar a insurgência contra o governo de Cabul, que tinha o respaldo da União Soviética. O general Muhammad Zia al-Haq,  na época presidente do Paquistão, e o príncipe Turqui bin Faisal, chefe do serviço de inteligência da Arábia Saudita, tinham estreitas vinculações com Osama bin Laden e serviram como intermediários do financiamento da CIA aos mujahidin mobilizados para combater as tropas soviéticas. Era o cinturão verde (Islã) contra o avanço vermelho (comunismo). A Jihad, porém, não terminou com a saída das tropas soviéticas. Os Estados Unidos foram um aliado circunstancial. E cerca de 600 a mil fundamentalistas, com a ajuda de bin Laden e de outros patrocinadores da Jihad ou atravessando os desertos de Marrocos e da Tunísia, retornaram à Argélia e à Líbia, onde se concentraram em Benghazi.

CC: Sabe quando e como a Otan começou a armar os rebeldes?
LAMB: Tudo indica que os Estados Unidos, faz algum tempo, já haviam decidido remover Kaddafi, mudar o regime e aguardavam apenas a oportunidade. É muito provável que o planejamento da operação houvesse começado em 2010, antes do levante no Egito. Em outubro daquele ano, Nuri al-Mesmari, chefe de protocolo de Kaddafi, abandonou a Líbia e, depois de passar pela Tunísia, asilou-se na França, onde manteve contato com os militares, começando o complô contra Kaddafi envolvendo ativistas da oposição em Benghazi. O jornalista italiano Franco Bechis revelou no diário direitista Libero, em 24 de março 2011, que aparentemente o serviço secreto francês começou a planejar a rebelião em Benghazi em 21 de outubro de 2010. Ele acusou o presidente Nicolas Sarkozy de manipular a revolta na Líbia. E Sarkozy não deixaria de contar com o respaldo dos Estados Unidos. Em 26 de fevereiro, nove dias, após a sublevação em Benghazi, o presidente Barack Obama declarou que Kaddafi havia perdido a legitimidade e devia deixar o governo. Ele estava a considerar a intervenção militar e há algumas evidências de que já havia introduzido forças militares na região.

CC: O senhor prevê na Líbia uma desordem como no Afeganistão e no Iraque?
LAMB: A situação da Líbia é muito complexa. Em 1969, Kaddafi derrubou com um golpe militar o rei Idris. Desde então, buscou impor à Líbia um só partido. É um país onde o Estado nacional ainda não se consolidou. É semi-tribal, o mais tribal entre os países árabes. Há mais de 140 tribos e clãs na Líbia e vão disputar o vácuo do poder, dado que nenhum governo implantado pelos “rebeldes” da Otan terá legitimidade. Kaddafi tentou reduzir a influência das tribos, mas depois teve de fazer alianças e manipular a fidelidade das tribos a fim de manter sua ditadura. Tornou-se, no país, um fator de equilíbrio como Saddam Hussein, no Iraque. Com a sua derrubada, as potências ocidentais não terão condições de controlar as lutas tribais.


CC: E o interesse pelo petróleo da Líbia?
LAMB:
O petróleo, certamente, foi um dos motivos da intervenção na Otan na Líbia, mas não creio que foi decisivo. Os Estados Unidos, bem como a França e o Reino Unido, querem legitimar o direito de intervenção humanitária, para encobrir seus interesses estratégicos e geopolíticos, entre os quais, evidentemente, o petróleo. A Líbia, antes da guerra, estava a produzir 2 bilhões de barris por dia. A França importava 5,63% do petróleo da Líbia, porém seu objetivo é aumentar a participação das companhias francesas na exploração, para garantir seu abastecimento, durante o século 21. Também o Reino Unido e os Estados Unidos pretendem  manter sob controle os principais campos de produção. Mas há outros interesses em pauta. Sarkozy deseja restabelecer os contratos para venda de aviões Rafales, a fim de substituir os Mirages líbios destruídos pelos bombardeios da própria França, sob o manto da Otan, bem como garantir para as construtoras francesas as obras de reconstrução de Trípoli. Depois o United States Africa Command (AFRICOM) entregará às companhias militares ligadas ao Pentágono, mediante vultosos contratos de milhões de dólares, as tarefas de recrutar e treinar as forças militares do novo governo da Líbia. Encapados Otan, os Estados Unidos tentarão manter o domínio ultra-imperialista do cartel das grandes potências ocidentais, dominando estrategicamente o Mediterrâneo, onde o único estado adverso agora é a Síria.


http://www.toonpool.com/user/4920/files/libya_1410145.jpg

http://www.tijolaco.com/libia-o-relato-da-viagem-frustrada/

Líbia: o relato da viagem frustrada

Por Brizola Neto

Cheguei ao Rio sem condições de relatar,com o devido detalhamento, a viagem que se destinava à Líbia mas que foi, pelas razões que são de conhecimento geral, interrompida na Tunísia, por falta de condições de segurança. Farei isso agora, com a minuta do relatório que apresentarei, com o deputado Protógenes Queiroz, sobre tudo aquilo que fizemos, vimos e ouvimos.
Quero, também, esclarecer às pessoas que indagaram – e também às que criticaram sem saber o que diziam – que a viagem não foi custeada com um centavo de  dinheiro público. Apenas as passagens foram adquiridas pelo Movimento Democracia Direta e  nossas estadias e demais despesas foram custeadas pessoalmente.
Quem acha que viajar para a Líbia, em plena guerra, é fazer turismo, deveria pensar um pouquinho e refletir que nem todo mundo tem este tipo de relação com a política.
Feito este esclarecimento, e pedindo desculpas por termos parado o blog enquanto eu fazia o relatório – não dava para falar de outras coisas antes de prestar contas da viagem – publico a minuta do relato, que pode sofrer ainda algum ajuste, para incluir algum detalhe que tenha ficado esquecido.
Esta é a minuta do relatório:

