O Estadão.com, 25 de agosto de 2011 | 6h 00
Incêndio de dezenas de carros preocupa em Berlim
Uma série de incêndios em carros, ocorridos por nove madrugadas consecutivas em diversos bairros de Berlim, preocupa as autoridades da cidade.
Steffen Tzscheuschner/Efe
Na madrugada de terça para esta quarta-feira, três automóveis foram destruídos e um quarto foi parcialmente danificado pelas chamas. Só nas últimas sete noites, mais de 80 veículos foram destruídos.
Números
Só neste ano, mais de 360 veículos em Berlim foram destruídos por fogo, colocado propositalmente, conforme informações da polícia. A pelo menos metade dos casos, os investigadores atribuem um motivo político. Mas até agora, nenhuma organização assumiu a autoria dos ataques.
A administração da cidade oferece uma recompensa de 5 mil euros (cerca de R$ 11,5 mil) para quem der informações que levem à prisão dos criminosos. Os investigadores berlinenses dispõem desde o início desta semana do auxílio da Polícia Federal alemã.
O policiamento noturno foi reforçado e conta com 250 policiais no patrulhamento às ruas, incluindo homens vestidos à paisana e o apoio de helicópteros. Uma missão difícil, já que há 1,2 milhões de veículos registrados na cidade.
A grande maioria dos prédios berlinenses não dispõe de estacionamento, e os motoristas acabam tendo que deixar seus carros na rua ou alugar vagas. Um serviço de agenciamento de aluguel de imóveis registrou na última semana quase uma duplicação da demanda por vagas pagas para automóveis na capital alemã.
A onda de incêndios a carros também atingiu outras regiões do país. Na última noite, quatro automóveis foram incendiados em Dusseldorf. Cidades como Hamburgo, Chemnitz, Colônia, Munique e Marburg também registraram incêndios em carros, ainda que em menor escala.
A queima de veículos durante a noite não é uma novidade em Berlim. Nos últimos anos, foram registrados centenas de casos. O ápice foi em 2009, ano em que mais de 200 carros queimaram durante a noite. Em 2010, a cota ficou em menos de 150 veículos.
Motivos
Os ataques, geralmente contra carros mais caros, como BMWs e Mercedes, vêm sendo atribuídos a ativistas de extrema esquerda que protestam contra a especulação imobiliária em áreas que até havia pouco tempo eram caracterizadas por moradias simples e custo de vida barato, mas onde os preços dos aluguéis têm subido. Nos últimos dias, entretanto, a maioria dos ataques ocorreu em bairros que já são tradicionalmente mais caros, habitados por classe média alta.
Especialistas em criminalística não descartam a possibilidade de que o recente crescimento do número de atentados seja fruto da influência dos tumultos ocorridos há duas semanas na Inglaterra. "Os autores são possivelmente jovens a procura de ação, para compensar o pouco sucesso em suas vidas", avalia o diretor do Instituto de Criminalística da Baixa Saxônia, Christian Pfeiffer, acrescentando que o crescimento dos ataques contra veículos em Berlim possa ser influenciado pelas revoltas britânicas.
"Colocar fogo em carros dá aos incendiários berlinenses, assim como aos revoltosos de Londres, um sentimento de poder, por eles conseguirem, assim, driblar a polícia", diz o analista.
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