segunda-feira, 4 de julho de 2011

O verdadeiro pai do Real

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 Segunda-feira, 04 de Julho de 2011

ITAMAR FRANCO (1930-2011)

O verdadeiro pai do Real


Por Luciano Martins Costa  na edição 648

O noticiário sobre a morte do senador Itamar Franco, destaque nas edições dos jornais de domingo e de segunda-feira (3-4/7), descreve a concentração, durante o velório, de personagens importantes que representam um resumo da história recente do país. Nomes como Fernando Collor, José Sarney, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Renan Calheiros, entre outros, foram citados na galeria das personalidades que homenagearam o falecido.
Os costumeiros perfis lembraram o temperamento do ex-presidente, tido como homem metódico e honesto, que cumpriu seu curto tempo de governo sem barganhas com o Congresso.
Itamar costumava se queixar de que era tratado como uma figura menor na história recente da República. Havia governado por apenas três anos, entre 1992 e 1994, após o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, do qual era vice. Segundo os jornais, já no hospital, onde se tratava de complicações provocadas pela leucemia, queixou-se a um amigo que talvez depois de morto lhe fariam justiça.
Correção histórica
Comumente, os jornalistas lhe davam mais destaque por aspectos menos importantes, como o topete que caracterizava sua cabeleira, e os comentários que provocava ao aparecer ao lado de mulheres bonitas. Depois de morto, Itamar foi reconhecido pela imprensa como o verdadeiro pai do Plano Real, lembrando que foi sua determinação de recompor o poder de compra dos salários que orientou as medidas econômicas que permitiram conter a espiral inflacionária.
Além disso, um ou outro comentarista lembra que ele deu plena liberdade aos técnicos coordenados pelo então ministro Fernando Henrique Cardoso e não permitiu que os interesses de parlamentares interferissem na aplicação do orçamento e nas mudanças da economia.
Com essa correção da História, a imprensa, ainda que discretamente, acaba por retirar a paternidade do ex-presidente Fernando Henrique, que, para desgosto de Itamar Franco, era sempre louvado como o responsável pelo controle da inflação.

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