“Excelentíssimo Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Marco Maia
Nos termos do ofício nº 2492/11/GP, pelo o qual esta Casa conferiu caráter oficial à viagem que realizamos com destino a República  Árabe Líbia, vimos apresentar o relatório para informação e apreciação da Comissão de Relações Exteriores e dos demais integrantes da Câmara dos Deputados.
Em primeiro lugar, como é de conhecimento público, os acontecimentos frustraram nosso propósito de observar in loco a situação de conflito que se desenvolve naquele país desde que, em março do corrente ano surgiram os primeiros movimentos rebeldes, notadamente na cidade de Benghazi, localizada na costa oriental líbia.
De igual forma, é sabido que, a partir daí a Organização das Nações Unidas (ONU), através das Resoluções 1970  ratificada pelo governo brasileiro e na 1973, autorizou, apenas, ações – militares, inclusive – que visassem a proteger os direitos das populações civis e impedir o uso desproporcional de força, sobretudo a aérea, contra protestos desarmados.
Frise-se que este posicionamento foi absolutamente consentâneo com a tradição diplomática de nosso país, que se funda no respeito do auto determinação dos povos, a não-violência, e o respeito a disputa democrática do poder nacional. Houve, durante esses meses, inúmeras manifestações internacionais, sobretudo por parte da República Russa e da União Africana, de que tal mandato, ao ser extrapolado com ações bélicas que visavam enfraquecer e vulnerar o governo da Republica Líbia, estaria se configurando um ato de abuso de força e, na prática, de intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) naquele país.
Foi para constatar se era, de fato, isso que ocorria, significando uma violação do mandato internacional o qual nosso país subscreveu, que se destinou nossa missão.
Fixados os objetivos da viagem, passamos a narrar os fatos que nela sucederam.
Chegamos a Tunis, capital da Tunísia, no final da noite do dia 15 do corrente mês. No dia seguinte, nossa primeira providência foi buscar contato com a representação diplomática brasileira na capital tunisina, o que, infelizmente foi impossível e só veio ocorrer na quarta-feira quando nos reunimos com os senhores Márcio Augusto dos Anjos, primeiro secretário da embaixada brasileira na Líbia e pelo senhor, André Rosa Bueno, que nos informaram da dificuldade de obter garantias de segurança para o procedimento da viagem (documento anexo), o que já nos havia sido dito na véspera pelo Dr. Wael Al Faresi, professor universitário e membro do Comitê Olímpico, e naquele momento membro do “Comitê Voluntário de Apoio” ao governo líbio.
Note-se que, pela precariedade do trânsito entre a Tunísia e a fronteira oeste líbia – até então livre de conflitos militares, a comunicação do Dr. Al Faresi com nossa delegação foi feita por intermédio de videoconferência.
Expressando-se em português, o Dr. Al Faresi disse nos que o exército líbio havia recuado de suas posições naquela região após fortes bombardeios realizados pela aviação da Otan. Segundo ele, as ações militares visavam não apenas desalojar as tropas leais do governo como, sobretudo, interromper o funcionamento da infraestrutura e dos canais de abastecimento daquele país.
Disse-nos, inclusive, que teria sido bombardeada uma usina de geração termoelétrica que abastecia de energia a cidade. No diálogo com os representantes diplomáticos brasileiros o Senhor Márcio dos Anjos, além de confirmar a instabilidade da situação militar nas vias de acesso à Trípoli, confirmou que até a data que deixou a capital líbia, 15 dias antes do nosso encontro que os bombardeios danificavam progressivamente os serviços de infraestrutura da cidade, levando a interrupções no fornecimento de energia e telecomunicações, provocando elevação nos preços dos alimentos e mercadorias em geral, pela escassez de suprimentos.
Numa explanação mais ampla,  o secretário Márcio dos Anjos descreveu-nos a Líbia como uma sociedade onde a maioria da população gozava de bons níveis de bem-estar, inclusive com políticas públicas de educação, saúde, habitação gratuitas e como a maior renda per capita do continente Africano. Disse-nos, ainda, que o país estimulava o intercâmbio de estudantes e profissionais com outras nações, à custa do governo. Ressaltou que o governo possuía recursos derivados do fato de ter a exploração de petróleo regulada por contratos  que garantiam que cerca de 90% do lucro obtido pelas petroleiras fosse recolhido aos cofres públicos.
Com isso, informou, o Estado Líbio desenvolvia um grande programa de habitação, levando 80% da população a possuir moradia própria e projetando a construção de mais 500 mil casas e apartamentos, um número que se torna impressionante quando se considera que a população daquele país é composta por pouco mais de seis milhões de habitantes.
No aspecto político, o secretário Márcio dos Anjos disse não ter observado, em Trípoli, manifestações de adesão ao movimento rebelde e muito menos a presença de qualquer grupo insurreto.  Havia, ao contrário, restrições ao chamado movimento rebelde mesmo entre aquelas pessoas que não apoiavam o comportamento de Muammar Gaddafi.
O relato do secretário, Márcio dos Anjos, foi corroborado pelo Ministro conselheiro Luis Eduardo Maya Ferreira, que chefia interinamente a embaixada brasileira em Tunis, ao definir o Sr. Márcio como um dos diplomatas de nosso país mais habilitado a descrever a situação líbia.
Impedidos, portanto, de seguir em nossa missão, aguardamos três dias por uma eventual melhoria nas condições de segurança, o que não ocorreu. Nestes dias, com ajuda de interpretes, pudemos observar nos meios de comunicação locais e regionais um amplo noticiário sobre o conflito, dividido, basicamente, em duas linhas de abordagem. Uma, da emissora Al Jazeera, sediada no Qatar, bastante semelhante ao noticiário que temos recebido, aqui no Brasil, pelas agências internacionais. Outra, com tom diferente, nas emissoras tunisinas e de outros países da região, onde, ao lado das imagens dos movimentos insurrecionais se exibiam também imagens das manifestações pró-Muammar Gaddafi. Pudemos, também, assistir às transmissões da TV estatal líbia, na qual se veiculavam inúmeras convocações à população para defesa da capital e de seu entorno, chamando à população civil, inclusive a feminina,  para participar da resistência.
No esforço para tentar obter informações, deslocamos-nos até  Bem Gardan, a última cidade tunisina antes da fronteira líbia, a cerca de 50 km dela, e, mesmo tentando ir adiante, isso foi recusado pelo motorista do veículo que locamos em Tunis para este deslocamento, alegando falta de segurança. Naquela localidade, pudemos observar duas situações dignas de nota. A primeira, o forte movimento de tropas e veículos blindados da Tunísia, para prevenir violações de seu território. A segunda, um grande acúmulo de alimentos e outros itens de primeira necessidade, inclusive combustível, que já não podiam ser levados à população líbia pelo acirramento do conflito.
Em resumo, a limitação de nossos movimentos, malgrado todos os esforços que fizemos para o pleno cumprimento de nossa missão, não nos permite expressar, com a força do testemunho pessoal, a situação interna da Líbia. Pudemos observar, entretanto, nos diálogos que realizamos, que é praticamente unânime a percepção na região de que o desfecho desses acontecimentos reflete muito mais os efeitos da intervenção militar ocidental do que propriamente o enfrentamento dos grupos pró e antigoverno daquele país.  Mesmo com a impossibilidade de penetrarmos no território da Líbia, fizemos contatos com vários cidadãos daquele país, apoiadores ou opositores do regime e todos destacavam, não apenas o poder dos ataques da Otan como, até mesmo, o fato de muitas das operações de bombardeio atingirem alvos civis, a  infraestrutura, e, ironicamente, até mesmo as tropas insurretas que visavam apoiar. Pelo que foi possível recolher de testemunhas não foi uma ação bélica condizente com a delegação internacional que a Otan recebeu da Onu.
Por fim, cabe assinalar que em todos os momentos nossa delegação insistiu numa posição de apoio ao fim, por ambas as partes, dos conflitos armados. E pela convocação do povo líbio a uma ampla e democrática consulta sobre os rumos da nação. Cumprimos, no limite de nossas possibilidades, a missão que nos foi delegada oficialmente por esta Casa, sem ônus para os cofres públicos, e colocamo-nos à inteira disposição dos senhores Deputados para qualquer esclarecimento adicional.
É o que temos a relatar.
Brasília, 22 de agosto de 2011

