Blog do Santayana, 26/10/16
O fim do Brasil e o suicídio do Estado
Por Mauro Santayana
Dizem que um
chefe mafioso, famoso por sua frieza e crueldade no trato com os
inimigos, resolveu dar ao filho uma Lupara, uma típica cartucheira
siciliana, quando este completou 15 anos de idade.
Na festa de
aniversário, apareceu o filho do prefeito, que havia ganho do alcaide da
pequena cidade em que viviam, ainda nos anos 1930, um belo relógio de
ouro.
Passou o tempo e um dia, como nunca o visse com ela, Don Tomazzo perguntou a Peppino pela arma.
Como resposta, o
rapaz enfiou, sorrindo, os dedos no bolso do colete e tirando para fora
um reluzente pataca "cebola", respondeu-lhe que a havia trocado com o
filho do Prefeito pelo Omega dourado.
- Ah, si?
Gritou-lhe o pai, furioso, lascando-lhe sonora bofetada.
- E che va rispondere se, al andare per la strada, passa alcuno e lo chiama di cornutto? Que sono le dua e mezza, cáspita?
Esse velho
"causo" italiano nos vem à memória, em função da lastimável notícia de
que a Câmara dos Deputados acaba de aprovar e enviar ao Senado a PEC
241, que limitará à inflação os gastos do Estado brasileiro nos próximos
20 anos.
Nem mesmo nos
Estados Unidos, um dos países mais endividados do mundo, com quase o
dobro da dívida pública brasileira, existe um limite automático para o
teto de endividamento nacional, bastando que este seja renovado ou
aumentado pelo Congresso.
Como afirmamos
em outro texto sobre o mesmo tema, publicado em julho deste ano, com o
título de DÍVIDA PÚBLICA E ESTRATÉGIA NACIONAL - O BRASIL NA CAMISA DE
FORÇA, não existem nações fortes sem estado forte, e isso nos lembra,
novamente, os EUA, que tem 5 milhões de funcionários públicos apenas no
Departamento de Defesa.
Se formos
considerar o "ocidente" não existem nações desenvolvidas sem alto
endividamento, como é o caso dos países do G-7, todos com dívidas
públicas brutas ou líquidas maiores que a brasileira, a começar pelo
Japão, com 230% do PIB e, mais uma vez, pelos EUA, de quem somos -
apesar de estarmos "quebrados" como afirma a toda a hora o governo e a
mídia - o quarto maior credor individual externo.
É compreensível
que os inimigos da Política, enquanto atividade institucionalizada,
defendam, estupidamente, a diminuição do papel do Estado no contexto da
sociedade brasileira, e, por meio dele, a diminuição do poder relativo
do povo, com relação a outros setores e segmentos, como os banqueiros e
os mais ricos, por exemplo.
O que não se
pode entender é que os próprios deputados e senadores sabotem, de forma
suicida, o seu poder real e o de barganha, enxugando os recursos de que
dispõem o Congresso e o governo, e, em última instância, o Estado, para
atender seus eleitores, cumprir o seu papel e determinar os rumos do
país e o futuro da sociedade brasileira.
O problema não é
apenas a questão social, à qual se apega a oposição, quando cita a
ameaça que paira, com essa PEC, sobre a educação e a saúde.
Muito mais
grave é, como dissemos, o enfraquecimento relativo da soberania popular
exercida por meio do voto pela população mais pobre.
E,
estrategicamente, o engessamento suicida do Estado brasileiro, em um
mundo em que, como provam os países mais desenvolvidos, não existe
crescimento econômico sem a presença do governo no apoio a empresas
nacionais fortes - vide o caso da Europa, dos EUA, da China, dos Tigres
Asiáticos - em áreas como a infraestrutura, a tecnologia, a Ciência, e,
principalmente, a Defesa.
Temos que entender que não somos uma republiqueta qualquer.
Que nos cabe a
responsabilidade de ocupar - sem jogar pela janela - o posto de quinto
maior país do mundo em território e população, que nos foi legado, à
custa de suor e de sangue, pelos nossos antepassados.
Se formos
atacados por nações estrangeiras - que não estarão à mercê de
semelhantes e estúpidas amarras - se formos insultados e ameaçados em
nossa soberania, o que vamos fazer quando precisarmos, por meio de
endividamento - como fazem os Estados Unidos a todo momento - aumentar a
produção de material bélico e armar as nossas forças contra eventuais
inimigos externos?
Esperar 20 anos, para que se extinga a validade dessa lei absurda que estamos votando agora?
Ou gritar, para
os soldados estrangeiros, quando estiverem desembarcando em nossas
praias, o índice de inflação do ano anterior, e, como o filho do mafioso
siciliano, informar que horas são quando eles estiverem nos chamando de
imbecis, agredindo nossos filhos e estuprando nossas mulheres?
