sábado, 20 de agosto de 2011

Recrudesce o confronto na Palestina ocupada

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Jornal do Brasil, 20/08/2011 às 16h28 - Atualizada hoje às 16h29

Israel/Gaza: prossegue o confronto, em meio à crise diplomática com o Egito

 

 Agência AFP

JERUSALÉM, 20 Ago 2011 (AFP) - Um confronto armado prosseguia neste sábado entre grupos radicais palestinos de Gaza e Israel, com o disparo de foguetes que atingiram várias cidades israelenses, em meio a um cenário de crise diplomática entre o Estado hebreu e o Egito. Um civil israelense morreu na noite deste sábado, hora local, e outros sete ficaram feridos, quatro deles gravemente, por foguetes do tipo Grad lançados da Faixa de Gaza contra a cidade de Beersheva, capital de Neguev (sul), segundo os serviços israelenses de emergência. Desde a noite de quinta-feira, foram lançados mais de 75 foguetes e morteiros contra o sul de Israel por ativistas da Faixa de Gaza, segundo números israelenses.
O braço armado do Hamas em Gaza assumiu a responsabilidade pelo lançamento de quatro foguetes Grad em direção à cidade de Ofakim. "É nossa resposta aos crimes da ocupação sionista, após a morte de 15 mártires e de dezenas de feridos" em Gaza, afirmou as Brigadas Ezzedine Al-Qassam em communicado. É a primeira vez que as Brigadas Al-Qassam atiram contra Israel desde a instauração de uma trégua de fato pelos principais grupos armados da Faixa de Gaza, em abril passado.
Em Gaza, três palestinos ficaram feridos, entre eles um gravemente, durante a resposta israelense, segundo fontes médicas locais.
Um total de 14 palestinos morreram e 47 ficaram feridos durante ataques aéreos contra a Faixa de Gaza desde a série de atos anti-israelenses de quinta-feira no sul de Israel (8 mortos), perto da fronteira com o Egito, ainda segundo fontes palestinas. Apelos à vingança foram lançados durante o enterro das vítimas das ações israelenses, entre elas um menino de 5 anos.
A Liga Árabe fará uma reunião de emergência neste domingo para discutir a situação na Faixa de Gaza após a retomada do ciclo de violência entre Israel e Gaza, informou neste sábado à AFP o secretário-geral adjunto da organização, Ahmed ben Helli. O Quarteto para o Oriente Médio, formado por Estados Unidos, Rússia, União Europeia e ONU, alertou neste sábado para o "risco de uma escalada" da violência depois de três dias de confrontos entre Israel e os palestinos de Gaza e pediu moderação a ambos os lados. "O Quarteto está muito preocupado com a situação insustentável em Gaza, e com o risco de escalada da violência e pede contenção a ambas as partes", segundo um comunicado do grupo.
O chefe do governo do Hamas em Gaza, Ismal Haniyeh, manteve contatos sábado com o encarregado egípcio do serviço de informação, Mourad Mouafi, para fazer parar "a agressão israelense", segundo um comunicado do movimento islamita. Já o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, pediu uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU sobre a situação em Gaza. Na frente diplomática, Israel "lamentou", enquanto o Egito exigia "desculpas", a morte de cinco policiais egípcios na fronteira, durante os ataques de quinta-feira perto de Eilat, no sul israelense.
Segundo a televisão estatal egípcia, o Cairo decidiu chamar seu embaixador em Israel. Mas a convocação não foi confirmada por Israel. Além de "lamentar" a morte dos policiais egípcios, o ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, propôs "examinar" as circunstâncias do incidente com o exército egípcio. Segundo um relatório da Força multinacional e Observadores (FMO), mobilizada no Sinai e encarregada de vigiar a paz entre israelenses e egípcios, Israel cometeu duas violações, ao penetrar no Egito e ao atirar do lado egípcio.


