terça-feira, 2 de agosto de 2011

A nova etapa da crise mundial: Estados engessados, desemprego e radicalização




ESTADOS ENGESSADOS, DESEMPREGO E RADICALIZAÇÃO POLÍTICA COMPÕEM  A NOVA ETAPA  DA CRISE MUNDIAL

A rendição de Obama à lógica do arrocho fiscal imposta pelo extremismo conservador não é um ponto fora da curva. Não vai passar logo.

Seus efeitos não recairão apenas sobre os idosos e os loosers norte-americanos. Obama protagoniza de forma assustadoramente passiva - até para quem desconfia de lideranças-twiter - um enredo que se espalha urbi et orbi. Na Europa como nos EUA, a desordem gerada pelo colapso das finanças desreguladas está sendo ‘equacionada’ pelo cânone dos interesses que a originaram. Nos EUA quem os vocaliza é o liberal-fascismo do Tea Party, que reduziu Obama a coadjuvante da cena política.

Na Europa, três mosqueteiros de cepa correlata, Merkel, Sarkozy e Trichet, anunciaram há 15 dias um acordo ‘redentor’ para escalpelar a Grécia sem ferir os mercados. A promessa era interromper o contágio que já tomava de assalto o Tesouro espanhol e italiano, obrigados a pagar juros crescentes a credores em fuga. Durou pouco. Nesta 3ª feira, numa apoteose da espiral assistida desde então, a Espanha teve que pagar os maiores juros desde 1995 para renovar papagaios no mercado. Agosto promete ser o mais quente da história italiana. Berlusconi terá que repactuar juros incidentes sobre um volume de dívidas equivalente ao passivo da Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda juntos. Na zona do euro ou na do dólar, os Estados, grosso modo, quebraram na luta contra as chamas do incêndio especulativo de 2007/2008. No rescaldo recessivo os capitais incendiários exigem que o bombeiro reduza o hidrante fiscal a um conta gotas orçamentário ortodoxo. A prioridade rentista é garantir o serviço da dívida privada reciclada em déficit público.

A desaceleração econômica embutida nessa lógica tem implicações práticas ascendentes: o desemprego nos EUA é de 9%; a média na Europa é de 10%. Projeções indicam que o patamar de emprego pré-crise só será reposto nos EUA dentro de uns cinco anos, ou 60 meses. Quem já caminha sobre brasas recessivas tem pela frente um longo e traumático ciclo de retração fiscal feito de cortes sobre receitas declinantes. Anos e anos de eclipse econômico e destruição de conquista sociais se anunciam. Capitais especulativos continuarão a buscar praças mais apetitosas, como a dos juros oferecidos pelo Brasil, agravando desequilíbrios cambiais e industriais conhecidos. As ruas do mundo ficarão lotadas de desempregados e manifestantes. A proporção vai depender da reação dos partidos e sindicatos progressistas diante dos fatos pedagógicos que marcaram a história dos EUA nos últimos dias.

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