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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Choro de mulher derruba testosterona
São Paulo, sexta-feira, 07 de janeiro de 2011
RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO
Atenção, mulheres, está demonstrado pela ciência: chorar é golpe baixo.
As lágrimas femininas liberam substâncias, descobriram os cientistas, que abaixam na hora o nível de testosterona do homem que estiver por perto, deixando o sujeito menos agressivo.
Mais: ver uma mulher se acabando de chorar mexe tanto com qualquer marmanjão que ele até deixa de lado sua vontade de fazer sexo com ela para, primeiro, saber o que está acontecendo.
Os cientistas queriam ter certeza de que isso acontece em função de alguma molécula liberada -e não, digamos, pela cara de sofrimento feminina, com sua reputação de derrubar até o mais insensível dos durões.
Por isso, evitaram que os homens pudessem ver as mulheres chorando.
Colocaram, então, várias delas para assistir a "O Campeão" (1979), que conta a vida de um ex-lutador decadente que perdeu tudo, menos o filho, que adora o pai. Mas surge a mãe do guri, rica e malvada, que, apesar de nunca ter se interessado por ele, agora quer tirá-lo do pai.
A mulherada caiu no choro, e suas lágrimas foram coletas e levadas para uma sala com dezenas de homens.
Os cientistas molharam pequenos pedaços de papel, como aqueles utilizados em lojas de perfume como amostra, e deixaram que fossem cheirados pelos homens.
O contato com as lágrimas fez a concentração da testosterona deles cair quase 15%, em certo sentido deixando os homens menos machões.
Ficaram tão sensíveis que, quando foram colocados para assistir à grande obra da história da cinematografia "Nove e Meia Semanas de Amor", filme erótico de 1986, relataram estar bem menos excitados do que os homens de um grupo que não tinha sido exposto às lágrimas.
O filme, que rendeu as sequências "Outras Nove e Meia Semanas de Amor" (1997) e "As Primeiras Nove e Meia Semanas de Amor" (1998), das quais os voluntários foram poupados, conta a relação amorosa e sexual (mais sexual do que amorosa) entre um magnata e a funcionária de uma galeria de arte em Nova York.
"BOYS DON'T CRY"
Os autores do trabalho, liderados por Noam Sobel, do Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, publicaram o trabalho na última edição da revista "Science".
Sobel ressalta que faz sentido imaginar que o choro influencie os homens com frequência: "Quando abraçamos alguém amado, colocamos nosso nariz perto do rosto com lágrimas". O efeito acaba alguns minutos após o fim da exposição às lágrimas.
Ele lembra que há perguntas em aberto. Qual, afinal, a molécula presente nas lágrimas? Se fosse isolada, que tipo de produto poderia ser criado? Além disso, o choro masculino comunica algo?
"Nós especulamos que sim, e talvez o choro infantil também." Sobel diz que há, porém, uma dificuldade para fazer estudos assim: é mais difícil fazer homem chorar. "Se precisássemos de lágrimas masculinas neste estudo, gastaríamos vários anos a mais para terminá-lo", diz.
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