Justiça barra uso de leitos para planos de saúde

Maravilha!

Estas medidas tucanas amorais não podem seguir adiante!

Como tudo que vem destes pilantras, e bem registra o TJ nesta liminar,
"são afrontas ao Estado de Direito e ao interesse público primário da coletividade"




Folha.com, 31/08/2011

Justiça barra uso de leitos para planos de saúde

DE SÃO PAULO
 
O TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo concedeu, na terça-feira (30), liminar favorável a uma ação movida pelo Ministério Público contra o Estado por conta de uma lei que permite o uso de 25% dos leitos de hospitais públicos - administrados por OS (Organizações Sociais) - para atender pacientes de planos de saúde. A decisão tomada pela 5ª Vara da Fazenda Pública suspende os efeitos do Decreto Estadual nº 57.108/2011, assinado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) em 6 de julho e que regulamentou a lei estadual de 27 de dezembro de 2010.
Além disso, a liminar proíbe que o Estado celebre contratos de gestão, alterações ou aditamentos com organizações sociais. Ficou estabelecida multa diária no valor de R$ 10 mil em caso de descumprimento da decisão.Na liminar, o TJ-SP diz que a lei e o decreto "são afrontas ao Estado de Direito e ao interesse público primário da coletividade".
"O efeito pretendido pelo mencionado Decreto favorece à prática de "dupla porta" de entrada, selecionando beneficiários de planos de saúde privados para atendimento nos hospitais públicos", diz a decisão divulgada pelo Ministério Público.
 
AÇÃO
Na ação civil pública, a Promotoria afirma que as OS administram hoje 52 unidades hospitalares no Estado, responsáveis por 8 milhões de atendimentos em 2008. Com isso, diz a Promotoria, a permissão de uso de 25% destes leitos por pacientes de planos privados poderia representar a perda de 2 milhões de atendimentos públicos.
Órgãos como o Conselho Nacional de Saúde, Conselho Estadual de Saúde e o Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo se manifestaram contra a concessão dos leitos, segundo o Ministério Público. A terceira entidade argumenta que, com a perda dos leitos nos hospitais estaduais, as redes municipais de saúde pública ficarão sobrecarregadas.
 
COBRANÇA
De acordo com o decreto regulamentar de Alckmin, os hospitais públicos devem cobrar diretamente dos planos de saúde o atendimento feito a seus conveniados. Não são permitidos a reserva de leitos e o tratamento diferenciado a pacientes particulares. Na avaliação do pesquisador da USP Mário Scheffer, especialista em saúde pública, o decreto usa termos genéricos que dão margem a diferentes interpretações.
"Ele fala que a OS deve "abster-se de proceder à reserva de leitos, consultas e atendimentos". Mas a OS pode não "reservar", e mesmo assim facilitar o acesso [de pacientes conveniados] à marcação e ao agendamento", diz. Levantamento da Secretaria Estadual da Saúde aponta que um em cada cinco pacientes atendidos em hospitais estaduais na capital paulista têm algum tipo de convênio ou plano de saúde. Mas quem paga essa conta, avaliada em R$ 468 milhões anuais, é o SUS.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Fabiana Murer dá título inédito ao atletismo brasileiro

Phil Noble/Reuters
Fabiana Murer receberá prêmio de R$ 20 mil da CBAt - Phil Noble/Reuters
Nossa bela campeã mundial

O Estadão.com, 30 de agosto de 2011 | 14h 14

"Eu entrei na prova superconfiante depois de ter feito uma boa eliminatória", disse a brasileira, que precisou de apenas um salto de 4,55 metros para garantir sua presença na decisão. "Comecei a final com uma vara mais forte, apesar de ter iniciado na mesma altura (da eliminatória, 4,55 metros). Vi a disputa do masculino ontem (segunda-feira) e percebi que dava para fazer um bom resultado. A pista era veloz e eu precisava de varas mais fortes."

