São Paulo, sábado, 11 de junho de 2011
Cinelândia
RUY CASTRO
São Paulo, 1984. Eu seria capaz de ficar horas olhando para Claudia Cardinale - linda como em "O Leopardo" (1963) - sem lhe fazer nenhuma pergunta. Mas não fora para isso que ela viera ao Brasil, e sim para promover uma marca de relógio. Nem fora para isso que a Ilustrada me mandara à sua coletiva no Caesar Park. Acordei do rigor mortis e perguntei-lhe sua marca favorita de relógio. Ela hesitou por um segundo. Deu-se conta do ato falho, riu e respondeu.
São Paulo, 1982. Sylvia Kristel, estrela de "Emmanuelle" (1973), está à minha frente num jardim. Veio lançar "O Amante de Lady Chatterley", seu último filme. Tomamos chá. Eu, repórter da "Playboy", vejo aquela mulher tão bem vestida, nada provocante, apenas o rosto de fora, roendo uma brevidade, e mentalmente revejo Emmanuelle no avião. E me pergunto como deve ser, para ela, sentir-se radiografada por todo mundo o tempo todo.
São Paulo, 1979 ou 80. Natalie Wood, também num jardim, fica bem de branco. Tem um frescor de menina, como no final de "Clamor do Sexo" (1961). É muito mais bonita ao vivo do que nos filmes. Não me lembro o que veio fazer aqui. Não era mais uma estrela, mas uma atriz. Queria ser Bette Davis. Que pena, não teve tempo.
Rio, 1967. Kim Novak, fulgurante, de vermelho, adentra o Canecão, de braço com Harry Stone, "embaixador" de Hollywood no Brasil. Lembra sua primeira aparição para James Stewart em "Um Corpo que Cai" (1958). Passa por minha mesa e reconhece o garoto que a entrevistou na véspera, no Galeão, para o "Correio da Manhã". E diz: "Olá, Ruy".
Mas nada se comparou a rever "Bonitinha, mas Ordinária" (1963), outro dia, aqui no Rio, com a estrela Odette Lara, 34 anos, queimando a tela como atriz e como mulher -só que sentado ao lado da própria Odette, 82, inabalável, e a convite dela. Eu não mereço
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