quinta-feira, 7 de julho de 2011
O adeus de Marina ao PV: o novo já nasce velho(?)
Será a despedida de Marina do PV uma novidade na política ou mais um reprise como o medo da Regina Duarte?
Marina Silva que se filiou ao PV em 2009 para candidatar-se a presidência da república, deixou hoje a legenda.
Sua passagem foi rápida e sem frutos políticos relevantes dentro do partido; nem o controle da estrutura de poder do PV ela e seu grupo conseguiram realizar.
Marina Silva que, sob o signo do novo na política brasileira, lançou mão de sua história construída no PT para tornar-se a terceira via em 2010, usou e abusou deste mesmo discurso ao abandonar os verdes.
"Chegou a hora dos que querem viver num país melhor...Esta é a razão de porque eu e tantos companheiros estamos nos afastando do Partido Verde ... alguns estão se desfiliando, outros estão se licenciando e outros estão ficando (no partido) criticamente".
A aposta falhou. Em 2010 apesar da grande votação da onda Marina, muito explorada justamente por aqueles que Marina Silva chama de velho ao autodenominar-se novidade, que levou a eleição para o segundo turno, o PV cresceu, elegeu mais parlamentares, ganhou mais espaço onde está no governo, mas o comando da agremiação, a renovação, de fato, não veio.A ex-senadora acriana juntou-se aos velhos em nome da novidade, surfou na onda preparada pelo retrocesso, ficou em cima do muro no segundo turno e hoje, mesmo despistando o futuro, inicia a corrida presidencial de 2014.
Vai esperar chegar 2013 para construir uma nova arca, povoada de novidades, para elevar o discurso novamente para os milhões que se jogaram no mar da renovação verde, embalada especialmente para uma fatia considerável do eleitorado, no ponto certo para levar o pleito para o segundo turno. Muitos dos que votaram em Marina Silva, a grande parte dos 20 milhões de votos, hoje, dificilmente repetiriam este ato, porque foram levados a isso para evitar que Dilma vencesse a eleição e destruísse a fé cristã do povo ou criasse uma clínica de aborto em cada esquina.Por outro lado, um segmento importante seguirá o discurso de Marina, uma considerável parcela da classe média, que outrora despejava seus votos nos partidos de esquerda e crê que Marina possa representar certas esperanças.
Marina afirma que seu movimento não é norteado pelo calendário eleitoral e que sai em defesa de uma nova maneira de fazer política. Mas a verdade é que seus "seguidores" permanecerão no PV, como Sirkis e Gabeira, por causa, justamente, do calendário eleitoral.Marina não conseguiu com o discurso de adeus ao Partido Verde fazer com que seus aliados mais próximos praticassem, de imediato, o discurso do novo e se desapegassem aos seus objetivos eleitorais imediatos e tornassem genuína a grande jogada de Marina para permanecer viva no noticiário e como forte alternativa na memória do grande eleitorado brasileiro.
Segundo Sirkis, existem três tipos de apoiadores de Marina: os sem mandato (como Gabeira); os que têm mandato e deixarão cargos na direção do partido (como ele próprio); e os que permanecerão nas suas atuais posições no partido porque vão disputar a eleição municipal (grande maioria). Sirkis teme que a direção do partido reivindique seu mandato de deputado federal, mas Gabeira nem mandato possui... Este fica por conta dos acertos pré-eleitorais com os aliados tucanos e PPSistas do Rio de Janeiro, certamente.
Sirkis e Gabeira, abençoados, por Marina, seguem fazendo o velho na política com pele de novos...
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