Para chegar ao título mundial, Fabiana Murer precisou dar seis saltos. Começou com o sarrafo a 4,55 metros, altura que ultrapassou de primeira. Também foi assim que superou 4,65 metros e 4,75 metros - abriu mão de saltar os 4,70 metros. Quando a prova chegou aos 4,80 metros, eram apenas cinco as competidoras na disputa, incluindo a recordista mundial Yelena Isinbayeva.

http://www.runblogrun.com/images/Murer_Fabiana-WorldInd10.jpg
Fabiana superando os 4,80m

Fabiana Murer saltou pressionada pela alemã Martina Strutz, que superou os 4,80 metros em seu primeiro salto. A brasileira errou sua primeira tentativa. Foi quando, estrategicamente, trocou a vara que usava para uma menos flexível. Na segunda chance, passou. Como as outras três rivais - a russa Svetlana Feofanova, a cubana Yarisley Silva e Isinbayeva - ficaram pelo caminho, Fabiana já havia garantido a prata. "Mas quando passei os 4,80 metros, senti que dava para buscar o ouro."
Nos 4,85 metros, eram apenas Fabiana e Martina. E a brasileira, de primeira, garantiu o resultado. A alemã, que havia saltado antes e errado, elevou o sarrafo a 4,90 metros. Também falhou nas duas chances restantes. Fabiana tornou-se, assim, a 11.ª medalhista mundial do Brasil - a primeira mulher a ganhar uma medalha. E logo a de ouro.

Dilma ministra aula inaugural do curso de Medicina da Universidade de Pernambuco

http://oglobo.globo.com/fotos/2011/08/30/30_MHG_dilmacupira_PR.jpg

30.ago: Presidente Dilma Rousseff em visita a Pernambuco

http://blog.planalto.gov.br/ao-vivo-aula-inaugural-do-curso-de-medicina-do-campus-garanhuns-da-universidade-de-pernambuco/

 

Terça-feira, 30 de agosto de 2011 às 15:27

Aula inaugural do curso de medicina do campus Garanhuns da Universidade de Pernambuco

 

A presidenta Dilma Rousseff esteve no campus da Universidade de Pernambuco, em Garanhuns, onde participou da aula inaugural do curso de medicina. A presidenta Dilma chegou no meio da manhã desta terça-feira (30/8) ao estado de Pernambuco.
No Aeroporto Municipal de Caruaru, a presidenta concedeu entrevista para emissoras de rádio. Depois, seguiu para Cupira onde participou de cerimônia de assinaturas de ordens de serviço das barragens de Panelas e Gatos, do convênio da barragem de Serro Azul e de contratos de financiamento de contrapartidas para o programa Minha Casa, Minha Vida, que acontece no Ginásio Poliesportivo Clóvis Ferreira.
De Garanhuns, a presidenta segue para Recife. Na capital pernambucana, ela participa da inauguração das novas instalações da empresa Contax Contact Center, situada à rua 24 de agosto, s/n, bairro Santo Amaro.
A TV NBR transmitiu a aula inaugural (link abaixo)


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=W07fcj07Sok

Líbia: Alegria de ver tombar o ditador X O que está sendo preparado

http://img2.allvoices.com/thumbs/image/609/480/73267670-libyan-leader.jpg

Sobre a Líbia e a Síria


Tariq Ramadan (*)

Contrariamente à Tunísia e ao Egito e suas mobilizações não violentas, na Líbia o movimento de massa se transformou em guerra civil total com armas pesadas utilizadas pelos dois lados. A OTAN, que inicialmente justificou seu engajamento em nome da proteção dos civis, ajudou os rebeldes a ganhar combates e avançar no terreno. Nós sabemos que agentes norteamericanos e europeus aconselharam a oposição no plano militar quanto a melhor estratégia a adotar para derrotar Kadafi e seus filhos. Isso ocorreu depois que a França, seguida por trinta países, reconheceu oficialmente o Conselho Nacional de Transição enquanto representante legítimo do novo Estado líbio. Esse Conselho, presidido por antigos membros do regime, anunciou por três vezes, de modo errôneo, que tinha prendido os filhos de Kadafi. Sendo assim, a questão é a seguinte: como se pode depositar confiança tão rapidamente em um Conselho tão curioso quando todos os sinais mostram que se trata de um grupo de pessoas e de visões muito contraditórias?

É possível, efetivamente, que noites sombrias tenham ficado para trás, mas quem pode prever dias ensolarados no futuro. A Líbia é um país rico e estratégico. A intervenção estrangeira não aconteceu por acaso. Quem controlará sua riqueza e como ela será utilizada e/ou repartida entre as companhias petroleiras transnacionais ocidentais (que tomarão o lugar, por exemplo, do governo chinês, que tinha contratos com a Líbia e se opôs à guerra)? Podemos esperar um processo democrático verdadeiro e transparente? Nada é menos certo e não há nada garantido, pois segue difícil de avaliar o nível de autonomia das forças de oposição.

A Líbia foi controlada por um ditador imprevisível e pode permanecer sob controle de uma pseudo-democracia não transparente. Nossa alegria de ver tombar o ditador não deve cegar nossa prudência quanto ao que está sendo preparado para a Líbia. Nosso dever moral é estar ao lado daqueles que reivindicam a liberdade sob um regime democrático que exerça um controle total sobre as riquezas do país. Na Líbia, a partida está longe de ter acabado.

Na Síria, ela não terminou tampouco. Mais de 2.500 pessoas já foram mortas pelo regime de Bachar al-Assad, que está mostrando sua verdadeira face. Entre as vítimas, estão adolescentes, mulheres e mesmo refugiados palestinos. Ao impedir os meios de comunicação internacionais de cobrir os protestos e reprimindo a palavra, o regime pensava que seria capaz de reprimir em silêncio. Sem aliados ocidentais, sem a OTAN, sem a “comunidade internacional” e sem armas, os sírios continuam a dizer “não desistiremos!”, e dia após dia eles se manifestam e protestam. Dia após dia eles são mortos, com as mãos desprovidas de armas e o peito aberto inocente na frente. Não devemos ser ingênuos quando ao movimento de oposição: há uma estranha mistura de forças e interesses políticos (como aqueles que se reuniram na Turquia a fim de organizar e coordenar a resistência).

