Folha.com, 08/10/16
Precisamo salvar vidas
Por Jilmar Tatto*
A redução de velocidade nas marginais dos rios Tietê e Pinheiros, iniciada em julho do ano passado, tem contribuído decisivamente para a segurança no trânsito.
Números da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) apontam que, no primeiro semestre de 2016, houve dez acidentes fatais nessas duas vias. No mesmo período do ano passado, foram 25 ocorrências desse tipo. No segundo semestre, 21. Em termos de atropelamentos com morte, nenhum caso foi registrado em 2016.
A Prefeitura de São Paulo diminuiu o patamar nas pistas expressas de 90 km/h para 70 km/h; nas centrais, de 70 km/h para 60 km/h; nas locais, de 70 km/h para 50 km/h. Onde eventualmente era 60 km/h foi para 50 km/h.
O impacto de um veículo a apenas 32 km/h apresenta 5% de chances de provocar morte e 65% de chances de ferimentos. Só em 30% dos casos os envolvidos sairiam ilesos. Já a 48 km/h, a possibilidade de haver óbitos sobe a 45%, além de 50% de riscos de ferimentos.
A 64 km/h, o impacto pode ser fatal em 85% das vezes e gerar feridos em 15% delas. Não há probabilidade de alguém sair ileso.
A Pinheiros e a Tietê perderam, há muito, a característica de pista expressa. A cidade as envolveu e o volume de tráfego aumentou significativamente. No caso da pista local, além das faixas exclusivas de ônibus, em que a velocidade máxima adequada é de 50 km/h, há ligações diretas com as vias do entorno, comércios e os acessos às próprias pontes.
As mudanças resultaram em mais segurança para a troca de pistas, já que as velocidades foram aproximadas, diminuindo os conflitos nos deslocamentos. Isso praticamente estancou, pela organização do fluxo geral de veículos, a ocorrência do chamado "para e anda".
Outra providência importantíssima que aumentou de forma significativa a segurança foi a instalação de 61 faixas para pedestres elevadas ao nível da calçada - as lombofaixas - e de 74 travessias em nível nas alças das pontes, o que igualmente beneficiou os ciclistas. Nesses trechos, é permitida uma velocidade de até 40 km/h. Houve, ainda, a implantação de oito ciclofaixas nas pontes.
Essas intervenções resultam de de vários estudos feitos pelos técnicos da Secretaria Municipal de Transportes, baseados, inclusive, em experiências internacionais. Apenas como exemplo, na zona urbana de Nova York é permitido somente 40 km/h.
A administração do prefeito Fernando Haddad insere-se no que existe de mais moderno no mundo e está em consonância com a Organização das Nações Unidas, que indica a adoção do limite de 50 km/h.
O fator marginais influenciou na queda das fatalidades em toda a capital. Considerando o primeiro semestre de 2016, foram preservadas 82 vidas em relação ao mesmo período do ano anterior - 519 óbitos ante 437, uma redução de 15,8%.
A tendência de baixa é consistente, tanto que, em julho do ano passado, foram registradas 9,24 mortes por 100 mil habitantes, enquanto que em junho agora essa relação caiu para 7,56. Em 2012, eram 10,82 mortes/100 mil.
Seguindo esse ritmo, será ultrapassada a meta proposta pela ONU de derrubar em 50% o índice de mortalidade no trânsito até 2020. Mas mais do que estatísticas, pois com vidas não se brinca, todo governante deveria ter em mente reduzir a zero.
*Mestre em ciência pela Escola Politécnica da USP, é secretário municipal de Transportes de São Paulo
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