sexta-feira, 22 de julho de 2011

ONU declara surto de fome na África

Para o socorro destes não haverá sequer a emissão de um mísero punhado de dólares pelo FED ou qualquer outro banco central.

Mas se fossem uns "humildes" banqueiros...



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São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2011

ONU declara surto de fome na África

CAROLINA MONTENEGRO
DE SÃO PAULO

A ONU declarou ontem situação de fome crítica em duas regiões do sul da Somália, no leste da África. A organização também advertiu que a situação pode se espalhar pelo país nos próximos meses, se a comunidade internacional não fizer doações para mitigar a crise.
Mark Bowden, coordenador humanitário da ONU para a Somália, afirmou que as regiões de Bakool e Shabelle foram atingidas pela pior fome em 20 anos e que a crise pode chegar às oito regiões do sul do país. "Ainda não temos os recursos necessários para fornecer alimentação, água potável, abrigo e atendimento médico para milhares de somalis, que passam necessidade."
Cerca de 10 milhões de pessoas são afetadas em algum grau pela fome no chamado Chifre da África -Somália, Quênia, Etiópia e Djibuti. Em situação extrema estão cerca de 2,8 milhões de somalis.
A crise da fome na Somália é causada pela seca recorrente, que atinge a região há anos, mas teve piora em 2011. Duas estações de chuva não vieram e a produção agrícola foi destruída, levando à alta da inflação.
Para piorar o cenário, conflitos entre milícias no sul do país também dificultam as operações das agências humanitárias. A área é controlada pelo grupo extremista islâmico Al Shabab, ligado à rede terrorista Al Qaeda, que luta contra o governo interino apoiado pelo Ocidente.

INSEGURANÇA
Desde meados de 2009 até julho, o Al Shabab proibia a entrega de ajuda alimentar humanitária no sul da Somália, em partes do centro do país e na capital, Mogadício.
Alegavam que o auxílio internacional gerava dependência institucional, mas agora suspenderam a proibição com a piora da crise. "Definitivamente, os conflitos e a insegurança são o maior desafio para nossa atuação na Somália", disse à Folha Tyler Fainstat, diretor-executivo da MSF (Médicos sem Fronteiras) no Brasil.
A organização está presente no país desde 1991, mas suspendeu operações em Mogadício por dois anos devido aos conflitos. "Na Somália, as instalações hospitalares são praticamente inexistentes, é uma área muito carente. A situação de saúde da população é precária", afirmou Fainstat.
Em 2010, só em Mogadício, as equipes de emergência da organização atenderam mais de 5.500 pacientes e realizaram 1.136 cirurgias. Após o alerta da ONU, os EUA disseram que enviarão ajuda para as áreas em crise, mas não querem que o Al Shabab interfira na distribuição dos alimentos. O grupo está na lista de organizações terroristas dos EUA.


http://www.onu.org.br/vitimas-da-fome-se-dirigem-a-mogadiscio-enquanto-campos-registram-mortes/

22 de julho de 2011

Vítimas da fome se dirigem a Mogadíscio enquanto campos registram mortes


Deslocados pela fome e pelos conflitos, mais de 20 mil pessoas desesperadas buscaram refugio na capital Somali, Mogadíscio, ainda neste mês. Milhares de pessoas, algumas à beira da morte, continuam fugindo para a região.

Os refugiados somalis recém-chegados no campo de Kobe, na Etiópia, na zona de Dollo Ado, estão com frequência desnutridos e exaustos. Foto: ACNUR/ G.Puertas.
Os refugiados somalis recém-chegados no campo de Kobe, na Etiópia, na zona de Dollo Ado, estão com frequência desnutridos e exaustos. Foto: ACNUR/ G.Puertas.