Nós devemos prestar homenagem à coragem dos sírios, nossos irmãos e irmãs em humanidade. Seu movimento não violento prevalecerá, mas outros sírios morrerão nesta caminhada. O movimento de não violência sírio demanda aos muçulmanos, neste mês do Ramadã, orar no dia 28 de agosto pelos desaparecidos e pelos mortos. Oremos e nos juntemos com outras pessoas dotadas de consciência, crentes ou não crentes, lembrando a sorte de pessoas inocentes que lutam por sua liberdade e por sua dignidade. Sejamos dignos enquanto seres humanos manifestando nosso apoio à dignidade de seus mortos.

(*) Suíço de origem egípcia, neto do fundador da Irmandade Muçulmana, do Egito, Tariq Ramadan é doutor em Literatura, Filosofia e Estudos Islâmicos. Há vários anos, dedica-se ao debate sobre as relações do islamismo com a Europa e o mundo. Atualmente é professor de estudos islâmicos na Universidade de Oxford, na Universidade Doshisha (Japão) e na Lokahi Foundation (Londres). Também é presidente da organização “European Muslim Network” (EMN), sediada em Bruxelas. (Artigo disponível na página do autor: www.tariqramadan.com)

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

Congresso de Estado laico não pode ter bancada religiosa

http://www.paulopes.com.br/2011/08/congresso-de-estado-laico-nao-pode-ter.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+blogspot%2FLHEA+%28Paulopes+Weblog%29

Congresso de Estado laico não pode ter bancada religiosa, diz procuradora


Simone Andréa Barcelos Coutinho, procuradora em Brasília do município de São Paulo, defende uma reforma no código eleitoral que impeça no Congresso Nacional a existência de representações religiosas, ainda que informais, como o lobby católico e a bancada evangélica.

Para ela,
essas representações são incompatíveis com o Estado laico estabelecido pela Constituição brasileira. “O Poder Legislativo é um dos Poderes da União; se não for o Legislativo laico, como falar-se em Estado laico?”

Em artigo no site Consultor Jurídico, Simone escreveu que há duas formas de separação entre o Estado e as instituições religiosas, uma é total e outra é atenuada – e esta é o caso brasileiro.


Num Estado laico todo poder emana da vontade do ser humano, e não da ideia que se tenha sobre a vontade dos deuses ou dos sacerdotes”, escreveu. “Se o poder emana do ser humano, o direito do Estado também dele emana e em seu nome há de ser exercido.”

Por isso, acrescentou,
o interesse público “jamais poderá ser aferido segundo sentimentos ou ideias religiosas, ainda que se trate de religião da grande maioria da população.”

Argumentou que, assim,
o que define um Estado verdadeiramente laico não são apenas a garantia da liberdade religiosa e a inexistência formal de relações entre esferas governamental e religiosa, mas também a vigência de normas que proíbam qualquer tipo de influência das crenças na atividade política e administrativa do país.

Nesse sentido, escreveu,
partido que tenha em seu nome a palavra “cristão”, por exemplo, representa uma transgressão ao Estado laico. “Os partidos fornecem os candidatos aos cargos ao Legislativo e ao Executivo, que são poderes que devem ser exercidos com absoluta independência das religiões.”

Ela observou que
a atual legislação não impede a eleição de ativistas religiosos filiados a determinada crença, o que compromete “seriamente” a noção de Estado Laico. Até porque esses ativistas acabam tendo a campanha política financiada pelas igrejas.

A procuradora argumentou também que o
Estado laico pressupõe “o pluralismo de ideias, a tolerância, o respeito à multiplicidade de consciência, de crenças, de convicções filosóficas, políticas e éticas”. O que, segundo Simone, é impossível de se obter quando há interferências religiosas no Estado, porque elas, por sua natureza, são redutoras e restritivas, ainda que sejam ditadas com o suposto objetivo do “bem comum”.

“Para aonde vai o direito ao Estado laico num cenário político recortado pelas religiões?”

Instituto FHC vira surcursal do Tea Party

http://diariodopresal.files.wordpress.com/2010/10/tucano-entreguista1.jpg


GOVERNO DANÇA O MINUETO DA ESPERA ENQUANTO O INSTITUTO FHC VIRA SUCURSAL DO TEA PARTY
 

Nem a elevação do superávit fiscal anunciada ontem pelo governo, nem a interrupção da escalada dos juros, aguardada para amanhã,no Copom, mudam a dinâmica do país nesse momento. O que o governo fez nesta 2ª feira, grosseiramente, foi trocar  seis por meia dúzia. Agregou mais R$ 10 bilhões do excesso de arrecadação de impostos até julho (crescimento recorde de 14% em termos reais e um total de R$ 555,8 bi) ao superávit primário , elevando-o de 3% para 3,30% do PIB. Em troca, o BC interrompe a trajetória de alta da Selic na reunião desta semana. O patamar de 12,5% do juro básico brasileiro é um despropósito planetário comparado à taxa média de 1,5% praticada  na zona do euro e ao patamar de 0,25% tabelado pelo Fed, para os próximos dois anos, nos EUA. Graças à ortodoxia do BC, o país ingressou na crise de 2008 com esse trofeu anômalo. Reduções significativas, que façam diferença macroeconômica, exigem agora cortes drásticos num dos principais preços da economia.

O ambiente de incerteza mundial  afasta essa opção da mesa dos governantes. A Presidenta Dilma dança o minueto da espera, com a respiração fiscal em suspenso. Não tomará qualquer medida graúda sem ter uma avaliação efetiva do estrago que a sarabanda da crise ainda fará no salão internacional. Imobilizados no redil ideológico do neoliberalismo, que subtraiu legitimidade à taxação efetiva da riqueza, do patrimônio e das grandes transações financeiras  -vide o golpe do Tea Party contra Obama, nos EUA, e a extinção da CPMF no Brasil, subtraindo R$ 40 bi à saúde pública, em 2007- os governos de fato perderam espaço de ação fiscal. Restou-lhes, nas últimas décadas, o abismo do endividamento público que no Brasil custa  6% do PIB em juros ao ano. A crise, os gastos extras que ela impôs e o comportamento arisco dos capitais em todo o mundo fechou agora esse ponto de fuga. Mudanças efetivas no investimento público -em educação, saúde, infraestrutura, pesquisa etc- dependem de uma mobilizaçao política para romper essa camisa-de-força.