Dizem que um
chefe mafioso, famoso por sua frieza e crueldade no trato com os
inimigos, resolveu dar ao filho uma Lupara, uma típica cartucheira
siciliana, quando este completou 15 anos de idade.
Na festa de
aniversário, apareceu o filho do prefeito, que havia ganho do alcaide da
pequena cidade em que viviam, ainda nos anos 1930, um belo relógio de
ouro.
Passou o tempo e um dia, como nunca o visse com ela, Don Tomazzo perguntou a Peppino pela arma.
Como resposta, o
rapaz enfiou, sorrindo, os dedos no bolso do colete e tirando para fora
um reluzente pataca "cebola", respondeu-lhe que a havia trocado com o
filho do Prefeito pelo Omega dourado.
- Ah, si?
Gritou-lhe o pai, furioso, lascando-lhe sonora bofetada.
- E che va rispondere se, al andare per la strada, passa alcuno e lo chiama di cornutto? Que sono le dua e mezza, cáspita?
Esse velho
"causo" italiano nos vem à memória, em função da lastimável notícia de
que a Câmara dos Deputados acaba de aprovar e enviar ao Senado a PEC
241, que limitará à inflação os gastos do Estado brasileiro nos próximos
20 anos.
Nem mesmo nos
Estados Unidos, um dos países mais endividados do mundo, com quase o
dobro da dívida pública brasileira, existe um limite automático para o
teto de endividamento nacional, bastando que este seja renovado ou
aumentado pelo Congresso.
Como afirmamos
em outro texto sobre o mesmo tema, publicado em julho deste ano, com o
título de DÍVIDA PÚBLICA E ESTRATÉGIA NACIONAL - O BRASIL NA CAMISA DE
FORÇA, não existem nações fortes sem estado forte, e isso nos lembra,
novamente, os EUA, que tem 5 milhões de funcionários públicos apenas no
Departamento de Defesa.
Se formos
considerar o "ocidente" não existem nações desenvolvidas sem alto
endividamento, como é o caso dos países do G-7, todos com dívidas
públicas brutas ou líquidas maiores que a brasileira, a começar pelo
Japão, com 230% do PIB e, mais uma vez, pelos EUA, de quem somos -
apesar de estarmos "quebrados" como afirma a toda a hora o governo e a
mídia - o quarto maior credor individual externo.
É compreensível
que os inimigos da Política, enquanto atividade institucionalizada,
defendam, estupidamente, a diminuição do papel do Estado no contexto da
sociedade brasileira, e, por meio dele, a diminuição do poder relativo
do povo, com relação a outros setores e segmentos, como os banqueiros e
os mais ricos, por exemplo.
O que não se
pode entender é que os próprios deputados e senadores sabotem, de forma
suicida, o seu poder real e o de barganha, enxugando os recursos de que
dispõem o Congresso e o governo, e, em última instância, o Estado, para
atender seus eleitores, cumprir o seu papel e determinar os rumos do
país e o futuro da sociedade brasileira.
O problema não é
apenas a questão social, à qual se apega a oposição, quando cita a
ameaça que paira, com essa PEC, sobre a educação e a saúde.
Muito mais
grave é, como dissemos, o enfraquecimento relativo da soberania popular
exercida por meio do voto pela população mais pobre.
E,
estrategicamente, o engessamento suicida do Estado brasileiro, em um
mundo em que, como provam os países mais desenvolvidos, não existe
crescimento econômico sem a presença do governo no apoio a empresas
nacionais fortes - vide o caso da Europa, dos EUA, da China, dos Tigres
Asiáticos - em áreas como a infraestrutura, a tecnologia, a Ciência, e,
principalmente, a Defesa.
Temos que entender que não somos uma republiqueta qualquer.
Que nos cabe a
responsabilidade de ocupar - sem jogar pela janela - o posto de quinto
maior país do mundo em território e população, que nos foi legado, à
custa de suor e de sangue, pelos nossos antepassados.
Se formos
atacados por nações estrangeiras - que não estarão à mercê de
semelhantes e estúpidas amarras - se formos insultados e ameaçados em
nossa soberania, o que vamos fazer quando precisarmos, por meio de
endividamento - como fazem os Estados Unidos a todo momento - aumentar a
produção de material bélico e armar as nossas forças contra eventuais
inimigos externos?
Esperar 20 anos, para que se extinga a validade dessa lei absurda que estamos votando agora?
Ou gritar, para
os soldados estrangeiros, quando estiverem desembarcando em nossas
praias, o índice de inflação do ano anterior, e, como o filho do mafioso
siciliano, informar que horas são quando eles estiverem nos chamando de
imbecis, agredindo nossos filhos e estuprando nossas mulheres?
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