Diariamente, uma média de mil pessoas chegam a Mogadíscio buscando ajuda”, disse a porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), Melissa Fleming, nesta sexta-feira (22/7) em Genebra. “A maioria vem de áreas atingidas pela fome, como o sul de Shabelle e Bakool.”
Na quarta-feira (20), o ACNUR distribuiu por meio de seus parceiros pacotes de assistência de emergência beneficiando 15 mil deslocados internos no distrito de Dharkenley, sudoeste de Mogadíscio. Um adicional de 7,5 mil pacotes será distribuído nas próximas semanas – cada pacote contém uma lona para abrigo, três cobertores, uma esteira de dormir, dois galões de gasolina e um conjunto completo de utensílios de cozinha.
“Estamos tentando levar a ajuda para as pessoas na própria Somália, evitando que elas tenham que realizar uma difícil jornada até o Quênia ou a Etiópia”, disse Fleming. Levados ao desespero, muitos somalis ainda estão fazendo essa viagem. O campo de Dadaab, no Quênia, está recebendo cerca de 1,5 mil novos refugiados somalis diariamente, enquanto centenas chegam todos os dias à área de Dollo Ado, na Etiópia.
Mais da metade deles vem das regiões de Gedo, Bay e Bakool, no centro-sul da Somália. Eles dizem que eram pastores e fazendeiros que fugiram da persistente seca, assim como da violência que os forçou a abandonar suas terras e gado.

Emergência nutricional é maior entre crianças
Muitos refugiados estão chegando em péssimas condições devido a meses de privação e à longa viagem em busca de ajuda. “Esta é uma situação de emergência nutricional, disse Fleming, observando que 15 mortes por desnutrição e outras doenças já foram reportadas na terça-feira (19) no campo Kobe, em Dollo Ado. Funcionários do ACNUR em Dadaab também estão relatando um aumento no número de mortes por desnutrição aguda, principalmente entre crianças.
Crianças menores de cinco anos são as mais vulneráveis, mas o ACNUR também está preocupado com a desnutrição entre os refugiados com idade entre 5 e 18 anos. “Se tratada precocemente e corretamente, a maioria das crianças desnutridas pode se recuperar fisicamente”, disse o Dr. Paul Spiegel, chefe de Saúde Pública e do Departamento de HIV do ACNUR. “Mas os recém-chegados, com desnutrição grave, estão levando mais tempo do que o normal para se recuperar, às vezes de seis a oito semanas – provavelmente devido às terríveis condições em que chegam aos campos.”
Todos os recém-chegados aos campos são registrados e passam por exames de saúde. Os desnutridos e as pessoas com complicações médicas são encaminhadas para clínicas, inclusive para uma seção de nutrição terapêutica.
Em Dollo Ado, centro de trânsito na Etiópia, o ACNUR está fornecendo duas refeições quentes por dia para mais de 11 mil recém-chegados que vivem em tendas improvisadas. O número de chegadas está superando a capacidade de acolhida desta área seca e remota. O campo de Kobe, aberto no mês passado, já está lotado, com mais de 25 mil refugiados. Um novo campo, Hilaweyn, está quase concluído e receberá até 60 mil pessoas. A acolhida dos refugiados neste campo está prevista para começar em duas semanas.

Voos de ajuda humanitária
“A superlotação é um problema tanto em Dadaab quanto em Dollo Ado”, disse Fleming. “Para diminuir a super lotação, o ACNUR continua realizando voos de emergência com ajuda humanitária, incluindo tendas para mais de 75 mil pessoas.”
Quênia e Etiópia receberam três voos cada, sendo que cada um trouxe 100 toneladas de suprimentos de socorro e tendas. Dos aeroportos das capitais, esta ajuda é imediatamente enviada para as regiões fronteiriças que recebem os refugiados em Dadaab e Dollo Ado.
Desde janeiro deste ano, o Quênia já recebeu mais de 100 mil somalis, 60 mil na área Dadaab; a Etiópia mais de 75 mil, 74 mil na região de Dollo Ado; e Djibuti mais de 2,3 mil.
O ACNUR enviou 60 equipes de emergência para a região para assistir os refugiados recém-chegados, e outras 11 equipes estão a caminho. A agência precisa de fundos emergenciais no valor de U$136 milhões para responder a esta emergência até o final do ano.

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