Não é uma agenda para o conservadorismo nativo. Esse parece disposto a dobrar a aposta na eutanásia do Estado. Reunidos semana passada, em São Paulo, sábios de bico longo, por exemplo,  transformaram o Instituto Fernando Henrique Cardoso numa franchising do Tea Party. O ‘tucano party' deixaria Sarah Palin e o presidenciável Rick  Perry orgulhosos dos mascotes locais. Arida, Bacha & Cia advogaram a privatização de todos os fundos públicos (FGTS e PAT, por exemplo), ressuscitaram a bandeira do déficit fiscal zero e mandaram às favas responsabilidades republicanas com educação, saneamento etc. Seria importante conhecer a avaliação do PT sobre a plataforma do ‘tucano party'. O partido, porém, dificilmente teria algo de significativo a contrapor sem incluir uma ruptura com a doutrina fiscal do neoliberalismo. O Congresso do PT neste fim de semana pode ser uma boa oportunidade para essa demarcação de visões.


Por juro menor e contra Congresso, receita extra vai virar superávit

André Barrocal

BRASÍLIA – A presidenta Dilma Rousseff resolveu usar o aumento da arrecadação neste ano para ampliar em R$ 10 bilhões o pagamento de juros da dívida, em vez de aliviar o corte de R$ 50 bilhões feito no orçamento em fevereiro. A decisão faz parte de um plano do governo que tem dois objetivos neste momento de incertezas econômicas globais. Primeiro: ajudar o Banco Central (BC) a baixar a maior taxa de juros do mundo. Segundo: conter o que seria apetite do Congresso por elevar gastos às vésperas de ano eleitoral.

A elevação do superávit primário foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta segunda-feira (29/08), depois de duas reuniões dele e de Dilma, nas quais o governo expôs seus planos a dois grupos de interlocutores importantes. A conversa inicial foi com centrais sindicais, que já reclamaram publicamente. Depois, foi a vez de líderes e dirigentes de partidos aliados, que articulam a votação de projetos que dão mais dinheiro para saúde e segurança pública. Ao anunciar o novo superávit primário, que passará a R$ 91 bilhões em 2011, Mantega disse que a economia global terá problemas nos próximos dois anos e pode até entrar em recessão. Por isso, o Brasil teria de se proteger de forma preventiva, mesmo estando mais bem preparado para enfrentar crises.

Antecipar-se a um cenário pior impediria que houvesse um “mergulho” econômico, como no início da crise de 2008/2009. Naquela ocasião, o BC demorou a baixar o juro e, com isso, contribuiu para alimentar o pessimismo das empresas. Muitas brecaram investimentos e demitiram. O clima só foi revertido num segundo momento, com alta de gastos públicos. “Se vier uma situação pior, o Banco Central poderá reagir com mais políticas expansionistas”, declarou Mantega. Apesar de o aumento do superávit ter sido anunciado dois dias antes da próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), o ministro afirmou que não vê “necessidade de estímulo monetário” para a economia agora. Ou seja, não vê razão para o BC cortar o juro já. Ele manteve previsão de que o país crescerá ao menos 4% em 2011.

Recado ao Congresso
O que Mantega já acha necessário é desincentivar qualquer tentativa de deputados e senadores de aprovar projetos que impliquem aumento de gastos nos próximos anos, por conta do cenário externo ruim. Os parlamantares estão interessados em votar a definição de investimentos mínimos em saúde e de reajuste salarial para policiais. Além disso, há um projeto do próprio governo no Congresso, que aumenta de 5% para 7% do produto interno bruto (PIB) o investimento em educação, que estudantes e centrais sindicais pressionam para que subam a 10%.

O recado de Mantega, respaldado por Dilma, foi bem claro. “Nós não vamos gastar a arrecadação que vier a maior”, afirmou. Segundo ele, o projeto de orçamento 2012, que o governo tem até quarta-feira (31/08) para enviar ao Congresso, será construído com este espírito - gastos controlados e superávit primário robusto, para que o BC possa diminuir os juros. A intenção de Dilma é encerrar o mandato com a taxa do BC calibrada em um nível mais parecido com o do resto do mundo. Hoje, depois de cinco altas seguidas neste ano, a taxa está em 12,5%.

EUA reconhecem morte de 83 guatemaltecos em estudo sobre sífilis

Que coisa aterradora! Aterradora!
E os EUA promoveram estes experimentos anteriormente aos promovidos pela Alemanha Nazista.

E fizeram mais... Em terras não tão distantes!
Há alguns anos, quando tive de elaborar uma apresentação sobre Bioterrorismo para os funcionário da empresa em que trabalhava, li o livro '
Seja feita a tua vontade', dos jornalistas norte-americanos Gerard Colby e Charlotte Dennet, para tê-lo como uma das fontes para minha apresentação.
 
Neste livro, o qual recomendo a leitura, baseado em documentos do governo norte-americano, estão devidamente registradas as ações dos "evangelizadores" estrangeiros que, dentre suas "ações evangelizadoras", por exemplo, presentearam camisetas contaminadas com o vírus da varíola para nossos indígenas, dizimando, assim, populações inteiras para, consequentemente, poderem apoderar-se de suas terras para fins econômicos. Que fique bem claro: É um livro escrito por norte-americanos baseado em documentos do governo dos EUA!
 
Para aqueles que acreditam que as ONGs que trabalham na Amazônia estão lá para proteger nossos indígenas, deixo aqui bem registrado este fato. Suas intenções são bem outras! Quem está por trás destas é o capital internacional que, tão logo considerem apropriado, tomarão as ações pertinentes, sejam elas quais forem, para remover nossos índios e se apropriarem dos recursos naturais de seus territórios.

Como podemos ver abaixo, SÃO CAPAZES DE TUDO!