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São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2011


Israel ataca a faixa de Gaza

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Uma série de atentados deixou ontem oito mortos e mais de 40 feridos no sul de Israel, na mais grave ação contra o país em mais de dois anos. Em resposta, o país bombardeou a faixa de Gaza e matou seis pessoas.
Entre elas, um comandante e três militantes dos Comitês de Resistência Popular, grupo acusado de arquitetar os atentados em série. Além disso, sete dos autores dos atentados terroristas foram mortos, cinco por Israel e dois pelo Egito.
Os ataques expuseram a porosidade da fronteira de Israel com o Egito.
Israel acusou grupos palestinos baseados na faixa de Gaza, que teriam infiltrado os terroristas a partir da península do Sinai, território sob soberania egípcia.
"Quando os cidadãos de Israel são atingidos, respondemos imediatamente e com força", disse o premiê Binyamin Netanyahu.
Ninguém assumiu a autoria dos atentados. O grupo islâmico Hamas, que controla Gaza, negou envolvimento.
O primeiro ataque ocorreu pouco após o meio-dia (6h de Brasília). Atiradores abriram fogo contra um ônibus perto de Eilat, cidade situada às margens do mar Vermelho, matando um soldado de Israel e deixando 14 feridos, muitos deles civis.
Uma hora depois do primeiro ataque, outro ônibus e dois carros de passeio também foram alvo de disparos. O ataque incluiu granadas antitanques e matou seis civis israelenses.
Além disso, explosivos foram detonados perto de uma patrulha do Exército de Israel, matando um soldado.
Já era noite em Israel quando ocorreu mais um ataque: atiradores do lado egípcio da fronteira abriram fogo, deixando dois feridos.

ESCUDO ANTIMÍSSIL
Segundo o Exército israelense, um foguete disparado da faixa da Gaza foi interceptado por seu escudo antimísseis, chamado de "Cúpula de Ferro".
Os atentados e a retaliação despertam o temor de uma nova escalada de violência, como a que levou à ofensiva de Israel que terminou com mais de mil palestinos mortos em Gaza em 2009.
Duas explosões foram relatadas no início da madrugada em Gaza, que fontes palestinas atribuíram a novos ataques israelenses.
Segundo elas, um garoto de 13 anos foi morto e dez pessoas ficaram feridas. O governo de Israel não confirmou a informação.


ANÁLISE

Israel vê reabrir seu flanco sul e enfrenta novo fantasma de ataque da rede Al Qaeda

CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA

Os atentados de ontem em Israel são muito mais do que a habitual troca de chumbo entre Israel e palestinos.
Primeiro porque reabrem o flanco sul da fronteira israelense (com o Egito), que esteve protegido durante todos os 30 anos da ditadura egípcia de Hosni Mubarak que ruiu em fevereiro.
Segundo porque introduzem mais um fantasma, o da Al Qaeda, em uma área que já os tem em quantidade de escala industrial.
Explicações, por partes: para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, "o incidente mostra o enfraquecimento do controle egípcio no Sinai e a ampliação das operações terroristas lá".
De fato, as autoridades egípcias já haviam solicitado a Israel autorização para deslocar mais forças para a península do Sinai, além das autorizadas pelo acordo de paz entre os dois países, após ataques a um posto policial na cidade de Arish e a um gasoduto na região norte da península. Os ataques ocorreram depois que um grupo até então desconhecido, que se autodenomina a Al Qaeda no Sinai, postou manifesto na internet reclamando a transformação da península em um califado, a forma islâmica de governo.
Quinze pessoas foram presas em função dos ataques, dez deles palestinos.
O que reforça a impressão de que há um novo fantasma em uma área já conflagrada é a reação do Hamas (movimento de resistência islâmica), que controla a fronteiriça Faixa de Gaza.
Ahmed Youssef, um dos dirigentes, aplaudiu os ataques, mas rechaçou sua autoria. Garantiu que "o Hamas não está por trás do ataque".
Se não é o Hamas, que nunca recusa a responsabilidade por atentados que atinjam soldados de Israel, a suspeita inevitável recai em terroristas vinculados a Al Qaeda.
Anshel Pfeffer, colunista do jornal israelense "Haaretz", comenta as duas hipóteses que enlaçam a reabertura do flanco sul com o surgimento do novo fantasma.
"Ainda é cedo para dizer se os terroristas que praticaram os ataques de quinta-feira passaram pelo Sinai e seguiram para o sul em direção a Eilat [a cidade em que ocorreram os incidentes] ou se foi a ação de uma célula terrorista de origem islâmica, que atua há já algum tempo no Sinai", afirma.
E completa: "Está agora evidente que os esforços egípcios por si não são suficientes e que as Forças de Defesa de Israel -que, nas três últimas décadas conseguiram reduzir suas forças ao longo da fronteira egípcia, focando, em vez dela, no reforço da fronteira norte, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza- terão agora que fortalecer sua presença no sul".

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