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30/08/2011

EUA reconhecem morte de 83 guatemaltecos em estudo sobre sífilis

 
O governo dos Estados Unidos reconheceu nesta segunda-feira a morte de 83 cidadãos da Guatemala, infectados nos anos 1940 com doenças sexualmente transmissíveis (DST), como sífilis e gonorreia, durante experimentos médicos.
Uma comissão de inquérito, formada a pedido do presidente americano, Barack Obama, concluiu que cerca de 1.300 pessoas foram expostas às doenças. Ao todo, 5.500 pessoas participaram dos estudos, sem saber dos riscos que corriam, segundo declarações de um dos investigadores, Stephen Hauser. Entre os infectados, apenas 700 receberam tratamento médico. Ao fim, 83 morreram.
A sífilis pode causar cegueira, distúrbios mentais e até a morte, caso os doentes não recebam o devido tratamento. Menos nociva e mais fácil de curar que a sífilis, a gonorreia pode se espalhar pelo organismo e até causar infertilidade nos homens.
A comissão reconheceu que os cientistas americanos infectaram prisioneiros, pacientes psiquiátricos e órfãos guatemaltecos em estudos que testavam a abrangência do uso da penicilina. A presidente da comissão, Amy Gutmann, classificou o estudo como “um pedaço vergonhoso da história médica”. Um relatório deve ser publicado em setembro com as conclusões finais sobre o caso.
Obama fez um pedido de desculpas por telefone ao presidente da Guatemala, Álvaro Colom, dizendo que os estudos contrariam os valores americanos. No início deste ano, vários cidadãos guatemaltecos infectados à época e familiares das vítimas anunciaram que estavam abrindo um processo contra o governo americano.
Pesquisa histórica
A história dos experimentos americanos na Guatemala veio à tona no ano passado, fruto de uma pesquisa histórica da professora Susan Reverby, do Wellesley College, de Massachusetts. Segundo a acadêmica, o governo guatemalteco da época deu permissão aos estudos, que ocorreram entre 1946 e 1948.
Os cientistas usaram prostitutas portadoras da sífilis e fizeram inoculações nos pacientes para determinar se a penicilina também poderia evitar a doença, e não apenas curá-la. Na ocasião, o presidente Colom classificou os estudos como “crime contra a humanidade” por parte dos Estados Unidos.


No link, matéria sobre um estudo sobre malária conduzido no norte do Brasil que utilizou seres humanos como cobaias.

http://www.youtube.com/watch?v=C0TxhtveLGM&feature=player_embedded#!
A pesquisa é financiada por uma universidade dos EUA.





http://www.portaldafamilia.org/livros/book158.shtml

O livro "Guerra contra os Fracos" revela, dentre outras ações criminosas, como governos estaduais norte-americanos esterelizaram centenas de indivíduos que eles achavam eugenicamente deficientes, dentre brancos pobres, negros e índios norte-americanos.

Lá pela década de 70, a Suprema Corte Americana teve que fazer uma norma que obrigasse os agentes do ministério do interior comunicar às populações indígenas que não era necessário as mulheres fazerem laqueadura para receber ajuda do governo federal. Isto, porque mesmo depois de acabar os projetos eugênicos, os funcionários obrigavam as indígenas a isto para receber cestas básicas.

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http://blogln.ning.com/forum/topics/cobaias-humanas-obama-pede


Cobaias Humanas: Obama Pede Desculpas, Mas Presidente Da Guatemala Levará EUA À Corte Internacional Por "Crimes Contra A Humanidade"




O
Experimento de Tuskegee foi uma pesquisa médica promovida pelo governo dos EUA durante 40 anos, para avaliar a progressão natural da sífilis na ausência de tratamento. Em 1932, as autoridades sanitárias americanas recrutaram 400 negros de baixa renda portadores da doença, na cidade de Tuskegee (Alabama). Em troca de sua participação na pesquisa, os "pacientes" recebiam exames médicos gratuitos, refeições gratuitas e cobertura de "despesas com funeral." (Válido se assinassem um termo permitindo a autópsia). Nunca foram informados de que tinham sífilis, e jamais receberam qualquer tratamento contra a doença. Com o fim da 2ª Guerra Mundial, a opinião pública tomou conhecimento dos horrores praticados pelos nazistas nos campos de concentração, em especial as atividades do dr. Josef Mengele (o infame Anjo da Morte), que utilizava prisioneiros como cobaias humanas. A descoberta daquelas atrocidades foi o principal estímulo na criação de leis internacionais - como o Código de Nurenberg - destinadas a proteger os direitos de seres humanos submetidos a pesquisas médicas. Estranhamente, os pacientes de Tuskegee não foram beneficiados pelas novas leis, e os critérios do experimento prosseguiram inalterados.
No final dos anos 40, a penicilina já era universalmente reconhecida como a droga mais eficaz no tratamento da sífilis. Para não "prejudicar a pesquisa" os pacientes de Tuskegee, além de não serem tratados com penicilina, sequer foram informados da existência da droga. Além de, eventualmente, acabarem morrendo sob os efeitos da doença, os "pacientes" contaminaram um número indeterminado de mulheres, e geraram um número indeterminado de bebês com sífilis congênita.
Previsto para durar até a morte do último "paciente", o experimento foi descontinuado em 1972, quando um dos epidemiologistas participantes do projeto denunciou o seu caráter racista à imprensa. Anos depois, o então presidente Bill Clinton declarou, ao receber os sobreviventes na Casa Branca:
"O que foi feito não pode ser desfeito. Mas podemos por fim ao silêncio. Podemos olhá-los nos olhos e dizer que o governo dos Estados Unidos fez algo vergonhoso, e eu sinto muitíssimo por isso... Aos nossos cidadãos afro-americanos, eu sinto muito pelo fato de o governo federal ter orquestrado um estudo tão claramente racista."
Dir-se-ia que aquela pomposa cerimônia teria colocado uma pedra sobre o assunto, e reconciliado a América consigo mesma diante de mais esse crime. Todavia esta semana, o cadáver putrefeito de Tuskegee voltou a levantar-se da tumba. Ao buscar subsídios para o seu livro Examining Tuskegee, a professora de História da Medicina do Wellesley College - Susan Reverby - descobriu os papéis pessoais do médico John Cutler, um dos principais mentores do experimento. Estranhamente, esses papéis nada diziam sobre Tuskegee, mas sobre um projeto paralelo até então desconhecido, ocorrido na Guatemala de 1946 a 1948.
À frente de uma equipe de pesquisadores enviada pelo governo americano ao pequeno país da América Central, o dr. Cutler monitorou um grupo de quase 1.000 indivíduos com sífilis e gonorréia. Desta vez, os "pacientes" eram soldados do exército, prostitutas e internos das penitenciárias e hospícios guatemaltecos. Essa experiência, porém, contem um ingrediente que a torna mais macabra quando comparada a Tuskegee: segundo as anotações compiladas pelo dr. Cutler de próprio punho, os "pacientes" da Guatemala "não sofriam de sífilis, e foram deliberadamente infectados com a bactéria através de injeções," para participarem do estudo. Quando a equipe retornou aos EUA em 1948, os "pacientes" foram abandonados à sua própria sorte, e os registros quanto ao que aconteceu a eles são escassos.
Com a explosão do escândalo, Barack Obama telefonou na última sexta-feira ao presidente da Guatemala, Álvaro Colom, pedindo desculpas formais pelo incidente, além de nomear uma comissão de inquérito para apurar as responsabilidades. Por sua vez, o presidente Colom qualificou a "pesquisa" como um "crime contra a humanidade," e manifestou a sua determinação em levar o caso à apreciação de uma Corte Internacional.
Nos Estados Unidos, enfim, a ressurreição do fantasma de Tuskegee já está dando margem a uma série de questões incômodas. As associações de defesa dos direitos dos negros começam a perguntar-se:
Seriam as cobaias de Tuskegee realmente sifilíticos, ou teriam sido propositalmente infectados como aconteceu na Guatemala?


São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2010

Pesquisador não tratou negros nos EUA  
DE SÃO PAULO
 
John Cutler, que conduziu o estudo na Guatemala, também participou de outro famoso experimento com sífilis que chamou a atenção pelo descuido ético.
Entre 1932 e 1972, foram recrutados 400 negros nos EUA com a doença. Não receberam tratamento, para que se analisasse até onde a sífilis poderia levá-los - a penicilina, porém, já estava disponível nos anos 1940.

Cutler e outros cientistas davam aos pacientes medicamentos que não faziam efeito. Os negros, então, não tinham conhecimento de que não estavam sendo tratados.
O caso ficou conhecido como experimento de Tuskegee, em referência à cidade no Alabama onde ele foi realizado. Em 1997, outro Clinton que não Hillary, seu marido Bill, então presidente, pediu desculpas em nome do país pelo episódio.
Cutler morreu em 2003. Não recebeu nenhum tipo de punição oficial. Ele não foi o único, porém, a realizar estudos sem consentimento.
Entre os mais conhecidos, os realizados pelos nazistas em campos de concentração. Envolviam transplantes inéditos de partes do corpo, testes de resistência ao frio e contaminação por doenças ou substâncias tóxicas.
Em um caso mais recente, o governo da Nigéria acusou a farmacêutica americana Pfizer de dar a crianças do país um antibiótico não testado sem consentimento das famílias. Onze morreram.


//operamundi.uol.com.br/noticias/EUA+INFECTARAM+CIDADAOS+DA+GUATEMALA+COM+SIFILIS+E+GONORREIA+PARA+ESTUDO+DIZ+PESQUISADORA_6714.shtml

Opera Mundi, 01/10/2010 - 11:17 | Daniella Cambaúva | Redação

EUA infectaram cidadãos da Guatemala com sífilis e gonorreia para estudo; Hillary pede desculpas

*Reportagem atualizada às 13h40

Médicos pesquisadores do governo dos Estados Unidos infectaram intencionalmente nos anos 1940 um grupo de 696 cidadãos da Guatemala com gonorreia e sífilis para a realização de estudo sobre a eficácia de medicamentos. A denúncia foi feita por Susan Reverby, pesquisadora do departamento de estudos de saúde da mulher da Faculdade Wellesley, estado de Massachusetts.

Hoje (1/10), a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, e a secretária de Saúde Kathleen Sebelius, emitiram um comunicado para pedir desculpas oficialmente em nome do governo dos EUA.

"Lamentamos profundamente que isso tenha acontecido e oferecemos nossas desculpas a todas as pessoas que foram afetadas por essas abomináveis práticas de pesuisa", diz o comunicado. O pedido de desculpas foi dirigido aos guatemaltecos e aos imigrantes latinos residentes nos EUA.

Como parte do estudo realizado na Guatemala, infectados guatemaltecos foram encorajados a transmitir a doença para outras pessoas, entre eles deficientes mentais. O objetivo era vereficar se o antibiótico penicilina era capaz de previnir a sífilis e a gonorreia.
Estima-se que um terço dos infectados nunca teve tratamento adequado. Aparentemente, o experimento foi feito entre 1946 e 1948 e “nunca gerou informações úteis e registros foram apagados”, segundo Susan.

Na época, a Guatemala era governada pelo presidente Juan José Arévalo Bermejo (1945-1951) e os EUA, por Harry S. Truman (1945-1953).

De acordo com site da NBC News, a pesquisadora detalhará o estudo em seu site ainda nesta sexta-feira.

A primeira discussão pública sobre o assunto será uma feita entre Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Saúde e Arturo Valenzuela, subsecretário de Estado norte-americano para as Américas.

Hillary afirmou que fará um investigação oficial mais detalhada sobre o assunto e que vai nomear uma comissão de especialistas em bioética.

Reincidência

O episódio é semelhante ao experimento Estudo da Sífilis Não-Tratada de Tuskegee – feito pelo governo dos EUA em Tuskegee, Alabama, entre 1932 e 1972, no qual 399 sifilíticos afro-americanos pobres e analfabetos, e mais 201 indivíduos saudáveis para comparação, foram usados como cobaias na observação da progressão natural da sífilis sem medicamentos.

Um membro da equipe denunciou o caso à imprensa e, por conta da repercussão negativa, o estudo foi encerrado. Alguns descendentes de sobreviventes da experiência foram indenizados pelos governo dos EUA.